Secret Love escrita por grazidiasss


Capítulo 20
SACRIFICIO




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212677/chapter/20

    Talvez eu não conhecesse este lado dele.

    Ou talvez, eu nunca tenha me permitido conhecer.

    Mas Damon parou, vincou os olhos azuis no distintivo da policia, e simplesmente explicou a historia de uma forma que, de certo não era.

    — Então... está nos dizendo que, a garota que teve uma concussão cerebral por causa de um furo leve na cabeça se acidentou? — Eu olhei para o nome do policial á nossa frente, parecia curiosamente desconfiado, seus olhos me fitavam de segundo em segundo.

     — Na verdade... — Ele suspirou e logo então apontou para mim, por um momento eu pensei que Damon fosse falar que eu a machuquei, mas logo então ele continuou: — Ela tentou machucar minha amiga... E...

     — O.K, por hora, chega. — eu o interrompi — Ele já repetiu á historia cinco vezes, se você não se importar, precisamos ir ao hospital. — Meu coração batia perdidamente forte.

     — “Por hora” — Ele sibilou e nos deu ás costas. 

     — O que pensa que está fazendo? — perguntei irritada — Porque simplesmente não disse a verdade?

     Era típico de Damon revirar os olhos, mas dessa vez, as bolas azuis apenas mexeram com infinita dor.

     — Não vê? Estou tentando protege-la.

     — Mas eu não fiz nada! Foi um acidente!

.    — É melhor irmos ao hospital e esperar Stefan lá — Damon me puxou pelo cotovelo e enquanto subia em sua moto, respirando devagar, ele disse: — Ao menos finja dor, ok?

      Era difícil olhar para frente com seu enorme corpo cobrindo a vista, sem contar que, ele acelerava tanto que só era possível ver a imagem borrada de toda a cidade passando por meus olhos.

       Nós chegamos tão rápido ao hospital que levaram Katherine que, ao chegarmos lá, foi um enorme susto quando vi Stefan sentado esperando. Eu ainda vestia sua camiseta, apenas havia colocado uma calça por baixo, ele me deu um abraço forte e ignorou Damon que estava bem á meu lado.

        — Eles já falaram alguma coisa? — Damon perguntou, seco.

        — Apenas que o ferro perfurou três camadas da cabeça e que ela teve uma concussão.  — eu respirei fundo, por hora, sabíamos que não era nada gravemente serio. — Mas Elena... eu estou confuso... o que aconteceu? — Quando eu já estava prestes a abrir a boca, Damon ficou na minha frente e simplesmente respondeu por mim.

        — Nós já respondemos perguntas demais á policia, seria legal se não a pressionasse agora. — Disse, enquanto lentamente os olhos de Stefan vieram até mim, procurando qualquer vestígio de culpa. Eu tinha absoluta certeza de que ele podia ver em meus olhos quando eu estava mentindo.

       — Damon! — Gritei — Posso responder por mim mesma.

       — Não, não pode, Elena. Você aturou tudo isso calada, mas não precisa, agora eu estou aqui. Vai ficar tudo bem.

       — O.K — Stefan empurrou ele para o lado, e me abraçou. — Shhhh... não precisa falar nada, certo? Eu estou aqui.

       Eu não sabia mais se era a enorme dor de cabeça, ou se o tumulto, ou o fato de eu estar lidando com  coisas demais ultimamente. Mas apenas fiquei feliz pelos dois estarem aqui. Damon se encostou  na parede, e como sempre, abaixou a cabeça. Eu sabia, mas do que ninguém, que ele não merecia passar por isso. Ele não merecia esperar por mim, enquanto eu não esperava por ele. Eu precisava deixa-lo ir. Mas como eu poderia fazer isso? Eu já havia perdido tantas coisas!

— O que? — as palavras saiam da minha boca sem nem ao menos eu conseguir senti-las. — Como isso pode acontecer? Foi uma concussão leve e os machucados nem foram tão fundos.

       O Dr. Erdigã olhou de esguio para mim, enquanto lentamente arrependi-me de ser tão obsoleta e apenas o observei continuar.

