Trigésima Edição escrita por Liv


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem palavrão e talvez tenha umas cenas mais "fortes"... Mas nem é tanto assim, não se preocupem. kk



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A garota voltou para a casa com o corpo e cabelos totalmente molhados.

Chegou encontrando seu irmão mais velho e o melhor amigo dele; nunca o tinha visto realmente, só algumas vezes e provavelmente ele deveria ter a idade dela. Só alguns meses mais velho, talvez.

— Onde você se enfiou, Astrid? – perguntou seu irmão com o cenho franzido.

Astrid fez um gesto com as mãos de indiferença.

— Andando por aí.

— Não deveria.

— Você não é o papai.

— O que está acontecendo aqui?

A mãe dos dois apareceu e logo franziu o cenho ao ver a filha toda molhada e foi dizendo que iria pegar um resfriado assim. Só depois olhou para os três esquilos que o filho e o amigo conseguiram.

— Mereço ou não mereço um abraço de agradecimento por conseguir esses três esquilos saborosos, hein?

— Ei, Caine! – exclamou o amigo.

— Vocês dois merecem. – disse a mãe sorrindo.

Depois de um tempo, trocada, Astrid voltou para a sala para comer o que eles caçaram e hoje iriam comer junto com o melhor amigo do irmão. Nem sabia ao menos o nome dele, talvez seria legal conhecê-lo.

Quando chegou na sala havia apenas o garoto; sua mãe e seu irmão haviam simplesmente sumido.

— Oi. – ele disse.

Ela balançou a cabeça como cumprimento.

— É Astrid, não é? O seu nome.

— Aham. – ela respondeu e depois de algum tempo acrescentou: - Eu não sei seu nome.

O garoto sorriu.

— Noah.

Astrid retribui o sorriso e lançou-lhe um olhar provocativo:

— Bom te conhecer, Noah. Mas saiba que eu posso caçar melhor que você e meu irmão juntos.

E foi para seu quarto deixando Noah sozinho.

— O que essa garota tem? – ele murmurou.


Astrid olhou para cima vendo o céu escuro ser tomado por relâmpagos e raios. A chuva forte começou a cair.

Raios começaram a cair por todos os lados inclusive nas árvores próximas a ela; começou a xingar e a correr novamente.

Escorregou e bateu com força no chão, um raio caiu próximo – alguns metros, o que fez ela girar rapidamente para o lado e ter um som estranho que a acompanhava para todos os cantos que fosse no ouvido. Ele estava doendo.

Ela andava como uma bêbada, mas andava e tentava correr, correndo aos tropeços e com uma dor de cabeça e no ouvido enorme. A dor na barriga pela fome aumentou mil vezes agora enquanto corria.

Havia uma caverna na sua frente, nunca tinha visto ela antes, apesar de nem saber se já esteve nesse canto da arena antes. De qualquer modo, a caverna era o lugar mais seguro agora.

Ou talvez não.

Os raios estavam mais distantes, mas ainda estavam caindo em diversos e os sons que faziam eram terríveis. Parou de andar em direção à caverna ao ouvir gritos e gemidos de dor.

Não dava para ver o que havia lá dentro, mas ela se aproximou, não entrou na caverna, apenas chegou a uma distância considerável da entrada e dos raios.

— Então você se achou mais esperto que eu, não é mesmo? – alguém gritava de lá de dentro. – SE ACHOU MAIS FORTE QUE EU?

Essa voz… Ela conhecia…

Astrid ouviu outro grito de dor e estremeceu.

Olhou para o lado e encontrou uma figura grande correndo; molhado, com sangue – não dava para saber se é seco ou recente – e sem a camisa com um curativo mal feito na barriga.

Jordan alguma coisa. Distrito 2.

Era isso que ela sabia.

E ele estava entrando na caverna.

— Não!

Astrid deu um pulo para trás.

O grito veio da caverna e parecia uma voz de um garoto de quatorze ou treze. Não de um de dezessete ou dezoito. Jordan havia parado de ir em direção à entrada da caverna; parecia preocupado com outras coisas agora.

Virou a cabeça de lado e encontrou um animal saindo das sombras pulando em sua direção. Por pura sorte, conseguiu se desviar e pegar seu arco antes que o bicho avançasse novamente nela.

A flecha foi diretamente no crânio.

Correu para longe da caverna ao ver mais bichos saindo aos montes e a perseguindo.

Coiotes com pequenos olhos dourados, pelo negro e com o corpo gigantesco com suas patas ágeis e rápidas demais.

Os raios pararam, mas a chuva continuava e os gritos na caverna agora eram muito mais altos e aterrorizados.

Kieran gritava. Dex gritava. Túlio gritava.

Astrid acertou outra flecha em outro coiote; os coiotes não paravam, continuavam correndo. Um deles era o maior e rosnava constantemente para Astrid com uma fúria que nunca imaginou ver de um animal.

— Matar humana. – rosnou ele.

— Matar humana. – seguiram os outros coiotes com seus rosnados engasgados.

Coiotes não…

Coiotes não falam.

Mas esses falam e não era hora de ficar se perguntando isso; era hora de fugir e de sobreviver. Um coiote tentou morder a perna dela e Astrid deu-lhe um chute na cara e o coiote foi para o chão choramingando.

— Matar humana!

— Suas bestantes filhas da puta! – gritou Jordan e cortou o pescoço de um coiote e outro gritou de dor ao receber um golpe nas costas.

Os coiotes olharam para Jordan e vários começaram a ir até ele, deixando Astrid com apenas um coiote a sua frente.

O maior coiote mordeu a perna dela.

Ela caiu no chão gritando de dor.

— Me solta! Me solta! – ela berrava enquanto o coiote mordia a perna dela com mais força. – Me solta, seu animal imundo e nojento!

