Born To Be Together escrita por Julia A R da Cunha


Capítulo 14
Amber




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{20 de agosto de 2007}

A filha de Afrodite gemia e choramingava de dor. Só não gritava porque estava amordaçada. Suas roupas estavam em trapos e ensanguentadas. Ela não conseguiria correr, pois as pernas e os pés estavam quebrados, assim como o braço direito. Os cabelos negros colados na face, molhados de sangue.

Era algo lindo de se ver para mim. Comecei a rir dela. Foi fácil convencê-la a vir até a floresta comigo, desarmada e sozinha.

- Não está tão linda agora, está?

As lágrimas escorreram por seu rosto, abrindo caminho pelo sangue. Abaixei-me e retirei o pano que cobria sua boca.

- SOCORRO! SOCORRO!

- Cale essa boca! - ordenei dando um soco sobre a perna quebrada. Ela chorou ainda mais.

- P-Por que?

Dei de ombros, como se não soubesse e ri.

- Sabe… Acho que já me diverti o bastante com você. Não preciso mais de você viva.

- Não! Não! Por favor! Eu te imploro! NÃO!

- Mais um corpo a ser encontrado…

- NÃO!

- O que é que você está fazendo?

Virei-me assustada com a voz atrás de mim. E lá estava ela, a sonsa da Jodelle, de pé, olhando para tudo aquilo com horror e nojo.

- Saia daqui! - falei.

- E deixar você matar mais uma pessoa inocente? Nem pensar.

Levantei-me com o punhal em mãos, pronta para atacá-la, pois afinal, não sairíamos sem uma luta, e não poderia deixá-la viva depois de ter-me visto. Fui andando até ela.

- Já estou me cansando de você, Jodelle. De verdade. Nunca gostei de você afinal.

- O sentimento é mútuo - ela pegou uma pequena faca que colocava no cinto e ela foi crescendo, crescendo, até se tornar uma espada. - Você é louca! Louca! - fez uma pausa, se aproximando de mim, pronta para atacar. - Não vou deixar mais uma pessoa ser vítima da sua loucura.

- Então venha logo! Pare de falação! Venha! - falei de braços abertos.

E ela veio. Rápida, habilidosa. Porém não o bastante para me atingir, pois eu já lidava com isso há um tempo e bem, nem todas as vítimas se rendiam facilmente. Defendi-me com o próprio punhal e pude ouvir o som das lâminas se chocando. Ela parou onde eu estava e eu dei um salto para trás. Nos encaramos por um momento antes de eu dar um giro em direção dela, atingindo-a no braço esquerdo e na lateral do corpo, abrindo talhos finos, porém já eram o bastante para que filetes de seu sangue escorressem.

Meu giro foi interrompido quando ela pisou em um dos meus pés e me fez cair de costas com tudo. Antes que me levantasse, ela passou a espada por minhas canelas, abrindo cortes mais fundos do que eu fiz nela. Dei-lhe um chute, mas não teve tanto efeito pois mesmo atingindo-a, ela conseguiu ir para trás, o que fez o golpe perder a força. Levantei-me até me sentar e consegui desferir um golpe em sua panturrilha, o que a fez falhar um pouco o andar.

Levantei-me e minhas pernas quase cederam pelos cortes. Fui até ela andando estranho, com os joelhos levemente dobrados e parecia mancar e cambalear ao mesmo tempo. Ela tentou me atacar com a espada e conseguiu um minúsculo corte no meu abdome mas nem senti. Continuei avançando, desferindo socos e golpes com o punhal ao mesmo tempo, e ela andava para trás tentando escapar, precisava de espaço para o ataque.

