Para Sempre Shadow-Kissed escrita por liljer


Capítulo 34
Capítulo 32




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Eu não sabia exatamente qual a distância até o chão, até cair nele. A grama verde havia amortecido minha queda, mas acredite em mim, havia feito um grande estrago ao meu tornozelo e aos meus jeans.  Todo o tempo em que eu havia estado ali, naquele lugar, amarrada como um dos terroristas em filmes, me fez sonhar o quão uma bomba de chocolate me faria bem. Ou até mesmo, o quão café me cairia bem. E enquanto eu corria — ainda que mancando e resmungando internamente — pelo jardim, tentando ser o mais silenciosa que uma pessoa que havia torcido o tornozelo conseguia, eu me peguei desejando estar em outro lugar. Quem sabe numa cama quente, ou nos braços de Dimitri.

Dizem que só percebemos as coisas que temos, quando estamos perto da morte. E eu definitivamente não queria perceber, muito menos, estar perto da morte.

Eu me abaixei dentre os arbustos mais próximos, tentando calcular uma boa distância até o portão há mais de cem metros. E diabos... Lá de dentro da casa, através da janela, a distância parecia bem menor. Eu suspirei, agarrando um pequeno galho, e o apertando de tamanha raiva. E notando então, que aquele poderia ser minha única arma. Braddy nem ao menos pode me arranjar uma estaca, ou uma arma ou o que quer que fosse. Mas bem, eu não podia reclamar muito. Não havia muito ao que ele pudesse fazer.

Eu contei até três, olhando para cima, para notar que logo anoiteceria por completo. Eu tinha que ser rápida, e meu tornozelo gritava que não me ajudaria.

Ainda agachada, eu corri até outro arbusto, mais distante. Depois outro e mais outro. Eu odiava admitir que caminhar reto seria mais rápido, mas eu ainda seria mais visível do que pelas laterais da propriedade e bem... Os muros não pareciam nada amigáveis para mim. Eu não queria pensar muito nas câmeras ali perto que provavelmente me pegariam se eu fizesse muito movimento.

Ok, Rose, pensei. Não seja covarde. Basta... Você já foi assim sua vida toda.

Com um resfolegar revigorante — ou a tentativa disso —, eu tirei meu suéter vermelho, sentindo a tristeza por destruir uma roupa tão boa, e o amarrei no meu tornozelo, ficando apenas de um top branco que eu usava por baixo. Amarrando o mais apertado que consegui, eu decidi que estava pronta. Segurando o galho apertadamente em minha mão, eu corri. Fazendo uma nota mental para agradecer depois à Dimitri, por termos treinado durante algum tempo.

Tentando não ligar para meus pulmões que começavam a parecer que iriam explodir, eu cheguei à alguns longos metros do portão. Eu podia avistá-lo agora. Foi exatamente quando eu escutei os latidos.

Eu olhei por cima do ombro, tendo a certeza de que se eu tinha pensado que nada mais poderia piorar, eu estava enganada. Era quase impossível não ver os largos e brilhantes dentes daqueles animais.

Forçando meu tornozelo mais do que eu poderia aguentar, eu corri com mais força. Me jogando em uma das árvores, subindo nela. Os cães latiam abaixo, pulando na tentativa de me alcançar. Eu fiquei ali, por mais alguns longos minutos. Haviam se passado mais de cinco, no final das contas.

Eu sentei em um dos galhos, pressionando meu tornozelo dolorido, para em seguida, tirar o suéter e reamarrar ele o mais apertado possível. Infelizmente, eu sabia que não duraria muito se continuasse ali. O que era frustrante.

– Qual é, Rose... Você precisa tomar uma decisão... – murmurei para mim mesma. Eu desviei meus olhos dos cachorros para então olhar o horizonte. O sol estava à instantes de se por. Eu sabia o que aquilo significava. Logo, os strigois estariam ali fora, para ver a movimentação dos cachorros. E eu... Bem, eu estaria perdida. E com um pescoço quebrado menos de um segundo.

