–Giovanna, - Annabeth falou com um pouco de medo na voz. Provavelmente, com medo de ser torrada por um raio, quando eu recebesse a informação que ela me dissesse e ficasse muito brava. - você vai ter que ficar aqui.

Foi ai que eu quase explodi o hospital e torrei todo mundo.

Minha raiva era enorme. E ainda por cima eu não sabia controlar nem um pouco meus poderes. Conclusão: Raios e trovões dançando no céu, energia do hospital oscilando, e eu estava pronta para matar eletrocutado qualquer um que ouzasse tocar em mim.

Eu não sentia nada de diferente em mim. Apenas me sentia levemente mais forte, claro. Nico já ia levantar pra ver se eu estava bem, mas Annabeth impediu-o.

Ana dormia feliz em sua poltrona. Percy olhava estranhamente pra mim, como se eu fosse um alien. Na verdade, naquele momento eu parecia mesmo um. Annabeth e Nico sussurravam. Mas pareciam estar brigando na verdade. Ate que ele falou algo, ela assentiu, fez Percy pegar a irmazinha, que ja estava babando no sofá, e arrastou ambos pra fora. Agora estava apenas eu, meus choques e raios, e Nico naquele enorme quarto.

–Se acalme. - Ele falou com uma voz cheia de ternura.

Eu não queria fazer aquilo, eu apenas queria levantar e sair daqui. Continuar a missão. Salvar meus amigos, voltar pro acampamento, e se eles realmente estiverem enfrentando uma batalha, ajudar. Me acalmar não estava em nenhuma dessas listas, muito menos ser esfaqueada. Mas sua voz estava tão doce e persuasiva que era difícil resistir.

Eles querem me deixar pra trás. Mas não vão conseguir. Eu vou sair daqui junto com eles, e fazer tudo como planejei.

–Eu não quero me acalmar Nico. Não consigo. Não com vocês querendo me largar aqui. Como algo velho, que não se quer mais. - Falei com os olhos marejando e a voz embargada. Odeio ser esquecida.

–Eu não vou te largar aqui sozinha. Nunca iria te largar.

–Então, o que vai fazer com a bagagem inutil chamada Giovanna? - Me auto-chinguei.

–1° Você não é uma bagagem, muito menos inútil. Eu amo você, sendo inutil, ou não. - Sua voz soou irritada quando falou a 1° frase. - 2° Ou você vai pra casa da sua mãe, ou pro acampamento se nada estiver acontecendo, ou ficar aqui sozinha com um filho de Apolo cuidado de você. - Sua voz soou enciumada quando ele mencionou o filho de Apolo. - Querendo ou não, vai ter que escolher.

–EU JÁ CANSEI DE FALAR. NÃO VÃO ME LARGAR AQUI E PONTO FINAL. - Gritei extressada com ele.

Não gosto que pessoas tomem decissões por mim. A vida é minha. Eu escolho o que fazer, o certo e o errado pra mim. Eu ja chorava de raiva, tristeza.

-Você não faz essa decisão Giovanna. - ele levantou o tom de voz.
–PORQUE NÃO NICO? A VIDA É MINHA, SOU EU QUEM ESCOLHO O QUE FAÇO COM ELA. NÃO TODO MUNDO AO MEU REDOR, COMO SE EU FOSSE UMA BONECA. - Aposto que o hospital inteiro ja ouvia o nossa discussãozinha empolgante em uma tarde ou manhã de sol. - Então me diga Nico. Porque não posso escolher o que fasso da minha vida.

Eu me acalmei um pouco. Ja deviamos ter acordado todo mundo. E eu ja estava um pouco cansada de gritar.
–Porque eu já perdi todo mundo que eu amo. Eu não quero perder você. - Seus olhos já ameaçavam transbordar. Senti uma dó dele, não. Eu me sentia a pior pessoa do mundo.

–E não vai me perder. Só confie em mim. Eu sei me virar. E eu tenho você pra me proteger. - Falei triste e feliz ao mesmo tempo. Não sabia o que sentir.

Eu não sabia qual a gravidade do meu ferimento. Não sabia se ia sobreviver a tudo aquilo que iria ocorrer. Mas sabia, que se a minha vida acabasse naquele momento, eu teria a pessoa que eu amava ao meu lado.

Ao pensar no ferimento, surgiu uma curiosidade em saber como ele estava. Levantei minha blusa, e olhei. Não havia nada. Fiquei espantada com aquilo. Mas ai me toquei que havia sido esfaqueada por trás.
–Nico, faz um favor pra mim. - Eu falei, e ele assentiu. - Olha como ta meu machucado.

–Porque?

–Porque eu quero ver como ta. Eu não to sentindo dor nenhuma, e to achando isso estranho. - Falei me virando de lado, pra ele poder ver.

Passaram-se alguns segundos e não senti nada, ele apenas estava parado olhando algo.

–Vai ver ou ta dificil? O que você ta vendo ai? - Falei. Depois de alguns segundos, quando ele ia responder eu me toquei. - VOCÊ ESTÁ OLHANDO MINHA BUNDA. NICOLAS DI ANGELO SEU TARADO. Olha logo o machucado antes que eu te mate.
Senti minha blusa ser levantada. (n/a: Fazendo favor não pensem merda.)

–Onde foi? - Ele falou colocando a cara na frente da minha. A distância era perigosa.

–Se eu soubesse diria, Nico.

–Pois é, mas não tem nada aqui.

–O que? Tem que ter. Vê direito ai.

–Eu já vi. E não tem nada.

Apalpei minhas costas inteiras. Não havia nada. Fiquei em estado de choque. Não sabia como, um ferimento tão profundo havia sumido do nada.

