Secret Love escrita por grazidiasss


Capítulo 19
LEI DA AÇÃO E REAÇÃO


Notas iniciais do capítulo

Aconselho você á ler esse capitulo ouvindo You - The Pretty Reckless.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212677/chapter/19

     Papai estava entubado e apagado.

      Ele não tinha expressão, seus olhos fechados demostravam á mim algo que pensei que nunca iria acontecer.

     Só agora eu havia feito as ligações, o porque ele insistira tanto para eu vir para cá, o porque ele ficou tão feliz ao me ver saindo como se eu fosse um peso que saísse de suas costas. Ele nunca me falara sobre a doença, e quando viu que tudo estava ficando mais serio, não queria que o visse adoecer. Mas o que ele pensou? Que eu estaria ocupada demais para ir vê-lo na UTI?

     Stefan estava á meu lado, dava pra ver em sua expressão que ele se sentia extremamente culpado por ter me falada aquelas coisas nesse momento. Mas ele não falava nada, tudo estava ali, exposto em sua expressão e em seus olhos.

      Damon mantinha á mesma posição de antes, ele estava mais livre para me abraçar e eu pouco me importava. Minha vida toda, todas as coisas que fiz até aqui, de repente passaram por minha cabeça. Será mesmo que tudo isso valeu a pena? Eu me sentia tão culpada. Eu não tive os últimos momentos com meu pai e isso me machucava tanto, e era uma dor tão forte que eu quase podia ouvir o barulho do ferrão furando-me sem pena.

       A medica entrou no quarto, ela tinha á expressão normal de um medico que precisa dar uma má noticia. Era como se “não podemos fazer nada” já estivesse estampado em seus olhos.

       — Então, Dr... — Meus olhos fracos e sem força giraram até seu crachá — Fell? Eu não sabia sobre nada disso e...

       — Eu sei... — sua voz era calma e acolhedora.  Eu a olhei sem entender. — Seu pai tem sido meu paciente á meses. E... nos mantemos  uma boa relação até ele chegar á parte de não querer deixar sua filha triste.

       — Então... isso foi tudo por mim?

      — Ei, acredite. Ele queria te contar, mas não queria que sobrevivesse a falsas esperanças.  — Neste momento as lagrimas que escorriam dos meus olhos podiam ser mais fortes do que uma enorme catarata. — O câncer já estava em estado avançado quando descobriu,  por mais que tentasse... seria um caso quase impossível, ele escolheu deixar que as coisas acontecessem e escute, ele não quer que você fique triste.

     — Não ficar triste? — O soluço se misturou á minha voz e eu podia sentir meus olhos vermelhos queimar — De repente eu descubro que meu pai tem câncer e está quase morrendo,  e você me diz que ele não queria que eu ficasse triste? Não está falando serio!

       Eu sabia que aquela seria a atitude mais idiota que eu podia tomar, até porque estávamos na minha cidade, no meu lugar, por onde eu iria sair sem que ninguém me perguntasse sobre nada? Eu corri, daquele quarto, daquele medo de toda aquela dor á tempo de ver alguém vindo em minha direção, eu reconheci a voz de Stefan.

       — Elena... — ele gritou para mim. Mas alguém logo atrás dele disse:

       — Não... Você já a magoou demais por hoje, deixe isso comigo.

       Mas eu não queria saber, pouco me importava. Algo, que eu não sabia o que, me dava exatamente a força que precisava para correr, e foi o que eu fiz, eu vi as luzes em meu rosto, vi as pessoas me olhando apavorada, mas eu só queria correr, pra bem longe, onde eu talvez pudesse fechar os olhos e pensar que essas coisas talvez não estejam acontecendo.

       Eu podia reconhecer os lugares,  as mesmas pessoas, mas eu vi um porto seguro.

      Há praia. Havia amanhecido durante a viagem, mas eu não queria saber. O calor quase cegava meus olhos mais eu corri até lá e sentei-me na areia.

      Eu estava sangrando.

      Todo meu corpo doía mas o mais afetado era o coração.

      Eu não queria lembrar do meu pai. Ele estava deitado, jogado em uma cama,  quase morrendo quando eu nem ao menos havia falado á ele que realmente o amava. Quando eu nunca  tive a oportunidade de agradecê-lo por levar café quente á mim todas as noites que eu ficava acordada até tarde assistindo MTV, por ele ri, ao invés de me bater sempre que eu o mandava cuidar de sua vida.

