Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura ^^



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-E agora, o que fazemos? – perguntei.

         -Convocamos todos que vão nos ajudar, reunimos tudo e invadimos o Partido – Seth respondeu.

         -É um bom plano – elogiei.

         -É mais do que isso, é um excelente plano – Alice discordou.

         E eu tive que concordar.

-Esse é o plano? –  perguntou visivelmente desapontado.

         -Sim, esse é o plano – Alice revidou irritada.

         -Pois ele é uma grande merda!

         Estávamos no refeitório, agora sala de conferências. Edward estava numa das pontas da mesa, ao seu lado estavam Jasper e Emmet, outros representantes estavam ao redor da mesa, na outra ponta estava Alice, eu do seu lado direito e Seth do lado esquerdo. Ela se oferecera para apresentar o plano e nós concordamos, só Alice tinha a desenvoltura certa para fazer os outros concordarem conosco.

         A situação ficou tão crítica que em menos de um dia todos os representantes estavam lá, furiosos conosco, querendo explicações e um plano. Nossas explicações não surtiram muito efeito, nossos planos menos ainda.

         -Calma Emmet – Jasper pediu num tom amenizante – Por favor, pode rever o plano? – ele pediu educadamente sorrindo para Alice.

         Eu não sabia bem o por quê, mas tinha a impressão que, por causa de Alice, já podíamos contar com o apoio de Jasper.

         -O plano é simples: vamos invadir o Partido e tomar o poder, mas não como um golpe de Estado e sim como uma forma de reorganizar a política nacional. Nós mostraremos para todo o país o que está acontecendo, provaremos tudo, depois deixaremos que eles escolham seu próprio presidente.

         -Como pretendem tomar o governo? Não temos força nem armamento suficiente para barrar os soldados – Jasper considerou.

         -Na verdade, nós temos – eu respondi cansada.

         Tínhamos esmiuçado o plano todo com eles, e eles ainda tinham as mesmas dúvidas.

         -Seth é um hacker, ele pode fazer tudo o que quiser com seu computador. Inclusive, prender a maioria dos soldados em seus quartéis. Todos nós sabemos que o governo usa um mecanismo eletrônico em suas instituições. Nós temos as armas, todas as armas que precisamos. Nós temos aliados no exército que, na hora certa, vão nos ajudar. Nós temos políticos que querem destruir o partido, assim como nós. Nós temos tudo. E vocês sabem disso!

         Apesar de ter mantido a voz estável, meu tom petulante e furioso estava bem perceptível.

         -Eu não sei de nada – Emmet berrou furioso – Tudo o que eu sei é que por causa de um motivo pessoal, você arriscou a vida de todos nós, sua menina idiota – e ficou de pé, tremendo.

         -Idiota? Pelo menos eu tenho um plano que vai dar certo! Eu consegui invadir Concluán! Eu consegui resgatar meu irmão! O que você fez? – e fiquei de pé também.

         -Bella e Emmet, calma vocês dois – Alce pediu com autoridade, ficando de pé.

         Uma tentativa boa, mas inútil. Nada me acalmaria naquele momento. Eu não tinha chegado até ali para ver o plano que Seth montara sendo jogado no lixo.

         -Eu estou tentando manter as pessoas seguras e vivas – ele respondeu a minha pergunta.

         -Então eu tenho uma novidade para você: ninguém tem segurança. Você e nada dá no mesmo, não precisamos de esconderijos, precisamos de liberdade!

         -Falou a dona da razão! – ele provocou rindo com sarcasmo – Você não tem moral para falar comigo, é só uma pirralha idiota que não tem noção da grandeza do nosso problema, uma menininha mimada que finge ser mulher. Não estamos brincando aqui, estamos lidando com vidas! Não que você seja capaz de entender isso, só faz as coisas que quer, o que te interessa…

         -Isso é uma mentira! – Alice retrucou furiosa.

