Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura :)



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Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Eu dobrei novamente o papel e olhei para frente, a poeira subindo enquanto nós corríamos pela região deserta de gente. Ao meu lado Seth olhava inquieto para fora, vez ou outra suspirando com desânimo, fora tocante vê-lo se despedir de Laura, eu quase chorei quando a menininha implorou que ele voltasse vivo, mas não concordei em levá-la, como ela me pediu. Seth não queria isso e eu não passaria por sua autoridade, ele era o responsável pela menininha, não eu.

Na frente vinha Alice e Edward, a menina estava de olhos fechados, mas eu sabia que não dormia, já que vez ou outra ela se mexia, também inquieta. Edward estava frio, dirigindo sem desviar seu olhar da estrada. Ele não deixara que fossemos só os três, disse que era perigoso de mais e que não nos deixariam passar pela barreira se ele não fosse. Como Alice não viu problema nisso e Seth estava atordoado de mais com sua despedida, eu não criei problemas e não disse nada. Antes de entrarmos no carro Edward me deu um pedaço de papel com aquele verso, dizendo no meu ouvido:

-Me desculpe por não considerar você um ser humano igual a mim.

Eu não respondi e entrei no carro.

O sol ainda não havia surgido, eu olhava as trevas sem ver nada, nossa respiração criando uma espécie de névoa densa dentro do carro. Eu não sabia onde estávamos, a paisagem era campestre, sem nenhuma marca que a distinguisse. O sono beijava minha mente com carinho, prometendo apagar tudo ao meu redor, mas eu lutava contra ele, não era hora de dormir, era hora de agir.

Seth me olhou e abriu a boca, mas não falou coisa alguma. A barreira surgiu a nossa frente. Meu coração disparou quando eu distingui as cores camufladas nas roupas dos pequeninos homens a distância que andavam pela barreira. Edward desacelerou um pouco, franzindo o rosto, depois respirou fundo e voltou a dirigir na velocidade normal, apesar de sua aparente calma eu podia perceber a inquietação passando por ele. Vez ou outra ele nos olhava, indeciso, com medo que nós fizéssemos algo de errado.

-Não vamos chamar atenção – Alice prometeu.

-Obrigado – ele agradeceu.

E sua inquietação diminuiu.

Paramos perto dos soldados, um deles se aproximou, era um homem de aspecto mau e sorriso pervertido. Aliás todos os soldados tinham um aspecto parecido e isso me intrigou. Eu não estava acostumada com soldados assim, eu sempre via soldados meigos, cavalheiros, com força inabalável e caráter irrepreensível. Aqueles soldados não tinham nada daquilo.

-Você de novo? – o soldado falou rindo perversamerente.

Edward não respondeu, repugnância tomava seu rosto enquanto ele pegava um maço de notas do bolso.

-Preciso passar – Edward falou entregando discretamente o dinheiro ao soldado corrupto.

Ele contou o dinheiro devagar, eu abaixei o rosto, tentando ao máximo passar desapercebida, assim como Seth e Alice. Depois de dois minutos nós fomos dispensados e Edward acelerou.

-Soldados corruptos? – Alice perguntou num tom curioso.

-Sem corrupção não existe dois lados – Seth falou.

-Como assim? – Alice indagou curiosa.

-Se não houvesse corrupção, os dois lados se enfrentariam abertamente e se derrotariam com facilidade. O maior venceria e pronto. Quando há corrupção, fica mais intrigante a luta, e mais difícil de alguém ganhar. É o que tem permitido existir os anarquistas.

-Entendi – Alice disse num tom meio duvidoso.

-Alice, quando eu posso comprar informações do lado inimigo fica muito mais fácil sabotá-lo – Seth explicou com calma e carinho.

Ela voltou o rosto para trás e riu comigo, Seth tinha um jeito único de dizer as coisas que nos fazia rir, mesmo quando a situação era tão tensa como aquela. Só Edward continuou sério, os olhos sempre atentos a estrada.

Já passava das sete da manhã quando as primeiras casas surgiram, lindas e belas casas de campo. Mais umas duas horas e nós chegaríamos a minha casa. Me espreguicei no banco, meu pé chutando Seth de leve enquanto ele acordava, assustado. Ele me olhou, desorientado, depois piscou os olhos uma três vezes, se espreguiçando também.

-Perto? – ele perguntou com a voz mole.

-Umas duas horas no máximo – eu respondi.

-Eu estou com fome – Alice reclamou – Por que você não trouxe nada para gente comer Bella?

-Porque eles precisam de alimento mais do que a gente. Assim que chegar em casa eu arrumo algo para você comer – eu expliquei.

