Hermione se olhou no espelho, com o coração batendo mais rápido do que deveria. O vestido tinha servido perfeitamente, justo, mas não apertado, no corpo dela, dando as curvas nos lugares certos. Seu cabelo estava num cacheado leve, preso num coque semi-desmanchado, e ela estava terminando a maquiagem. Todas as suas colegas de quarto já haviam descido; fazendo Hermione se sentir ainda mais nervosa. As suas costas, a porta se abriu, e uma onda de cabelos ruivos entrou no quarto

—Hermione a festa vai começar, e você tem que abrir o baile! — exclamou Gina

A morena se virou e olhou para a amiga. O vestido de Gina era branco rodado, um palmo acima do joelho. Na altura da cintura, uma fita preta atravessava até as costas, onde um laço preto se encontrava. O cabelo estava cacheado, caindo por cima do vestido, e sua maquiagem era suave, prata.

—Você está linda — disse Hermione

—Você está mais! Esse vestido ficou lindo em você.

—Obrigada! Minha amiga que me deu. — brincou a morena — pode ir na frente, eu só estou terminando a maquiagem.

—Ok. — respondeu a ruiva saindo do quarto — não se atrase, seu loiro deve estar te esperando.

A Grifinória sorriu, sozinha no próprio quarto de novo. Sua mão foi até o colar, que ela nunca tirava. O sentimento de vazio ainda não tinha desaparecido, mas a morena aprendera a ignorá-lo. Ela andou até as próprias maquiagens, escolhendo uma sombra, quando uma dor aguda na sua cabeça a fez recuar. Sua mão foi até a testa, os olhos lagrimejando pela dor. A dor voltou mais uma vez; mais forte. Suas pernas fraquejaram e seus joelhos se dobraram até ela quase sentar no chão. Mais uma vez. Ela apagou.

----------

—Hermione! — exclamou Harry sorrindo quando viu a amiga descendo as escadas até o salão.

O cabelo da morena estava completamente liso, batendo nas suas costas. O batom era tão vermelho quando o vestido, mas os olhos estavam carregados de delineador preto.

—Você está linda — Harry sorriu, com Gina ao seu lado, estranhando a mudança do cabelo

—Eu sei — disse Hermione sorrindo convencidamente antes de olhar Harry de cima a baixo — queria poder dizer o mesmo sobre você.

Gina ergueu as sobrancelhas para a amiga, mas ela já tinha saído do salão. Os saltos ecoando pelo piso.

—O que deu nela? — perguntou Harry assustado

Gina negou com a cabeça

—Eu não sei — murmurou Gina — de qualquer maneira, vamos. E… Você está lindo nesse terno.

Harry sorriu.

—Você está perfeita nesse vestido.

—Eu sei — brincou Gina puxando o namorado pela mão.

Draco estava na porta do salão principal. Todos já estavam lá dentro, esperando que a música começasse a tocar, mas não havia sinal de Hermione. O loiro andava de um lado para o outro, pensando se ele tinha que procurar por ela… E se alguma coisa tivesse acontecido?

Junto a porta, os outros monitores e seus pares esperavam a chegada da Hermione. Harry e Gina já tinham entrado, respondendo que Hermione havia deixado o salão antes deles.

—Onde a Hermione está? —murmurou Rony

—Eu não sei, —respondeu Pansy Parkinson num tom de desgosto — mas ela está atrasada.

Rony revirou os olhos antes de responder:

—Obrigada, senhorita obvia.

Draco, por um momento, se virou para olhar os outros. 8 monitores do quinto ano, e 8 pares para eles. 2 monitores-chefes, que dançariam entre si. Apenas 7 monitores do sexto ano (já que Hermione estava faltando), e o mais estranho, apenas 4 pares. Pansy Parkison, que usava um tubinho preto com detalhes prateados, e Ronald Weasley, que usava vestes formais pretas muito melhores do que o do baile no 4º ano, estavam sozinhos na festa. “Pansy Parkinson sozinha” pensou Draco “ai está uma coisa que eu não imaginaria ver”

—Todos aqui? — perguntou Minerva afobada andando em direção aos monitores

—Hermione ainda não chegou — disse Draco olhando para a escada ansiosamente.

Rony olhou para o loiro ao ouvir a resposta dele, pela primeira vez notando que ele estava sem par.

—A onde seu par está Malfoy? — perguntou Ronald sem poder se conter.

— Aqui. — A voz de Hermione ecoou pelo hall, enquanto o salto agulha ecoava pelas escadarias.

—Hermione? — murmurou Rony

Ela não olhou para ele, e sorriu para Draco.

—Você está atrasada — disse o loiro, sem conter um sorriso — e o tema da festa era preto e branco.

Hermione piscou para ele, sorrindo desdenhosamente.

—Não seja estraga prazeres Draco. Nem um elogiozinho sobre minha roupa?

Draco levantou as sobrancelhas, olhando nos olhos da namorada, e seu sorriso se apagou, vendo o brilho vermelho passando pelos orbes castanhos.

