Senti seus braços me envolverem. Não recusei. Deitei em seu ombro.

–Porque nossa vida é tão difícil? – falei deitada em seu ombro.

–Não sei. Mas sei que tenho pessoas maravilhosas a minha volta. Que me ajudam e me apóiam.

Levantei a cabeça de seu ombro. Olhei para ele. Parecia que algo me puxava para perto dele. A mesma coisa parecia ocorrer com ele. Borboletas voavam felizes em meu estomago. Cheguei perto o suficiente para sentir sua respiração. Meu coração batia rapidamente.

Cheguei mais perto e o beijei. Seus lábios eram quentes e frios ao mesmo tempo. Sentia seu coração batendo. Enquanto nos beijávamos, trovoes e raios iluminaram o céu. Meu pai não havia ficado feliz. Mais não me importei. Agora sabia que ele gostava de mim. Assim como eu. O ar faltou. E nos separamos. O silencio reinou por alguns segundos, enquanto ambos se recompunham. Esse foi o meu primeiro beijo.

–Desculpe. Eu não...

Ele me calou com um beijo. Mas infelizmente assim que tocamos os lábios, a concha soou. Com o rosto ainda colado, sorrimos.

Nós nos levantamos. Caminhamos lentamente de mãos dadas até os chalés. Campistas curiosos nos olhavam. Encontramos Percy e Annabeth na área dos chalés. Deduzi que tenham vindo dos Campos de morango. Já que a praia estava ocupada. Eles nos olharam com uma cara surpresa. Apenas ri.

Campistas de Afrodite pareciam comemorar. Os de Hermes estavam juntos a eles. Recolhendo o que pareciam ser apostas. Fiquei um pouco irritada com isso. Mas tempos depois descobri que isso era comum.

Enquanto Nico e eu caminhávamos, todas as vezes que nos olhavam, nossos rostos coravam. Um sorriso bobo se esboçava no rosto dele. E no meu também.

Depois daquela caminhada que parecia não ter fim, chegamos ao chalé de Hades. Me despedi dele dando um beijo em sua bochecha mas ele não aceitou. Assim que me virei para ir ao meu chalé, ele me segurou e me puxou para perto dele. Ele me beijou.

Gritos e ‘’awn’’ soaram. Assim que nos separamos, demos de cara com uma Ísis com olhar malicioso e um sorriso bobo no rosto.

–Quero conversar com você viu mocinho. E você – ela apontou para mim. Ela sorria do mesmo jeito de antes. – amanha eu converso com você.

–Tá. – eu ri. – Boa noite Ísis. Boa noite Nico.

Fui para o chalé de Zeus. Não troquei de roupa, apenas me joguei na cama. Tudo parecia ser um sonho.

Dormi rapidamente.

Como quase sempre, sonhei com algo. Sonhei com meu pai furioso. Ele estava no mesmo lugar em que nos encontramos no mesmo sonho. Assim que ele me viu, seu olhar piorou, virou uma mistura de raiva, desaprovação, fúria, de tudo um pouco. O reverenciei, e sentei na cadeira na frente dele.

Seu olhar dizia tudo. Ele ia me incinerar.

–Oi pai. – disse de cabeça baixa com medo do que podia acontecer comigo.

–Você ainda fala oi pai, depois de ter beijado aquele projeto de deus da morte?

–Não me culpe pai. Culpe Afrodite, ou sei lá. Eu gosto dele, não pode me impedir de gostar de alguém.

  De repente o cenário mudou. De palácio do céu, ao palácio debaixo da terra. Estávamos no palácio de Hades. Hades estava sentado em um sofá de três lugares, cujo ele ocupava um lugar e meio, devido a sua estatura forte. E Nico em um de dois. Hades dava mais medo com raiva do que meu pai. Aquele momento tive dó de Nico.

Nico usava a mesma roupa, assim como eu. Seu olhar dizia que ele estava confuso, com medo, e assustado por eu estar ali.

–Chegaram bem na hora. – a voz grave e raivosa de Hades transmitia que ele estava muito bravo. – Sentem.

Me curvei, depois sentei. Meu pai relutou um pouco para sentar. Mas acabei o fazendo sentar. Sentei ao lado de Nico, não estava a fim de sentar entre dois deuses raivosos. Meu pai sentou ao lado de Hades. Os dois juntos ocupavam todo o sofá. Eles eram grandes e fortes. A cara deles não sugeria que apenas íamos ter uma reunião normal.

O silencio se acomodou na sala por um bom tempo. Eu segurava a mão de Nico. E os dois deuses pareciam que estavam pensando com iam matar os filhos um do outro. Mas a expressão do meu pai se acalmou lentamente.

