Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Desculpa, meu note ficou sem internet - ainda tá, eu to no pc dos meus pais, kk. Enfim, espero que gostem do cap. E de novo: muuuuuuuito obrigada pelos reviews!! Espero que não abandonem a fanfic logo agr que ela vai terminar!!



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— Aprenda: você mereceu essa surra e a outra, outra e outra. Entendeu?

Bethany se abaixou e ficou cara a cara com Kieran que a encarava emburrado com o cenho ligeiramente franzido. Ela se aparecia um pouco com ele; olhos castanhos, mas os dela eram tão escuros que era difícil distinguir a sua pupila, tinha os cabelos longos e castanhos, rosto duro e sério. Era alta, já Kieran era pequeno demais para garotos da sua idade. Olhos geralmente vermelhos pelo choro, raramente tinha um brilho. 

Ela agarrou o rosto do irmão com força.

— E se você for escolhido para os Jogos Vorazes, hein? – ela disse com rispidez. – Uma vergonha para nossa família, nosso Distrito e inclusive, você mesmo, Kieran. 

Ele se soltou das garras da irmã.

 — Eu sei me virar.

Bethany arqueou uma sobrancelha e depois contorceu os lábios no que parecia uma espécie de sorriso de deboche. 

— Claro. – disse e depois se aproximou mais do irmão. – Como se virou agora sendo transformado em um saco de pancadas humano com aqueles meninos? E não me venha com a desculpa idiota que eram mais velhos, eles tinham a sua idade. – ela olhou para os vermelhos dos braços dele. – Kieran, você continua sendo aquele mesmo menininho de sete anos, não é? 

 — Não. 

— Então prove. 

A garota se levantou e olhou para a rua deserta, pousou o olhar em um garoto de aproximadamente oito anos, corpo magro, mas também atlético. Apesar de parecer saudável, não parecia ser um risco para ninguém, especialmente para garotos mais velhos.

Kieran tinha atualmente 12 anos. 

Bethany girou a cabeça para o irmão.

— Arrumei pra você um treinamento.

[...]

Astrid caiu no chão.

Contorceu a boca e o rosto ao sentir a dor entrar mais forte pela sua perna e deu um ruído de horror. Era terrível, era como se tivessem botado fogo na perna dela, não a mordido. Ardia e ardia demais. De todo caso, a dor não era desconhecida para Astrid.

Olhou para o céu nublado acima e começou a gritar:

 — Se eu tenho algum patrocinador, essa é a hora de você aparecer!

Nada.

Tudo bem, ela já esperava isso. Agora era só esperar um pouquinho... Ela deve ter um patrocinador, certo? Ela deve ter alguém que quer ajudá-la. Ela nem era tão fraca assim, pelo menos, agora ela não era. 

Astrid finalmente entendeu o jogo: não é esconde-esconde, não é “não gosto de você, por isso eu te mato primeiro”, nem sair matando todos que estiverem na frente. Se você fizer isso, você é um descontrolado, louco ou um psicopata retardado. Se bem que nem psicopatas fariam isso, eles são espertos demais para ser um Kieran da vida. 

Olhou para o céu de novo. Era angustiante. Não tinha ninguém ao seu lado, e quando tinha, ela o deixou ir. 

De repente, pensou estar sendo esmagada contra um concreto.

Era assim quando pensava em Noah, no quanto ela foi idiota, no quanto ele fez para protegê-la. Ela não sabia até o dia da morte dele, mas ela realmente gostava dele. 

— Tudo bem, ninguém acredita em mim. Estou acostumada mesmo.

Com dificuldade, se sentou e analisou o machucado.

Era simplesmente terrível olhar para aquilo. Estava em carne viva, furos de dentes na carne pela a boca do bestante, o sangue parou um pouco. Isso não importava, olhar para o machucado pareceu aumentar mil vezes a dor que já era insuportável. Deu um gemido de dor.

Não sabia o que fazer agora.

Simplesmente não sabia o que...

Ouviu algo cair pesadamente logo atrás de suas costas.

[...]

Jordan olhou para o pai e assentiu.

— Ótimo.

O homem olhou para o menor, provavelmente irmão de Jordan pela aparência.

— E você, Hunter? – perguntou com o rosto sem expressão, com olhos quase mortos. 

— Eu consegui desarmar três da minha idade e dois de quatorze e quinze, pai. – respondeu com um sorriso, mas como não teve resposta, fechou o rosto totalmente.  

— Não me chame de pai. – ele disse. – Senhor é o correto.

— Sim senhor. – responderam os dois.

Jordan e Hunter tiveram sua mãe morta quando eles tinham entre seis e três anos. Então, de família, só tinham o pai. 

