Born To Be Together escrita por Julia A R da Cunha


Capítulo 15
Sorciére




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/212141/chapter/15

{31 de outubro de 2007}

Eu precisava dizer aquilo logo, precisa de algumas respostas para várias perguntas em minha mente. Depois de aquele dia em que vi a garota de Afrodite e o pulso de Jodelle, eu simplesmente não aguentava mais aquilo. E queria entender várias coisas que ainda eram nebulosas em minha mente. Só esperava do lado de fora do chalé até que Amber chegasse.

A luz do dia me parecia um tanto perturbadora, e sempre que dizia isso, Amber falava algo sobre nossa mãe, a mãe que nunca conheci. Usava uma blusa de mangas compridas de cor roxa por cima do uniforme do acampamento. Meus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo mal feito. Calças jeans justas de cor escura e botas pretas. O ruim daqui era que o tempo estava sempre quente, e eu não era do tipo de ficar alegre com o clima ensolarado. Eu não gostava do sol, não gostava do dia. Gostava de um dia úmido e nublado, a terra molhada pela chuva, um pouco de cinza.

O sol começava a se por, e sabia que era nessa hora que encontraria ela, que era nessa hora que ela começava seus atos na maioria das vezes. Mas eu deveria tomar cuidado, pois na mesma hora, todos estavam alertas com os ataques e ficavam ouvindo tudo, vendo tudo, andando em grupos.

Felizmente hoje, como em alguns dias, ela apareceu em seus passos calmos e silenciosos, o que nela davam uma impressão de terror. Levantei-me e a encarei-a, fazendo-a retribuir-me o olhar.

- O que é? - perguntou ela.

- Preciso falar com você. Preciso de umas respostas.

Ela revirou os olhos e entrou no chalé, indo direto até sua cama e colocando suas coisas sobre ela.

- Amber é sério!

- Então fale logo!

Respirei fundo e me preparei para chegar logo ao ponto.

- Por que? - perguntei.

- Como disse?

- Por que tudo isso? Por que? Você simplesmente mata por… matar!

Ela deu um sorriso sombrio e voltou sua atenção para a cama.

- É divertido.

- Como assim divertido?!

- O olhar deles. A expressão de quem implora por perdão, e por um momento pensam que ainda tem uma chance de saírem vivos. A súplica. Eu sou a única que basta, a única importante em tudo isso, e é à mim que eles imploram! Isso é ótimo!

- Só se for para o seu maldito ego!

Amber parou e me olhou como se fosse me estripar. Arrepiei-me no começo, mas logo depois retomei a posição de força. Ela veio até mim, querendo me amedrontar, mas não me deixaria abalar, não dessa vez.

- Ele era nosso pai! E você fez com ele o mesmo que fez com vários pobres coitados daqui! Eu era uma criança, Amber! Ainda sou! E tive que ver aquilo e ainda me arrastar por aí na sua sombra, como se concordasse! - quando percebi estava quase gritando e acabei levando um tapa forte no rosto.

- Cale a boca, perdedora! Podem te ouvir, e não quero acabar com a brincadeira agora.

- Me escuta pelo menos uma vez! - falei gritando para depois abaixar a voz. - Me responda o verdadeiro porque de tudo isso, porque não pode ser simplesmente diversão, ou você é mais louca do que eu pensava.

Ela respirou fundo e colocou as mãos na cintura. Passou o peso de uma perna para a outra e olhou pelas janelas para saber se ninguém estava por perto e então se aproximou de mim e começou a sussurrar.

- Tem uma coisa maior do que você imagina envolvendo tudo isso. Bem maior do que está acontecendo agora. E isso vai chegar, mais cedo ou mais tarde. Nossa mãe está envolvida nisso, e eu realmente adorei a proposta. Só estou treinando e adiantando o serviço.

- Está querendo dizer que nossa mãe manda matar pessoas? - perguntei cínica.

- Você também está nisso. Ninguém mandou ser filha de Nix e ela ser o que é. Logo logo, irmãzinha, você vai ter que escolher entre apoiar a sua família, ou esses seus amiguinhos sonsos que arrumou, e vai entender o que está realmente acontecendo e a importância disso.

- E o que eles têm a ver com isso? Jodelle, Jodie, Gale?

Ela me olhou e riu.

- Eles ficam entrando no caminho, e já estou cansada deles. E no futuro, se continuarem vivos, darão muito trabalho, ah sim, darão. Não quero ninguém atrapalhando.

E então saiu andando e fechou a porta, me deixando sozinha naquele chalé. Fiquei ali, parada, de braços cruzados, e só percebi que comecei a chorar quando ouvi meus próprios soluços.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Born To Be Together" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.