12

       Suspirei e olhei para Souta.

- Bem, já vou. – eu disse nervosa.

- Mas já, Azu-nee-chan! – reclamou.

- Aham, eu só precisava disso. – falei apontando para a mochila que eu carregava.

A haha-ue de Kagome me olhou ternamente e me abraçou com força.

- Se cuide, tome cuidado.

- Sempre tomo! – menti.

Claro que é mentira. Eu quase morro da última vez... E das outras vezes... Tá! Eu sempre quase morro nas lutas que eu tenho.

- Até mais! – eu disse pulando o poço e voltando para a Era Feudal.

***

       Azumi chegou a Era Feudal. Escalou o poço com aquela pesada bolsa cheia de suplementos. Ela chegou ao topo e viu uma sombra. Ela tremeu ao ver o olhar frio de Hino para ela.

Azumi saiu do poço e olhou para Hino, preocupada.

- Onde você esteve? – perguntou Hino irritado.

Azumi analisou mais Hino. Ele estava mais pálido do que o outro dia, seus olhos vermelhos estavam mais sedentos, seus cabelos tinham perdido mais a cor, estava mais magro e sua energia estava sombria e morta.

- Eu precisava de uma coisa da minha haha-ue. – respondeu tirando a mochila das costas e colocando no chão, sentando logo depois. – Sente-se. – pediu Azumi.

Hino se sentou e logo sentiu um cheiro delicioso.

Azumi abriu a bolsa e procurou algo dentro. Ela pegou e mostrou para Hino o que era.

- Azumi, o que isso significa? – perguntou rudemente.

- Eu quero te ajudar. – disse Azumi estendendo a bolsa de sangue para Hino.

Hino farejou aquele treco. Seu organismo começou a entender do que se tratava... Sangue. Era isso que Azumi tinha nas mãos.

- O que é isso? – perguntou sedento.

- Bem, na minha Era, muitas pessoas doam sangue para ajudar outras, elas têm que ser completamente saudáveis para fazer isso. – respondeu. – Minha mãe e meu pai trabalham em um hospital... – Azumi riu – Eles são como curandeiros na minha Era. Eles trabalham em um Banco de Sangue internacional, então pedi para minha okaa-san para me dar algumas bolsas de sangue para umas pessoas que precisavam. – ela olhou para Hino, que entendeu o que ela quis dizer. – Então ela aceitou. Por isso que eu voltei. Porque eu queria ajudar você.

Hino encarou Azumi por longos minutos.

Por que essa bondade comigo? Eu não mereço isso de você Azumi! Não mereço! Eu quero simplesmente viver minha vida sem sangue! Não quero de machucar... Hino parou de reclamar. Aliás... Para eu te ajudar, eu tenho que ficar forte... Pensou ele se redimindo.

- Arigatou, Azumi-sama. – disse Hino cabisbaixo.

Azumi corou e sorriu, estendendo mais uma vez a bolsa de sangue. Hino pegou e rasgou o forte plástico. Ele olhou para Azumi, que balançou a cabeça – dando apoio a ele –, e tomou o sangue que continha ali.

Azumi engoliu em seco e ficou mais calma. Pelo menos, Hino estava se alimentando. Ele ficaria forte e lutaria com ela ao seu lado.

Hino terminou o saco e olhou para Azumi. Ela percebeu as diferenças que aquela pequena bolsa de sangue trouxe para Hino. Agora ele voltou ter os cabelos castanhos escuros, a pele permanecia um pouco pálida, mas com certo brilho, os olhos também.

- Pegue mais três. – disse Azumi puxando três bolsas de sangue e dando-as para Hino.

Hino as pegou e bebeu uma por uma, até voltar a ser saudável.

Ele olhou para Azumi e sorriu. Ela corou um pouco e sorriu de volta.

- Azumi-sama, arigatou. – disse ele abraçando Azumi.

Azumi devolveu o abraço. Ela sabia que Hino estava feliz por estar ajudando.

- Com tantas pessoas no mundo, por que justamente você? – sussurrou Hino no ouvido de Azumi.

Azumi corou e apertou a roupa de Hino. Por que ela estaria nervosa com essa pergunta? Será que Azumi era a pessoa certa para Hino.

Hino... Eu... Pensou, mas não teve coragem de falar o resto.

- Eu entendo. – disse ele apertando mais Azumi. – Você está amando Sesshoumaru... Sou apenas um amigo, certo? – Azumi assentiu. – Mas fique sabendo que... Ai shiteru, Azumi-sama. – falou numa voz baixa e grossa.

Azumi corou mais ainda e seu coração começou a bater mais rápido.

Seu coração jamais bateu assim por Sesshoumaru, era apenas dor, dor e mais dor. Agora com o que Hino disse, era diferente. Simplesmente diferente. Ela não entendeu por que seu coração começou a acelerar, mas ela sabia que isso não era coisa sua.

