Capítulo 10 – Podemos tentar de novo?

James encontrou Carlos calado, sentado na mesa comendo suas panquecas. O latino parecia abatido, tinha olheiras estampadas em seu rosto, estava óbvio que não dormira direito. James aproximou-se do amigo e se permitiu sentar-se na cadeira a seu lado. Carlos nem pareceu perceber a chegada de James, continuou olhando fixamente para seu prato ainda cheio.

-E aí? – disse James em tom baixo.

-E aí, James. – respondeu Carlos sem muita animação, ainda olhando para o prato.

-Sabe, você não pode ficar aqui o dia inteiro. Você ta sozinho? – perguntou James.

-Sim, Kendall foi dar uma caminhada com a Sra. Knight e Logan saiu com Kate pra ir a uma loja nova de games. – respondeu o garoto levantando-se e indo sentar-se no sofá.

James foi até a geladeira pegar uma caixinha de suco de laranja.

-Vamos descer pra piscina então. – disse animado. –Anda, tá o maior sol lá fora!

-Eu não tenho nada pra fazer lá embaixo. – resmungou Carlos abraçando os joelhos e balançando de um lado para o outro como uma criança. –Não quero encontrar as Jennifers.

-Carlos – disse James sentando-se ao lado do amigo. –Elas moram aqui. Uma hora ou outra você vai acabar encontrando. Não dá pra você ficar escondido aqui pra sempre.

O latino não respondeu. James o puxou pelo braço.

-Vamos descer, quer você queira ou não!

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Os dois desceram para a piscina do Palm Woods, Carlos ainda de cara feia, e deitaram em duas espreguiçadeiras bem de frente para o sol. Não conversaram muito, apenas relaxaram aproveitando o calor de Los Angeles. De repente, uma sombra encobriu Carlos que logo abriu os olhos, virou-se e se deparou com Jennifer parada bem atrás de sua espreguiçadeira. James, que também havia se virado logo disse:

-O que você quer?

-Não precisa ser grosso, James. – disse a morena. –Só quero falar com Carlos.

-Quer encher a cabeça dele com mais mentiras pra depois...

-James, vai. – cortou-lhe Carlos. –Não se preocupe, sei me virar.

-Tem certeza? – perguntou James, ainda olhando feio para a garota que magoara seu amigo.

-Sim.

James levantou-se e logo se afastou indo pegar uma vitamina. Jennifer tomou a liberdade para sentar-se aos pés da espreguiçadeira que antes era ocupada pelo outro rapaz.

-Então...

-Me desculpa Carlos, não era pra ter acontecido daquele jeito! – disse Jennifer angustiada.

-Na verdade, não era nem pra ter acontecido. – retrucou o garoto, seco, sem ao menos olhar para a menina.

-Deixa eu te explicar? – implorou Jennifer. –Por favor!

Carlos voltou-se para ela, tentava parecer desinteressado, mas não conseguia esconder a tristeza em seus olhos. Afinal, os olhos são a janela da alma e a alma de Carlos estava ferida. Aquele olhar motivou Jennifer ainda mais, lhe causando arrependimento pelo que fizera, mas também lhe dando certeza do que sentia.

-Nós realmente tínhamos apostado. Eu não estava muito feliz com a ideia, mas topei por pressão. Também pensei que poderia ser uma desculpa para as meninas pra que eu realmente pudesse sair com você. – começou a morena, segurando uma das mãos de Carlos. O garoto pensou em evitar contato físico, mas o calor das mãos de Jennifer o fez desistir da ideia. –Tínhamos combinado de não contar nada a você, mas elas fizeram. Eu sinto muito, essa foi a única maneira que eu encontrei de driblar as meninas e poder sair com você, eu queria muito isso, já faz muito tempo. Eu...eu gosto de você.