— Matar humanos. – rosnou um coiote distante.

Astrid começou a chorar.

— Você está me perseguido ou é impressão minha?

O garoto deu um sorriso.

— Sabia que eu estava fazendo essa pergunta justamente agora? – ele chegou mais perto da garota colocando a mão na cintura dela. – Então, Alexia, você está me seguindo?

Alexia riu; um som encantador, suave, doce e nada exagerado, o som mais bonito que o garoto já ouviu na vida dele.

— Ah, claro. – ela disse abrindo o sorriso. - Sou sua admiradora secreta, você sabia?

Ele sorriu.

— Certo, e você merece um recompensa por isso.

— Recompensa?

O garoto não disse mais nada, apenas a puxou para mais perto e a beijou; um beijo longo e apaixonado. Os lábios deles se soltaram e ela suspirou:

— Túlio…

— Então, você está gostando disso? ESTÁ GOSTANDO?

Túlio recebeu outro chute enquanto se retorcia no chão.

Não podia se mexer, não podia respirar, não podia se defender, não podia fazer nada. Agora ele era um nada.

Apenas um pedaço de carne humana ridícula.

Cadê o Túlio conquistador? Onde será que ele foi?

Agora ele só podia pensar sobre o passado.

— Pois eu espero que esteja.

Kieran deu um chute em sua cabeça e em seguida deu um sorriso ao ver o garoto que um dia foi uma ameaça a um menino espancado.

Ele se abaixou para ficar cara a cara com Túlio e deu um risinho ao ver o rosto dele com vários cortes sangrentos e um olho inchado.

— Então você se achou mais esperto que eu, não é mesmo? – ele disse e então gritou no ouvido dele: – SE ACHOU MAIS FORTE QUE EU?

Kieran se levantou e girou sua cimitarra até posicioná-la no pescoço de Túlio.

— Boa viagem até o inferno, viado. – ele sussurrou e Túlio choramingou.

Nem capaz de falar ele era agora.

Levantou a cimitarra mais uma vez e fez um corte na coxa do garoto em vez do pescoço, depois fez um talho no seu braço direito e um corte mediano na testa dele deixando o sangue percorrer a face de Túlio.

— Ninguém é mais forte que eu. Eu sou forte, eu que sou, você não. Você não passa de um fraco.

Depois colocou novamente em seu pescoço e começou a enfiar a cimitarra na carne enquanto Túlio arregalava os olhos e dava outro grito de dor.

— Não!

Esse grito não saiu da boca de Túlio, não mesmo. Até ele pareceu surpreso por tê-lo ouvido.

Kieran girou o corpo para trás procurando a pessoa que gritou. Então algo o agarrou pelo pescoço e mordeu sua orelha.

— Arrrgrhh, sai de cima de mim! – ele gritou espumando de raiva e de dor e deu uma cotovelada na pessoa que estava em cima dele e foi para outro canto.

Colocou a mão na sua orelha esquerda. Não tinha um pedaço dela e sangue estava banhado em sua mão. Ele ficou horrorizado.

Kieran estava aterrorizado.

Um pedaço da minha orelha foi arrancada!

Começou a gritar e a procurar Dex. Só pode ter sido ele quem fez isso.

Onde está esse pirralhinho? Ele pode ter arrancado um pedaço da orelha de Kieran, mas agora, ah, Dex pagaria com metade do seu corpo arrancado.

Algo mordeu o tornozelo de Kieran.

O garoto rugiu e virou a cabeça para ver o que era esperando ansiosamente ser Dex.

Não era ele.

E sim uma figura negra com olhos dourados e brilhando com a boca cheia de sangue enfiada na carne de Kieran.

— Animal escroto. – murmurou Kieran e então deu um murro na cabeça do animal e ele rolou para trás atordoado.

Mais bestantes começaram a ir em direção a Kieran.

Dex correu para Túlio que parecia estar desacordado.

— Túlio! Túlio! – chamava Dex sacudindo os ombros de Túlio. – Acorda! Anda, vai! Por favor, eu sei que você não morreu!

Túlio abriu lentamente os olhos.

Dex suspirou de alívio.

— Vamos sair daqui.

— Eu…. n-n-não con-consigo… – ele gemeu e depois fechou os olhos novamente pela dor.

— Eu levo você.

Dex se levantou rapidamente e lançou um dardo em um bestante que queria morder a perna de Túlio e o coiote caiu morto no chão.

— Vamos vencer isso juntos.

Jordan matou mais um coiote.

Não sabia quantos havia matado, mas ainda tinha muitos, seria impossível matá-los.

Impossível.

Jordan poderia morrer, ele não se importava mesmo; mas antes, ele iria matar esses desgraçados.

Outro coiote caiu morto no chão.

Alguns coiotes se distanciam do garoto, outros avançavam ainda mais, mas nenhum dos bestantes se arriscava agora chegar tão perto como antes.

— Garoto humano morrer.

Jordan caiu no chão com patas arranhando suas costas.

Ele começou a gritar de dor e agora mais coiotes começaram a se aproximar. Talvez ele fosse comido vivo ou só estraçalhado mesmo.

— Matar humano.

Houve um rugido.

Os coiotes caíram no chão como se alguém os tivessem empurrado; começaram a rosnar loucamente e a mexer a cabeça de um lado para o outro.

Astrid se aproveitou disso e começou a correr para longe com a perna sangrando enquanto diversas lágrimas escorriam pelo seu rosto sujo.

— Ir! – rosnou um coiote desesperado. – Ir!

E eles foram indo para longe da caverna cambaleando e com suas cabeças mudadas doendo loucamente.

Outro rugido foi ouvido. 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem.