Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Para não se perderem...
Distrito 1 formado por Luvye e Kieran; Distrito 2 formado por Halee e Jordan; Distrito 3 formado por Meredith e Dex; Distrito 4 formado por Alexa e Jace; Distrito 5 formado por Giovanna e Peter; Distrito 6 formado por Lunna e Thauan; Distrito 7 formado por Lucy e Blane; Distrito 8 formado por Brooke e Jhon; Distrito 9 formado por Lyanna e Túlio; Distrito 10 formado por Daria e Victor; Distrito 11 formado por Trudy e Michael; Distrito 12 formado por Astrid e Noah.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/211547/chapter/5

Noah e Astrid continuavam correndo, correndo e correndo. Eles não poderiam parar, mesmo que seus pulmões estivessem prestes a explodir. Eles queriam e iriam sobreviver. Correndo lado a lado, ambos eram rápidos. Porém, Astrid cedeu subitamente. Parou de correr e Noah parou alguns segundos depois, voltando alguns passos até ela.

— O que foi? — perguntou, preocupado. — Está se sentindo bem?

— Não... — respondeu ofegante. — Minhas pernas não estão aguentando mais, minha cabeça dói e meu coração parece que quer rasgar o meu peito.

Ele ficou quieto por alguns momentos, pensando. Então, lhe estendeu a mão.

— Vamos, Astrid. — falou delicadamente, no tom mais suave possível. — Só temos que correr mais um pouco, apenas mais um pouco. Precisamos encontrar um esconderijo onde eles não nos achem tão facilmente.

Eles estavam no núcleo da Ilha, que era formada por uma Floresta cheia de árvores finas e sem graça, ao som de diversos sons estranhos de animais provavelmente mais estranhos ainda. O sol ainda continuava forte e castigava suas peles pálidas.

— Estamos quase lá.

Ela olhou para ele e ficou calada por um bom tempo. Não sabia se podia confiar plenamente em Noah. Ele até poderia ter sido amigo de seu irmão, mas não era amigo dela. Noah, no final das contas, a intrigava até demais.

Mas ela assentiu. Eles começaram a correr novamente, um do lado do outro.

[...]

Dex havia fugido. Ele era um garoto rápido e pequeno, portanto, quase ninguém percebeu que ele havia estado na Cornucópia. E, agora, ele se escondia em uma árvore extremamente alta, provavelmente uma das maiores da Ilha, constatou.

Enquanto isso, o menino remexia em uma mochila que havia conseguido no banho de sangue que havia sido a Cornucópia.

Uma garrafa de 1 litro de água. Bom. Um saquinho mediano de bolachas. Não duraria muito tempo seu mantimento, mas estava bom por enquanto. Cuidadosamente, ele pegou um pedaço de uma bolacha e mordeu, comendo lentamente, cuidadoso. Depois, abriu a tampa da garrafa e bebeu pouquíssimas gotas para refrescar a garganta que ardia e os lábios agora rachados.

No outro canto da ilha, Lucy e Blane, haviam simplesmente evaporado. Principalmente Blane, que não dava para saber onde se enfiara. Talvez estivesse em uma das praias, que, sem dúvidas, eram um dos lugares mais perigosos da Ilha. Lucy anotou isso mentalmente, enquanto andava com uma mochila nas costas. Nela, havia apenas itens de sobrevivência. Ela estava totalmente desarmada.

Andava cautelosa, olhando para todos os lados ao ouvir qualquer tipo de som. Então, parou um pouco, se encostando em uma árvore e revistou a mochila mais uma vez, frustrada. Lá tinha que ter algo para se defender. Ela nem olhava direito no que mexia, estava tão apressada e desesperada que nem se importava muito, até sentir algo cortando suavemente seu dedo. A ardência tomou conta. Uma gotícula de sangue escapou. Ela resmungou alto, raivosa. Depois levou as mãos à boca. Merda, pensou. Alguém poderia ter ouvido e estar se aproximando para matá-la. Bom trabalho.

Lucy analisou o dedo um pouco, vendo somente um corte superficial. Estreitou os olhos e analisou bem a mochila novamente.

Sorriu de orelha a orelha, deixando as covinhas aparecerem.

Um canivete!