       — Ás vezes quando o paciente já vem sofrido algum tipo de agressão, ou doença cerebral uma simples batida pode fazê-lo perder á memoria. — Com uma calma que eu nunca havia visto antes, o Dr . Erdigã nos mostrou o raio x do cérebro de Katherine. — Como vocês podem ver, o ferro realmente furou, e em casos mais sérios isso poderia tê-la matado. — Ele tinha aquele sorriso sujo de medico, já devia estar tão acostumado á dar más noticias que eu não me surpreenderia se dentro de seu bolso houvesse açúcar e uma garrafa com agua. — Com tempo, cuidado, e todos os amigos presentes, quem sabe ela não pode conseguir a memoria novamente.

       — Está nos dizendo que neste momento ela não lembra nem seu nome? — Dessa vez Damon quem perguntou.

       — Claro que sim, a perca da memoria foi devido a queda, ela não perdeu 100% de memoria.

      — Então quanto?

      — 60%. — Depois de respirar fundo, o Dr. Erdigã continuou — Ela pode lembrar-se dos três... Se tiverem grande importância na vida dela, ou se apareciam com frequência. Se não, ela pode não se lembrar de vocês e isso causará um estado de pânico quando ela acordar.

      — Quando ela acordar?

      — Nós demos alguns remédios e ela estará acordada em alguns dias, mas não bem.

     Eu não aguentava mais.

     Quando notei que os dois me seguiam, apenas virei de costas e disse o que eu deveria ter dito á muito tempo.

      — Apenas... Deixem-me sozinha um pouco. E aproveitem para se entenderem.

      Quando fora a ultima vez que andei de moto? Ah, sim. Quando levei Damon ao lugar onde fomos... Digamos que... Presos. A chave da moto de Damon estava presa em meu bolso, eu só precisava ser calma e ir.

       Assim que cheguei ao hospital onde papai estava, a Dr. Fell veio ao meu encontro, ela me deu um forte  abraço e disse algo como “estou feliz por não ter desistido”, mas eu não sabia se era exatamente por este motivo que eu estava ali. Eu precisava ficar sozinha com ele.

      No momento em que meus olhos o fitaram, eu sabia que ela estava vindo. A chuva dentro de mim, mas não era hora para me importar com ela.

      — Eu quase fiz algo do qual não me orgulho hoje. — Eu disse, lembrando da expectativa de ir embora e deixa-lo ali. — Por mais que seja o que você quer, eu não posso deixar que fizessem isso. Não posso deixa-lo aqui. — Enquanto eu alisava seus cabelos finos, apenas cantei minha musica favorita.— Sabe, também aconteceu algo que não deveria ter acontecido. Eu machuquei alguém, não... Não foi por querer. Foi um... — Respirei fundo. — Acidente. E agora, Damon e Stefan estão conversando, acho. Você sabe que muita coisa tem acontecido e eu não tive tempo de contar nada. Tudo que sei é que meu aniversario está perto e que... Nós costumávamos apenas dormir. E acho que é isso que farei novamente. Eu só preciso... De um pouco de paz, que algo bom finalmente aconteça. E eu estou vendo ás férias terminarem, e estou vendo como tudo vai ficar mais difícil... — Foi só quando eu olhei os espelhos que notei que não adiantava, eu estava falando sozinha, literalmente.

       — Elena, querida, a policia quer falar com você.

       A Dr. Fell olhou para mim com preocupação, enquanto meu coração batia tão forte que eu quase podia senti-lo sair pela boca. O mesmo policial esperava-me por trás dos vidros do  quarto do hospital acompanhando de um detetive que analisou a situação cautelosamente.

       — O que está acontecendo? — Perguntou á Dr. Fell.

       — Uma amiga se machucou e eles estão fazendo perguntas... — Ela me olhou torto, mas deve ter pensado algo como “Sua vida particular não me interessa” porque simplesmente deu ás costas e sentou-se do lado do corpo adormecido de meu pai.

       Eu tentei fazer as pernas andarem, mas você sabe aquela situação embaraçosa quando você quer andar mas seu corpo não obedece o comando? Enfim, assim que o policial deu um passo em minha direção eu pensei “Ah. Meu. Deus. Como eles podem ainda estar investigando isso, ela não morreu!”.