         -Deixa Alice – eu mandei com frieza, usando um tom inquestionável – Quero que você diga tudo o que pensa sobre mim. Vamos lá Emmet, sou toda ouvidos.

         -Está vendo – ele disse para os outros, eu realmente estava tirando ele do sério – Ela não leva nada a sério, tudo é uma brincadeira, um joguinho de provocar e irritar. Você é só uma criança mimada que não teve uma surra do pai e da mãe, o grande erro deles, por que se eles tivessem feito isso, você saberia de vez qual é o seu lugar!

         -E qual é o meu lugar? – perguntei friamente.

         -Uma creche, ou casada com um playboizinho qualquer, não me importo realmente, desde que você não esteja aqui. Desde que chegou, só trouxe confusão com você. Fala que invadiu Concluán e que resgatou seu irmão. Salvou duas vidas, em compensação colocou todos nós em perigo. Você não calcula seus atos, age por impulso, sem parar para refletir nas conseqüências. É egoísta, é prepotente, é irritante, é impulsiva e irresponsável; e uma pessoa assim tem que ficar bem longe de nós.

         -Chega Emmet – Edward estava muito bravo, só quando ele gritou com o amigo foi que eu percebi.

         -Ela é a sua ruína, meu amigo – Emmet revelou – Só você não percebe isso.

         -O que ela é ou não para mim não importa – Edward revidou com esforço, lutando para se manter calmo – Não estamos discutindo seu caráter, e sim o plano.

         -Eu não faço planos com crianças – ele devolveu decidido.

         -Tudo bem, eu me retiro – cedi com frieza.

         -Bella! – Alice reclamou indignada.

         -O plano é brilhante Alice, Seth é um gênio, eu não vou atrapalhar essa reunião com a minha presença. Apesar de Emmet não concordar, eu me importo sim com o que pode acontecer, quero que isso tudo termine e só há um meio de se conseguir isso. Se me dão licença.

         Eu caminhei para a porta, foi quando ouvi Emmet comentar alguma coisa, foi baixo, então não pude distinguir suas palavras, mas meu sangue ferveu e eu me virei, mais furiosa do que antes:

         -E isso, Emmet, não é criancice, e sim diplomacia, ou tato, se preferir. Embora falte os dois para você.

         E saí triunfalmente do refeitório.

         Xingando na minha cabeça todos os nomes feios que ouvira naquela casa, mas com o rosto impassível.

         Ia para o quarto quando dei com Carlisle saindo de um dos quartos.

         -Bella – ele cumprimentou feliz.

         Eu tinha chegado no dia anterior com meu irmão, apesar de ter me visto, ainda não tínhamos tido tempo para conversar.

         -Carlisle – e o abracei.

         -A reunião já terminou?

         -Eu me expulsei de lá – respondi irritada.

         -Sério? Por quê?

         Nós caminhamos pelo corredor, indo para a enfermaria por costume do que por necessidade. Talvez, mais tarde, Emmet precisasse ir lá por necessidade.

         -Conhece Emmet? – perguntei sentando na única cama, ele foi para a cadeira.

         -Conheço, é um bom rapaz. Por quê?

         -Ele foi muito, muito grosso comigo. Ele não quis aceitar o plano só por que eu estava envolvida nele! Ele me tratou como se eu fosse… como se eu fosse uma inútil, uma pedra no caminho! – eu estava indignada.

         -E Edward, o que fez?

         -Ele não fez nada! – e aquilo era o centro da minha irritação – Ele não me defendeu, simplesmente disse que aquilo não vinha ao caso – e fiz uma imitação ridícula de sua voz – Que ódio.

         Soquei a maca. Para meu espanto, Carlisle riu como se eu tivesse acabado de contar a melhor piada do mundo.

         -O que há de tão engraçado? – perguntei de mau humor.

         Ele percebeu melhor meu estado de espírito e parou de rir.

         -Sabe, Edward, Jasper e Emmet estão juntos há muito tempo, e quando você, Seth e Alice chegaram aqui e eu pude conhecê-los, tive a impressão que estava vendo os três primeiros.

