Dark Souls escrita por Aya Reddington


Capítulo 3
Capítulo 3




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Jane:


As explosões se iniciaram e eu fui jogada contra um carro abandonado no meio da rua. As explosões continuaram e eu me arrastei para longe da rua, me escondendo em um beco escuro, meu corpo se convulsionava, com certeza eu estava em estado de choque, me mexi lentamente, tentando ver se alguma parte de meu corpo estava debilitada, suspirei aliviada quando vi que não havia nenhum aranhão nem nada em minha pele, a sorte estava a meu favor, pelo menos hoje. Assim que as explosões cederam a ponto que eu pudesse caminhar pela rua, eu sai do beco e comecei a correr. Eu tinha que me esconder em algum lugar, vi alguns prédios abandonados, mas eu não sabia se eles estavam vazios ou habitados por zumbis. Foda-se se eles não me mataram antes não vão matar agora.

Entrei em um prédio com algumas janelas fechadas, eu tinha muita opção de escolha, logo o sol iria nascer e eu estaria morta. Andei cautelosamente pelo local, ouvindo atentamente qualquer ruido, por mais minimo que fosse. Não havia nada, o prédio todo estava em silêncio, ótimo. Encontrei uma sala vazia, verifiquei as janelas, eram fortes e não deixavam a luz solar passar, joguei um dos vários armários, contra a porta criando uma barreira, se algum zumbi entrasse por essa porta durante o dia, eu poderia dar adeus a minha quase-vida. 

Deitei no chão embaixo de uma mesa e fechei meus olhos, me rendendo a inconsciência.  

***

Eu não estava totalmente consciente quando ouvi grunhidos altos, no andar de baixo, sai de baixo da mesa rapidamente, comecei a ouvir passos em direção a essa sala. Olhei para os lados atrás de alguma saída, só havia a janela e estava de dia, tenho duas opções ou morrer carbonizada ou dilacerada pelos zumbis, olhei para cima tentando achar outra saída. O tubo de ventilação sorriu para mim com um convite. Pulei, agarrando a grade e a joguei para baixo, pulei novamente para dentro do tubo de ventilação no exato segundo que alguns zumbis quebraram a porta entrando na sala, como eu era pequena e magra passei pelo tubo sem nenhum problema, eu tinha que achar uma saída, mas também tinha que esperar anoitecer. Fiquei um bom tempo agachada, esperando os zumbis irem embora, até que eu vi um zumbi de pelo menos dois metros de altura e loiro, eu conhecia esse zumbi, era o amigo do R, será que ele estava por aqui também? Farejei para saber se encontrava o cheiro dele, mas não havia nada.

-Merda.- eu disse baixinho, mas parece que algum zumbi ouviu.

O amigo do R olhou para o tubo de ventilação por alguns instantes.

-CASAAAA.- um zumbi com pouca pele gritou.

Todos os zumbis assentiram e foram em direção a saída.

Suspirei aliviada quando todos saíram. Agora eu só tinha que esperar mais algumas horas e poderia ir embora. Deitei a cabeça nos joelhos e fechei os olhos, talvez agora eu pudesse recuperar o sono perdido.

***

-Ei Jane, acorde, anda logo.- ouvi alguém falar e vi dois pares de olhos castanhos me fitando, o vampiro a minha frente sorriu e saiu do tubo de ventilação, fui atrás dele.

-Uau garota como conseguiu ficar lá em cima, tem o uns 60 cm? Menos? Até que enfim ser magrela e baixinha contou a seu favor.- Sean disse bagunçando meus cabelos.

Eu sorri.

-Como me encontrou?- eu perguntei.

-Sabe você tem um cheiro horrível, não é difícil achar.- Sean disse rindo.

-Estamos em perigo Sean, a vários zumbis na floresta.- eu disse para ele.

-Nós sabemos, estamos de olho na situação a meses, pensei que tinha ido viajar para outro continente, sabe a Itália não esta tão devastada, mas invés disso, você vai morar ao lado da maior colmeia de zumbis do Estado.

-É eu não pesquiso bem a vizinhança.- Eu disse sorrindo. Sean passou o braço por meus ombros e saímos do prédio. Não havia passado muito desde a hora do por do sol.

-Há quanto tempo estava me procurando?- eu perguntei, quando entrei no carro de Sean.

-Dois dias, nosso clã estava preocupado com você.- ele disse.