Não sabiam praticamente nada do pai, nem o consideravam pai direito, para dizer a verdade. Archer não era o pai amoroso ou o atencioso ou o que conta piadas. Era apenas o pai rígido, ordens e mais ordens, era esse apenas o contato que tinha com os filhos: para dar ordens e instruções. Geralmente relacionados a treinamentos.

Archer era diferente do pai de Kieran, aparentava não ter sentimentos, era sério todo o tempo e era raro bater nos filhos. O castigo dele pode ser muito pior que receber uma surra. 

Hunter se jogou na cama e ela rangeu.

— Eu queria ter um pai, não um treinador. 

Jordan se sentou calmamente na cama e olhou para o irmão.

— E eu queria ter uma mãe, não um cadáver. 

Hunter olhou de relance, resmungou algo que Jordan não entendeu e depois olhou para o teto sem dizer mais nada.

— Agora eu posso ser escolhido. – começou Hunter com a voz baixa e com uma pontada de tristeza. Depois forçou um sorriso para o irmão mais velho. – Tem um lado bom: poderei sair daqui e não vou mais te irritar por um tempo enquanto estiver na arena. 

Jordan deitou-se na cama e começou a olhar para o teto cinza do quarto, depois de dar um suspiro, respondeu:

— Até perdi as contas de quantas vezes meu nome vai estar naquele sorteio. – disse e depois deu de ombros. – Eu tenho muito mais chances que você.

Hunter sabia disso, mas nunca falava.

— Mais chances do que eu de ser um vitorioso?

Jordan franziu o cenho.

— Você sabe que eu não me importo com isso.

Jordan tinha quinze e Hunter doze; fisicamente eram a cara da mãe morta, na personalidade, eles têm a sua própria baseado em ninguém, já na força e estratégia talvez tenham puxados ao pai. Apesar de recusarem serem parecidos com o pai.

— De qualquer maneira, – continuou Jordan. – não teria motivos para ficar feliz nem triste de ir para a arena. Eu não tenho nada a perder. Quanto aqui quanto lá.

Hunter sabia o que queria dizer.

Ele não tinha medo de morrer.

[...] 

— Então nós temos patrocinadores. – corrigiu Túlio falando rouco. – Não eu nem você. Apenas nós.

Dex pegou o frasco com uma pomada que não conseguia identificar – um daqueles remédios caros da Capital, obviamente, talvez tivesse curas milagrosas – e começou a passar delicadamente na pele de Túlio e passava em alguns dele próprio. Mas os de Túlio eram bem piores.

— Ai. – resmungou Túlio. – Isso arde.

— Espera. 

Passou mais um pouco nos piores machucados e até em alguns hematomas, depois de alguns segundos esperando, Dex e Túlio já sentiram a diferença. A queimação de antes foi substituída por uma sensação de alívio gigantesca.

A dor se dissipando lentamente... Lentamente...

Até ir totalmente embora e os machucados não terem mais aquele aspecto grotesco e terrível na pele. Dex ficou totalmente espantado com isso e depois deu um sorriso e Túlio acompanhou. 

Realmente, eles tinham patrocinadores.

Eles poderiam ganhar.

[...]

Kieran levou a mão novamente à orelha esquerda. 

Não conseguia acreditar que ainda não tinha mais uma parte dela. Não foi um pedaço grande, mas ainda era horrível e doía. 

Tirando a parte da orelha e o trauma, ele estava melhor do que antes. Patrocinadores também o ajudaram: tomou uma espécie de remédio, agora os músculos não estavam mais doloridos e a mão que fora atingida pela lança de Astrid no primeiro dia estava mil vezes melhor.

A pele agora, estranhamente, parecia ser de chumbo; ele estava mais pesado, não que havia ganhado peso – pelo contrário, mas depois desse remédio o corpo parecia ter mais de cem quilos. Isso não era tão ruim, apesar de não conseguir correr tão rápido quanto antes, estava bem mais forte.

Agora ele teria que ter um plano, obviamente, o plano começaria com a palavra “atacar”. Escolher uma vítima? Todos eram suas vítimas agora.

Nunca sentiu mais forte do que antes. 

Pegou sua cimitarra do chão e começou a andar lentamente. Olhava para todos os lados, não por medo dos outros tributos e sim caso aparecesse algum bestante de repente. Ou então, aparecesse um tributo mesmo, ele não poderia perder mais nenhuma chance de matar quem quer que apareça na sua frente.

— Hoje será um dia inesquecível.

Kieran não é um psicopata.

— Dois vermezinhos irão morrer.

Ele se diverte com as mortes das pessoas que ele odeia, sentir remorso, ele sente. Mas nunca, jamais, ele irá se arrepender.

— Suas gargantas irei cortar.

Psicopatas escondem seus sentimentos, ou melhor, eles não o têm. Kieran tem mais sentimentos do que você pode imaginar. Ele é intenso, um turbilhão de sentimentos está dentro dele, trocando constantemente.

