Chegando em casa, Sugar praticamente jogou Quinn no sofá e jogando a luz da lanterna do celular na cara dela a forçou a falar como um interrogatório, mas fez isso de maneira tão esquisita que Quinn acabou rindo um pouco e com o humor mais leve contou a Sugar o que viu e o que fez. Sugar fez gestos de vomito nas partes de Finn e Rachel e arqueou uma sobrancelha bem ao estilo Fabray quando Quinn contou sobre a conversa que teve com Rachel.

– Fabray, Fabray. Não fique deprimida, nem tudo são espinhos nesse mar de rosas.

Quinn apoiou a cabeça nas mãos.

– Mas Sugar, pensando melhor ela ama aquele cara desde quando pôs, os pés no McKinlegh, o que agora eu mesmo garoto poderia fazer pra mudar qualquer coisa a essa altura do campeonato?

Quinn despejou a pergunta com um longo suspiro no final. Sugar apenas a olhou profundamente nos olhos e disse:

– Então, é até aqui que vai o seu amor por ela?

Quinn estremeceu seu rosto demonstrando o puro choque. Amor?

– Sim, Fabray. Amor, e não me venha com aquele papo de “estou tentando apenas entender meus sentimentos” porque você já sabe muito bem o que sente.

Sugar fala com Quinn numa expressão séria e com uma voz decidida que por um momento Quinn pensou que fosse outra pessoa. Quando viu seus olhos já estavam marejados.

– Sim, eu... eu sei – Quinn disse num fio de voz. Há muito tempo ela sabia o que sentia, só estava querendo se enganar. Sua única duvida era, que nível de amor seria esse?

– Quinn olha pra mim

Quinn então levantou a cabeça e limpou um pouco das lágrimas que já haviam escapado.

– Se você vai ficar assim sempre que ver cenas como a que você viu então me desculpe, mas você terá que se acostumar a usar o banheiro masculino. – Sugar falou ainda seria, mas depois se sentou do lado de Quinn e pegou sua mão.

– Você é Quinn Fabray, porra! A garota, segundo as coisas que ouvi, era a rainha do McKinlegh e mesmo depois de tudo que passou ainda continuou firme e forte. Pois uma vez rainha sempre rainha.

– Até alguns minutos atrás eu era um príncipe agora sou uma rainha? – disse Quinn não podendo conter o sarcasmo na voz.

– Você é uma rainha com alma de príncipe e aquela garota sabe muito bem disso – Sugar disse com determinação e deixando Quinn confusa.

– Como assim?

Opa, meu território vai até aqui pensou Sugar.

– Olhe, Quinn me responda uma pergunta. Ela vale a pena? – Sugar disse, nunca perdendo o contado com os olhos de Quinn.

Quinn nem pensou.

– Absolutamente.

– Então minha querida jogue a porra dessa insegurança no raio que a parta, levante a cabeça e lute pela sua garota! Esqueça tudo que aconteceu no passado e pegue seu futuro.

Sugar então começou a alisar os fios loiros de Quinn enquanto a olhava com um olhar doce.

– Cadê aquela vadia que roubava namorados com se tivesse nascido pra isso?

Quinn fez uma cara de choque por alguns segundos, mas depois começou a rir junto com Sugar.

– Ela virou um homem! Hahaha.

– Mas isso agora só a torna um cafajeste dos bons! Hahaha.

Depois de um tempo rindo, Quinn já um pouco mais recuperada senti a determinação crescer em seu peito. Ela ia lutar por Rachel com todas as forças, chega de duvidas.

– Chega de duvidas.

– Essa é nossa Quinnie! – Sugar então se levantou – Vamos roubar aqueles beições de mel que a Berry tem do Hudson!

– Yeah!

E elas trocaram um high five entre risadas e depois foram ver o novo Anjos da Noite.

– A filha dela é mó gata, cara. Essa eu pegava - disse Sugar.

Mesmo meio chocada com a declaração de Sugar, Quinn não fez mais nada além de concordar. Depois ela zoaria Sugar por isso.

X

Quinn então começou a frequentar a escola com um pouco mais de determinação. Não perdia um momento só de ser legal com Rachel. Sempre sendo solicita, atenciosa, buscando conversas agradáveis, ajudando no Glee e dizendo todos os elogios que ela vivia guardando dentro de si. Rachel é claro começou a impor um pouco de resistência, dizer que jamais iria acontecer e fugia dela como o diabo fugia da cruz quando via a cara de Hudson no corredor.