-Alice, não acha que para alguém que já enfrentou o mundo todo uma fomezinha não é coisa de nada? – Seth provocou rindo.

-Para um nerd hacker, você anda bem abusadinho hein? – ela revidou rindo – Cuidado moleque que eu te dou um jeito, esqueceu que a ninja aqui sou eu?

Nós três rimos e continuamos naquele tom de brincadeira durante o caminho todo, Edward não dizia nada, parecia até que não estava entre nós, mas às vezes a máscara vazia em seu rosto caía e ele me encarava pelo retrovisor.

Quando as casas ficaram conhecidas eu abri um sorriso imenso.

-Meu bairro! – eu gritei dando um pulo no banco.

-Finalmente – Alice disse olhando ao redor com curiosidade.

Eu podia imaginar seu queixo caindo enquanto ela olhava para as casas imensas e imperiais que surgiam, pelo menos o queixo de Seth estava. Eu ri silenciosamente, encontrei Edward olhando para mim e sorri para ele, certa de que ele fazia o mesmo.

Meus vizinhos, na verdade, meus poucos vizinhos, já que as casas ocupavam grandes espaços, o que reduzia significativamente o número de possíveis vizinhos, não estavam do lado de fora, então foi fácil entrar na casa. Toda a criadagem havia sido dispensada depois da morte dos meus pais, a casa estava vazia, sem ninguém para nos atrapalhar.

Eu pulei para fora e corri até o portão automático. Passei o cartão (sorte que eu conseguira levá-lo comigo quando Edward me levara dali) e depois digitei minha senha.

Nós passamos pelo gramado verde e desidratado, o jardim meio morto, mas ainda sim esplendoroso e então Edward parou nos fundos da casa, o carro protegido pelas árvores de porte baixo.

-Vamos entrar pela cozinha – eu avisei saindo do carro apertado.

Eu os guiei para a porta que estava entreaberta, aquele lugar parecia deserto de mais, triste de mais sem minha família, sem meus irmãos, sem mim.

-Bella? – Alice chamou.

Eu estivera parada, pensando, impedindo que eles entrassem.

-Desculpa – eu pedi saindo do meio do caminho e deixando que eles entrassem – Podem dar uma andada, mas fiquem dentro da casa, é mais seguro. Lá em cima estão os quartos, nas portas tem os nomes dos donos, vocês podem ir no meu quarto e tomar um banho, se quiserem. Eu vou ver se arrumo algo para a gente comer. E por favor, se forem nos outros quartos, não mexam em nada. E não entrem, de forma nenhuma, no quarto do Erick – eu pedi, a dor enchendo minha voz.

-Claro, nós jamais entraríamos no quarto dele – Alice sussurrou.

Eles sumiram do meu campo de visão e eu desabei no banco mais próximo.

-É terrivel voltar – eu disse baixinho para Edward.

Ele não disse nada para me confortar, ao invés disso se aproximou e me abraçou com força, seu corpo quente esquentando meu corpo frio. Não sei se foram horas ou segundos que passamos abraçados, só sei que quando ele me soltou seus olhos estavam tão vermelhos quanto os meus, o rosto molhado pelas lágrimas.

-Eu o amava Bella – ele me disse com a voz trêmula – Você nem imagina o quanto eu amei aquele menino. Ele era o irmão mais novo que eu quis ter, melhor, ele era o filho que eu sempre quis ter.

-Eu não sei o que fazer Edward, não sei quanto tempo eu vou agüentar sem eles – as lágrimas rolaram no meu rosto enquanto eu me sentia frágil e pequena – Eu posso lidar com qualquer coisa, menos isso. A saudade me esmaga a todo momento, aperta tanto meu coração que eu sinto que vou desaparecer. Eu quero desaparecer…

-Nunca, jamais diga isso – ele exigiu secando minhas lágrimas e segurando meu rosto com firmeza, seus olhos perfurando os meus – Você não pode desistir de viver, tem muita gente que precisa de você. Alice e Seth precisam de você, você faz a diferença na vida das pessoas…

-Eu não sou nada Edward, sem meus pais e meus irmãos eu sou nada – eu solucei.

-Não! Você é a Bella, minha Bella, e isso nada nem ninguém vai conseguir mudar. Você é tudo o que eu tenho Bella, o mais próximo de uma família para mim.

-Você tem o Carlisle e o Peter…

-Grande merda! Eles não são você. Ninguém pode ocupar seu lugar no meu coração, então trate de aceitar isso e para de sentir que não é nada, porque, para mim, você é o que há mais de vital: é meu coração.