 — Mas antes...

Ele é apenas um garoto traumatizado.

— Irão sofrer muito mais que isso antes de...

Nascido para matar.

Morrer.

[...]

Túlio se levantou do chão com ajuda de Dex.

— Vamos sair daqui. 

— Acho melhor não. – respondeu Túlio e depois pensando um pouco, completou: - Não é muito seguro.

Dex utilizou o argumento de “que nada agora era seguro, ou melhor, nunca foi e nunca será”.

— Nem nos nossos Distritos estamos seguros: você pode ter sua língua arrancada, você pode morrer de chibatadas, de doenças e seu coração pode explodir a qualquer momento. Porque como você sabe, ele é uma bomba e...

Túlio começou a balançar as mãos para ele parar de falar e depois deu um sorriso.

— Meu Deus, como você vive pensando em tudo isso?

— Só sou realista.

— Aham.

Dex também sorriu e eles riram baixinho. 

Sorrir, rir e qualquer tipo de coisa que representasse felicidade nesse lugar eram muito, muito raro. Principalmente nos tempos de hoje. 

— Espera, eu ouvi algo. – disse Túlio parando de rir. 

Dex também parou e se levantou junto com ele para ver o que era.

Túlio fez um sinal para que Dex continuasse no mesmo lugar, para somente ele ver o que era, o garoto menor fez uma espécie de chiado protestando que não, mas  Túlio pareceu nem ouviu e prosseguiu. 

A sensação de ser espancado há pouco tempo se dissipava fisicamente lentamente, mas, psicologicamente, é inesquecível. Ele ainda podia sentir Kieran dando-lhe chutes, socos, ponta-pés e diversos talhos pelo corpo. Repassando a cena em sua mente toda hora. 

Como estava escuro, Túlio teve que apertar os olhos para ver o que era, mas dava para perceber que era algo pequeno. Ou que parecia ser algo pequeno; não dava pra saber ao certo. 

Chegou mais perto da coisa e antes que pudesse deduzir o que era, sentiu algo o pegando atrás. Girou o corpo mais rápido que conseguia agora e tentou dar um soco em Kieran.

— Ai, para com isso, retardado. 

Túlio parou ao reconhecer o sussurro. 

— Dex? – sussurrou de volta não conseguindo ver direito quem era, até reconhecer os grandes olhos do menino. – Que merda! Eu falei pra você ficar lá, não me seguir. Eu te acertei?

Dex resmungou algo e saiu de vista de Túlio, depois de alguns segundos, chamou baixinho Túlio até ele. Apontou para uma coisa branca.

— Nem um tributo, nem um bestante, nem um Kieran.

— Coelho? 

— Acho que sim.

— Coelho bestante?

— Sem chances. – confirmou Dex.

Antes mesmo deles pensarem em talvez comerem o coelho – e eles com certeza pensaram nisso – o coelho começou a correr tão depressa que seria impossível pegá-lo nessas circunstâncias. 

Vários galhos começaram a se quebrar atrás deles. 

Dex e Túlio se entreolharam; agora eles já sabiam o que fazer, não dava pra se acharem os super-heróis e lutarem, morreriam desse jeito. 

A questão agora era correr.

— Ei, não fujam! – gritou alguém atrás. – Eu só quero conversar, sabiam? 

Depois ouviram uma gargalhada.

Dex virou bruscamente para trás – ainda correndo – e conseguiu identificar quem era. Já era esperado de qualquer maneira.

A lua agora aparecera, dando um efeito sombrio e prateado no rosto sorridente de Kieran enquanto corria. Ele parecia bem demais. Isso deixou Dex irritado, achava que pelo menos um pedaço da orelha arrancado dele o deixaria ruim, traumatizado talvez.

— Eu ainda posso alcançar vocês!

Dex virou novamente levantando o dedo médio e fez um gesto obseno para Kieran.

Depois apressou o passo junto com Túlio.

[...]

Jordan sentiu as dores das costas pelas garras dos bestantes indo lentamente. Era uma sensação ótima, uma sensação de alívio extraordinariamente boa, coisa que ele nunca esperou sentir aqui.

Nos cruéis e conhecidos Jogos Vorazes.

Principalmente agora que Luvye estava morta. A única garota no qual ele realmente sentiu algo. O garoto que todos julgavam frio, rancoroso, vingativo e discreto demais se apaixonou por uma garota.

Where did you go? Where did you go?
Where did you go...?

A garota que atualmente é um cadáver. 

As days go by the night's on fire

Como sua mãe.

No matter how many deaths that I die, I will never forget
No matter how many lives that I live, I will never regret

Matar Halee não foi o suficiente. Ele teria que fazer mais; nem que morra por isso.

There's a fire inside, of this hear




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Notas finais do capítulo

30 Seconds to Mars - Hurricane



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