Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 34
Capítulo 34 -MODIFICADO


Notas iniciais do capítulo

Escrevi uma explicação abaixo, seria bom ler antes de começar o capítulo.
Boa leitura ^^



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–Vocês voltaram! – Peter correu na nossa direção, a felicidade mal disfarçada em sua voz – Que bom que estão de volta.

Ele deu um longo abraço em Seth, depois em Alice, Laura surgiu na porta, correndo na direção do tio com os braços abertos.

Peter parou perto de mim, olhando para o garotinho adormecido nos meus braços com confusão, notando certa semelhança entre nós.

-Você está de volta – ele falou, um misto de felicidade e decepção na voz.

-Eu nunca fui embora – respondi.

Era verdade, eu nunca deixara aquele lugar completamente, sempre estive ligada ali através de Alice, Seth, Peter, Carlisle e Edward, as pessoas que eu amava.

-Eu só fui para ter ele de volta – e beijei a cabeça loira.

-Quem é ele? – e se aproximou, mais amigável, olhando para meu irmão com curiosidade.

-Meu irmão, Erick Swan – apresentei com orgulho maternal.

Peter abriu a boca, surpreso e radiante.

-Que bom que ele está vivo! E que bom que você voltou, sentimos muito sua falta – ele confessou.

-Eu também. Eu posso entrar? Ele precisa dormir numa cama.

Ele riu e saiu da minha frente. Seth já tinha entrado, mas Alice me esperava na porta. Nós duas caminhamos juntas pela casa em ruínas, descemos a escada e fomos para meu antigo e novo quarto. Nada tinha mudado naqueles dois meses e meio, a minha cama continuava do jeito que eu deixei, assim como a bagunça de Alice e os brinquedos de Laura e das outras crianças.

Eu deitei meu irmão na minha cama, ele se mexeu, se acomodando melhor.

-Ele parece um anjinho – Alice comentou sentando na própria cama.

-Obrigada – agradeci como se fosse a mãe dele, e não sua irmã mais velha.

Nesse momento a porta se abriu e Charlote apareceu. Ela olhou para nós duas, depois para o menino adormecido e seus olhos se arregalaram em duas grandes bolas castanhas.

-Bella, você voltou!

E correu para me abraçar. Engraçado, eu não sabia que ela gostava tanto de mim. E, mais engraçado ainda, eu não percebi até ali que gostava dela também.

-Estou tão feliz que você voltou. E que conseguiu trazer seu irmão com você. Nós não sabíamos que você tinha ido por causa disso.

-Eu pedi para não contar – expliquei quando ela me soltou – Eu não tinha certeza se conseguiria buscá-lo, e precisava que ninguém soubesse disso até ter certeza de onde ele estava. Desculpe se dei a impressão que estava abandonando vocês.

-Não importa, o que importa é que agora…

Eu fiquei sem saber o que é que importava naquele momento, pois a porta do quarto foi arrombada (sim, eu não tinha uma palavra melhor para isso) e Edward entrou no quarto, o semblante mais furioso do que eu já vira até então.

-Saíam do quarto – ele mandou olhando para Alice e Charlote – Agora! – no final ele estava gritando.

As duas obedeceram, Alice hesitou, olhando para mim em dúvida, mas eu concordei e ela me deixou.

-Eu quero que você vá embora daqui! – Edward gritou assim que eles passaram pela porta.

-Edward, me escute – pedi com calma.

-Eu não quero mais ouvir nada do que você tenha a dizer. Quero você fora dessa… – e então ele se calou.

A boca dele estava aberta em espanto, seus olhos vidrados no garotinho que se mexia, incomodado com o barulho.

-Erick? Mas… Como? – ele gaguejou olhando para mim, toda a fúria abandonada.

-Foi por ele que eu saí daqui. Precisava resgatar meu irmão e, para isso, tive que ir embora Estavam me chantageando, e enquanto eu não tinha certeza de quem estava com ele, eu obedeci. Até que Seth rastreou o seqüestrador e nós resgatamos meu irmão.

Ele ficou parado, assimilando tudo o que eu tinha dito para ele. Depois que ele colocou as coisas em ordens dentro de sua cabeça, se voltou para mim, arrependido.

-Desculpe, eu…

-Você foi um grande imbecil – eu completei sorrindo com presunção.

-É, eu fui – ele se rendeu com um sorriso de alívio, percebendo que eu não estava brava com ele.

Ele balançou a cabeça, ainda muito sério. Havia algo borbulhando em seus olhos profundos, mas eu não sabia o que era, ele não permitia que eu desvendasse.

-Bella – ele parecia tomar muito cuidado com cada palavra – Eu não quero que fique aqui por obrigação ou por mim.