Eu agarrei o galho que antes eu segurava, e desamarrei meu suéter do pé. Amarrando-o em seguida no galho. Ok, pensei. Vamos lá. Eles são idiotas o suficiente... Eles vão cair nessa. E em alguns instantes, eu estava arremessando o galho para longe. O Mias longe que eu consegui. O galho caiu longe, e em seguida, alguns dos cachorros correram até lá. Deixando apenas um, que provavelmente achava que eu era mais interessante do que o galho. Eu suspirei frustrada. Um cão. Eu podia lidar com ele, uh?!

Eu escorreguei da árvore, para sentir uma mordida na perna. Eu mordi minha boca por dentro, para impedir um grito. O que soou mais como um gemido cerrado.

Quando caí, o mesmo cão veio novamente para cima de mim. O que me deu pouco tempo para agarrar um dos grossos galhos caídos da árvore e acertar o cão em cheio. Ele soltou um urro, mas tão logo, caiu, desacordado. Eu sabia que o urro havia sido o suficiente para alguém vir ver o que estava acontecendo. Minha perna doía, e por mais que eu quisesse, eu não conseguia manter meus olhos abertos. Eu precisava descansar... Meu corpo não mais aguentava aquilo. E eu sabia que com sorte, eu ficaria bem.

Então, eu escutei um barulho. Um humano, talvez. Mas eu não conseguia abrir os olhos para checar, assim como agarrar o galho novamente para acertá-lo, mas eu fiz meu melhor para pegá-lo. E bem... Eu estava pronta para qualquer humano. Mas... Ao contrário do que eu pude esperar, não foi um humano que apareceu. Foi um strigoi.

– Merda. – eu o escutei dizer com uma vez fria. Eu queria suspirar, ou mandá-lo para o inferno, ou até mesmo, enfiar aquele galho nele, mas eu não tinha forças para isso. – O que você faz aqui fora? – perguntou ele, se abaixando e me estudando. Ele me agarrou pelos ombros, foi exatamente quando eu juntei minhas forças, como se num golpe final, e acertei o galho em sua cabeça, com um grito de dor ele caiu no chão. Eu me estiquei mais um pouco, para que assim, eu pudesse acertá-lo mais e mais vezes com o galho.

Eu estava com raiva. Furiosa talvez fosse a palavra certa, e... Por Deus, eu desejava arduamente que ele morresse. Que todos os strigois morressem. Mas pelo andar da carruagem, não seriam os strigois quem morreriam primeiro.

Eu havia destroçado a cabeça do strigoi, eu podia sentir isso pelo cheiro forte ao meu lado. Não era sangue... Eu só não sabia dizer o que era. Apenas sabia que o pútrido cheiro de morte me deixou mais tonta do que o já esperado. Me fazendo perder quase que completamente a consciência.

– Aqui! – uma voz soou. E ao contrário do que eu imaginei ser uma voz ruim, tal como a de outro strigoi, aquela voz soou aos meus ouvidos mais como humana e bem — mais muito — bem vinda.

Quando eu abri meus olhos, para ver de quem se tratava, percebi ser a de um dos humanos que trabalhavam para os strigois ali. O que me fez ter certeza devido à marca de uma mordida em seu pescoço. O que era estranho, já que strigois costumavam ou matar de vez ou escravizá-la. E outra maldita vez, meus olhos se fecharam.

Meus olhos, mais pesados do que antes, se abriram, encarando o teto branco. Eu praguejei milhares e milhares de vezes, quando notei que não era um hospital ao qual eu estava e sim em qualquer outro lugar estranho. Eu teria procurado por Lissa, se eu não tivesse tão cansada mentalmente. Mas tudo o que consegui foi uma aflição dela e saber que ela estava bem.

– Você realmente achou que conseguiria fugir? – uma voz soou. Eu virei minha cabeça milimetricamente para ver Marcus sentado em uma poltrona, de pernas cruzadas. Em seu formal terno preto. Seus dedos entrelaçados sob o queixo, numa postura que me lembrou dum mafioso. Bem... Exceto que aquele tipo de coisa me lembrava de somente Abe.

– Me deixe em paz... – balbuciei, tentando me mexer, mas meu corpo doía demais para aquilo.

– Você não entende?! – ele se materializou à minha frente. – Você deveria ter cumprido nosso acordo. E por mais que eu goste da ideia de caçar você pelo resto da sua vida miserável, eu ainda tenho planos, Rose. Você estava incluso neles...