     As lagrimas eram tudo que eu tinha até agora, a dor era tão imensa, que quase não doía. Eu estava com medo, com medo de perdê-lo, e eu era tão fraca! Eu podia ouvir meus soluços agora, eu podia me escutar gritando por dentro. Eu nunca tive tanta certeza de algo como eu tinha agora.

     Naquele momento havia algo em mim que até eu desconhecia.
     Minhas mãos cravaram fundo na areia quente da praia, enquanto naturalmente imaginei como seria se as coisas não tivessem sido dessa maneira. Se papai não estivesse doente... se, se eu não amasse duas pessoas... Se eu tivesse só Stefan e não Damon, seria possível eu ter os dois? Não... Definitivamente não. Senti-me ridícula só de imaginar. Mas quantas coisas eu havia vivido com ambos até ali? Os dois, de forma diferente me completavam em um misto de sentimentos que eram completamente únicos. E, no entanto, aqui e agora nenhum deles estava do meu lado. 
Senti uma mão tocar meus braços, um corpo quente encostar ao meu.

     — Me desculpe... Elena... eu...

     — Tudo bem. — eu disse a Damon, enquanto o observava sentar á meu lado.

    — Não... não está tudo bem. Você não está bem, mas é claro que não está... eu só vou piorar as coisas aqui, mas eu só queria que soubesse que me preocupo com você... de verdade, mas eu devo deixa-la sozinha. Desculpe-me eu...

     Eu o olhava naquele  momento.

     Toda a dor que eu sentia não mudaria nada se eu permitisse que ele ficasse comigo, eu não aguentaria não ter um braço para realmente chorar.

     — Quer saber? — Eu disse, ele  parou de pensar assim que olhou fundo nos meus olhos. — Por favor, fique comigo.

     Tudo que estava sentindo parecia vazar quando ele me apertou contra seu braço, e permitiu que eu chorasse, sem respirar fundo, sem revirar os olhos ou sem dizer todas as coisas que dizem quando te veem chorando. Ele apenas permitiu que eu me sentisse livre, não quis concertar-me, apenas chorou junto á mim. Eu podia sentir sua barriga encher e mochar, eu podia ouvir seu coração acelerado.

      — Sabe o que mais me machuca disso tudo? — eu disse, ainda deitada em seu ombro enquanto suas mãos grossas alisavam meu cabelo. — Eu não tive tempo de dizer o quanto o amava, em todos esses anos, a única coisa que fiz foi reclamar, dizer que não tinha uma mãe e talvez ela tivesse fugido com medo, que ele não me dava dinheiro suficiente mesmo me dando tudo, reclamava da sua comida, de como ele era mandão. E de uma hora pra outra, sabe? Eu só o queria de volta. Eu lavaria sua roupa, cozinharia para ele,  trabalharia para lhe dar dinheiro, mas...

      — Ei — ele segurou meu rosto entre as mãos, seus olhos azuis, sem fundo, sua alma oca, sua expressão de extrema tristeza, nada disso ajudava, mas ele estava se esforçando. — Nem tudo está perdido, ainda há esperanças. Talvez... Ele acorde antes de morrer e você possa lhe dar um beijo de despedida e lhe dizer o quanto o amava. — Foi nesse momento que as lagrimas mais escorreram.

       — Porque está sendo tão legal comigo? Porque de repente parece que realmente se importa? — assim que as palavras saíram de mim eu me arrependi, a dor em seus olhos era ainda mais negra, e foi ficando mais escura assim que ele engoliu em seco.

       — Sempre me importei, mas agora, Elena eu tenho certeza. Eu a amo tanto que vê-la assim me deixa em pedaços.

      — Me desculpe...

      — Não precisa. — Agora eu podia sentir seu rosto se inclinando em minha direção, eu podia sentir o gosto do seu beijo verdadeiro. Então á voz, cansada e tonta chamou meu nome, era como uma dança, ela me conduzia até ela e fazia nascer em mim uma pontada de esperanças.

      Levantei-me no mesmo instante para abraça-lo.

     Stefan, ah... Stefan. Meu porto seguro estava ali. Eu me apertei contra ele até quase me senti dentro dele. Ele parecia tão nervoso que a calmaria do momento com Damon desapareceu.

     Damon!

     Quando eu olhei para a areia ele já se levantava e vinha em nossa direção. Eu podia ver seus olhos medrosos e tão cansados derramarem lagrimas repetidamente. Ele não estava com vergonha de mostrar que estava chorando.

     — Damon? — Eu o chamei, e quando ele veio em nossa direção, eu podia sentir que Stefan se desculpava com os olhos. 

     — Não se preocupe, eu já estou acostumado. — ele disse, e nos deu ás costas.