Por essa eu não esperava. Ele realmente me queria fora dali?

Edward percebeu minha confusão e a pontada de dor que começava a brotar em mim, ele soltou o ar de uma forma pesada e se aproximou de mim.

-Não é o que você está pensando, eu quero que você fique, mas sejamos realistas Bella, aqui não é lugar para você e para o Erick. Você tem uma mansão, tem os Black, pode voltar a ter tudo como sempre teve, ao invés de ficar aqui nessa casa minúscula tendo que dividir cada centímetro que há.

-Você vai comigo? – perguntei sem demonstrar na voz ou na expressão minhas reais intenções. Eu já podia imaginar sua resposta.

-Não – ele parecia confuso com minha pergunta – Eu tenho que ficar aqui, tenho que proteger os outros.

-Então eu vou ficar – decidi.

-Não Bella, não quero que fique por mim…

-Qual é o seu problema? – perguntei irritada – Por que não posso ficar aqui por sua causa?

-Porque eu não quero que você tenha essa vida de privações – ele devolveu num tom elevado – Porque eu quero que você e Erick tenham tudo, de novo; porque eu quero que você tenha uma casa cheia de quartos, sendo que um deles é só seu…

-Eu não me importo com isso – estava cada vez mais irritada – Eu não sou fútil como você pensa, eu posso muito bem viver aqui com os outros, ajudando Carlisle. E Erick não precisa de uma casa vazia, ele precisa de amor, ele precisa de cuidado e de proteção, por isso eu voltei. Eu achava que para nós dois haveria amor e proteção aqui.

Antes que eu percebesse eu estava chorando de nervoso, de desilusão, de abandono, de raiva. Edward me olhava, dividido. Em seus olhos eu via a agonia de uma luta interior.

-Bella – ele começou depois de um longo silêncio.

Eu não respondi, estava a todo custo contendo o choro, deixando que apenas as lágrimas rolassem em silêncio.

-Bella, eu prometi a mim mesmo que cuidaria de você. E eu acho melhor que você volte para o seu noivo.

-Saia daqui – eu pedi furiosa.

-Bella…

-Saia daqui! – eu berrei empurrando-o para fora.

Comigo empurrando e ele tropeçando, Edward deixou o quarto e eu malhei a porta torta, encostando minhas costas nela e caindo no chão, chorando. Eu acho melhor que você volte para o seu noivo. Escondi a cabeça nos braços.

Uma mão pequena tocou meus cabelos, eu ergui a cabeça, meu rosto molhado de lágrimas, um pouco de saliva, meus cabelos colados na minha testa. Erick me olhava com dor, eu o abracei e terminei de chorar com ele no meu colo. Ele ficou em silêncio, brincando com os pingentes das minhas correntes. Quando terminei, ele olhou para cima, para mim, e disse na sua voz doce e melodiosa.

-Eu vou cuidar de você Isabella.

Sorri, ainda com dor.

-E eu vou cuidar de você.

Peguei uma das correntes, a que havia a foto da nossa família. Eu retirei a aliança do meu pai e a coloquei junto do pingente que Alice me dera, pondo a corrente da minha mãe no pescoço dele. Curioso, ele abriu o pingente e viu a foto.

-Mamãe, papai e o Embry.

-E a gente – eu apontei sorrindo.

-Eu sinto muitas saudades deles – ele contou deitando a cabeça no meu peito.

-Eu também – revelei brincando com seus cachos amarelos – Mas eu estou muito feliz por que pelo menos eu tenho você.

Eu me ergui com ele no meu colo e o levei até a cama. Peguei minha mochila e abri um dos inúmeros compartimentos, retirando um pequeno álbum. Lá dentro havia a foto da minha família. Eu mostrei para ele e Erick ficou um tempo em silêncio, olhando aquelas fotos.

Suas bochechas ficaram vermelhas e seus olhos cheios de lágrimas, mas ele não chorou, apenas sacudiu a cabeça e me devolveu o álbum. Eu não sabia o que tinha acontecido com ele enquanto ele ficara nas mãos daqueles monstros, mas eu podia ver que ele estava diferente, mais forte, mais frio, mais velho, marcado pela dor e pela injustiça. Ele mudara. Eu também.

-Você se lembra quando… – e comecei a relembrar os momentos mais felizes que tivemos em família.

No início só eu falei, mas aos poucos ele foi se soltando e começou a falar de suas lembranças, sorrindo das brincadeiras do nosso pai, das confusões que ele e Embry aprontavam, dos passeios intermináveis pelo jardim de nossa casa, dos beijos doces e ternos que mamãe sempre tinha para nós. Nesse momento algumas lágrimas teimosas escaparam por seus olhos e ele deitou no meu colo, desconsolado. Ele precisava chorar, eu sabia disso, era o único modo de lavar um pouco a dor que impregnava nosso corpo.