—Você...

—Não temos tempo! — exclamou McGonnagal — temos que começar o baile, posições.

Os alunos entraram numa fila, começada pelos monitores chefes. A musica começou a tocar suavemente enquanto eles desfilavam até o centro do enorme salão.

As quatro enormes mesas tinham desaparecido, sendo trocadas por várias pequenas mesas forradas com toalhas brancas. Em casa mesa, pratos e guardanapos de pano preto a frente e cada cadeira. O teto mostrava, como sempre, a noite lá fora. Noite de lua nova, com vários pontos brilhando no céu preto. Do céu, pequenas estrelas cadentes enfeitiçadas voavam ocasionalmente, jogando luz no salão. Tudo estava perfeito, nos últimos detalhes. Todos os convidados haviam vindo de preto ou branco. Todos menos Hermione.

Quando ela entrou no salão era possível ouvir murmúrios de todos no salão. Ela sorriu com a atenção enquanto Malfoy punha a mão em sua cintura e começava a dança.

—Hermione — ele murmurou enquanto a rodava pelo salão— você ainda está ai, lute.

A morena riu friamente.

—Você realmente acha que isso vai funcionar? Ah, que doce inocência. Agora vejamos… quem matar primeiro? Harry Potter? Não, não teria a menor graça, ele nem saberia o que o atingiu. Dumbledore? Uh... Ainda não. Que tal aquele meio-gigante ridículo? Ah, ele seria diverti…

—Pare — murmurou Draco — Hermione você tem que conseguir me escutar.

Ela riu novamente.

—Você sabe melhor que eu que ela não pode. Alias, eu tenho que te agradecer, você foi de grande ajuda.

Ele serrou o maxilar, sem deixar de guiá-la no ritmo da musica pelo salão.

—Você tem mais uma chance. Deixe. Ela. Livre.

—Para que? Eu sou muito melhor assim querido. Todo o poder que eu quiser, e esse corpo lindo e tão pouco explorado. Imagine o que eu poderia fazer pelo Lorde das Trevas assim?

Malfoy a girou e a puxou novamente para si, colando as costas dela no peito dele.

—Imagine o que ela poderia fazer sem você — ele murmurou no ouvido dela antes de gira-la novamente e a encarar de frente.

Ela sorriu e mordeu sedutoramente o lábio vermelho, acariciando a nuca do menino.

—Tic Toc querido, o tempo dela está se esgotando. Logo o corpo dela será meu. O corpo, a alma e mente. E que mente brilhante ela tem, tantas idéias, tanto potencial. Claro, tudo desperdiçado para fazer o bem para a humanidade. Qual a graça nisso?

—O que você ganha ajudando o Lorde das Trevas? Já que tem tanto poder, por que não governa por você mesmo?

Ela riu novamente, e dessa vez, uma arrepio passou pela nuca de Draco

—Eu não quero governar Draquinho. Eu quero diversão… Tem um filme trouxa com a frase perfeita para isso. Acredito que foi… — ela parou de falar por um momento, como se estivesse vasculhando o cérebro pela memória — Ah sim, Batman. A frase é “algumas pessoas só gostam de assistir o circo pegar fogo”. Por que isso querido, é muito mais divertido do que governar. Com o Lorde no comando, eu tenho todas as vidinhas para incendiar e velos entrar em pânico.

Draco a girou novamente, impassível enquanto ela falava. A musica estava chegando no fim. Quando ela a puxou para si novamente, a ultima nota foi tocada. E ele juntou os próprios lábios com os dela. Ela arregalou os olhos antes de fechá-los e cair inconsciente nos braços do loiro. Ele a segurou pela cintura, ignorando os olhares, os murmúrios e gritos a sua volta, passando um de seus braços pelas pernas dela, e levantando-a como um bebe.

—MALFOY! — exclamou Ronald

O loiro se virou rápido o bastante para ver o ruivo soltando da cintura de Pansy Parkinson. Talvez se esse fosse qualquer outro momento, ele estaria assustado, pelo fato de Pansy Parkison estar dançando com Ronald Weasley. Mas Hermione estava inconsciente em seus braços, ele tinha coisas mais importantes.

—MALFOY! — gritou outra voz, dessa vez de Harry Potter, correndo para frente do loiro.

—Me deixe passar. — pediu o loiro impaciente

Atrás deles, Minerva andava a passos apressados, segurando a barra do vestido para não pisar no mesmo.

—Merlin! — ela exclamou olhando para a aluna — Sr. Malfoy, faça o favor de levar a senhorita Granger para a ala hospitalar.

Ele revirou os olhos.

—Aonde você acha que eu estaria levando ela?

Assustada pela confusão a professora não percebeu a grosseria, deixando Draco andar em direção a saída.

—SUA FUINHA LOUCA PSCICOPATA MANIACA — gritou uma voz atrás dele — SOLTA A MIONE AGORA.

Draco não precisou virar para saber que Ronald Weasley estava o seguindo, assim como Potter.