Ele beijou minha testa, seus lábios se demorando na minha pele enquanto eu chorava em silêncio.

-Não me deixe Edward, eu preciso de você – eu confessei de olhos fechados.

-Eu nunca vou te deixar, até o inferno, lembra?

-Mas e se eu quiser ir ao céu?

-Então eu serei seu anjo da guarda – ele prometeu, os lábios se afastando quando ele respondia, mas voltando a minha testa em seguida – Eu posso ser o que você quiser Bella, posso ser seu melhor amigo, seu irmão mais velho, posso arrumar uma barba branca e ser seu avó, posso ser seu tio, seu primo, seu namorado, seu marido, seu anjo, seu guia pelas profundezas do abismo. O que você precisar, sempre vai poder contar comigo.

-Obrigada Edward, por tudo, por me perdoar, por me ajudar…

-Somos iguais, minha adorável patricinha.

Eu sorri com a brincadeira, um sorriso pequeno, mas ainda sim um sorriso.

-Eu vou comprar algo para nós comermos – ele disse se afastando de mim.

Antes que eu me mexesse ele saiu pela porta da cozinha. Eu suspirei, seu cheiro impregnado na minha pele. Caminhei pela casa, podia ouvir as vozes de Alice e Seth, um implicando com o outro enquanto eles discutiam quem tomaria banho primeiro. Eu passei por eles silenciosamente, sem chamar atenção, caminhei pelo carpete macio e cheguei a sala em que recebíamos nossos amigos. Sem olhar, eu peguei os retratos que estavam sobre a mesa e os fui juntando. Quando todos estavam nas minhas mãos, eu sentei no sofá e olhei para cada um deles, havia fotos dos meus pais abraçados, meus irmãos brincando, eu com Edward, com meus irmãos, com meus pais e com Jacob. Separei quatro retratos: o primeiro tinha eu e Erick juntos, abraçados enquanto ele sorria seu sorriso marcante, o segundo era a foto da minha família rindo enquanto meu pai fazia careta, o terceiro trazia Jacob ao meu lado, os dois sentados formalmente, o último era de Edward beijando minha bochecha, seus cabelos vermelhos combinando com o rubor nas minhas bochechas.

Eu retirei a foto dos quatro álbuns, guardei o restante na última gaveta da estante e a tranquei. Estava na hora de prosseguir com minha vida, deixar aquilo para trás, eles não voltariam para mim, e eu teria que aceitar aquilo um dia.

Subi as escadas e fui para o quarto dos meus pais, ouvi o barulho do chuveiro no meu quarto e me perguntei quem tinha ganho a discussão, mas não parei para averiguar. Entrei no quarto dos meus pais, o maior quarto da casa, e fui para o guarda-roupa imenso. Todas as jóias e coisas de valor haviam sido retiradas da casa, mas haviam coisas que eu não retirara dali, não conseguira, e era atrás delas que eu estava naquele momento. Numas das inúmeras gavetas da minha mãe eu achei uma caixa de veludo negro, quadrada e fina, a abri com delicadeza, tirando de lá uma corrente prata fina, com um pingente fino e oval, de tamanho considerável, respirando fundo eu abri o pingente, dividindo-o em duas partes. Havia duas fotos, uma de cada lado, a primeira era minha com Embry e Erick juntos, a segunda era da minha mãe e meu pai no dia do seu casamento.

Desde pequena eu ficava admirando aquele pingente, me sentindo um pouco enciumada quando minha foto foi substituída pela foto atual, mamãe prometera que, quando fosse o momento certo, ela me daria aquele colar com as fotos dentro. Não deu tempo para ela fazer isso pessoalmente…

Fui para o lado do meu pai, um lado incrivelmente menor. Retirei algumas roupas mais apertadas que ele tinha para que Seth trocasse de roupa, depois peguei outra caixinha que ele guardava no bolso do smoking do seu casamento. Lá estava sua aliança, papai não a usava pois, segundo ele, a aliança atrapalhava na hora de cuidar de seus pacientes. Eu deslizei a aliança pela corrente, até ela ficar do lado do pingente. Eram as duas coisas mais marcantes que eu tinha dos meus pais: o amor da minha mãe por seus filhos e por seu marido, o amor do meu pai por sua mulher e seu trabalho.

Não tinha coragem para entrar no quarto dos meus irmãos, não estava pronta para aquilo, então fui para meu quarto levando as roupas de Seth.

