Depois de uma tarde regada a todo tipo de sorvete que o ser humano teve a criatividade de inventar, já que estava tendo uma competição de quem come mais sorvete e o prêmio eram seis meses de sorvete grátis e um pônei de pelúcia, ou seja, Britt praticamente a forçou a participar já que só podiam ir duplas. As duas acabaram ganhando (graças a Britt) e Quinn jurou nunca mais comer um sorvete na vida (só de pensar em um ela já se sentia enjoada mais do que quando estava grávida), então Brittany ficou com o sorvete grátis e Quinn com o pônei.

Assim que chegou a sua casa, Quinn encontrou uma muito a vontade Sugar pintando suas unhas enquanto assistia uma maratona de Project Runway na TV. Quinn, que já estava acostumada com aquele tipo de recepção, apenas se juntou a Sugar e começou a cuidar das próprias unhas (pintando só de base é claro) e contou todos os detalhes do dia. Sugar primeiro ficou chocada e falou até em apagar a memória de Brittany que nem nos filmes MIB, mas Quinn a tranquilizou e disse que Brittany até as ajudariam, Sugar então começou a pensar que talvez Brittany ter descoberto não fosse algo tão ruim, talvez ela pudesse fazer o que Sugar não podia. Sugar decidiu ligar pra Brittany depois e acertar algumas coisas.

Depois de passarem o dia vendo Sex And City e Senhor dos Anéis (por insistência de Quinn) Sugar finalmente foi pra casa e Quinn foi até o seu quarto com o pônei na mão. Ela se jogou em sua cama e ficou naquele estado contemplativo enquanto olhava para o teto. Seus pensamentos como sempre vagando a alguns quarteirões dali, especificamente para uma garota morena de olhos cor de chocolate.

Quinn sempre se perguntava o que ela estaria fazendo agora, se estava em casa ensaiando alguma escala ou vendo Funny Girl pela enésima vez, se estaria gravando mais algum cover para o My Space que Quinn passava horas vendo e revendo (ela até salvou nos seus favoritos) ou preparando algum prato vegan que ela amasse, e com o coração pesado Quinn pensava se Rachel estaria naquele momento com Finn, com ele podendo fazer todas as coisas pelas quais ela faria de tudo para fazer. Até se transformar em um homem pensou Quinn com um humor sombrio.

Quinn não sentia absolutamente nada por Finn. Por um momento ela havia pensado que sim, mas era apenas pelo fato de ambos serem populares e era conveniente estarem juntos. Ela já era má com Rachel apenas pelo fato dela ser Rachel e ela tinha raiva dela por fazê-la quere-la tanto mesmo não podendo tê-la. Então Rachel demonstrou interesse por Finn e quando Quinn achava que as coisas não poderiam piorar, ela se descobre grávida. A vida de Quinn se tornou uma avalanche depois daquilo, e o nascimento de Beth foi à gota d'água. Ela nunca fez algo tão difícil na vida como entregar sua filha pra adoção. E quis o destino que ela terminasse logo nos braços da mãe de Rachel.

Parece que tudo que a envolve, todos os caminhos que ela toma, terminam em Rachel. Como uma equação grande e complicada, mas com apenas um resultado. Um resultado que apenas a trazia sofrimento, mas ela já estava preparada. Seu coração já havia sido abatido e seu espirito já havia sido quebrado o suficiente ao ponto do entorpecimento. Nos piores dias Quinn se viu apenas respirando, apenas vivendo. Até que ela entendeu e aceitou sua condição no final. Ela não havia sido feita para a amarem, longe disso.

Ela havia sido feita para não esperar nada em troca.

Foi aceitando isso que Quinn decidiu ignorar a confusão que eram seus sentimentos na época e se aproximar de Rachel. Ser sua amiga era melhor do que não ser nada. Então ela não podia parar o sentimento de inveja por Finn ao vê-lo com Rachel ou de raiva por ele não compreender a maravilhosa mulher que ele tinha ao seu lado. Rachel lhe dava tudo e ele em troca só lhe dava aquilo que lhe covinha. Era nessas horas que Quinn se perguntava quem era o verdadeiro egoísta.