—Agora realmente não é hora de um ataque de ciúmes Weasley — resmungou Draco subindo as escadas

—Ele tem razão — disse Harry antes que Rony respondesse — vamos até a enfermaria.

Draco apressou o passo, chegando na ala hospitalar antes dos dois grifinórios, e depositando Hermione delicadamente numa das camas.

—Por Merlin! — exclamou Madame Pomfrey — o que houve com a pobre moça?

—Ela desmaiou — respondeu Draco impaciente

Rony e Harry entraram na enfermaria ofegantes, e pararam um pouco atrás de Draco.

—Mais algum desmaiado aqui? — exclamou Pomfrey e continuou a falar antes de receber respostas — Não? Ótimo, fora, todos os três.

Ignorando os protestos, a curandeira os empurrou para fora da ala hospitalar, e fechou a porta com um baque que ecoou pelos corredores de pedra.

—O que você fez com ela? — perguntou Rony tirando a varinha do bolso e apontando-a em direção ao pescoço de Malfoy

Os olhos de Malfoy brilharam ameaçadoramente.

—Eu carreguei ela até aqui. Acho que isso ficou bastante claro. Se você está perguntando o que eu fiz para ela estar desacordada, eu não fiz nada. Agora eu agradeceria se você abaixasse a varinha. Um acidente por noite já é o bastante não?

Rony riu friamente.

—Com medo que eu te machuque?

—Na verdade eu estava me referindo a você parar na ala hospitalar. —respondeu Malfoy calmamente

—Ele tem razão. —interrompeu Harry — Não importa quem machuque quem, um acidente já é o bastante. Sem contar que… Hermione não ia gostar se vocês se atacassem.

Rony soltou um suspiro irritado, mas guardou a varinha de volta ao bolso.

—Por que ela estava dançando com você Malfoy? —perguntou Rony se sentando no chão e apoiando as costas na parede.

—Por que você estava dançando com a Pansy? — retrucou Draco sorrindo de lado e se encostando-se na parede oposta.

—Eu convidei ela — respondeu Ronald

—E eu convidei a Hermione — disse Malfoy

—Des de quando vocês… — começou o ruivo.

—Olha Weasley, — interrompeu Draco — se você quiser discutir quem roubou a namorada de quem, tudo bem. Mas não aqui e não agora. Sinceramente a única coisa que eu posso pensar é na Hermione desmaiada lá dentro.

Rony ergueu as sobrancelhas em espanto, mas concordou com a cabeça.

—Ela estava estranha — disse Harry depois de alguns segundos — Hermione. Eu falei com ela antes do baile ela não parecia… Ela.

Draco passou as mãos pelo cabelo.

—Eu sei. Isso é… Eu não tenho como explicar. É… complicado.

—E dês de quando você sabe mais da nossa amiga do que nós? — perguntou Rony encarando o sonserino.

—Pensei que íamos ter os ataques de ciúmes depois — resmungou o loiro, mas adicionou de qualquer maneira — À uns seis meses.

Rony riu pelas narinas.

—Duvido.

—Vocês sabiam que ela é sangue puro? — disse Draco sem pensar, tentado provar ao Weasley que ele conhecia a própria namorada melhor que ninguém.

—Você está louco Malfoy —exclamou Rony — Hermione é nascida trouxa. Eu conheci os pais dela.

—Não. Você conhece os pais adotivos dela. Hermione é uma Black.

O olhar de Harry subiu até os olhos cinza de Draco, como se tentasse ver se ele estava mesmo mentindo.

—Como você sabe disso? — perguntou Harry

—Ela me contou. Fui o primeiro a saber. Na mesma noite que ela descobriu. Seis ou sete meses atrás.

—Por que ela confiaria em você isso e não a nós? — perguntou Rony

Draco abriu a boca para responder, mas fechou de novo, e ficou em silencio alguns segundos antes de responder com sinceridade.

—Eu não sei. Talvez por que eu estivesse lá quando ela descobriu. Fui a primeira pessoa que ela viu, ela estava chorando, eu perguntei por que, e ela me contou.

Rony riu pelas narinas novamente.

—Você espera que eu acredite que você encontrou Hermione chorando e em vez de zoar com a cara dela, ou atacar ela você perguntou por que?

A memória do dia passou pela sua cabeça como um flashback. Ele havia feito uma piada com ela, mas achou melhor omitir aquela parte.

—Sim. — ele respondeu com firmeza. — Agora, se vocês conseguirem ficar em silencio, eu quero saber se minha namorada está bem.

—Sua namorada? — perguntou Rony arregalando as sobrancelhas

—Pela milésima vez Weasley, podemos discutir toda a minha relação com Hermione depois que ela acordar.

Rony ficou uns instantes parado, antes de assentir com a cabeça e encostar a cabeça na pedra gelada. Os três ficaram ali, em silencio, esperando pacientemente Mademe Pomfrey abrir a porta, e os três sabiam que, se necessário, eles passariam a noite naquele corredor gelado.