       — O que? — Perguntei fingindo indiferença, mas por hora, eu não conseguia esconder o espanto.

       — Viemos falar sobre Katherine Pierce.

       — Eu pensei que esse assunto tinha acabado.

       — Talvez até essa tarde. — Desta vez foi o Detetive que falou, eu semicerrei os olhos para ler seu nome no crachá. O Dr. Sullivan apertou o braço contra o peito de uma forma que o fazia parecer medonho.

      — O que houve essa tarde? — Perguntei solene, já achando que os dois estavam enchendo o saco. Cara, eu assisto CSI também, você não pode perseguir alguém sem motivos!

      — Sua amiga Katherine faleceu. — Disse o homem friamente. Pela forma de como mexia os olhos eu podia perceber que ele estava mais do que acostumado de noticiar. Eu parei em meio o tempo, ah meu deus como era possível? — A morte não foi natural. Ela foi... assassinada.

      — Assassinada, como isso é possível em um hospital?

      — Ela foi asfixiada por uma blusa coberta de sangue.

      — Do que vocês estão falando? Isso não está acontecendo!

      — Srta. Elena Gilbert, poderia nos acompanhar por livre e espontânea vontade até a delegacia? — Disse o policial com o olhar de triunfo.

      — Eu não vou a lugar algum, sem que me expliquem o que está acontecendo aqui.

       — Não tem problema. — Dr. Sullivan deixou á vista um longo papel com uma assinatura brilhante. — Srta. Elena Gilbert, você está presa por assassinato de Katherine Pierce, por forjar um suspeito e por resistência á prisão.  

       Tá.

       Esse é o momento em que você se pergunta: como isso aconteceu? A verdade é que, existe uma parte em nós, que não acredita que podemos fazer algo quando na verdade, nós podemos. Eu não matei Katherine. Mas havia grande parte em mim que ficaria feliz em tê-lo feito.

       A Dr. Fell correu ao meu lado enquanto fui carregada de algemas pelo hospital, da janela do carro da policia, eu podia vê-la falando “fique forte”, mas foi instantâneo, quando meus olhos chocaram com a imagem de Stefan e Damon no carro ao lado eu não senti mais meu corpo, tudo era escuro.

— Eu já repeti mil vezes o que fiz hoje, mas não adianta, ninguém vai acreditar em mim! — Eu estava numa sala fria, uma mulher de aparência indomesticada  e de boas palavras quase obrigava-me a dizer “EU MATEI KATHERINE”.

      Eu havia desmaiado antes, e não sabia se foi o medo, ou a dor de ver tudo se dissipando com meu toque. Damon e Stefan estavam á sala ao lado, se eu fosse um ser sobrenatural, poderia jurar conseguir ouvir a batida forte de ambos corações. Eles estavam com medo também. De uma forma, isso me fez parar de se sentir idiota por ter medo.

      — Respire... — Repetiu a detetive, com a mesma aparência indomesticada e olhos bravos de antes, ela parecia impaciente ao mesmo tempo que era um poço de calma. Seus lábios carnudos desenvolviam todo seu rosto em forma de coração, ela tinha uma flor sobre a camiseta sem decote. — O que fez essa manhã?

      — Katherine foi me visitar. — Eu contei, enquanto observava o modo de cada palavra me fazia ser mais suspeita. — Ameaçou acabar com meu namoro, falou coisas desprezíveis e depois tentou me matar.

      — Eu ouvi sobre isso. — A Detetive tirou algo embrulhado da sacola e pôs sobre a mesa. — Como você explica seu casaco no local do crime com sangue que pertence a Damon Salvatore?

      — Isso não é meu! — Eu olhei medonhamente para o casaco aveludado dentro do embrulho, eu nunca tinha visto algo mais fresco!

      — Então por que tem suas digitais nele?

      — Eu não sei.

      — Á matou e tentou colocar a culpa no seu amigo?

      — Eu já disse que não!

      — Muitas coisas me fazem duvidar disso!