Levantou-se rapidamente e girou o canivete entre mão e mão, satisfeita. Porém, o sorriso e a sensação de poder logo se dissiparam ao ouvir passos. Não, não eram exatamente passos, mas sim...

Rastejos. Com gemidos de dor.

Ela parou imediatamente. Ficou imóvel, como uma estátua de pedra de Medusa. Ela apertou mais ainda o canivete, olhando para todos os lados. Os gemidos agonizantes viam do lado direito, percebeu.

Lucy deu um pulo para trás ao ver o que era.

Era uma pessoa. Uma menina sangrando, possuindo duas facas trincadas em coxa. Morrendo. Com uma adaga nas mãos. Então, Lucy a reconheceu. Essa era Lunna, ou metade do que um dia Lunna fora. Ela não poderia se defender de Lucy, nem mesmo tendo uma adaga e Lucy possuindo um canivete em mãos. Ela era uma menina semi-morta, encarando a outra com um olhar de puro terror. Lucy carregava a mesma expressão.

— Não... — implorou. O pedido de misericórdia de Lunna era como um sussurro estrangulado. — Por fav...

Ela cuspiu sangue. Não conseguiria completar nenhuma palavra sem se engasgar.

Ela estava sofrendo muito e ainda queria viver.

Mas não conseguiria e Lucy sabia disso. Matá-la nesse momento seria como... ajudá-la. Pelo menos, na cabeça da garota era assim. Entretanto, no final de tudo, ela seria apenas menos um tributo para perturbar.

Ela arrancou a adaga nas mãos raladas de Lunna. “Desculpe”. Pensou, com os olhos grandes e uma expressão desolada. Não queria matar ninguém, mas era necessário. Era...

Cortou a garganta de Lunna e retirou as duas facas de sua perna. Ela pôde ouvir claramente o som do canhão em seguida.

[...]

O céu ficou escuro rapidamente, junto com a temperatura que caiu drasticamente. Se antes estavam reclamando do calor que os fritava vivos, agora reclamavam do frio.

— Detesto essa temperatura. — resmungou Kieran, estalando os dedos da mão atingida pela lança que agora possuía uma faixa em volta, feita por Halee. Para sua surpresa, ela sabia fazer muito bem um curativo.

Halee estava passando as mãos em seus braços e pernas, tentando inutilmente se esquentar do frio, o que não resolveu em absolutamente nada. Ela bufou com os dentes rangendo, irritada. Em questões de tempo e comida, Halee era quem mais sofria.

— Então, iremos caçá-los? — perguntou Jace olhando admirado para seu mangual. Depois, virou o rosto e olhou-os com as sobrancelhas arqueadas. — Devem estar desprevenidos e fracos nesse momento. É uma boa hora para se aproveitar.

— Mas nós também estamos fracos.

Todos olharam para Luvye, descrentes. Ela engoliu em seco. Era óbvio que os outros tributos estavam em situações mais precárias, mas os Carreiristas ainda estavam machucados. E Kieran, por mais que tenham achado antídotos excelentes o suficiente para acelerar sua cicatrização de um modo realmente incrível, ainda estava fraco por mais que não quisesse admitir. Não que Luvye se preocupasse com ele.

— É melhor para nós ficarmos aqui agora. — falou do modo mais persuasivo que conseguiu, dando de ombros. — E de manhã, também. Só para, então, de noite, caçarmos eles. Eles nem terão tempo de se recuperarem, na verdade.

Demorou um tempo para ela convencer os outros, mas todos acabaram cedendo, menos Halee, que continuava murmurando o quanto Luvye era estúpida e fraca. Ela ficou quieta, não querendo arrumar nenhuma briga. Estavam cansados e queriam descansar e queriam dormir pelo menos na primeira noite na Arena.

De repente, as imagens dos tributos mortos surgiram no céu.

Meredith Claire, tributo do Distrito 3. Peter Gaskarth, tributo do Distrito 5. Thauan Winkler e Lunna Herondale, ambos do 6.

Somente quatro mortos no primeiro dia dos Jogos.

— Quatro mortos? — Alexa riu. — Somos um fracasso.

Kieran grunhiu.

— Se aquela puta do 12 não tivesse fodido com a minha mão, esse número seria o triplo.