     — Ei!  Aonde vai? — Perguntei.

     — Poupar-me do “Eu não deveria ter falado aquelas coisas” e “Tudo bem... Eu te perdoo”.

     — Ei!

     Eu estava indo em sua direção, eu não podia deixar que ele fosse assim... eu... eu também o amava.

      Era ridículo.

      Mas eu finalmente estava admitindo em voz alta.

      Stefan segurou meus pulso. Damon havia parado com ás mãos nos bolsos, observando se eu realmente iria ao seu encontro.  Mas meus olhos voltaram á Stefan, á expressão de dor, Katherine não importava mais, eu sabia que ele me amava. Eu demorei tanto o olhando que Damon continuou andando... e andando...

       No fundo, eu sabia que esse era seu destino. Que ele merecia ser feliz, com alguém melhor do que eu, faltava a mim apenas aceitar que... que eu demorei demais á perceber que também gostava dele.

       — Eu não quero prendê-la aqui, se quiser, pode ir atrás dele. — Stefan disse, com a típica amargura e dor em sua voz. Acredite em mim. Eu queria ir, eu queria ir atrás de Damon. Abraça-lo e dizer que eu sentia muito. Mas eu já estava muito machucada, eu não aguentaria mais. Então, simplesmente deixei ele ir, porque ele me amava, mas eu não o amava o bastante.

       — Eu apenas quero... voltar ao hospital, pode ser?

      Stefan assentiu e segurou minha mãe, eu me senti mais segura. Entrei em seu carro, e ainda culpei-me por olhar e tentar ver se Damon ainda estava ali, mas não o encontrei. Como ele iria se virar aqui? Ele não sabia como andar por aqui.

        Stefan estacionou o carro e eu desci sentindo a lagrima escorrer por meu rosto, quando entrei na sala em que papai estava, tomei um susto.

         A Dr. Estava sorrindo abertamente enquanto segurava sua prancheta, ela também tomou um susto a me ver, mas seus olhos brilhavam.

         — Ele acordou! — ela disse, foi quando olhei para papai. Fraco, inútil e pequeno ali naquela cama, mas seus olhos estavam abertos e sua expressão parecia em paz e feliz.

         — Talvez vocês possam.... dar um tempo para nós?  — eu disse, mas a doutora fez um gesto negativo com a cabeça.

         — Lamento dizer que ele acordar não muda o fato de que está  piorando a cada dia, e ele precisa descansar, não pode falar muito e nem ter fortes emoções.  — Foi quando eu ouvi, rouca, sinuosa e gutural, sua voz saio como linho nos amarrando e dizendo as seguintes palavras:

         — Deixe-nos á sós. — Então a Doutora suspirou, fez um sinal de cinco minutos, e saiu junto á Stefan.

        Assim que eu o olhei, meu coração dissipou-se e eu pude sentir o enorme nó que se formava em minha garganta.

        — Desculpe-me — ele disse, com um pequeno desespero e dor em sua voz.

        — Não se desculpe, ok? Eu apenas  quero dizer, algo que nunca tive cabeça para falar antes, eu o amo. Papai, eu o amo muito. Então por favor, não me deixe.

        Ele choramingou junto a mim.

        — Eu sinto muito, querida, eu realmente sinto muito. Escute, todo meu dinheiro e propriedades está em seu nome agora. Apenas seja feliz, e não fique aqui para me ver morrer.

        — O que está dizendo? Está ficando louco?

        — Quero que vá embora, não quero que fique.

        — Para onde?

        — Para onde quiser.

        — Não posso deixa-lo.

        — Eu vou ficar bem, querida. Apenas vá. Para New York, Bakersfield, New Jersey. Apenas lembre-se de mim, Como seu pai saldavel.

         — Vê o que está me pedindo?

         — Sim. Peço que me desculpe, nunca fui o melhor pai do mundo. Pela primeira vez na vida, recebi ligações de sua tia falando o quanto parecia feliz. Pela primeira vez eu pude ouvir sua rizada sincera do outro lado do telefone. E querida, não quero que isso acabe. Quero que seja feliz. Que chame Stefan, vá curtir o resto de sua viagem.

         Parecia cruel, mas eu nunca havia realizado um desejo do meu pai. Ele parecia pedir-me aquele com olhos tão necessitados, eu deveria realiza-lo? Deveria ir embora, e deixar que ele morresse, sem mim? Eu jamais conseguiria. Eu o olhei, de repente sua testa parecia suada e seus olhos azuis estavam ficando dourados. Ele estava sem ar, eu podia ouvir o barulhinho da maquina, eu entendia aquilo.