-Sei, aposto que eles me jogariam em qualquer beco cheio de zumbis, eles me odeiam.

-Não é verdade Jane, Kol montou vários grupos de buscas, há alguns meses.- Sean disse.

-Sean agradeço mesmo por tudo, mas eu não quero voltar. Estou bem sozinha.- eu disse e ele freou o carro.

-Jane, já faz dois anos que você foi embora, hoje você quase foi morta por um pequeno grupo de caça, e eu sei que você sente falta da sua vida.- Sean disse.

-Não quero mais falar disso.- eu disse irritada.

-Jane...- Sean começou.

-Eu já disse, eu não quero falar mais disso, caramba.- eu disse socando o painel do carro.

-Ei, não faça mais isso, é difícil arranjar carros em bom estado agora, caralho.- Sean gritou dando um tapa nas minhas mãos.

-Vamos parar com essa putaria.- eu disse.

-E você, pare de falar palavrões, você é uma dama.- ele disse.

-Quero caçar, já.- eu gritei.

-Olha aqui, estamos em uma área perigosa, há vários zumbis por ai, quer ser morta?- ele disse, enquanto parava o carro.

-Eu vou matar alguém, e se você não deixar eu me alimentar, vai ser você.- eu gritei.

-Ok, espere aqui, me obedeça pelo menos dessa vez.- Sean pediu.

Eu esperei no carro, enquanto ele desaparecia nos escombros na cidade. Pude ouvir gritos não muito longe dali, como a janela estava meio aberta, uma brisa entrou e senti o cheiro de sangue, misturado com o cheiro de cedro e hortelã, eu conhecia apenas um vampiro com este cheiro distinto. Suspirei irritada, ele já deve ter percebido que eu estou aqui. Merda.

Então vi aquele vulto vindo em direção ao carro, sai e esperei, ele vinha em minha direção, quando chegou próximo o suficiente, lhe dei um soco forte, o vulto se chocou contra uma loja destruída.

-Vejo que o seu gênio não mudou muito, querida.- Pude ouvir a voz de Aya se aproximando.

-O que estão fazendo aqui?- eu perguntei.

-Caçando...- Aya deixou a frase morrer.

-Pensei que os anciões proibissem à caça a humanos, sabe por causa da quase extinção deles.- eu disse.

-Você está desatualizada, meu amor.- Kol disse me abraçando por trás, rosnei e o empurrei, ele riu. Desgraçado.

-Me contem o que houve enquanto estive fora.- Eu pedi à Aya

-Bom, tivemos uma ideia, podemos nos alimentar dos humanos sem matá-los, então criamos uma pequena Reserva. Caçamos humanos e colocamos eles lá.- ela não precisou terminar para que eu entendesse.

-Então vocês estão criando humanos como animais.- eu disse de modo repulsivo. Tudo bem que caçamos humanos, que agimos como monstros para nos alimentar. Mas usar humanos como reservatórios de sangue é indescritível.

-Temos que nos alimentar, sobrevivência é a chave Jane. Não podemos nos dar ao luxo de sermos extintos. Somos...-Sean interrompeu o discurso de Kol.

-Cale-se Kol, sua voz é irritante e duvido que Jane queira ouvir a sua teoria de sobrevivência pós-destruição.

-Um dia você irá se arrepender por falar assim comigo, Sean.- Kol disse se aproximando de Sean.

-Ei, calma pessoal temos que caçar lembram-se. Foco.- Aya disse. 

-Vamos logo, estou faminto.- Sean disse enquanto começava a correr. Fui atrás dele, tentando sentir o calor que os humanos exalavam, Aya encontrou um rastro leve e o seguiu. 

Estava ficando cada vez mais difícil encontrar humanos azarados por ai, eu havia me esquecido como era caçar humanos, a expectativa de encontrar um pescoço macio e afundar meus dentes nele. Quando finalmente o cheiro ficou mais forte, ouvimos o pulsar dos corações, aquelas batidas rítmicas foram o suficiente para mim. Estávamos cada vez mais próximos deles. Entramos em um prédio e o cheiro era dominador, tão forte e apetitoso, os humanos não nos ouviram quando entramos no prédio, apenas no ultimo minuto quando quebramos a porta e entramos. Eles não estavam totalmente acordados, havia vários deles, espalhados pelo comodo extenso. Jovens, todos eles não passavam de adolescentes, o mais velho deles, deveria ter no máximo dezenove anos e estava em pé com um arma. 

