Depois do desastre que foi seu encontro, Rachel ligou para Burt e lhe contou tudo que estava acontecendo. Burt e Kurt chegaram há poucos minutos, depois de muito esforço (e quase desmaiarem com o cheiro que tinha dominado todo o Breadsticks) e gritos do dono do estabelecimento que dizia que não queria ver as fuças de Finn nem pelos arredores do restaurante, os dois conseguiram levar o garoto (que estava desfalecido e todo sujo) na parte de trás da caminhonete até o hospital mais próximo. Finn então ficou em observação e sendo medicado. Os médicos então disseram que havia sido causado por algum alimento bastante estragado e contaminado do estabelecimento e que ele precisaria de um repouso de no mínimo sete dias até se recuperar. Burt estava conversando com o médico e resmungando coisas como “vou processar aquele restaurante” quando Rachel foi ver como Finn estava. Ele estava deitado e já usava uma roupa de paciente e um lençol lhe cobria até o peito. Ele estava branco como uma folha. Kurt estava sentado numa cadeira um pouco distante da cama hospitalar que Finn utilizava e lia uma revista distraidamente. Ele ainda estava fedendo, mas mesmo assim Rachel fez um esforço heroico de controlar a bile que lhe subia pelo estomago e se aproximou o, mas perto que conseguiu do garoto.

– Você está...

– A culpa é sua.

Finn a cortou numa voz fraca e rouca

– O que? – Rachel disse confusa – Como assim é minha culpa?

Finn nem fez o esforço de olha-la, continuou com a visão fixa na parede do outro lado.

– Você... você me deu aquela coisa.. vigan nojenta e ela...me envenenou.

Rachel então entendeu do que ele estava falando e de penalizada passou pra irritada.

– É ve-gan! Não vigan! E se você não percebeu, eu também o comi e estou aqui em pé e saudável. A culpa foi daquela coisa que você chama de comida!

– Você provavelmente já deve ter alguma imunidade para aquela coisa, mas eu não! E o que EU chamo de comida ainda... é muito melhor do que aquele vomito de cabra que você come! – Finn disse ainda numa voz fraca e doente, mas o esforço acabou o fazendo tossir no final.

– Eu não acredito que você disse isso. – Rachel estava em choque. – Eu achei que você já respeitasse o estilo de vida que decide viver, mas parece que me enganei.

Rachel então se dirigiu até a porta.

– Es... espere, Rachel!

– Espero que fique bem Finn. Tchau Kurt!

Kurt que estava calado observando toda a troca com bastante interesse voltou a fingir ler a revista.

– Tchau.

X

Já era segunda novamente. Todos já estavam a par da situação catastrófica que tinha acontecido no Breadsticks (até no jornal de Lima saiu). E Rachel agora tinha que suportar o peso de ser a namorada do “cagão de Lima”. Não se surpreendeu da nova gama de piadinhas que lhe laçavam pelos corredores.

– Rachel.

Rachel terminou de guardar suas coisas e se virou para encontrar uma Mercedes muito solidária.

– Você está bem? – Mercedes disse com uma preocupação genuína, isso pegou Rachel um pouco desprevenida.

– Eu... eu estou bem Mercedes, quem esta de cama tendo que usar uma frauda geriátrica é o Finn.

As duas então seguiram para suas aulas. Mercedes anotou mentalmente essa nova informação e continuou a conversa. No final das contas ela se importava com Rachel, mas do que um dia admitiria.

– Mas não é ele que está tendo que aturar toda a cota de besteiras dos alunos Rachel, só queria saber como você está lidando com isso e...

As duas pararam na porta da sala.

– Se precisar de mim pra qualquer coisa, eu estarei aqui para aguentar qualquer tipo de drama que você queria jorrar pra fora de si. – Ela termina com o meio sorriso no rosto.

– Obrigada Mercedes, eu vou me lembrar disso. -Rachel estava realmente agradecida pela atitude amigável da black diva – Eu posso te dar um abraço?

– Achei que nunca perguntaria Berry

As duas então se abraçam apertado entre risadas e finalmente entram na classe de Biologia.

Enquanto isso na sala de Literatura. Professor Grant discursava sobre Lord Byron com tanta emoção quanto um carrapato e Quinn fazia questão de anotar tudo já que ela era secretamente uma amante da poesia.

– Hey cara. Você ficou sabendo?

