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                               - Sayuri, por que eu? – reclamei enquanto eu tentava pegar os peixes.

- Porque você é mais rápida. – disse ela com um sorriso.

Bufei e continuei a me concentrar. Os peixes pareciam fugir de mim... Pareciam fugir de um humano que tem poderes de youkai.

Suspirei e rapidamente meti minha mão na água e peguei um peixe. Ouvi aplausos e me virei. Vi Teito olhando maravilhado para mim. Saí da água, coloquei o peixe na cesta de palha e me sequei.

- Azumi-sama é tão linda! – disse Teito apaixonadamente.

Olhei de soslaio para ele e resfoleguei. Não acredito que Sayuri o trouxe até aqui. Isso é totalmente irritante.

- Azumi-sama não me ama. – disse ele em um canto, fazendo mais uma de suas ceninhas.

Faz uma semana que ele estava aqui. Já conhecia todos seus truques. E simplesmente isso não está dando certo para mim, porque...

- Ele é irritante, Sayuri-sama. – eu disse.

- Ah, Azumi-chan, se acostume, Teito não é tão irritante assim. – disse amigavelmente.

Olhei para Sayuri e a analisei melhor. Era estranho pensar que essa mulher ainda tem a mesma idade de quando conheceu Inuichi – há 45 anos. Ela não envelhece!

- Sayuri-sama, qual o seu truque? – perguntei distraidamente.

- Como assim?

- Você ainda é jovem.

- Ah, bem... – fingiu pensar. – Sabe, Azumi-chan, eu sou uma hanyou.

Desabei e me recuperei.

- Como? – perguntei abismada.

- Azumi-sama, você não sabia? – perguntou Ikko se intrometendo na conversa.

- Ninguém me avisou. – eu disse ranzinza.

- Você nunca perguntou. – disse Sakura pegando a cesta de peixes.

Pelo menos você deveriam ter me informado! Pensei irritada.

Alguém tocou em meus ombros e eu senti que meus músculos ficaram menos tensos.

- Azumi, se acalme. Respire e relaxe. É a melhor coisa agora. – a voz de Hino era doce como mel.

Percebi que não era o cheiro de Hino, nem o poder. Virei-me e sorri para ele e puxei a orelha de Shippou. Ele voltou a sua verdadeira forma.

- Ah, Azumi! – reclamou.

- Estou mal-humorada. – disse sombriamente. – E Hino não tem essa voz doce.

- Ah, quer dizer que eu tenho uma voz que nem de taquara rachada? – disse ele atrás de mim.

Tremi e olhei para ele, analisando-o. Hino parecia mais magro e pálido, havia olheiras profundas em seus olhos e aqueles perigosos olhos escarlates estavam vazios. Seu cabelo parecia perder a cor, de um castanho escuro passou para um castanho muito claro, quase laranja.

Soltei Shippou e me preocupei mais com Hino.

- Você está bem? – perguntei.

Ele me olhou e balançou a cabeça.

- Estou bem, Azumi, não se preocupe! – mentiu.

Aproximei-me dele, toquei em sua testa com uma mão e a outra troquei na minha testa. Ele parecia mais frio que o normal. Mais frio do que é.

- Hino... – o adverti.

- Ah, Azumi! Não enche! – disse ele tirando minha mão grosseiramente de sua testa.

Ele olhou com raiva para mim e depois foi embora.

Meu coração parou de bater. Hino nunca havia sido tão grosso comigo, ou até mesmo rude. Por que agora?

- Azumi-sama, desde quando Hino não toma sangue? – Teito perguntou.

- Desde... – tentei me lembrar. – Três meses atrás, acho eu. – respondi preocupada. – Por quê?

Ikko suspirou e tocou em meu ombro.

- Por nada, não. É só coisa do Teito. – disse ele tentando me animar.

Dei um sorrisinho e os segui de volta para o vilarejo.

***

                   - Azumi-chan – Kagome chamou minha atenção.

- Sim?

- O que há com Hino? – perguntou, se concentrando no jantar.

- Não sei. – respondi triste. – Por quê?

- Bem, ele não está o Hino de sempre e sua aparência aponta que algo aconteceu. – disse numa voz baixa.

