03

       Sesshoumaru parou no meio de uma conhecida clareira. Ele ficou quieto, nenhuma palavra foi proferida.

Apertei os lábios e fiquei nervosa. Do jeito que Sesshoumaru é, ele vai querer lutar comigo para poder retomar sua superioridade.

Suspirei e tamborilei os dedos, que estavam livres, na coxa. Apertei mais a Tasseiga. Sesshoumaru podia fazer qualquer coisa agora.

- Obrigado. – proferiu.

Arregalei os olhos assustada e meu nervosismo se foi.

- O quê? – minha voz saiu rouca e baixa.

Ele se virou para me olhar e se aproximou. Conferi se era seu cheiro e sua energia eram as mesmas. Eu não me enganei, era ele mesmo. O Sesshoumaru carinhoso e atencioso com Inuichi e comigo.

- Desculpe-me não agradecer-te antes, mas eu queria falar pessoalmente. – sua voz era grossa e fria.

Corei. Sesshoumaru tinha esse forte poder de fazer-me corar, de sentir-me nervosa. Ele e Hino eram os únicos que me faziam assim, por que...

- Ah, ér... Ahn... – atrapalhei-me com as palavras, nervosa e ainda vermelha. – Tudo bem.

Ele me analisou e fechou os olhos.

- Você está vermelha. – disse.

Ruborizei mais ainda por ele ter notado. Olhei para baixo e senti um leve toque em minha testa.

- Você parece está com febre. – disse tirando sua mão.

- Ér... – por que eu estava tendo um deja vu desse momento?

Ele se aproximou, quebrando o espaço entre nós. Ele segurou meu queixo e levantou um pouco para ficar na altura de seus olhos.

- Por que você fica nervosa toda a vez que estou perto? – perguntou.

Não tinha jeito. Eu já estava no auge da vergonha, do auge da vermelhidão em meu rosto. Como eu ira fugir daquilo?

- Ér... – sim, essa era a única coisa que eu conseguia proferi.

- Azumi-chan, você está bem? Não é melhor descansar? – sugeriu.

- N-não, está t-tudo bem! – eu disse com uma falsa animação.

Ele acariciou meu rosto, ainda olhando diretamente em meus olhos.

Eu queria acabar com aquela cerimônia. Queria ele perto de mim, sentir seus lábios e sua paixão.

Eu não agüentei mais. Beijei-o apaixonadamente. Ele se mostrou surpreso, mas depois respondeu. Ele abraçou-me pela cintura e eu passei meus braços em volta de seu pescoço. Aquele beijo era apenas um modo de dizer: senti sua falta.

Ele me puxou mais ainda. Nossos corpos estavam colados. A sensação de tê-lo em meus braços e o beijando era tão boa, queria saber o que ele pensava. Aliás, ele estava correspondendo. Ele sentia a mesma coisa.

Ou será que estou me iludindo? Sesshoumaru só me via como uma humana agora e não como a irmã maléfica dele. Agora eu podia ser simplesmente, eu. Podia ter os poderes de um youkai, a katana de um youkai, mas a aparência de uma humana. Uma reles humana.

Parei de beijá-lo, mas não por falta de ar e sim da minha sinceridade. Essa sinceridade que eu estava tendo comigo mesma. Tudo aconteceu tão rápido. Eu estava sendo sincera, para eu não voltar a ser confusa.

Eu não podia pensar em “mas...” e sim ter a certeza daquilo.

- Sesshoumaru... – murmurei baixinho. Eu não olhava em seus olhos. Eu só queria uma resposta sincera. Suspirei. – Você me ama?

Senti seu corpo tremer junto ao meu. Ele ficou tenso. Sim, ele estava indeciso. Eu já sabia, não era amor como eu penso ser, é só um amor fraternal.

Meus braços saíram daquele abraço em seu pescoço e os pousei de leve em sua armadura. Fiquei encarando minhas mãos por longos segundos.

- Azumi... – hesitou.

Uma lágrima caiu desobediente de meus olhos, demonstrando minha fraqueza pela verdade que ele ia falar.

- Eu... – ele suspirou. – É difícil falar. – respondeu.

Não tive sequer a coragem de olhá-lo, mas continuei ali, encarando minhas mãos.

- Azumi-chan, você pode me amar, mas... – ele hesitou em falar.

Eu queria ouvir, mas meu coração doía e queria que eu saísse dali. Meu coração não queria escutar a verdade.

- Acho melhor você amar Hino e não a mim. – murmurou naquele jeito frio e rude.

Ele queria que eu me afastasse dele?

Arregalei os olhos após ele falar isso. Olhei-o, assustada e triste ao mesmo tempo.

- Mas eu não o amo. – sussurrei.

Ele me olhou ternamente e tocou de leve nossos lábios.

- Mas é melhor. – disse colando nossas testas. – Entenda, eu não sou o homem que você quer. – essas palavras doeram em meu coração e no dele. Eu sabia que ele não estava fazendo porque ele queria. Ele, de alguma forma, queria me afastar de algo. – Azumi, eu te amo, mas...

Ele separou nossos corpos, ficando metros longe de mim.

- Azumi-chan, é perigoso. – apenas disse e ele sumiu.

***

O que era tão perigoso a ponto de Sesshoumaru dizer que me ama e sumir? Tinha algo de errado e eu ia tirar isso a força de Inuyasha ou qualquer um.

Não importa o que eles vão dizer, eu quero a verdade.

Sesshoumaru não agiria daquele jeito por conta própria. Tinha algo de errado e eu não estava gostando disso. Nem um pouco.

Cheguei ao vilarejo com o semblante irritado e com a aura escura. Eu estava machucada por dentro e minha energia transmitia isso. Ela queria que todos soubessem disso antes de me falarem mentiras. Apenas verdade, era tudo o que eu queria.

Jaken estava lá com Rin, quando sentiu minha energia ele estremeceu e me olhou assustado.

- Azumi-sama, cadê Sesshoumaru-sama? – perguntou surpreso.

Cheguei perto dele e o peguei pelo pescoço.

- Diga-me apenas a verdade. O que aconteceu durante a minha ausência, Jaken? – minha voz era fria e rude.

- Azumi-chan, você está enforcando Jaken! – Rin disse assustada.

Eu virava meu próprio monstro quando estava irritada. Souta sofreu um pouco com isso quando estava lá.

- Azumi-sama... – disse ele tentando se livrar do meu aperto. – Aconteceu tudo...

Ao proferir aquilo o soltei no chão. Aconteceu tudo. Se aconteceu tudo por que ninguém contou? Por que Sesshoumaru, ao invés de fugir, não me contou? Isso sairia natural de seus lábios, mas essas duas palavras não saíram naturalmente das palavras de Jaken. 

Essas palavras foram flechas em meu coração.

A energia purificadora de Ikko estava próxima.

- Ikko, o que aconteceu? – virei-me para vê-lo.

- Azumi-sama, melhor você sentar. – disse calmamente.

Continua...