Sam estava sentado do lado de Quinn batucando o lápis na mesa e tentando não dormir ao som da voz monótona do professor.

– Do que? – Quinn responde sem parar de escrever.

– Da caganeira que deu no Hudson sábado! Saiu até nos jornais locais.

Quinn tentou conter uma risada. Mesmo ela e Sugar terem quase batido no hospital de tanto rir durante o fim de semana, Quinn simplesmente não conseguia não rir ante as imagens gloriosas que lhe viam a mente. Mas espera aí, saiu nos jornais?

– Não brinca, saiu nos jornais?

– Segunda página do Lima Diary. – Agora era a vez de Sam conter uma risada – Cara, eu não queria estar na pele do Finn, toda a Lima sabe que ele se cagou nas calças.

– Fiquei sabendo que até pelos arredores do restaurante dava pra sentir o fedor!

Os dois então começaram a rir.

– O que é tão engraçado em Evans? Em Fabray?

– Nada senhor – Sam e Quinn responderam em uníssono.

– Ótimo, então já que estão tão a par do assunto para ficar rindo por nada durante a aula – disse Prof Grant, o sarcasmo quase escorrendo dos seus lábios – Por que um de vocês não opina sobre o assunto que está sendo abordado?

Sam gemeu baixinho e Quinn fez a melhor cara de desespero que podia. Aquele professor gostava de uma chacina e Quinn queria evitar uma humilhação publica para o loiro ao seu lado, era o mínimo que ela poderia fazer.

– Senhor Fabray?

Deu certo.

– Er... sim, Lord Byron foi um poeta importante para o Romantismo e um dos seus trabalhos mais famosos é a sua versão épica de Don Juan e a Peregrinação de Child Harold.

Professor Grant ficou sem reação por alguns segundos antes de recobrar a consciência e a postura entediada.

– Parece que não é só a mesma aparência e sobrenome que você tem da sua prima Fabray.

Ele a olhou por alguns segundos e lhe deu sua versão parca de leve sorriso.

– Bem, das obras ditas pelo Fabray vamos estudar Don Juan...

X

Rachel estava no banheiro limpando o resto de slushies que havia acertado sua cara. Já havia sido o terceiro do dia e ela estava apenas na segunda sala.

– Hey Rach.

Uma voz que Rachel conhecia muito bem se dirigia a ela estranhamente animada.

– Quinn?

– Meudeusdocéu! Você está parecendo um sorvete humano.

Quinn se dirigiu até ela rapidamente e começou a ajuda-la a se limpar. Rachel no começo ficou tensa pela aproximação súbita da garota loira, mas depois que seus dedos começaram a limpar o seu rosto com tanto cuidado ela relaxou com um suspiro.

– O que aconteceu?

Quinn perguntou num sussurro visivelmente preocupado. Rachel então se permitiu olhar naqueles olhos estavam tão próximo dos seus. Eles brilhavam num verde intenso com algumas gostas cor de ouro que cintilavam vivamente. Absolutamente lindo. Rachel já mais se permitiu dizer em voz alta, mas ela amava a cor dos olhos de Quinn. Particularmente agora quando eles demonstravam uma preocupação sincera para com ela. Ela apenas ficou assim a encarando fixamente nos olhos e se deixando derreter internamente por alguns segundos, até que então ela encarou o chão sobre os seus pés.

– Parece que na falta de Finn para receber as atribuições do grande acontecimento no Breadsticks, eu estou sendo sua representante. – Rachel então se olhou novamente no espelho e viu a quantidade significativa que ainda jazia na sua roupa – E o pior de tudo é que fazia tanto tempo que uma coisa como essa acontecia, que acabei sendo pega desprevenida.

– Não acredito que esses bastardos trogloditas que habitam nessa joça de escola estão te usando como escape.

Rachel virou-se de repente pra Quinn surpreendida com a escolha de palavras da outra garota, e se surpreendeu ainda mais ao ver que a loira aparentava pura raiva e desgosto na sua face. Seus olhos brilhavam perigosamente fazendo os joelhos de Rachel tremerem.

– Não... não precisa ficar assim Quinn. Você sabe tão bem quanto eu que coisas como essas são normais aqui.

Quinn se virou de frente para o espelho e bateu as mãos no lavabo com força, fazendo Rachel pular assustada.