         -Como assim?

         -Seth é como Jasper, os dois pensam muito antes de agir, calculam todas as conseqüências, todas as falhas, teoria de mais, prática de menos. Alice é como Edward: explosiva, inquieta, um pouco mandona, destemida, corajosa, às vezes até mesmo um pouco estúpida em sua coragem, impulsiva, odeia ficar de braços cruzados, quer sempre estar no centro de tudo, age sem pensar; muita, mas muita prática mesmo. Em compensação, zero de teoria.

         Eu ri, percebendo que ele estava certo. Vendo por esse lado, era incrível a semelhança entre eles, principalmente entre Alice e Edward. Foi então que eu entendi.

         -Espere aí! Acha que eu e o Emmet somos parecidos? – perguntei indignada.

         -Sim – ele respondeu não mostrando nenhum traço de inquietação – Vocês dois são o equilíbrio entre Edward e Jasper, Alice e Seth. Posso resumi-los com apenas um adjetivo: vocês dois são centrados.

         -Eu não sou parecida com ele! – neguei fervorosamente.

         -É sim, os dois se preocupam com as pessoas ao redor, querem proteger aqueles que amam, e não se importam em arriscar a vida nisso. São desapegados do amor próprio, não temem pela vida ou pela morte. Mas amam, de uma maneira até mesmo prejudicial, demais seus amigos e familiares. Vocês dois são capazes de tudo por aqueles que amam, mas não por vocês mesmos. É um tipo de altruísmo, só que mais forte, irracional. Quando Edward foi preso, todos temeram que Emmet fosse atrás dele, por isso ele foi o último que informamos, pois, quando ele soubesse, prevíamos do que ele seria capaz. Mas, no fim, foi você quem invadiu a prisão, nos surpreendendo e mostrando um caráter muito parecido com o dele.

         -Eu não sou grossa e não trato os outros mal – protestei.

         -Isso tem a ver mais com criação do que com caráter. Você foi criada num lugar refinado, aprendeu a ser uma dama, uma moça educada, fina, equilibrada, inteligente. Emmet cresceu num mundo bem diferente, aprendeu nas ruas e nos conflitos a ser um soldado, a ser um homem, e no pacote veio tudo incluso: uma educação frágil, irritabilidade, uma boca um tanto suja para pessoas como você. Mas, ainda sim, um bom coração, como o seu.

         -Sabe que eu não concordo com nada disso, não? – brinquei.

         -Na verdade eu acho que concorda, só não quer admitir de imediato. Mas tudo bem, Emmet também tem esse lado orgulhoso.

         Balancei a cabeça, sem acreditar que ele dissera mesmo aquilo. Carlisle voltou a rir da minha cara e eu me resignei, discutir não nos levaria a lugar nenhum.

         -Vem me ajudar, daqui a pouco Tânia virá para limpar o ferimento de seu rosto.

         Fomos para a pia esterilizar alguns instrumentos. Nós dois conseguíamos trabalhar com uma harmonia impressionável, era como se ele lesse meus pensamentos e eu os deles, nossos gestos sempre estavam em sincronia.

         -Alice me contou o que fez – contei rindo sem querer.

         -Não foi certo machucar o rosto da garota – ele reprovou.

      -Alguém devia ter dito isso a ela – eu sussurrei para mim mesma.

         -Guardar mágoa não é uma das características do Emmet – Carlisle falou parecendo surpreso.

         Olhei para ele, fazendo uma careta de “não acredito”.

         -Você está errado! Não tenho nada a ver com aquela coisa! – acusei sorrindo.

         -Vamos ver, vamos ver… – ele brincou.

         Espirrei um pouco de água nele. Quantos anos Carlisle tinha? Eu não sabia, quarenta, talvez menos, talvez mais. Mas nele eu podia ver um amigo.


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Notas finais do capítulo

E aí,gostaram? Comentem ^^



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