– Você não queria só Liss... – balbuciei. Algumas coisas pareciam se juntar em minha mente. Elas estavam lá... E ao mesmo tempo, não. Ele gargalhou jovialmente. – Você...

– Ibrahim. – ele disse. – Ele quem quero, minha cara. E matar você, não me tem nenhuma serventia, mas seu pai tem. Tem ideia do quanto ele destruiu meus negócios por aí? Ele deveria saber que não se deixa a filha por aí, desprotegida... Pelo menos, não protegida por um humano.

– Você matou Braddy...

– Não. Não matei. Mas vou matar você. Claro... Depois de você me dizer tudo o que sabe e me ser útil pela primeira vez na sua vida.

Eu queria mandá-lo para o inferno. Eu abri a boca para mandá-lo para lá, mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ele sussurrou alguma coisa, olhando para meus olhos. Então, de repente, eu não odiava mais ele. Eu pisquei algumas vezes, tentando me concentrar naquilo que parecia oculto na minha mente. Ele havia me compelido.

Enquanto eu tentava fugir daquilo, um alto som soou do lado de fora do quarto. Antes que eu pudesse esboçar qualquer outra reação, eu pulei da cama, ainda que mancando pelo meu tornozelo dolorido, e caminhei até a porta.

– Uh-hm! – Marcus balançou a cabeça, negativamente com um sorriso. Eu abri a boca para argumentar, mas nada saiu. Eu apenas suspirei, me sentindo derrotada. E então, outro barulho soou. Foi quando, estrondosamente, as portas duplas do quarto se abriram. Entrando um punhado de guardiões.

– Rose! – a voz soou. Eu me virei para encarar Dimitri, que parecia ainda mais preocupado, à medida que me estudava.

– Vá. – eu escutei a voz quase que sussurrada, soando no meu ouvido. E antes que eu pudesse ter controle, eu avancei no grupo de guardiões. Chutando, depositando socos, acertando vários em seus estômagos. Eu apenas não entendia o porquê de estar fazendo aquilo. Eu apenas podia escutar a gargalhada de Marcus, e aquilo parecia me alegrar bastante. Então, lá estava Dimitri, toda a sua postura retomada, tão fodão quanto eu me lembrava.

Não era exatamente como nos treinamentos que nós fazíamos às vezes, quando o Espírito queria me enlouquecer completamente. Era algo mais mortal. Porque de alguma forma, uma parte de mim queria que ele morresse por minhas próprias mãos. Eu me abaixei, o suficiente para pegar uma estaca no chão, que rolava perto de mim. Apertando-a em minha mão, nós começamos a andar em círculos, prevendo cada golpe.

E quando eu desferi o primeiro golpe, um soco em seu peito, Dimitri segurou meu braço, me puxando contra ele e me imobilizando. Torcendo minha mão o suficiente para que a estaca caísse.

– Ele te compeliu. – ele sussurrou. Estávamos quase do outro lado do quarto, então, eu escutei novamente a gargalhada de Marcus em minha mente. Me fazendo sentir mais e mais raiva. – Rose! Acorde!

Eu pisquei, ainda que não conseguisse sair daquele maldito transe.

– Oh, Rose! – eu escutei a voz familiar e um tanto dura. Naquele mesmo instante, Marcus estava parado junto à porta. E eu vi seu sorriso brilhar, e no mesmo instante, meu corpo congelar. Foi exatamente quando minha mãe entrou no meu campo de visão. E antes que eu pudesse ao menos pensar, um som de crack soou.

– Não! – eu gritei em desespero, saindo totalmente do transe. Minha garganta pronta para se fechar. Mãos fortes me seguraram, as de Dimitri, pude notar. Eu senti meus olhos se encherem de lágrimas instantaneamente. Marcus havia matado minha mãe. Janine Hathaway estava morta.


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Notas finais do capítulo

Gente... Tipo. Desculpa por semana passada não ter tido post. Eu realmente tive um bloqueio mental de inspiração ou o que quer que possa ter vindo a ser. O que foi muito ruim para mim... Sem falar no meu cansaço.
Mas... Eu consegui postar esse sábado. [/amém
Então... Não me matem por esse capítulo, ok?! u_u
Até a próxima, beijinhos e se cuidem! ;3



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