De repente Quinn sentiu seu celular vibrar. Era uma mensagem de Brittany.

Vc sabia que Rachel ama pôneis? Acho q tem alguma coisa haver com o tamanho deles serem perfeitos pra ela ;) Não se esquece de comprar umas flores! Bjz

Quinn sorriu ante a sutileza nada sutil das palavras de Brittany. Por um momento pensou se deveria ou não fazer o que a outra loira estava sugerindo. Dando uma ultima olhada no pônei rosa que jazia na sua cama Quinn tomou uma decisão.

X

Já era oito da noite, Rachel estava na internet revendo performances da Barbra Streisand, como ela sempre fazia antes de dormir, quando escutou o toque do seu celular ressoando pelo quarto. Ela foi até seu celular e viu no visor que era um número desconhecido. Franzindo o cenho ela atendeu cautelosamente.

– Alô? Quem é?

– Você tem sete dias – Disse uma voz arrepiante do outro lado da linha.

– O QUE? – Disse Rachel entrando em pânico, ela realmente tinha medo daquele maldito filme. De repente ela começou a escutar chiados horríveis e barulhos como se alguém estivesse sufocando. Antes que Rachel jogasse o celular na parede e gritasse com todas as forças ela escutou a voz novamente.

– Você tem sete dias... – Ruído de alguém respirando pesado - pra me amar!

E no final Rachel escutou uma risada já reconhecendo a voz do bastardo que a havia assustado.

– Luke! – Disse Rachel com raiva – Isso NÃO foi engraçado!

Rachel disse dando grande ênfase no “não” enquanto sentava-se na sua cama tentando acalmar seus nervos.

– Eu sei me desculpe.

Rachel ouviu a sua voz e quase podia imaginar a cara de falso arrependimento que o garoto estava fazendo. Tudo truque.

– Não sei se desculpo – Disse Rachel impassível. – Essa sua brincadeira quase me custou um coração.

– Me perdoe Rachel, por favor – Disse Quinn fingindo uma voz suplicante.

– Não

Rachel estava apenas se fingido de difícil ai.

– Nem um pouco?

– No no – Disse Rachel na sua maior “diva’s voice”.

– Me deixe reparar isso então.

Rachel franziu o cenho.

– Como? – Disse a morena desconfiada.

– Só é abrir a porta.

Rachel imediatamente se levantou.

– Você está aqui!? – Ela exclamou surpresa.

– Não sei, não é a sua casa que tem uma caixa de correio com a frase “Propriedade dos Berry-Streisand” escrito?

Assim que ele disse isso Rachel já estava no corredor da sua casa, descendo as escadas como um foguete e quase caindo no processo.

– Você está correndo como uma maluca até aqui não está? – Disse o garoto rindo.

– Não – Disse Rachel chegando até a porta e finalmente a abrindo.

Assim que ele a viu, ele abriu um sorriso. Ele ainda estava com o celular na orelha.

– Rachel, me desculpe mais eu vou ter que desligar. Uma deusa acabou de aparecer na minha frente.

Rachel ficou tímida por um momento, mas depois começou a rir e entrou na brincadeira.

– Ela é melhor do que eu?

Quinn então deu um sorrisinho de lado.

– Talvez, se ela me deixar entrar na casa dela.

Rachel deu um sorriso e desligou o telefone. Quinn então colocou o celular no bolso e voltou a encara-la com um sorriso suave que espelhava o de Rachel. A morena então notou que ele não tirava o braço esquerdo de trás das costas.

– Bem, senhor você-tem-sete-dias-de-vida. A deusa aqui pode até te deixar entrar, mas primeiro. – Pausa dramática – Você tem que me dizer o que esta escondendo ai atrás.

Quinn ficou olhando a expressão divertida de Rachel com uma sobrancelha arqueada. Ela hesitou um pouco, de repente se sentindo muito tímida. Ela então respirou fundo o mais discretamente possível e decidiu agir logo, afinal, ela ia corar de todo jeito.