–Filha porque você fez isso? Você me odeia? – Sua voz estava suave porem grave.

–Porque eu gosto dele pai. Não me culpe ou culpe Nico. Se apaixonar é inevitável.

Nico estava calado do meu lado, e enterrado no sofá como eu nunca havia visto. O pai dele realmente dava medo. E eu nem sabia se ele estava vivo, porque sua respiração era extremamente silenciosa.

–É mesmo. – Uma voz feminina soou atrás de mim. Parecia a voz que falara uma vez em minha cabeça.

  Me virei e vi uma das mulheres mais lindas que eu já havia visto. Ela era natural não parecia aquele tipo de mulher falsificada, mas que todos as achavam bonitas. Ela tinha cabelo castanho-claro que ia até o meio de suas costas. Sua pele era perfeita, bronzeada, porem não excessivamente. Batom vermelho. Seus olhos como caleidoscópios. Ela usava uma vestimenta grega, branca, e estava usando varias jóias de ouro. Ela estava um salto alto prata, e sorria para mim e Nico.

–Afrodite. – Meu pai murmurou meio impaciente.

Ela caminhou para perto de nós, apontou para Zeus e Hades, com um leve olhar bravo.

–Quero conversar com vocês dois.

Ambos os deuses relutantes levantaram e seguiram Afrodite. Ela parecia ter muito poder sobre eles. Eles discutiam baixo, mais Afrodite quase gritava com eles. Ouvi Afrodite dizer ‘’Se vocês não aceitarem o namoro deles, eu vou fazer greve. E como todo mundo sabe, sem amor vai haver varias guerras.’’ E ela fez depois quando eles falaram algo.

Enquanto eles discutiam, conversei um pouco com Nico. Ambos estávamos em estado de choque pelo fato de Afrodite estar ali, brigando com nossos pais pelo nosso amor.

–Você tá bem? – perguntei preocupada.

–To, to sim. E você?

–Eu também. A partir de hoje eu amo Afrodite.

Ele riu. Sua risada era legal, mais eu nunca havia ouvido.

  Os três deuses vieram na nossa direção. Eu fiquei com uma cara desesperada novamente, porque eles estavam bravos do mesmo jeito de antes.

–Eu aceito o namoro de vocês. Mais se você garota, machucá-lo de alguma maneira, vai conhecer os campos da punição em outro angulo. – Hades falou. Não era meu pai que devia falar isso?

–Bom, eu também aceito. E digo o mesmo pra você filho de Hades.

Eles saíram. Deixando apenas Afrodite, eu e Nico.

A deusa do amor sorria muito. E parecia uma criança comemorando a vitoria. Ela se aproximou de mim e Nico saltitante.

–Bom, como eu já disse a Percy e Annabeth. Não vou facilitar o namoro de vocês. Bom, vocês precisam ir. Esta na hora de acordar.

Ela fez um gesto com as mãos e eu acordei.

Fiquei um tempo pensando antes de me levantar. Nico não era oficialmente meu namorado. Porque eles fizeram tanta tempestade em um copo d’água? Me lembrei que hoje era o aniversário dele.

Meus pensamentos foram impedidos por batidas na porta. Com a mesma roupa de ontem fui abrir. Eram Ísis e Ana.

–Bom dia. De novo.

–Bom dia. – Ambas falaram juntas.

–Entra ai. - Falei fazendo um gesto para elas entrarem.

Elas entraram e sentaram na minha cama bagunçada. Puxei uma cadeira e sentei de frente para as meninas.

–Você tem namorado é? – Ana me perguntou com um olhar malicioso.

–Sim, e ele é meu irmão. – a adorável filha de Hades murmurou.

–Ela não é meu namorado, oficialmente. – Retruquei.

–Mais ele não é seu primo se é assim?

–Parentesco dos deuses não conta. Eles não têm DNA. O que queria me contar Ísis?

–Não queria te contar, e sim perguntar. Como foi ontem?

Enterrei minha cabeça nas mãos e comecei a contar. Rapidamente acabei de contar. A historia não era nem um pouco longa.

–A propósito, você sabe que é aniversario do seu irmão Ísis?

–Não.

–Então Ana, gostou de alguém aqui do acampamento?

–Não. – Ana falou como se tivesse sido ofendida.

–E você Ísis. E o filho de Apolo? – perguntei curiosa

–Eu nunca falei com ele. Não sei como ele é.

–Espera ai. Esse garoto de Apolo tem cabelo loiro, com olhos cor de caramelo, e é meio sombrio?

–É esse ai. – Ísis disse. – Você conhece ele?

–Conheço. Ele é meu amigo desde a quarta serie. Ele chama Dylan Aron. Se quiser eu te apresento ele.