Carlos não pôde deixar de abrir um sorriso. Ele sentia que Jennifer estava sendo sincera, do mesmo jeito que sentira durante o jantar daquele encontro, por mais que houvesse lhe parecido estranho na primeira vez. Ele pegou delicadamente uma das mãos da morena e levou-a até o lado esquerdo de seu peito, repousando-a por cima de sua camiseta. Ela pareceu um pouco confusa com o gesto, mas o aceitou de bom grado.

-Está sentindo? –perguntou Carlos. –É isso que sempre acontece com o meu coração quando eu vejo você, quando eu estou com você. Desde o primeiro dia.

A garota estava pasma com as palavras do cantor, nunca pensara que aquele atrapalhado pudesse ser tão romântico. Sentia-se bem com as batidas do coração de Carlos pulsando em sua mão.

-Eu sei que parecia meio ridículo no começo eu ficar correndo atrás das Jennifers, mas eu nunca desisti porque sabia que o que sentia era verdadeiro. Você não sabe o quanto me machucou com aquilo. Mas eu te perdoo. Te perdoo porque sei que esta sendo sincera.

Uma lágrima correu pela face de Jennifer e ela logo tratou de enxugá-la.

-Me desculpe, eu realmente sinto muito. Podemos tentar de novo? – perguntou a garota, tentando não criar muitas esperanças.

-Claro. –respondeu Carlos. –Eu tenho que ajudar a Sra. Knight com o jantar hoje, vou preparar minha especialidade. Se você quiser?

-O que? Quer que eu vá jantar no seu apartamento?

-Sim, te espero lá as sete. – dizendo isso, Carlos deu-lhe um beijo na bochecha e saiu da área da piscina, deixando a morena totalmente desnorteada sentada naquela espreguiçadeira.

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James, ainda preocupado por seu amigo estar sendo seduzido novamente pela víbora pegou uma vitamina e foi sentar-se em outro lugar. Logo avistou aqueles belos cabelos loiros e reconheceu Amanda sentada em uma cadeira, olhando fixamente para ele. O garoto resolveu se aproximar.

-Oi. – disse puxando uma cadeira e sentando-se ao lado da menina.

-Oi troço. – Amanda respondeu-lhe seca.

James não pode deixar de rir.

-Nossa, se eu não sou bem vindo é só avisar que eu saio. – disse fazendo a menção de sair, mas a loira logo o puxou de volta.

-Não, pode ficar.

-Ah, obrigado senhorita. – James deu um gole em sua vitamina. –Quer?

-Não. – os dois ficaram em silêncio por alguns minutos, Amanda pensativa, James tentando adivinhar o que se passava com Carlos e Jennifer.

O garoto levou um susto com a pergunta repentina da loira.

-Como foi o seu encontro com a Laisla?

-O quê?! – exclamou James, que não estava prestando atenção. –Como você sabe?

Amanda bufou.

-Ai James, eu moro com ela né? Ela é minha amiga!

-Então porque você não pergunta pra ela? – questionou James como se aquela fosse a coisa mais óbvia do mundo.

-Escuta aqui James, se você partir o coração da Laisla eu juro que mato você! – avisou Amanda apontando o dedo na cara do garoto.

-Por que eu faria isso, Amanda? – perguntou James sério, abaixando a mão da menina.

-Você é lindo demais pra ter sentimentos, cara. – disse a loira, ainda mais séria. –É daquele tipo de pessoa que não ama ninguém a não ser a si mesmo.

James a encarou, a expressão totalmente mudada. Ele estava sério demais e era possível notar lagrimas se equilibrando no canto de seus olhos, tentando não cair.

-Você...não tem o direito de falar dos meus sentimentos. Você não sabe nada sobre eles.

E dizendo isso, James levantou-se e deixou Amanda sentada, sentindo-se extremamente mal. Não devia ter dito aquilo a James, realmente não sabia nada sobre ele. Esse era um problema. Quando Amanda se apaixonava, costumava tratar mal o garoto. Mas isso não aconteceria mais. Desta vez, ela estaria disposta a mudar. Por ele.