Estaria ela nervosa porque Hino a ama?

Por que só há confusão em sua mente, Azumi-sama? Não era assim antes de você reatar com Sesshoumaru. O que aconteceu? Pensou Hino.

Sim, Azumi voltou a ter aquela confusão mental de novo. Ela sabia que se levasse seus sentimentos para uma coisa séria, essa harmonia que existia iria acabar. Mas não sabia que seria tão rápido assim.

Será culpa de Sesshoumaru? Pensou ela.

Sim, Azumi-sama, é. Respondeu Hino mentalmente.

Hino sabia todas as coisas que Sesshoumaru fez na vida, mas a única coisa que ele (Sesshoumaru) menos queria era decepcionar sua futura mulher. O que ele fez, mas... Como ele pode ser tão calculista com Azumi?

Sesshoumaru é calculista?

Não, não é, mas Hino pensava assim.

Hino pensa que, por causa dele, Azumi estava frágil para uma luta. Se eles brigassem de novo, Azumi estaria quebrada, então não poderia lutar.

Azumi-sama é forte. Disse Hino para si. Mas algo a torna frágil e esse algo é Sesshoumaru, que no caso dele é Azumi. Hino escondeu mais seu rosto sob o ombro de Azumi.

Azumi apertou mais Hino.

Estaria ele pensando nas mesmas coisas que eu? Perguntou-se Azumi.

Azumi... Se você lesse mentes... Você entenderia tudo. Pensou Hino com raiva.

Uma lágrima escapou dos olhos de Hino. Azumi sentiu sua blusa ficar molhada.

- Hino... – sussurrou Azumi.

Hino parou de abraçar Azumi e a segurou nos ombros.

- Azumi-sama, você não percebe! – gritou ele, irritado. – Eu te amo e você não diz nada! Por que você prefere Sesshoumaru? Dooshite?! – disse chorando.

Azumi arregalou os olhos e seu coração falhou uma batida. Ela nunca pensava que Hino diria isso. Sesshoumaru a avisou, mas ela não escutou.

- Hi-Hino... – gaguejou.

- Azumi-sama... Desde que eu te conheci, eu sabia que já estava sentindo algo por você, mas... – ele parou e abaixou a cabeça – Eu não quero que se envolva com Sesshoumaru... Mesmo ele querendo que você seja a mulher dele... Eu não gosto disso, porque eu sinto ciúmes, como ele. Eu sinto ciúmes, Azumi-sama! – gritou chorando.

Azumi ficou vendo aquela cena, surpresa, pois Hino estava se confessando para ela. Ele realmente a amava... Sesshoumaru já fez isso inúmera vezes, mas Hino...

- E-eu não sei o que dizer Hino. – gaguejou.

Ela estava nervosa com aquilo. Nunca havia estado mais confusa como estava agora. Como Azumi ia dizer que só era amiga para Hino?

- É isso, então. – disse Hino, furioso, após ler a mente dela. – Você prefere Sesshoumaru, uma pessoa que te abandonou quando você mais precisava. – ele levantou sua cabeça e olhou, com aqueles olhos escarlates brilhantes, para Azumi friamente. – Você prefere alguém que te abandou a uma pessoa que faria tudo pra você? – Azumi arregalou os olhos. – Se você não se preocupasse comigo, então por que me deu sangue? – perguntou rudemente.

- Porque eu queria te ajudar! – respondeu Azumi aos prantos.

- Ajudar a quê? A me fortalecer para lutar? Ou por pena? – duvidou. – Azumi-sa... Azumi – sua voz era fria e rude – eu não conheço essa sua outra face.

Uma lágrima escorreu lentamente pelo rosto de Azumi. Nunca imaginara que Hino lhe dissesse aquelas coisas.

- Azumi, você não esta aceitando a verdade. – disse. – Foi por pena, certo? Foi por pena, pois eu estaria fraco para uma luta e não te ajudaria. Você nem iria se importar. – jogou.

Tudo parou a volta de Azumi. Por que Hino estava sendo assim tão de repente? Por que ele estava assim? Será que ela exagerou na quantidade de sangue que deveria dar a ele?

Não percebe sua burra, ele te ama e está falando a verdade. Falou uma voz feminina em sua cabeça.

- Desculpa Hino... Eu... Eu... – as lágrimas desceram pelo seu rosto. Era impossível falar agora. Ela estava com aquele maldito nó na garganta.

- Azumi, eu... – Hino parou, pois Azumi já havia o beijado.

Foi um beijo lento e suave. Hino continuava de olhos abertos, mas depois os fechou. Sabia que Azumi estava sendo verdadeira naquela hora. Hino correspondeu ao beijo de Azumi, trazendo-a para perto de si. Sua língua pediu passagem para dança com a dela, ela aceitou.

