Sugar andava de um lado pro outro em seu quarto. Sua cabeça fervia mais do que quando estava fazendo prova de matemática e tentava encontrar a lógica do por que algo tão mínimo como x=y² dava no final algo ridículo como x²=y² - z² + 189. Sua cadelinha maltesa branca, Sophie, a acompanhava com olhos tediosos enquanto estava espreguiçada na cama king size da fadinha.

– Você entende a gravidade da situação Sophie? – Sugar disse depois de contar a cadela todo o episódio do banheiro – A Berry tem uma puta atração por Quinnie e nem se dava conta!

Sugar andava de um lado pra o outro frustrada. Ela tinha certeza disso porque ela sabia exatamente o que havia acontecido no banheiro. Sua mãe (uma das fadas madrinhas mais fodonas de todas e detentora do recorde de ter feito a felicidade de 100 princesas por década) havia lhe dito sobre coisas como esta. Uma fada possui uma aura mágica muito volátil que foi apelidada de “charme” por revelar sentimentos ocultos que às vezes nem as próprias pessoas se davam conta. Às vezes era pela própria fada, às vezes por alguém aleatório. Isso era mais um “plus” que as fadas utilizavam pra ajudar suas princesas e acontecia de ter seus efeitos potencializados antes das fadas terem seus períodos. E segundo seu calendário Sugar teria o dela amanhã, o que explica Berry quase se jogar pra cima dela. Ela achava que Sugar era o objeto de seu desejo. No caso Berry pensava que Sugar fosse Quinn.

– Você não tem ideia da quão puta eu estou Sophie. – Sugar diz a cadela com o nariz bufando – Tive um trabalho do caralho pra transformar Quinnie em um homem, gastei meu tempo e beleza nisso. E no final a vadia já gostava de Q do jeito que ela era!

Se Sugar já conhecesse as duas desde o começo. Ela teria chegado a essa conclusão há muito mais tempo. As fadas tendem a ter um sexto sentido pras coisas. Não foi a toa que sua mãe conseguiu enlaçar o único herdeiro Motta relativamente bonito e simpático que era o seu pai.

A cadelinha deu latido como se concordasse.

– Sabia que você me entenderia Sophie – Sugar disse ajeitando o lacinho rosa na cabeça da cachorra – Às vezes acho que somos irmãs gêmeas – Disse Sugar baixinho e olhando nos olhos da cadelinha. Depois voltou a andar de um lado para o outro.

– Ai Sophie, eu só queria que Berry deixasse logo de ser tonta e visse as coisas como eu vejo – Sugar fala parando de repente e olhando pra sua cadela deu um suspiro – Quinn mal virou um garoto e mostrou o seu lado matador pra ela que ela já está de quatro e é evidente que o que ela sente por Quinn é muito maior do que ela sente pelo Hudson.

Sugar se sentou do lado da sua cadelinha e começou a alisar seu pelo branco-pérola.

– Por Deus Sophie, o que diabos a Berry viu naquele garoto? Ele fede a vomito de bebê, tem uma cara estranha que geralmente me pertuba e tem um gosto pra roupas horrível. Sem falar do seu jeito de ser imbecil que me causa mais asco do que o guarda roupa da Snooki.

Sugar suspirou derrotada e se deitou na cama. Sophie imediatamente se aninhou do lado dela.

– Eu queria poder acelerar as coisas Sophie. Mas eu não sei como fazer isso sem me intrometer demais.

Ela suspirou mais uma vez e olhou pra cachorrinha.

– O que eu faço Sophie? Minhas ideias estão se esgotando e tudo se resumi em sequestrar Rachel e trancar as duas num quarto escuro com uma caixa de Trojam Magnum e um colchonete.

A cachorrinha finalmente levantou a cabeça e a fitou.

– Um pouco demais né?

A cachorrinha balançou a cabeça como se concordasse, mas ela estava seriamente pensando nisso.

– Ai Sophie, eu amo a Quinnie. Mas já cansei de usar aqueles vestidos “jovem garota camponesa” que ela usa. Cristo me ajude.

Ela teria que pensar numa ideia e numa boa ideia.

X

Quinn tinha acabado de terminar o treino de futebol e entrado no vestiário. O jogo já era amanhã e ela não estava nem 50% pronta. Agora que Finn estava fora de jogo, ela que seria a quarterback em campo no dia do jogo e ela teria que dar o seu melhor caso não quisesse ser mais uma a levar o McKinley High a uma derrota vergonhosa.

Enquanto ela tomava um banho relaxante e se lavava Quinn começou a pensar nos últimos dias. Já havia se passado três dias desde que Sugar e Rachel haviam sido molhadas por completo dentro do banheiro feminino. Sugar continuou agir normalmente, mas ela sentia que a garota estava escondendo alguma coisa. Já Rachel, essa sim estava muito estranha. Não um estranho ruim, muito pelo contrário. Quinn estava amando cada minuto de mudança da morena. Ela não estava mais fugindo, não a tratava mais como mais uma. Ela a tratava até um pouco melhor do que antes e Quinn não poderia deixar de ficar estranhamente feliz e triste ao mesmo tempo. Feliz ao ser capaz de ter todos aqueles momentos com Rachel e triste ao lembrar que tudo não passava de uma ilusão criada por uma fada.

Quinn fez o que prometeu e começou a proteger Rachel dos adolescentes idiotas que estavam importunando a diva, a defendendo de slushies, zombaria ou que quer que tentassem de ruim contra ela. Rachel a agradecia com um beijo no rosto, Quinn então perguntava se podia carregar seus livros e as duas seguiam conversando até suas respectivas classes. Mas isso era o que a estava intrigando.

Rachel estava tão tímida ao redor dela e corando constantemente. Quinn tinha certeza que eram as reações de uma garota interessada. Será que ela já havia alcançado seu objetivo? Ela finalmente havia conquistado Rachel? Ela ainda não tinha plena certeza. Ainda era muito cedo pra tirar conclusões precipitadas. Rachel ainda estava namorando Finn há final de contas.

Quinn estava pensando em todas as suas possibilidades. Será que ela deveria continuar no seu plano sutil ou deveria tentar algo mais radical? Enquanto ela estava distraída desligando a água e enxugando-se, uma figura entrou sorrateiramente no vestiário. Quinn mal havia colocado sua cueca quando ouviu uma voz atrás dela que a fez assustar-se profundamente.

– Oi Luke! – A voz reverberou pelo vestiário deserto – Ou eu deveria dizer Quinn?

Quinn havia se convertido em uma estatua humana.