Ele atirava contra nós quando todos os outros se levantavam e pegavam suas armas, fomos mais rápidos. Kol foi até o mais velho por trás e arrancou o coração do peito, tão rápido, os outros humanos ficaram chocados.

-Sugiro que parem, este jovem não precisava morrer, mas a sua decisão estupida me levou a fazer isso, espero que vocês não sejam tão tolos quanto ele.- Kol disse enquanto deixava o corpo tombar diante de sim, o coração do garoto foi jogado à seu lado.

Os humanos ficaram em silêncio, até que uma menina pequena correu até o corpo do garoto, gritando histérica.

-Por que fez isso?- ela gritava para Kol.

-Quer se unir à ele, minha querida?- Kol disse enquanto a puxava para cima, ela era ainda menor do que eu imaginava, parecia uma boneca perto de Kol.

-Se alimentem, meus amigos, o show acabou.- ele disse enquanto olhava para os olhos da menina.

Os outros se dispersaram pela sala, cravando os dentes nos outros humanos, nenhum humano tentou resistir, sabiam que iriam morrer.

-Deixe a garota em paz, Kol, ela é apenas uma menina, mate-a de uma vez ou a deixe ir conosco.- eu disse para Kol, ele olhou para mim.

-Você mudou Jane, não gostei disso. Nunca se importou com os humanos, por que esta fazendo isso agora?-Kol perguntou.

-Estou cansada, quero ir para casa.- eu pedi. Kol olhou para mim confuso.

-Você mudou.- ele repetiu.

-Deixe a menina, Kol.- eu pedi novamente. Ele deu de ombros e a jogou no chão, pude ouvir alguns estalos com a queda.

Kol se aproximou de mim, me puxando pela cintura. Kol era um idiota, achava que eu ainda o via desta forma -quando fui transformada ele me ajudou a me acostumar com a nova vida- eu era grata à ele, mas agora eu não o queria perto de mim, detestava o modo como ele olhava para mim, era verdadeiramente repulsivo.

-Jane, não resista, você passou tantos anos sozinha, quero lhe mostrar o prazer da vida à dois, o que acha minha querida?- ele disse enquanto passava os mãos pelo meu quadril, puxando a barra da camiseta para cima.

-Kol, pare agora. Eu não quero nada com você. Sabe que o que eu sinto por você, se resume a gratidão por me ajudar depois da transformação e repulsa por achar que eu retribuiria seus desejos depravados.- eu lhe disse e me afastei dele. A garotinha ruiva que chorava pelo garoto à nossa frente, estava agarrada ao corpo do garoto, me aproximei dela devagar, quando me agachei e toquei seu cabelo, ela gritou.

-NÃO, EU NÃO QUERO MORRER, POR FAVOR, EU NÃO QUERO MORRER.- ela gritou histérica. Ela se debatia contra mim.

-Está tudo bem eu não vou lhe machucar.- eu disse.

-VOCÊS MATARAM MEU IRMÃO.- ela gritou mais uma vez.

Kol suspirou atrás de mim.

-Se você não se calar, vai se unir à seu irmão.- ele disse ameaçadoramente.

-Por favor não.- ela pediu chorando.

A peguei no colo e a aninhei. 

-Qual o seu nome?- eu lhe perguntei.

-Ashley.- ela disse fungando.

-Está tudo bem Ashley, vou tirar você daqui.- eu disse enquanto saia, o cheiro de sangue estava ficando muito forte.

-Encontro vocês em casa.- eu disse enquanto saia.

-Tudo bem.- Sean disse.

Comecei a correr com a menina no colo, ela se encolheu ainda mais nos meus braços, levou uma hora até que eu conseguisse chegar ao local em que meu antigo clã se estabelecia.

Quando cheguei, todos pareciam surpresos por me ver e por verem uma criança em meus braços. Aquilo não pareceu agradar a todos. Fui com a menina para meu quarto e a coloquei na cama. Ela se afastou rapidamente, chorando.

-Calma, está tudo bem agora. Não vou deixar ninguém te machucar, nunca. Eu prometo.- eu lhe disse.

-Por que você me trouxe para cá, por que não me deixou morrer junto com os outros?- ela perguntou.