– Não me venha com essa Berry! Normal ou não, essa coisa estupida que acontece nessa escola não deixa de ser ridícula. – disse Quinn bufando de raiva.

Rachel olhava para Quinn como se ela fosse um alien. Quem é você e o que fez com Quinn Fabray?

– Quinn... eu...

Quinn então se virou de repente pra Rachel a fazendo assustar-se mais uma vez. A loira a olhava fixa e seriamente.

– Olha essa merda não pode continuar ok? Por acaso Luke já sabe disso?

Quinn perguntou de repente batendo o pé no chão e colocando a mão na cintura. Rachel estava desnorteada.

– É... não. O que... ele tem haver com isso?

Rachel perguntou confusa por um par de motivos. Quinn então fez uma face incrédula. Rachel então viu que a garota ia abrir a boca pra falar alguma coisa, mas depois desistiu. A loira então suspirou e se aproximou de Rachel novamente.

– Esquece. – Ela então ligou a torneira – Vamos apenas limpar toda essa bagunça. Eu consigo roupas limpas pra você não se preocupe.

Quinn deu uma risadinha sapeca e tocou no nariz de Rachel com o dedo molhado.

– Você parece um sundae de Barbra Streisand. – Quinn então riu largamente

Rachel ficou paralisada olhando Quinn fixamente enquanto escutava uma risada diferente, mas ainda totalmente encantadora saindo dos lábios de Quinn. Quando foi que Quinn havia mudado tanto? Quando foi que ela havia se tornado tão aberta e com esse brilho feliz exalando em todo seu rosto? Rachel jamais havia visto esse lado de Quinn e ela estava absolutamente estranhada. Mas aqueles lábios bonitos ainda estavam lá, aquele nariz perfeito que ela tanto ansiou ter um dia também e seus olhos misteriosos também. A risada de Quinn foi morrendo aos poucos e ela passou a olhar Rachel com um olhar que rivalizava entre estranhamento e interesse. Para Rachel eles a olhavam com profundidade e ela sentiu aquela estranha conexão que a puxava pra mais perto de Quinn nesses momentos. Dessa vez ela não resistiu e foi se aproximando lentamente da loira, nunca deixando o mar verde e dourado. Rachel não percebeu que a cada passo mais próximo de Quinn a loira arregalava ainda mais os olhos.

X

Sugar ia apenas retocar sua maquiagem quando encontrou Rachel coberta de slushie. Ela imediatamente foi ajudar a pobre garota, pois ela também zelava pela integridade física da prometida de seu príncipe (tecnicamente), quando então a garota lhe falou o porquê ela quis invocar o espirito de todas as piores bruxas que já haviam pisado na face da terra e jogar uma maldição bem parecida com o avada kedrava do Harry Potter nesses idiotas. Ela por um momento se esqueceu que ainda estava em sua forma Quinn Fabray e agiu como ela mesma. Nem ao menos notou todas as reações que Rachel estava tendo ao ver aquele comportamento tão atípico de Quinn. Ela então se lembrou de Quinn. A loira deveria saber disso imediatamente e fazer alguma coisa. Quando ela por impulso pergunta a Rachel se a face masculina de Quinn já sabia de tal coisa e quando Rachel responde o que ele tinha haver com isso ela quase solta um “Hello-ow! Você por acaso não notou que ele está mais parado em você do que burro quando empaca? É claro que ele precisa saber vadia! Ele se importa mais com você do que o maldito bacon que come todas as malditas manhãs”, mas Sugar deteve-se heroicamente, pois quebraria a maldita regra do feitiço e ferraria a vida de Quinn em cinco camadas diferentes. Sugar então suspira enquanto pensa que Quinn ainda tinha uma longa batalha a sua frente e decide deixar essas coisas pra lá por uns momentos e ajudar a Berry com boa vontade e um pouco de humor pra aliviar o clima. Enquanto ela ria da própria piada ela notou finalmente notou o olhar estranho que Rachel estava lhe lançando. Era quase como que se... Seu riso então morreu enquanto ela analisava o olhar da Berry atentamente. Será que estou vendo coisas? Sugar pensava incrédula. Rachel Berry está me olhando com luxuria? Mas, espera um minuto... Seus pensamentos morreram quando ela notou o quão próxima Rachel estava e o que ela pretendia fazer. Seus olhos arregalando comicamente. Puta que pariu!