      — Com licença, — outra pessoa juntava-se a sala. — Interrogando alguém sem provas o suficiente e sem a presença de um advogado?  Isso pode ser usado contra vocês.

     — Quem é você? Quem o deixou entrar aqui na hora de um interrogatório!

     — Prazer Detetive Melark, eu sou o Frank. Advogado.

     — Quem contratou você? — Eu perguntei, absorta.

     — Dr. Fell... — O homem foi interrompido por outra pessoa abrindo a porta sem permissão, a detetive olhou para o Dr. Sullivan com uma raiva imensa.

     — Não se pode fazer um interrogatório?! Todos vão querer interromper?

     — É que... temos uma confissão.  — O Dr. Sullivan respirou fundo e apertou o pequeno controle que segurava na mão esquerda, então deu um rápido movimento e uma enorme tela no meio da sala acendeu. De inicio, mostrava todos nós, havia câmeras e eles estavam nos filmando. Ele passou a cena e o próximo vídeo parou bem no olhar medonho de Stefan. 

POV STEFAN

Algumas horas antes

O homem e seu olhar pedregoso pararam, sentou-se bem á minha frente e apertou um tipo de botão que ficava abaixo da mesa. Eu esperava uma boa noticia de Elena, a ultima imagem que tive dela, foi quando vi seus olhos se revirarem dentro do carro e atirarem desmaiada até entrar na delegacia.

        — Sente-se confortável em responder algumas perguntas? — Disse homem, logo em seguida desabotoou o terno e ficou completamente á vontade como se eu fosse um humilde escravo e ele meu senhor. — Como foi seu dia hoje?

         Depois de repassar mil vezes o que fiz, ele disse o que eu não esperava ouvir. Meus olhos encheram-se de algo que eu não conseguia definir, não eram lagrimas pois nada escorreu por meu rosto. Meus olhos arderam, e eu sentia um peso enorme na cabeça.

         — Ela é suspeita de matar Katherine? — Sibilei com ironia. — Passou toda manhã á nossa presença.

        — Não toda, exatamente. Nós a encontramos no fim da tarde em um hospital, isso não inclui você e seu irmão.

        — Como foi o comportamento de Elena Gilbert nas ultimas semanas? Agressiva? Com raiva? Ela tinha alguma rixa com Katherine Pierce? Eu sei que a Srta. Pierce era sua namorada, e sei, que a Srta. Gilbert é sua atual namorada...

         — Onde quer chegar? — O interrompi, o que fez o homem ficar ainda mais estupefato.

         — Não temos provas de que a Srta. Gilbert assassinou a Srta. Pierce, mas ainda assim, precisamos de algo mais concreto. O senhor poderia nos dizer como foi seu comportamento...

        — Elena não matou Katherine! — Gritei, entredentes.

        O homem coçou o queixo e exprimiu os olhos.

        — O que o faz ter tanta certeza?

        — Porque eu o fiz!

        — Não está dizendo isso só para proteger a Srta. Gilbert, está?

        — Não...

        De fato, eu estava.

        Mas olhe para minha situação, Elena perdera o pai — não exatamente — mas estava o perdendo. Eu não podia deixar que sua vida terminasse desta forma.  Enquanto a mim... Minha mãe não ficaria feliz, mas ela ainda teria Damon, assim como Elena também.

        — Explique-me como aconteceu o crime...

        “Quando recebi a noticia de que Katherine estava no hospital e que ameaçou Elena eu fiquei com muita raiva. Katherine ainda estava dormindo  eu fui entregar seus documentos no hospital quando pedi para que deixassem que eu entrasse. Elena estava usando minha camiseta então eu peguei seu casaco e asfixiei Katherine com ele.”

         — O que o sangue de Damon fazia na cena do crime?

         — Ela costumava... ter um... caso com meu irmão.

         — E você levava tudo isso numa boa?

         — Não... eu iria mata-lo depois de mata-la. Só assim eles se encontrariam juntos no inferno.

         Eu não sabia se ele acreditou, ou aquilo seria levado á serio, ou simplesmente descartado. Mas eu fiz o que pude para protege-la.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!