          — Papai? Vai ficar tudo bem?

          Então, com os olhos cobertos de lagrimas ele  segurou meu pulso.

          — Eu a amo, nunca esqueça disso, apenas vá.

          Assim que ele parou de falar, braços fortes me tiraram da sala. Eu podia ver minha vontade de resistir, de ficar ali com ele, mas uma parte de mim sabia que ele morreria e que não queria que eu o visse assim.

         Seja forte.

         Seja forte.

         Respirei fundo, Stefan não estava chorando, mas a forma como me olhava dava para perceber que ele se forçava a não fazer isso. Ah meu deus, eu o amava tanto, não havia duvidas disso.

          — Vamos. — eu segurei seu braço, ele de repente me olhou estranho, mas depois me seguiu, eu entrei em seu carro e pedi que ele dirigisse pelos lugares certos, Stefan parou o carro em frente á minha casa.

          Você sabe quando sente aquela saudade infinita de algo que nunca teve? Então, eu comecei a sentir saudades de uma família. Sim. Uma família de verdade. Saudades da mãe que nunca esteve presente, saudades dos bolinhos que eu deveria receber todo natal, saudades dos cinemas com os amigos, saudades de cada coisa que eu nunca havia tido, não por ser egoísta, mas por duvidar de qualquer meio de afeto.

          — Você pode entrar comigo?  — eu perguntei, ele não respondeu, mas segurou minha mão e me acompanhou. A chave ainda ficava debaixo do correio, então eu logo abri a porta e notei como as coisas ainda eram as mesmas. Papai ainda deixava a tv ligada, caso eu chegasse  e a casa estivesse sozinha, eu pudesse ouvir o barulho de algo e não ficar com medo.  Eu subi as escadas, a caminho do meu quarto, e a cama parecia bagunçada, eu sabia que ele havia dormido aqui.

          Deitei na cama, Stefan deitou logo ao meu lado.

          — Tem certeza que não quer ficar lá? — ele perguntou.

          — Ele pediu.

          — Como?

          — Ele não quer que eu o veja morrendo, quer que eu vá para outra cidade. — Enquanto eu falava, Stefan passava suavemente as mãos por minha nuca, eu suspirei, em parte porque aquilo me fazia bem e em parte porque me dava sono, e eu estava farta de tudo.

        — O que vai fazer?

        — Não vou ao enterro dele.

        — O que? Não pode fazer isso, Elena...

        — Você, nem ninguém, nunca irá entender. Mas ele é meu pai Stefan, ele quer isso. Ele não iria querer que o visse sendo enterrado, nem eu quero ver ele assim.

        — Para onde vai? Como será sua vida a partir daqui?

        — Ainda temos aquelas passagens?

        — Claro, e Elena, eu faria qualquer coisa por você. Sabe disso não é?

       — Sim. — Eu disse, e o beijei, mas dessa vez eu o beijei com mais vontade. Como nunca havia feito antes. Sua boca parecia ser um ponto de calma, e enquanto ele passava a mão em minha cintura, eu o apertava com toda força. Não havia mais ninguém ao meu lado, mais ninguém estava ali para me apoiar, mas Stefan estava.

       Eu tirei sua blusa enquanto aproveitei para tocar e apreciar seu corpo malhado pela primeira vez. Sua barriga era tão malhada que eu rapidamente senti a necessidade de aperta-la mais, então, ele suavemente colocou as mãos em meu seio. Eu gemi baixo.

       — O que vamos fazer? — ele parou de repente, olhando-me profundamente nos olhos.

      — Vamos transar na cama, no banheiro, na sala, depois eu vou fazer minhas malas completamente e nós vamos para new York.

      — Irá fazer mesmo isso?

      — É o que ele quer, sei que nossa família o enterrarar, mas nunca quis que eu o visse doente.

      — Mas e depois? Vai voltar pra cá e...?

      — Você virá comigo?

   — Para todo lugar.

    Meus olhos abriram, cansados e inchados. Stefan não estava mais a meu lado, eu vesti sua camisa e desci correndo. Ele não estava em nenhum lugar da casa.

    Um barulho veio da cozinha.

    Para minha total surpresa, Katherine estava com os cabelos amarrados, seus pequenos olhos me fitaram de imediato, de repente fiquei feliz por colocar a camisa de Stefan.

     — Hm... então enquanto seu pobre pai  está morrendo você está transando! Que sexy. — ela disse enquanto vinha em minha direção.

     — Onde está Stefan?

    — Digamos que ele tenha saído antes de eu entrar.

