Quem passasse por aquele local, naquele exato momento, iria presenciar mais uma briga entre mãe e filha. Muitos diriam que era uma falta de respeito e ousadia da garota de apenas 13 anos, enfrentar sua mãe daquele jeito.

Mas por que ela tinha que ser tão incompreensiva? – A pequena garota loira se perguntava mentalmente.

- Por quê você não consegue compreender? – Novamente a garota tinha se aumentado o seu tom de voz. – É o meu sonho, meu desejo, se a senhora tem medo de realizar seus objetivos, não devo me espelhar nisso, devo correr atrás do que quero! – A garota se virou para ir ao seu quarto.

- Natasha! – Sua mãe a chamou firme – Você acha que esse mundo é fácil? Acha que tudo é brincadeira de criança? Dormir no chão, em florestas, o frio, a fome.. – suspirou – você não iria durar duas horas fora dessa casa!

- E qual é a sua sugestão mãe? Que eu passe a minha vida inteira dependendo de você? Que no primeiro obstáculo que eu tiver, eu devo sentar e chorar esperando que alguém venha me ajudar? – Natasha se segurava para não derramar as lágrimas que já estavam se formando.

- E o que você espera Natasha? Que eu entregue minha filha para o mundo a fora e nunca mais vê-la? Você pode ser atacada por um Pokémon feroz, selvagem e faminto. E você nem tem um Pokémon, você teria que ir até a cidade em que entregam os iniciais, e você não irá! Fim deste assunto. – Sua mãe lhe deu as costas, mas parou um pouco surpreendida pelas seguintes palavras de sua única filha.

- Papai me apoiaria! – Natasha subiu as escadas e entrou em seu quarto.

Escorregou com as costas apoiadas na porta e não conseguiu segurar mais as lágrimas que caiam sem parar.

- Por que você teve que partir pai? – Murmurou para si mesma enquanto soluçava.

Por mais que a menina não quisesse aceitar, sua mãe estava certa em uma parte. Ela não tinha Pokémon, e não conseguiria arranjar um do nada. Mas quem disse que ela precisaria de um daqueles três pokemons inicias de Johto? Era apenas comprar um conjunto de pokebolas e ir atrás de um Pokémon que lhe agrade, a cidade de Ecruteak era cheia de pokemons selvagens, principalmente na torre queimada que o lendário lugia habitava.

Levantou-se decida. Passou os olhos pelo quarto e parou o olhar sob uma mochila branca e vazia. Sorriu fracamente e segurou a mochila, vendo sua profundidade.

Pegou algumas mudas de roupas que utilizaria, alguns mantimentos, um saco de dormir que estava em baixo de sua cama.

Pegou seu cofrinho e quebrou, contando suas economias. Não era muito, mas daria para sobreviver por umas duas semanas. Colocou o dinheiro escondido na bolsa.

Tomou um banho rápido e colocou suas roupas. Após arrumar seu cabelo, em uma gaveta qualquer pegou um presente que havia ganhado de seu pai quando criança, uma touca com o símbolo de uma pokebola.

Havia uma foto antiga na cabeceira de sua cama, nela estava seu pai,sua mãe e ela sorrindo abraçados.Se desculpou mentalmente e abriu a janela e pulou.Na cidade a noite, não era tão perigoso e qualquer coisa poderia ir ao centro Pokémon que sempre ficava aberto.

Foi ao pokemart mais próximo e olhou as coisas que poderia comprar.

- O que a senhorita gostaria de comprar? – Um idoso trabalhador perguntou.

- Eu preciso de pokebolas e comida para Pokémon! – respondeu um pouco animada.

- Ah sim, uma nova mestre de Pokémon? – Perguntou meio sorridente.

- Não senhor , meu sonho é ser uma top-coordenadora! – Deu um enorme sorriso contagiante.

- Sendo assim, te desejo boa sorte! – O homem sorriu – O pacote com 6 pokebolas ficam 50 reais e 1 pacote com ração Pokémon fica 20 reais, porém farei um desconto para você, farei por apenas 50 reais!

- Muito obrigada senhor! – Agradeceu e deu o dinheiro ao homem.

Saiu da loja e com um pensamento nada feliz, adentrou a floresta, que por ser a noite estava mais assustadora do que nunca. Viu uma sombra correr e cair dentro de uma moita. Com medo, mas com certa curiosidade pegou sua lanterna e foi até lá. Viu um Pokémon miúdo e caído lá, tinha chamas fracas em cima de seu pequeno corpo, que quase se apagavam. Viu direito iluminando e viu que era um cyndaquil, sem pensar duas vezes o pegou no colo e correu com ele para o centro Pokémon, que graças a bom deus era longe de sua casa.

- Preciso que cuide deste Pokémon urgente!

- Onde encontrou este Pokémon ?– Perguntou a enfermeira Joy

- Na floresta, ele esta muito machucado e precisa de ajuda rápido! – Natasha implorou com os olhos e Joy saiu correndo com o Pokémon no colo.

Natasha se sentou em um banco que tinha lá e esperou notícias, mas a escuridão tomou conta do local.

- Moça....Moça... – Natasha acordou assustada.

- Onde eu to? Que ano é esse? – Perguntou muito rápido , arrancando uma leve risada da enfermeira.

- É sobre o Cyndaquil que você trouxe há algumas horas atrás,sente-se é uma história complicada. – A loira se sentou e a Rosada sentou ao seu lado. – Aquele Cyndaquil foi abandonado por um treinador que passava pela cidade, o treinador veio aqui neste centro Pokémon e disse a seguinte frase “ Estou me livrando deste ser inútil”. O pequeno cyndaquil fugiu do centro Pokémon logo após e foi procurar seu dono. Ele esperava sempre na entrada da cidade, mas cansado da espera adentrou a floresta e nunca mais o vimos, a não ser hoje que você o trouxe.

- Mas que treinador idiota... – Natasha apertou as mãos diante da raiva, mas viu que um Pokémon rosa trazia o Cyndaquil totalmente recuperado em uma maca.

Natasha se levantou e foi até o Cyndaquil que a olhava feliz. A loira entendeu o recado e assentiu firme.

- Você gostaria de ir comigo cyndaquil? Prometo achar este treinador que te largou e nós dois vamos mostrar a ele o seu poder.

- Quil quil – Esta foi a resposta do Pokémon. Natasha sorriu e pegou a pokebola e lançou no pequeno Pokémon. O momento de tensão chegou. A pokebola balançava de um lado para o outro, várias vezes e parou. A moça pulou que alegria e segurou a pokébola sorridente. Havia conseguido seu primeiro Pokémon. Mas logo uma feixe de luz vermelho apareceu e cyndaquil tinha saído da pokebola.

- Pelo jeito este Cyndaquil não gosta da pokebola! – Disse Joy.

Este seria o começo de uma amizade.