Assenti. Lembrei-me do Hino que vi hoje de manhã. Não era o mesmo de sempre. Era um que eu não conhecia.

- Desde quando ele não bebe sangue, Kagome-chan? – perguntei distraída.

Kagome pensou e depois voltou a mexer a panela.

- Não me lembro direito. Lembro-me que você e ele tinham discutido e depois só. – disse ainda distraída com a panela de sopa.

Então está aí o problema. Hino não bebe sangue desde aquele dia, mas...

- Ele bebeu sangue nos dias que eu tirei folga? – perguntei.

- Não que eu saiba. – respondeu. – Ele ficava perto do poço o tempo todo, junto com Inuyasha. Então não tem possibilidade dele ir “caçar”.

Fiquei pensando no que ela disse.

Hino estaria sem beber sangue há exatamente quatro meses e meio. É o tempo que eu o encontrei, o tempo que o conheci.

O que será que ele está tentando fazer com essa dieta? Ele não seria louco em arriscar sua vida por causa de uma pessoa. Ele sabe que tem que se manter intacto para as batalhas!

Ele não pode me ajudar naquele dia, porque estava sobre o efeito da Lua Cheia e com... Fome...

Hino... O que você está pretendendo com isso?

Suspirei. Não havia como Hino se alimentar nessa época, a não ser...

- Kagome-chan, eu tenho preciso voltar para casa. – eu disse abruptamente.

- Dooshite? – perguntou assustada.

- Só até a tarde seguinte, por favor! Não conte a ninguém. – implorei.

- Mas todos vão ficar preocupados, Azumi-chan. – indagou.

Suspirei.

- Kagome-chan, se lembra da minha okaa-san? – perguntei.

Kagome assentiu e depois uma luz se ascendeu em seus olhos.

- Entendo. Então vá. Só não deixe Inuyasha te ver. – disse sorrindo.

Meus olhos brilharam.

- Sério?! – perguntei animada.

- Hai, hai! – disse sorrindo. – Vá.

Sorri e a abracei feliz.

Levantei-me e peguei a Tasseiga para emergências. Saí da cabana, olhando para os lados e corri o mais rápido possível para o Poço Come-Ossos. Quando passei pela Árvore Sagrada, me preparei para pular dentro do poço. Pulei e deixei que a mágica acontecesse.

***

                 - Você percebeu algo Miroku? – perguntou Inuyasha farejando.

- O quê, Inuyasha? – perguntou Miroku distraído, enquanto brincava com seus filhos.

Inuyasha farejou de novo e percebeu que algo estava errado.

- Nada, não. Acho que é só imaginação minha. – disse com um pouco de dúvida.

Juro que senti algo ficar sem cheiro. Pensou Inuyasha.

***

             - Tadaima! – gritei.

- Oh, Azumi-chan, okaerinasai! – disse o jii-chan de Kagome, interrompendo sua leitura ao ver Azumi entrar pela porta.

- O que te traz aqui? – perguntou a haha-ue de Kagome.

- Preciso fazer uma coisa. – disse Azumi correndo para o telefone.

- Azu-nee-chan! – gritou Souta da escada.

Azumi olhou para Souta e sorriu.

- O que você precisa fazer? – perguntou a haha-ue de Kagome.

- Preciso fazer uma ligação internacional. – disse Azumi pegando o fone.

- Não vai me dizer... – disse jii-chan assustado.

Azumi olhou para eles e assentiu. Digitou os números e esperou para que a chamada completasse.

- Moshi, Moshi. – disse uma voz masculina.

- Ér... – Azumi estava nervosa. – Sebastian, chame minha haha-ue? – pediu.

- Ah, Azumi-sama! – disse o mordomo surpreso. – Hai, eu irei chamá-la.

Azumi tamborilava os dedos no fone de tão nervosa que estava. Nunca havia ligado para sua mãe desde o acidente.

- Moshi, Moshi. – disse uma voz feminina que tanto Azumi precisava.

- Okaa-san... – Azumi abaixou a cabeça, escondendo seu nervosismo.

- Ah... Azumi... – falou num tom de desprezo.

- Preciso de sua ajuda, okaa-san. – pediu Azumi.

- O que seria? – disse interessada.

Continua...