Beiste depois de averiguar que o tal de Scooby não poderia mais estar na temporada abriu vagas pra reserva e Quinn teve que competir contra 12 garotos e entre eles Sam. O teste não era do mesmo tipo que o de Kurt, ela teria que acertar o maior numero de passes independente da distancia. Muitos meninos não tinha força pra isso, teve um que não conseguiu lançar a bola a mais de um metro, já outros foram bem. Entre eles Sam, que de dez passes acertou sete. Puta merda pensou Quinn na vez dela. Ela tinha braços fortes, mas será que ela teria mira?

– Vamos lá Fabray, sem duvidas. Você treinou alguma coisa antes, vai conseguir.

Quinn então respirou fundo e começou. Ela errou a primeira, mas não desanimou, então começou a acertar outro e mais outro e mais outro. Quinn não estava acreditando quando terminou. De dez passes ela acertou nove? Sério? Quando Beiste a parabenizou pela vitória e disse que estava até pensando seriamente em coloca-la no lugar de Hudson ela ainda estava em choque. Milagre? Pensou durante as congratulações. Quando foi a vez de Sam ele estava visivelmente triste por não ter conseguido, mas também conformado de ter pelo menos perdido pra um amigo, Quinn se sentiu um pouco triste também, mas era pra uma boa causa. Beiste então lhe levou até o vestiário dos jogadores, lhe mostrou seu lugar onde uma vez foi do tal Scooby, lhe deu seu uniforme e equipamentos de jogador e finalmente lhe entregou duas jaquetas de esportista do McKinlegh High. Ela então agradeceu a Beiste e esta se retirou. Enquanto ela guardava suas coisas e colocava suas jaquetas na mochila ela de repente ouviu uma voz atrás de si que a fez enrijecer.

– Não pense que vou facilitar as coisas pra você Fabray.

Finn Hudson estava parado perto das portas do vestiário a olhando com pura raiva.

– Jamais pensei que iria Hudson. – Quinn disse lhe lançando um olhar frio e depois terminando de guardar suas coisas.

Finn então se aproximou de Quinn ameaçadoramente.

– Fique longe da minha garota.

Quinn então colocou sua mochila nas costas e fez sua pose mais intimidadora.

– E quem vai me impedir?

Quinn disse com sua voz agora grossa ressoando pelos armários fazendo Finn vacilar por alguns instantes, mas ele então se aproximou de Quinn e começaram a se encarar como aqueles adversários no MMA antes da luta.

– Eu vou! – Finn disse já falando alto.

Quinn não vacilou um momento se quer, mesmo que Finn ainda fosse meia cabeça mais alta que ela.

– Isso é o que veremos Hudson.

Quinn o encarou por alguns segundos antes de virar e ir embora, agora não era o momento de surrar ninguém, mesmo que fosse Finn Hudson.

X

Agora era oficial. Quinn era um dos garotos mais populares do McKinlegh e isso tudo em apenas uma semana. Quando ela entrou no McKinlegh usando a jaqueta dos jogadores, quase todas as garotas suspiraram pra ela e lhe lançaram cantadas, os garotos a olhavam com admiração, alguns com inveja, alguns com desejo e isso tudo enquanto as pessoas abriam caminho como se ela fosse Moises e estava dividindo o mar. Quinn não podia negar que sentia falta de quando essas coisas aconteciam, mas não imaginou que estaria tão feliz por dentro, por fora ela decidiu entrar no papel de fodão que as pessoas lhe atribuíram e sustentava um olha penetrante com um sorriso meio debochado (o que atraiu ainda mais admiradoras). Ela então encontrou Sugar e sorriu genuinamente.

– E ai senhor Rei do McKinleigh.

– E ai senhora fada manipuladora de testes.

Elas se abraçaram entre risadas.

– Então você descobriu? – disse Sugar enquanto ambas se dirigiam pra aula que compartilhavam. Geografia.

– Mas é obvio que sim. Nunca que eu acertaria todos aqueles passes.

– Bem, pelo menos você agora está uma verdadeira destruidora de corações adolescentes nessa jaqueta. Olha só quantas minas na tua cola.

– Hehe, mas ainda não vi a principal.

– Não se preocupe que já já você a vê.

De repente Finn passou do lado de Quinn e ambos se lançaram olhares mortais.

– Mais o que foi isso? O gorila finalmente percebeu a ameaça que você representa?

– Parece que sim – disse Quinn ainda de cara fechada.

O verdadeiro jogo finalmente começou.