–Pode ser. – Ísis falou com um pouco de empolgação na voz.

–Então ta. Vou tomar banho e me arrumar.

Peguei uma roupa e fui em direção ao banheiro. Tomei um banho, lavei o cabelo. Fiz minha higiene diária. Toquei de roupa e prendi meu cabelo em um rabo.

Vesti um short e uma camiseta do acampamento. Coloquei os mesmos tênis de ontem. Passei apenas um gloss. Não precisei colocar no pescoço o colar-espada porque ela já estava lá.

Sai do chalé com as meninas. Parecia ser 8 horas da manha.

–Nico ta dormindo? – perguntei por alguma razão com saudade dele.

–Não, ele deve ta treinando ou algo do gênero.

  Fomos tomar café. O pavilhão estava vazio, exceto por mim, Ísis, e Ana. Podíamos conversar livremente. Peguei vários waffles. Despejei alguns na fogueira para Afrodite em agradecimento. Comi rapidamente.

Assim que acabei de comer, corri para a arena.

Lá encontrei Percy, Annabeth e Nico conversando. Percy estava com uma camiseta verde água e uma bermuda caqui. Annabeth como sempre estava com a camiseta do acampamento, uma bermuda jeans clara e o cabelo preso em um rabo.

Nico estava com uma camiseta preta do acampamento, calça preta e um all star preto e branco. Seu cabelo estava com o mesmo bagunçado de sempre, e ele estava um pouco suado de tanto treinar.

Me aproximei deles, que sorriam pra mim.

–Bom dia. – dei um beijo na bochecha de Nico, por vergonha. – Feliz Aniversario. Uma pergunta. Você teve um sonho com dois deuses bravos com a gente e...

–Afrodite? – ele me completou. Assenti. – Tive. Você também teve esse mesmo sonho não foi?

–Foi. Isso é estranho.

Percy e Annabeth mantinham um olhar malicioso.

–Bom dia. – Percy e Annabeth disseram com o olhar e o tom de voz malicioso.

–Que foi? – Nico perguntou com o tom de voz curioso dele.

–Nada. – Novamente os dois responderam juntos ainda do mesmo jeito.

–Então tá. Quem ta a fim de treinar comigo? – Perguntei a fim de lutar.

Nico se apoiou na espada.

–Vamos ver se você é boa lutadora. – Nico falou pegando a espada e indo para o meio da arena.

–Depois quero ir com ela. – Annabeth falou.

–Depois eu vou. – Percy falou.

Vesti minha armadura, e fui para o meio da arena.

Começamos a lutar. Ele era muito rápido. Antecipava meus movimentos, se defendia e lutava com facilidade extrema. Ele deu um golpe que raspou na minha barriga. Paramos um pouco de lutar. Vi uma cara de culpa se formar no rosto dele.

–Estou bem. – murmurei. – Vamos continuar.

  Dessa vez virei o jogo. Deixei meus instintos me guiarem. Minha agilidade pareceu ficar maior. Esquivava e rolava como nunca havia feito na vida, e nunca imaginei que poderia fazer. Após o que pareceram muitos minutos de luta com ele, finalizei o jogo jogando sua espada longe batendo perto do cabo dela. Coloquei minha espada em seu pescoço. Foi assim que eu ganhei o jogo de Nico.

Tentei fazer a mesma coisa com Percy, mas perdi. Ele era muito bom. Annabeth era difícil. Apesar de usar apenas uma faca, ela conseguia desferir ótimos golpes. Ganhei dela. Não sei como, apenas sei que sim.

  No almoço, dei falta de muita gente. Ísis, Clarisse, Ana, Travis e Connor, o filho de Apolo que Ísis gostava Dylan Aron, e mais outras pessoas que eu não conhecia pareciam não estar ali. Os outros pareciam notar a mesma coisa que eu. O pavilhão estava um tanto que vazio. Comecei a ficar preocupada. Annabeth trocava olhares com Quíron. O que não era nada agradável, porque ninguém entendia o que eles falavam entre si.

Normalmente fiz minha oferenda. Mas não estava nada normal. Comi rapidamente. Quando eu estava acabando de comer, Rachel veio a minha mesa. Assim que ela abriu a boca para falar, seus olhos ficaram completamente verdes. Ela abriu mais a boca, e uma fumaça verde emanou dela e me envolveu, criando uma parede verde de fumaça em volta de mim.

Senti todos os olhares se voltarem pra mim. Ela começou a falar com uma voz que não era dela.

Quatro na busca sairão,

Ao segundo maior irão.

A deusa e a amiga vão lhes ajudar,

Aos campistas salvar.

Aos olhos da cobra um perecerá, mas não morrerá.

E então ela desmaiou.