E então ela tropeçou e caiu de lado, e por um movimento involuntário do corpo, ela tentou não bater com toda a força no chão apoiando no braço… Mas não foi assim que ocorreu, e o resultado não foi o que ela queria. Jodelle caiu em cima da própria mão direita, e jurava poder ouvir o som do osso, logo seguido pelo grito agonizante de dor saindo de sua garganta. Olhei melhor. Sua mão estava caída para trás, e o osso do braço estava para fora, formando o desenho de um V. Os gritos saíam com tanta dor que me fizeram estremecer de prazer. E felizmente, ela era destra.

- Acho que ganhei - disse me aproximando.

Estava pronta para matá-la. Era agora que me livraria dessa garota. Mas fui interrompida novamente, e de modo que não haveria uma outra saída. Virei a cabeça para o lado com o vulto que vi. Parado lá, estava o filho de Niké, o maldito loirinho, de olhos arregalados para a filha de Afrodite e depois que olhou em Jodelle, ele perdeu completamente a cor de tão pálido e jurei ver suas mãos tremendo levemente.

Ele pareceu deslizar até ficar ajoelhado ao lado dela, tentando entender o que acontecia e como poderia ajudar. E enfim seus olhos pararam em mim, cheios de fúria. Eu sabia que ele lutava bem, e meu orgulho era grande demais para admitir que era melhor do que eu. Em qualquer luta, creio que seria rápida e ele poderia me derrotar se quisesse, e ele queria.

- O que é que aconteceu aqui?! - disse vindo até mim, quase em berro, e pensei que fosse levar um soco.

- U-Um monstro nos atacou - falei, tentando representar bem a situação. - Sabe que tem alguns por aqui na floresta. Ele nos atacou de repente. Estávamos andando e ele veio.

- E por que estariam andando juntas? Ela nem fala com você! Suas trocas de olhares são de raiva! E você com uma menina do chalé 10? É quase uma piada!

- É verdade! Eu consegui lutar com ele! Jodelle também tentou, mas acabou caindo em cima da própria mão e ficou assim! - agradeci mentalmente por ela estar gritando de dor demais e não ter chance de falar nada por isso.

Gale ficou parado, me olhando com os olhos apertados, o cenho franzido, transmitindo raiva e ódio. Ele olhou para o meu punhal, ainda em minha mão, cheio de sangue. Depois olhou na filha de Afrodite e em Jodelle.

- Esses cortes não são de monstro.

- Está duvidando?! É verdade!

- São cortes de lâmina! Não deixariam aqui monstros que sabem usar armas assim! - ele se aproximou, ficando a centímetros de mim, de modo ameaçador, apesar de ser ainda estranho para mim, um garoto de só onze anos assim, e eu, dois anos mais velha, mas ele conseguia ser ameaçador. - Você derrotou o monstro?

- Sim - respondi mais rapidamente do que pude pensar. Só então percebi o erro no que falei, percebi o quanto fui idiota.

- E onde está o pó dourado que o monstro vira quando morre?

Eu não tinha resposta para isso, e hesitei por um momento tentando achar uma resposta, e ele percebeu. Em segundos ele já havia feito todos os cálculos e ligações dos fatos em sua cabeça, e soube da verdade. E fui surpreendida com o tapa fortíssimo que recebi em minha face, tanto que virei o rosto.

- Sai da minha frente - disse pausadamente, de dentes cerrados. - Sai daqui! Agora!

E sem esperar resposta, ele ajudou Jodelle a ficar de pé e foram os dois dar uma olhada na garota, que ainda sangrava bastante. Respirei fundo e tentei me acalmar, mostrando então uma expressão dura e de queixo erguido olhei para eles.

- Tomem cuidado - falei chamando atenção. Dei um sorrisinho. - Eu se fosse vocês nem dormiria em paz. Afinal, a noite me favorece. Sabe como é, Nix, deusa da noite, minha mãe. Fiquem espertos à cada pôr-do-sol, porque eu estarei lá quando menos esperarem… Me aguardem.

E então fui embora, tentando arrumar um jeito de cuidar rapidamente dos ferimentos e ficar longe dali, para poder disfarçar qualquer coisa, e claro, conseguir um álibi.


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