04

- O quê?! – gritei com medo.

Era como Jaken tinha dito. Aconteceu tudo. Tudo de ruim na vida.

- Sim, Azumi-sama. – disse Sayuri preocupada.

Impossível.

- Chichi-ue lutou bravamente. – disse Setsu.

Mantive-me estática. Lágrimas se formavam em meus olhos, mas eu não queria que elas caíssem. Não agora.

- Azumi-sama, nós fizemos de tudo. – Ikko falou numa voz calma. – Ela era mais poderosa.

Maldita. Maldita. Onore! Como aquela vagabunda é capaz de fazer isso com Setsu e Ichiu? Matar o pai deles!

Meu olhar estava fixo na fogueira. Todos estavam na cabana da velha Kaede. Todos contaram o que aconteceu nas duas semanas que passei fora. Duas semanas, que para mim, foram boas, mas para eles... Foi um inferno.

- Azumi-sama... – Jaken tentou me tirar daquele transe.

Minha energia, que oscilou, passou a ter um ar mais sombrio e rancoroso. Minha aura que, pelos poderes de miko, estava escura, com ódio e fúria. Minha alma que, além de recuperada, estava machucada e com remorso.

- Azumi-sama... – censurou Ikko.

Senti a mão de Hino pousar e meu ombro esquerdo. Levei meus olhos para aquele olhar cansado, preocupado e escarlate.

Acho melhor você amar Hino e não a mim. Lembrei-me do que Sesshoumaru disse.

Ora, se é assim, por que eu não aceito logo? Sesshoumaru não me amava, ele queria que eu substituísse esse amor por Hino. Só que ele é meu amigo.

Hino leu minha mente e assentiu, sorrindo forçadamente.

Ele não gostou. Ele é mais que isso pra mim, mas...

Não, Azumi-sama, nada de “mas”! Seja forte! Pensei. Era mais fácil falar de mim em terceira pessoa.

Sesshoumaru fez essa confusão comigo. Eu não vou aceitar que um inu-daiyoukai controle meus sentimentos.

É isso que eu vou fazer. Não vou deixar mais ninguém controlar meus sentimentos. Vou desligá-los. É a melhor coisa que faço. Não quero mais sentir nada por ninguém. Só quero o carinho pelos meus amigos. E só.

- Quer mesmo isso, Azumi-sama? – perguntou Ikko preocupado.

Assenti. Não agüentava mais. Aquele beijo e aquelas palavras foram de despedida. Nunca mais amarei Sesshoumaru.

- Azumi-sama! – Hino e Ikko disseram surpresos.

Senti a presença dele. Sai da cabana e o vi vindo em direção à mesma. Ele percebeu meu ódio e minha fúria, parou de andar e me olhou.

- Nunca mais, Sesshoumaru. – proferi tentando não chorar.

Seu poder oscilou. Ele sabia do que eu estava falando. Aproximei-me dele, quebrando o espaço entre nós.

- Azumi-chan, é para seu bem. – ele disse naquele jeito frio de ser.

- Não me chame mais de Azumi-chan, eu mereço mais respeito. – eu disse rude.

Ele franziu o cenho, irritado.

- E você deve o mesmo respeito por mim?

- Nunca ouviu, ou é surdo? – eu disse cinicamente.

- Não me trate como se eu fosse um humano.

Não agüentei mais. Fechei meu punho e dei um soco em sua cara. Todos assistiam essa cena, aterrorizados. Ninguém nunca fez isso com Sesshoumaru. Ele baixou sua guarda e eu ataquei.

- Então não me trate como uma. – minha voz era fria como o gelo.

Sesshoumaru tentou revidar, mas eu segurei seu punho e torci um pouco o braço dele.

- Nunca me bata desse jeito, humana. – ele cuspiu a última palavra.

- Então procure não baixar a guarda quando estiver perto de mim. – continuei a torcer sei braço. – Se você me amasse, estaria me protegendo, não me abandonando. – uma lágrima escapou.

Larguei seu punho.

Ele me olhava intensamente, eu devolvia esse olhar. Ele fechou o punho mais uma vez, mas eu fui rápida. Bati na cara dele de novo.

- Baka! Aprenda a amar! – eu disse chorosa.

Sesshoumaru tocou em seu rosto e percebi que seu ego estava ferido. Uma mulher havia batido nele, uma humana, uma irmã, um amor.

- Baka! – cuspi. – Não seja tão imbecil assim! Pare de agir por conta própria! Pare de me tratar como se eu fosse uma reles humana!

Afastei-me dele e andei calmamente para a floresta, apesar de eu estar com o semblante irritado e com o coração quebrado.

E com o ego ferido.

Continua...