–Gente, entra aqui. - Gritei, pois sabiam que eles estavam na porta ouvindo a minha conversa com Nico.

E eles entraram. Ana estava acordada, mas com a cara amassada e marcada de baba. Percy e Annabeth como sempre estavam abraçados e conversando alegremente. Nico estava sentado na minha cama, atrás de mim.

–O que foi Giovanna? - Percy falou.

–Tirando que eu não tenho machcado algum, está tudo bem.

–Como assim não tem, eu quero ver. - Ana falou, e correu pra trás de mim. Todos seguiram ela.

Eles levantaram minha blusa. E ficaram um tempo olhando, estupefados.

–Mas... - Ana falou.

–...Não... - Percy continuou.

–...Tem nada. - Annabeth terminou. - Ta bom, eu estou acostumada aos ferimentos do Percy e dos deuses sumirem do nada. Mas de outras pessoas não.

–Porque os ferimentos do Percy somem? Dos deuses eu sei porque eles são imortais e tudo mais. Mas porque do Percy?

–Ele se banhou no Estige pra se igualar a Cronos ano passado, ai ele adquiriu a Maldição de Aquiles, que torna uma pessoa quase invencivel. Apenas pode morrer se se machucar em algum ponto. Que é uma especie de ponto fraco da pessoa. Mas você ja deve ter entendido. - Nico explicou paciente pra mim.

–É eu entendi. Mas agora eu queria saber, como isso aconteceu? - Perguntei curiosa com tudo o que acontecia comigo.

–Talvez devesse falar com seu pai. Ele deve saber como e porque isso aconteceu. - Annabeth falou com seu ar intelectual.

–Pode ser. - Falei.

–Mas como vamos sair daqui? Eles vão querer coloca-la em observação, pode aparecer gente aqui pra ver "o caso milagroso". Não vamos conseguir sair daqui tão cedo. - Ana entrou na conversa.

–Deixa isso comigo e com a Annabeth. - Percy falou. - Vocês só tem que se arrumar, e ficar prontos pra gente sair.

Com isso eles saíram. Deitei na cama e cochilei com Nico fazendo cafuné em mim.

Acordei com alguém batendo uma almofada na minha cabeça com força. Abri os olhos com meu maior olhar assassino, olhando em direção de onde a almofada vinha me batendo. Era Nico. Ele estava lindo. Com um sorriso enorme, seus dentes perfeitos, sua pele branquinha. Para com isso criatura. Você esta um uma missão pra salvar o acampamento, não pra tagarelar sobre a beleza do Nico, pensei comigo mesma.

–Se você não fosse tão legal Nico. Eu te mataria por ter feito isso. - Falei ameaçadoramente. O que era difícil com aqueles lindos olhos pretos te olhando, e olhando para um sorriso enorme branco e perfeito.

–Eu sei que você me ama muito.

–Eu não disse isso.

–Mas queria.

–Como tem tanta certeza?

–Porque sim.

–Ta bom, os dois se amam. Vamos logo. - Percy falou.

Levantei da cama, peguei uma roupa e me vesti. Sai do banheiro e todos ja me esperavam. Nico ficou me olhando fixamente por um tempo. O que me deixou super envergonhada. E quando eu fico nervosa, eu falo descontroladamente coisas inúteis. Mas não ia fazer isso desta vez. Eu consegui me controlar.

–Ei gente, temos que falar com Quiron pra ver se esta tudo certo, não é? - Falei tentando tirar a atenção de todo mundo de mim. Mas o que eu não pensei era que eles teriam que continuar a prestar atenção em mim. - Como vamos fazer isso?

–Mensagem de Íris. - Annabeth falou. - Outra hora a gente te mostra como é. Mas não dessa vez. Vem Percy, me ajuda aqui.

Ela levantou, arrastou Percy até o banheiro, e fechou a porta. Largando novamente, eu Nico e Ana.

–Adorei a roupa. - Ana falou deitada na cama.

–Valeu. - Falei. Continuando envergonhada.

–Eu também gostei. Principalmente da blusa. - Nico falou.

Sentei no sofá, do lado do Nico. Mas como ele sentava incrivelmente esparramado, eu tive que me espremer um pouco no sofá. Quando ele notou que estava me espremendo, ele murmurou um "desculpa" e se ajeitou.

–Olha gente. Querem que eu saia pra vocês conversarem a sós, ou sei la. Se agarrar. - Ana falou. Pelo jeito, essa menina não tinha vergonha na cara. Ao contrario de mim. Senti meu rosto corar. E Nico ao meu lado, murmurou um "você não sabe guardar segredo ou ficar quieta criatura?"

Tá bom. Vou ignorar o que ele disse, que meu dia vai ser mais tranquilo.

–Ei Ana. - Chamei a atenção dela. - O que aconteceu com a Ísis, quando aquele ciclope a jogou na cela? Quer dizer, como ela tá?

–Como sabe disso?

–Sonhos. Mas fala aí. O que aconteceu?

–Ela chegou lá na cela inconsciente. Não tive muito tempo para vê-la, pois tempos depois em que ela havia chegado, eu fui mandada pra cá. - Ela disse com seus olhos tristes.

O silencio pairou entre nós. Ninguém falava nada. Apenas se ouviam os sons vindos do banheiro, onde Percy e Annabeth falavam com Quiron e com o pessoal o acampamento por Mensagem de Íris. Nico parecia deprimido. E eu e Ana nos encarávamos. Porque? Eu também não sei. Então a porta se abriu. Surgiram um Percy e uma Annabeth com expressão triste.

–E então? - Ana falou assim que os viu.

Annabeth e Percy pareciam ver, quem iria falar, a boa, ou má noticia. Como sempre, foi Annabeth que disse.

–Bom, o sonho da Giovanna estava correto.