Definitivamente, era um número baixo. Porque, estas mortes, não passavam de nada além de números para os Carreiristas. Não eram vidas, não para eles. Menos para Luvye, que ficou com os olhos arregalados, olhando parada a imagem de Lunna Herondale se dissipar enquanto sentia seu peito se afundar. Fora ela quem enfiara as facas na perna dela. Fora ela quem a matara.

Nunca pensou em sentir um remorso tão forte.

Jace apenas revirou os olhos e se deitou. Todos os outros fizeram o mesmo, com Luvye se oferecendo para ficar de guarda e eles aceitaram. Luvye, nem de longe, representava uma ameaça para os Carreiristas. O clima continuava ficando cada vez mais frio e Luvye se sentia presa em um freezer. Ela rangia os dentes e tremia. Se continuasse assim, todos morreriam facilmente nessas condições. Boa jogada, Capital!

Olhou para os Carreiristas. Todos dormiam. Com certa dificuldade, mas dormiam. Ela poderia aproveitar e usar suas facas para matar todos facilmente enquanto dormiam totalmente indefesos. Era... fácil demais, como Kieran lhe dissera.

Luvye olhou para a pilha que haviam os suprimentos dos Carreiristas. Mordeu o lábio inferior de nervoso e olhou novamente para eles. Dormindo como pequenos anjos. Entretanto, tinha noção de qualquer menção de som poderia acordá-los facilmente.

Mas era agora ou nunca.

Levantou-se cautelosamente e andou até a pilha, pegando uma mochila mediana com alguns alimentos e cobertores. Não faria tanta falta assim. No outro lado da pilha, avistou seis garrafas de água. Uma boa quantidade. Ela pegou duas. Bem, isso faria falta. Mas eram apenas uma mochila e duas garrafinhas de água. Eles não poderiam ficar tão bravos assim... Luvye colocou a mochila nas costas, colocando firmemente as duas garrafas nos bolsos laterais da mochila. Depois, olhou de relance para os Carreiristas. Continuavam dormindo pesadamente e tremendo.

Deu um suspiro de alívio.

Começou a andar, botando um pé atrás do outro. Do jeito mais cauteloso possível. Não podia correr, muito menos rastejar. Estava a uma distância razoável da Cornucópia e só mais alguns passos significariam que estaria livre e... sentiu algo frio na nuca, uma ponta afiada espetando sua carne, clamando por sangue.

Parou de andar, parou até de respirar.

Ela começou a se desesperar. Diversas perguntas invadiram sua mente. Kieran? Halee? Jace? Alexa? Todos a matariam com facilidade e com prazer. Luvye estava praticamente morta, colocando na cabeça que tentaria de tudo para não receber a morte de um modo humilhante, até sentir a lâmina rasgar a pele, afundando mais. Ela arfou. Era um sinal para que se virasse. Então, se virou e viu.

Ela viu Jordan empunhando uma espada para seu pescoço.

— O que você pensa que está fazendo? — ele sibilou com os olhos escurecendo.

Era a primeira vez que o vira sussurrar.

Ela continuou parada.

Jordan apertou mais ainda a ponta da espada, deixando um rastro de sangue escapar. Luvye conteve um gemido de dor. Ele não hesitou mesmo assim.

— Eu só quero sair. — falou rapidamente, com os olhos começando a queimar. Ele continuava encarando-a. Ela se desesperou mais ainda, porque aquele olhar era agonizante, matando-a por dentro. Não aguentando, exclamou: — Se quer me matar, mate agora!

Halee começou a se mexer.

Luvye queria chorar, mas continuava parada encarando Jordan de queixo erguido. Mesmo sabendo que Halee acordaria e todos os outros também. Só para se reunirem e matarem Luvye, uma morte lenta e dolorosa. Inesquecível. Ela fechou os olhos, mas não sem antes escutá-lo.

— Corra.

Reabriu os olhos.

Jordan cedeu à espada.

Luvye ficou boquiaberta.

— O quê?

— Corra. Anda, vai! — Jordan a empurrou e ela caiu no chão como uma criança perdida, completamente estupefata. Halee se mexeu mais uma vez. Ele chutou a perna de Luvye. — Corra! Antes que eles acordem! Vai logo, Luvye!

Ela não sentiu a dor do chute diante do choque. Ela apenas balançou freneticamente a cabeça e pegou uma das garrafas que havia caído no chão. Então, começou a correr.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Eu particularmente gostei deste capítulo.
Mortes: 4