-Eu tenho medo de esquecer da mamãe e do papai e do Embry – ele revelou – Quando estava lá, eu comecei a esquecer deles. Eu não quero esquecer Isabella…

-Você não vai – eu o tranqüilizei – Eu não vou deixar. Sempre que você quiser, sempre que você precisar, eu vou contar e recontar todas as nossas histórias, tudo que passamos como família. Eu vou te ajudar a lembrar do sorriso da mamãe, do abraço apertado do papai, dos olhos azuis e celestiais de Embry e de como nós nos amamos muito.

-Você promete?

-De todo meu coração.

Ele não respondeu, ficou ali deitado, chorando em silêncio, as lágrimas demoraram para secar, mas secaram, eu sabia que a dor demoraria mais, mas isso não era um problema, eu estaria com ele e poderia ajudá-lo a atravessar aquele tormento e sair inteiro dele.

Ouvimos uma leve batida na porta e Seth entrou com uma bandeja nas mãos, dois copos de leite e dois pedaços de pão duro estavam nela.

-Alguém aceita um lanchinho? – ele perguntou sorrindo.

Laura vinha logo atrás dele, a curiosidade emanando de cada parte de seu pequeno corpo. Ela olhou para meu irmão, surpresa com o que viu.

-Ele é seu irmão ou é seu filho? – ela perguntou confusa.

-Laura! – Seth chamou constrangido

-Tudo bem Seth – e ri – Ele é meu irmão Laura.

-Você parece mãe dele – ela falou convicta – Tem o rosto muito parecido.

Era verdade, eu e Erick tínhamos a mesma cor de pele e os mesmos traços faciais o que, apesar da grande diferença de idade, nos dava uma semelhança indiscutível.

Erick sentou na cama, pegando o pão com avidez e dando uma grande mordida. Eu e Seth olhamos para ele, esperando que ele fizesse alguma careta ou reclamasse da dureza do pão, mas ele olhou para mim maravilhado e exclamou:

-Isso é muito bom!

-O que é que te davam para comer garoto? – Laura perguntou fazendo uma careta, ela não era muito fã do nosso pão endurecido.

-Eles só me deixavam comer uma vez por dia – Erick contou para ela – E era uma sopa muito ruim, sem sal, com umas coisas muito estranhas juntas. Eu vomitava depois que eu comia e eles ficavam muito bravos comigo por causa disso.

-E o que eles faziam quando ficavam bravos? – ela estava curiosa, assim como eu e Seth.

-Me batiam – ele respondeu numa voz baixa – Mas isso foi no começo, depois um homem disse que eu não podia mais apanhar, que ele prometera que eu ficaria bem, então não podiam mais me bater.

-E daí, o que eles fizeram quando ficaram bravos com você? – Seth perguntou tentando manter a voz controlada.

Eu o conhecia bem demais, percebia que por trás de sua calma ele estava prestes a socar alguma coisa, seus ombros tremiam de leve e sua boca estava muito fina, em plena revolta.

-Eles paravam de me alimentar, ou de me dar banho. Às vezes eles ficavam brincando na minha frente e não me deixavam brincar também.

Uma série de palavras horrendas passou pela minha mente e Seth já não era o único a querer socar alguma coisa. Embora, no meu caso, eu quisesse socar alguém.

-Eles tocaram em você? – Seth perguntou sombriamente.

Senti meu estômago subir pela garganta e minha bile explodiu. Eu não pensara naquilo.

-Como assim? – Erick estava confuso.

Seth respirou fundo, depois tocou em seu próprio corpo, eu virei o rosto para o outro lado, não queria que ele se sentisse ainda mais constrangido.

-Por acaso – ouvi Seth perguntou – Eles te tocaram em algumas dessas partes?

-Ah – Erick soltou, entendendo – Não, eles não me tocaram ai. Por que me tocariam? – Ele perguntou ainda mais confuso – Eles não me davam banho.

Eu me virei, aliviada. Seth também estava. As duas crianças olhavam para nós com confusão, sem entender o porquê do nosso alívio. Mas não importava, meu irmão estava bem. Meu alívio era tão grande que eu comecei a rir e Seth riu comigo.

-Vocês são estranhos – Laura reclamou.

-Eu concordo!

Alice apareceu na porta, sorrindo. Seth foi para a beirada da cama, dando um lugar para ela se sentar. A menina se aproximou, dando pulos de alegria, e afundou no colchão.

Minha família estava completa!

-Qual é a próxima viagem? – Alice perguntou.