– Ah... bem. – Começou Quinn – Como você sabe amanhã é o ultimo jogo da temporada do McKinley.

Rachel assentiu tentando adivinhar a onde aquilo ia dar.

– Então... decidi vir a casa de alguma linda dama ver se ela não estaria disposta a me dar um beijo de boa sorte – Disse Quinn com um meio sorriso galanteador.

Rachel começou a rir um pouco, tentando utilizar o seu lado atriz pra disfarçar o seu nervosismo crescente e o corar no seu rosto.

– Bem, essa é a sua maneira de pedir um beijo? Seduzindo jovens damas a véspera de jogos?

Quinn então se aproximou um pouco mais dela.

– Está funcionando?

– Não – As duas então começaram a rir – Nem um pouco.

– Então terei que fazer uso do plano B. – Disse Quinn com um sorriso travesso.

– Que seria... ? – Disse Rachel cruzando os braços novamente desconfiada.

Quinn se aproximou de Rachel até ficar cara-a-cara com ela, que nem naquela vez no auditório do McKinley. Rachel se remexeu agora evidenciando bem o seu nervosismo, descruzou um dos braços e colocou entre ela e Quinn.

– Luke eu...

– Calma. – Quinn disse suavemente cortando-a – Só ia lhe dar isso.

Quinn então revelou o que estava escondendo atrás de si. O pônei rosa que ganhará aquela tarde e um buquê de gardênias com um cartão no meio delas.

Rachel ficou olhando pras flores e para o pônei de pelúcia sem palavras de um jeito que há muito tempo não ficava. Gardênias...

– Eu não sabia se você ia gostar do pônei, então comprei essas flores pra você. Eu não sabia qual você gostava então peguei as que achava mais bonitas. – Disse Quinn agora um pouco nervosa também.

– O... obrigada. – Disse Rachel com a pouca voz que encontrou.

Elas ficaram se encarando por um tempo, cada uma apenas mergulhando no mar dos olhos da outra.

– Er... bem, você quer entrar? – Disse Rachel depois de um tempo – Papai ainda não chegou do seu plantão e pai está no porão organizando algumas coisas.

Quinn ficou por um tempo admirando a possibilidade de estar a sós com a diva, em seu quarto talvez? Mas ela ainda tinha coisas a fazer. Não podia meter as mãos pelos pés.

– Na verdade eu já estou indo. – Disse Quinn num tom deprimido.

– Mas por quê? – Disse Rachel não conseguindo esconder a pontada de tristeza em sua voz.

– Já esta tarde e eu tenho jogo amanhã.

Quinn estendeu as flores e o pônei e Rachel as pegou cheirando as flores e colocando o pônei bem junto ao peito.

– São lindas... obrigada mesmo – Rachel disse com os olhos brilhando por diversas emoções.

– Não a de que – Disse Quinn já se afastando, mas de repente parou e deu um tapinha de leve da testa – Já ia me esquecendo.

– Do que? – Disse Rachel sorrindo.

– Meu beijo de sorte é claro. – Disse Quinn se aproximando novamente de Rachel.

– Luke! – Disse Rachel num tom de reprovação.

– Eu sei, eu sei! – Quinn disse rindo um pouco – Pode ser na bochecha, ok?

Rachel então colocou uma mão na cintura e balançou a cabeça como se dissesse “Esse garoto não tem jeito”. Depois de pensar por uns segundos ela decidiu que não tinha nada demais em um beijo na bochecha.

– Esta bem, mas só um ok? – Rachel disse com um dedo em riste como aviso.

– Ok, ok. – Quinn disse rindo.

A agora menino se abaixou deixando seu rosto da altura do de Rachel e ofereceu sua bochecha com um sorriso. Rachel sorriu ante o ato bobo, mas depois começou a se aproximar pra plantar um beijo na bochecha do garoto. Antes que ela pudesse chegar lá Quinn se virou de repente.

Então suas bocas se encontraram.