    — O que você está fazendo aqui?

    Ela sorri com desprezo.

    — Eu pensei que fosse encontrar você acabada, destruída, quis dar uma olhada, apreciar o show. — foi por impulso quando senti o barulho da tapa, minha mão já tinha virado o rosto de Katherine, a gota de sangue desceu de seus delicados lábios.

    — Acha que um tapa vai me fazer ir embora e deixar de fazer o que vim aqui para fazer? — ela suspirou, enquanto tirava a jaqueta escura e deixava de lado.

     — Não importa! Não quero saber, vá embora, agora!

    Ela deu mais um passo.

    — Me faça ir...

    — Vá embora Katherine!

    Agora seus olhos, profundos, me observavam cara a cara.

   — Sinceramente... Não sei o que ele viu em você. — eu ri, enquanto lentamente respirei fundo e tentei me acalmar.

   — Talvez tudo que nunca tenha visto em você — Katherine quase calou a boca, até que, com desdém, disse:

   — Desprezível... a forma de como você é tão igual a mim.

   — NUNCA me compare a você.

  — Não vê que temos atitudes iguais? — ela me deu ás costas enquanto remexia nas fotos da estante da sala, as vezes seus olhos paravam em mim. — Você não aguenta ficar calada. Não resistiu ao charme do irmão mais velho e galinha, mesmo assim, ainda enciste no outro. Eu, porque sei que Stefan é o certo. Você, porque, bem... acho que porque não tem coragem de admitir que sente algo por Damon. — Ela deixou cair uma pequena foto no chão, o vidro despedaçou e um pequeno ferro pontudo ficou grudado no chão, Katherine quase tropeçou nele.  — Mas não vê que você e Damon nasceram um para o outro? — ela gargalhou.

     — E o que a faz pensar isso?

    — Não é pelas coisas que vocês têm em igual, há! Elena se você pensa que o amor é desta forma, precisa amar mais vezes. — ela piscou — Você e Stefan são tão complementares que chega a ser monótono. Por outro lado... quando está com Damon... ele desperta em você sentimentos que nunca sentiu, coisas que preferia não ser, e é assim que o amor é! — eu gargalhei, em parte, porque ela não falava coisa com coisa e também porque eu não compreendia. — Você não precisa amar a pessoa pelo que ela desperta em você, não por se convencer de que com ela é o certo!

     — Então porque acha que você deveria ficar com Stefan?

     Ela apontou para mim, como se dissesse “Este é o ponto”.

     — Por que eu, Elena, eu sou o Damon de Stefan. Eu o faço evoluir, pensar diferente, agir diferente. Imagine uma vida onde todos apenas sorrissem para você e dissessem que te ama. Seria um tanto... Irrelevante... não acha?

    — Porque acha que suas palavras irão me fazer mudar de ideia?

   — Nunca achei, mas talvez isso faça. — Ela me deu um tapa, mas parecia ser três vezes mais forte do que eu acabei de dar nela.

    Foi impulsivo, meus olhos, de longe viram Damon vindo na direção da casa, e de perto viram meu braço empurrando Katherine e ouvindo o estalo de seu corpo no Chão. Assim que Damon abriu a porta, eu o olhei, e seus olhos azuis perplexos fitavam o chão onde o ferro pontudo havia furado o crânio de Katherine. Seu sangue passeava pela cerâmica branca do chão, era possível ouvir seu grito de dor, Damon correu até mim.

     Um segundo.

     Eu precisava ver o que tinha acontecido, meu mundo havia parado, como se um grande controle tivesse dado pausa.

     Katherine estava tendo uma concussão, seus olhos reviravam ás orbitas. Eu havia assistido todas as temporadas de Greys Anatomy para saber como essas coisas aconteciam rápido, como, até mesmo em pisar no falso e cair de costas ás pessoas morriam.

     — O que aconteceu aqui? — Damon perguntou enquanto tirava o telefone do bolso, sem ainda nem discar um numero.

     — Ela me deu um tapa, e eu... eu... a empurrei e ela caiu no chão, e... meu deus, chame a ambulância! — as lagrimas e os soluços não eram nada comparados á ver aquilo ao vivo, o ferro pequeno havia feito um buraco fundo e eu não sabia como ela ainda estava se debatendo.

     — Calma, respire fundo — Damon disse. — Ei, eu estou aqui, ok? Vai ficar tudo bem.

     Eu apertei-me contra ele até sentir que gotas leves caiam de seus olhos também.

     Ah. Meu. Deus.

    Eu matei Katherine?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

hahahhaha! @pdubberss