-Suicida – Seth caracterizou exasperado.

-Dessa vez eu tenho que concordar com o Seth – eu falei olhando para Alice – Nós já arrumamos confusão suficiente para um século, temos que dar uma parada, descansar…

-Vocês não podem ser assim tão ingênuos – Alice reclamou olhando feio para nós dois – Acha que vamos ter tempo para descansar? Por acaso eu matei o vice-presidente, dou menos de três dias para eles chegarem aqui. O partido vai virar cada pedra desse país a nossa procura, se não revidarmos rápido, nada do que fizermos vai ter valor, as pessoas não costumam acreditar muito em quem invade prisões e mata o vice-presidente.

Nossa! Eu não tinha pensado nisso, nem por um momento. Era hora de agir, de novo, embora tudo o que eu quisesse fosse um pouco de paz e sossego com meu…

Meu irmão!

O que eu faria com Erick? Pois eu fazia parte do plano, eu era uma peça importante daquilo tudo e levar meu irmão comigo estava fora de cogitação. Deixá-lo sozinho naquela casa também não era uma boa idéia.

-O que vamos fazer com as crianças? – perguntei olhando para Laura e Erick.

-Vamos deixá-los aqui – Alice respondeu com simplicidade, sem entender minha preocupação.

-Isso não é o bastante – Seth contestou – Quando estávamos invadindo Concluán, ninguém esperava por isso, eles nos procuraram, mas felizmente não nos acharam. Demos um tempo, as buscas deles não deram em nada. Mas agora é diferente, o Partido não erra duas vezes. Eles vão nos procurar. E vão nos achar. Eu não vou deixar a Laura aqui esperando por eles.

Alice pensou por algum tempo, eu também. Precisávamos de um lugar para eles, mas não tinha nem se quer idéia de onde podia levá-los.

 -Podemos levá-los para o Dino – Alice sugeriu.

 -Dino? – Seth perguntou espantado.

 Aquele urso gigante não era o que eu podia classificar como babá. Não mesmo!

 -Ninguém atacaria Dino – Alice explicou cansada, aquilo era óbvio para ela – Ele não tem uma casa, ele tem um forte! Ninguém tocaria nas crianças estando com ele. E se eu pedisse, ele ficaria com elas até ser seguro pegá-las de novo.

 -É uma boa idéia – eu percebi.

 -Acha mesmo que é seguro? Dino tem armas demais com ele, o Partido deve saber disso.

  -Eles sabem – Alice revelou com simplicidade – Mas não que Dino tem as armas que tem. Digamos que Dino é conhecido por fabricar armas de pequeno porte para os soldados. É com isso que ele ganha a vida “teoricamente”. Na prática, ele é um dos maiores comerciantes de armas do país. Vai por mim, Dino é intocável.

  -Eu acho uma boa idéia. E você Seth?

 -Não confio no seu amigo Alice – Seth disse com sinceridade – Mas se você acha que é seguro, eu vou aceitar.

  -Vocês vão embora de novo? – Laura nos interrompeu chateada.

 -Temos que ir Laura, não temos escolha, enquanto isso tudo não terminar, nós não poderemos ter paz. Temos que ir até o fim – Seth explicou para a sobrinha.

  -Isabella, você prometeu – Erick reclamou fazendo beicinho.

 -Eu prometi que estarei com você e que cuidarei de você. Mas, para isso, eu tenho que ajudá-los, se não nunca mais poderemos ficar juntos. Eu não vou morrer – prometi.

 -Vou cuidar dos dois, podem ficar tranqüilos crianças – Alice garantiu.

  Nos entreolhamos.

  Sim, nós cuidaríamos um do outro.

  -E agora, o que fazemos? – perguntei.

 -Convocamos todos que vão nos ajudar, reunimos tudo e invadimos o Partido – Seth respondeu.

  -É um bom plano – elogiei.

  -É mais do que isso, é um excelente plano – Alice discordou.

  E eu tive que concordar.


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Notas finais do capítulo

Talvez seja difícil entender,ainda assim...
Eu escrevi Piloto de Fuga inteiro, até que um dia tive coragem de postar.
Entretanto,modifiquei os últimos capítulos colocando um pouco de romance,mas não fiquei feliz. Fugiu ao que eu tinha escrito e a como eu queria que fosse a história.
Não sei o que acontecerá a partir daqui, talvez vocês desistam da história, sei que estou correndo um risco muito grande,porém eu não estava gostando da história e da forma como estava saindo.
Piloto de Fuga continuará sendo postada,muito me breve ela chegará ao fim, por isso desde já agradeço àqueles que permanecerem comigo até lá.
Atenciosamente,
Gabriela.