Hino deitou-a na grama e continuou a beijá-la.

Azumi não se cansou daquele beijo. Era o beijo mais sincero que estava dando. Mais sincero do que dava a Sesshoumaru.

Por que pensar nele? Perguntou a voz feminina. Você está com uma pessoa que te ama, de verdade e não por vontade. Jogou a voz.

Azumi não parou beijo por causa daquilo. Queria ficar com Hino para sempre naquela sincronia.

Alguém pigarreou.

Os dois pararam e viram Sesshoumaru parado na entrada da clareira, com um olhar frio e furioso. Jaken estava ao seu lado, junto com Rin e Inuyasha.

Azumi e Hino coraram, olharam um pro outro e foi proferindo:

- Hentai! – gritou Azumi. Hino foi puxado para o lado oposto pelo rosário.

- O que esse pervertido estava fazendo com Azumi-sama?! – gritou Jaken com raiva.

Azumi se levantou, pegou a mochila, colocando em sua costa e se virando para eles.

- Ér... Nada... – disse nervosa.

Hino abaixou a cabeça e ficou triste. O único momento que ele e Azumi ficaram sozinhos e ele interrompeu.

- Vamos Azumi, estávamos preocupados com você. – disse Sesshoumaru friamente.

Azumi olhou friamente para Sesshoumaru e respondeu:

- Não. Vou voltar só pra deixar essa mochila. – disse se preparando para pular no poço.

- Na-na-ni-na não! – disse Inuyasha segurando-a pela mochila.

Ele a colocou em suas costas e correu em direção ao vilarejo.

Sesshoumaru encarava Hino fria e furiosamente. Hino devolvia o olhar, ele sabia que os pensamentos de Sesshoumaru não eram os mais bonitos nesse momento.

Aliás, ele estava forte, então podia fazer tudo com Sesshoumaru... Não ele não vai fazer nada, pois tinha Azumi no meio.

Faz um bom tempo que não lutamos. Pensou Sesshoumaru para Hino.

- Bem, vou indo. Tenho outras coisas a fazer. – disse Hino não muito incomodado com o pensamento de Sesshoumaru.

- Ei, nem pense que vamos deixar em claro o que houve aqui! – gritou Jaken.

Hino olhou friamente para Jaken.

- Sério? Youkai estúpido? – debochou.

- Não chame meu servo assim. – disse Sesshoumaru irritado.

- Se-Sesshoumaru-sama é a primeira vez que me defende – disse Jaken orgulhosamente.

- Claro, se você não estivesse comigo esse tempo todo, minha vida seria muito melhor. – cortou Sesshoumaru.

Jaken ficou sem se mover, afetado por seu amo ter falado aquilo.

- Sesshoumaru-sama tirou a moral de Jaken. – disse Rin inocentemente.

- Ah, que isso Sessy-chan. – disse Hino debochadamente. – Não fale isso para o pobre youkai verde. Ele não tem culpa de ti seguir todo esse tempo.

Sesshoumaru continuou a fitar Hino com raiva. Só ele sabia quem o tirava do sério, e esse alguém era Hino.

- Calado. – proferiu.

- Sessy-chan, você está tão irritado. Você desejaria uma Azumi sem nenhuma roupa perto de você. – Hino jogou sujo.

Sesshoumaru não deixou afetar pelo deboche, mas ele sabia do que Hino falava.

- Vampiro Insolente.

- Inu-baka.

- Baka.

- Grosso.

- O que Hino quis dizer com “uma Azumi sem nenhuma roupa”? – perguntou Rin inocentemente.

Hino olhou para a pequena.

- Bem, Rin-chan, significa que...

- HENTAI! – gritou Azumi perto da clareira. Hino foi ao chão, puxado pelo rosário. – HENTAI! HENTAI! HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEENTAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIII! – gritou Azumi com toda a raiva, e vergonha, do mundo.

Hino estava dentro de uma cratera que tinha raiva, fúria e irritação. Uma coisa que odiava. Por que Sayuri colocou um rosário nele? Ela já sabia que ele daria trabalho para Azumi? Ou ela queria que ele se tornasse dependente de uma humana?

Ele se recuperou e olhou para Azumi, ainda tonto.

- Dooshite? – perguntou massageando suas têmporas.

- Você tem que saber a não falar isso na frente de uma garotinha inocente, baka! – Azumi respondeu com raiva.

- Ah, é? – disse olhando para Rin.

Hino deu o sorriso mais malicioso do mundo. Rin se escondeu atrás de Sesshoumaru, assustada.

- Que tal isso acabar em Sessy-chan. – disse maliciosamente.

Sesshoumaru estreitou os olhos e sacou sua espada.

- Se é isso que você quer. Vamos fazer como os velhos tempos. – disse atacando Hino.

Com prazer. Pensou Hino sadicamente.

Continua...