-Não sei, apenas sei que agora você está segura e é isso o que importa.- eu lhe disse.

Ficamos em silêncio por um tempo. Até que ela o quebrou.

-Como é o seu nome?-ela perguntou timidamente.

-Jane.- eu lhe respondi, ela se sentou mais próxima a mim.

-Obrigada Jane.- ela disse me dando um beijo no rosto. Eu estranhei aquele contato, olhei para ela. Ela tinha brilhantes olhos castanho-chocolates e cabelos ruivos e ondulados, ela era muito pálida, parecia faminta. Me afastei da cama e fui em direção a porta.

-Onde você vai? Não me deixe aqui sozinha, por favor.-ela pediu.

-Vou buscar comida para você, deve estar com fome.- eu disse, ela assentiu com a cabeça.

-Tem comida aqui?-ela perguntou curiosamente.

-Vou ver, você fica aqui, eu já volto. E não tente dar uma de espertinha, não tem como fugir daqui.- eu disse de modo ameaçador, ela se encolheu na cama. 

Sai do quarto e o tranquei por fora. Andei pelos corredores até a sala de estar, haviam vários vampiros, todos ficaram em silêncio quando eu entrei. 

-E a boa filha à casa torna, até que enfim você retornou.- David disse. Sorri para ele, ele veio em minha direção e me abraçou.

-Senti saudade.- ele disse.

-Eu também senti.- eu o abracei mais forte.

-O que fará com a garotinha?- David perguntou.

-Pretendo cuidar dela.- eu disse serenamente, enquanto andávamos para outro local.

-Ótimo, ela será bem protegida por você.- ele disse, nenhum de nós tocou no assunto dos reservatórios humanos, David sabia que eu detestava o modo sádico com o qual tratávamos os humanos.

-Esta procurando algum alimento para a garota?- David perguntou.

-Sim, ela parece faminta.- eu disse, ainda não sabia se havia algum tipo de alimento para humanos aqui.

-Venha, vou lhe mostrar o reservatório de alimentos.- David disse, ele me levou para a parte oeste do clã, andamos em direção ao sub-solo.

-Há muita comida aqui?- eu perguntei.

-Sim, precisamos manter os humanos vivos. Não aprovei a insanidade cometida pelos anciões, o conselho não me ouve mais.- ele disse vagamente.

-Eu sei que você nunca concordaria com isso, David, você não é um sádico, como os outros.- eu disse baixinho.

-Chegamos, espero que ela goste do que tem aqui.- ele disse abrindo um portão enorme de carvalho.

Quando o portão se abriu, as luzes se acenderam e pude ver vários tipos de alimento, pelas prateleiras, ali havia o suficiente para alimentar centenas de humanos por um longo tempo.

-Leve o suficiente para uma semana, como ela é pequena talvez não coma muito, leve alimentos saudáveis, ela está em fase de crescimento.- David disse pegando uma caixa de papelão e colocando algumas barras de cereais, leite, bolachas saudáveis, alimentos ricos em carboidratos.

-Use a cozinha que temos no lado sul, para preparar os alimentos para ela, lá não serão incomodadas pelos outros que preparam a refeição dos nossos humanos.- David disse seriamente, saímos do reservatório de alimentos. E voltamos para o meu quarto.

-É questão de sobrevivência ou simbolo de poder?- eu perguntei.

-Os anciões...- eu o interrompi.

-David, me diga a sua opinião.- eu pedi.

-Acho que o que temos aqui, é insano e cruel, todos já fomos humanos, e o que estamos fazendo com eles, é a forma mais hedionda de escravidão, tiramos tudo deles, somos monstros.

-Não quero ficar aqui David, mas é o lugar mais seguro, hoje quase fui morta pelos zumbis e parece que os outros não me querem aqui.- eu disse.

-Sabe o que está acontecendo, Jane?- David perguntou. Eu balancei negativamente a cabeça.

-Eles tem medo de você, você foi a primeira a renunciar tudo isso aqui, e agora eles sabem que você é diferente, sabem que você vai lutar por tudo o que acredita, eles sabem que você não apoia isso que esta acontecendo aqui. Eles te veem como uma ameaça a tudo o que construíram, por isso deixaram você trazer a menina, eles vão deixa-la em paz, Jane. Acredite em mim, eles não querem problemas contigo.- David disse e me deixou na porta do meu quarto.


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Notas finais do capítulo

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