Quando entrei Alice estava vestida com as mesmas roupas sujas e imundas, embora seu cabelo estivesse molhado. Eu sorri para ela, abri meu guarda-roupa e disse para ela pegar qualquer coisa que servisse. A menina ficou maravilhada, olhava cada uma das peças como se fosse uma criança num parque de diversões, às vezes ela provava e perguntava se podia vestir tal saia ou blusa e eu sorria, dizendo sim. Para mim, aquilo não passava de roupas comuns, para ela era um verdadeiro banho de loja. Antes que Seth saísse do banheiro eu passei as roupas do meu pai para ele, me desculpando por não ter nada mais apertado. Estava sentada na cama, Alice ao meu lado vestindo uma blusa fina de mangas comprimidas vermelhas e calça jeans manchada, minhas roupas caíram maravilhosamente nela, tínhamos um corpo parecido.

-Ele é o Jacob? – ela perguntou apontando para a foto na minha penteadeira.

-Sim – eu fui lá e peguei a foto, entregando para ela e deitando.

-Caramba! Ele é lindo!

-Eu sei – concordei sorrindo – Ele fica ainda mais lindo quando sorri.

-Você também tem uma foto do Edward – ela notou olhando para a penteadeira.

-Pois é – eu disse dando atenção aquele fato pela primeira vez.

-Eu vi bastante fotos do Edward e do seu noivo pela casa, quase na mesma quantidade – ela disse.

-Sério?

Aquilo me espantou, eu sabia que havia fotos dos dois pela casa, mas não imaginei que fosse na mesma quantidade.

-Bella, você não tem nenhuma dúvida entre os dois? – Alice perguntou docemente.

Eu rolei na cama, ficando de barriga. Dúvida? Aquela era uma pergunta muito ruim, ou talvez muito boa. Ruim para mim que teria que responder, boa para ela que somente ouviria.

-Eles são muito diferentes – eu respondi evasiva.

-E isso te deixa confusa – ela entendeu.

Eu nunca me abrira para ninguém, minha mãe não era do tipo psicóloga, minhas amizades eram sempre superficiais de mais, nunca me envolvia tanto com outras pessoas que não fossem da minha família, Jacob ou Edward. Ter Seth e Alice por amigos era uma experiência nova, interessante e, às vezes, desconcertante.

-É como decidir entre torta de morango com creme e um pão de queijo – eu tentei explicar – Você vai preferir um numa situação e o outro em outra situação. Para o meu mundo antigo, Jacob era perfeito, eu era uma dama e ele era meu cavalheiro, nós éramos um casal único, como se fossemos feitos um para o outro.

-E Edward era o garoto sem modos que não se adaptava ao seu mundo – Alice ajudou sorrindo carinhosamente.

-Sim, era o meu melhor amigo, eu não via nada além disso, mas daí a situação mudou, meu mundo mudou…

-E agora os papéis se inverteram, por que Edward é o que você precisa e Jacob não.

-Exato. Mas isso não responde a pergunta principal: quem sou eu? A patricinha ou a renegada? Enquanto eu não tiver essa resposta, eu não posso dizer quem é perfeito para mim. Loucura né? – e sorri desanimada.

-Não – ela discordou sorrindo – Apenas humanidade.

Nessa hora Seth abriu a porta do banheiro parecendo um happer, a blusa era grande demais, a calça larga de mais. Eu e Alice nos entreolhamos e caímos na risada enquanto ele cruzava os braços fazendo pose de happer.

Eu fui a próxima a tomar um banho. Fazia dias que eu não tomava um banho de verdade, sempre tinha que correr debaixo da água fria do esconderijo para racionar água. Resultado: eu me sentia impregnada de suor e poeira. Meu rosto não melhorara muito por causa daquilo, sem a higiene necessária, era difícil cuidar da minha saúde.

Me lavei bem, depois, enrolada na toalha, fui para o grande espelho e cuidei de meu rosto. A mancha negra estava desaparecendo, um grande amarelo ficando no lugar, o centro amarronzado. O lado cortado ainda era feio, provavelmente eu ficaria com uma cicatriz eterna ali, mas pelo menos não estava inflamado. Eu limpei cuidadosamente meu rosto, usando mais da metade dos meus produtos de primeiros, segundos e terceiros socorros. Coloquei uma gaze limpa no ferimento e me olhei no espelho pela última vez. Sem o cabelo desgrenhado e a camada de sujeira, eu parecia mil vezes melhor. Fui para o quarto, Alice e Seth já tinham descido para comer alguma coisa.

Estava abrindo o guarda roupa para escolher uma roupa para vestir quando abriram a porta do meu quarto.

-Hei – eu disse entrando mais para dentro do guarda-roupa.

O rosto de Edward apareceu, ele empalideceu ao me ver só enrolada em uma toalha e fechou a porta imediatamente, indo para fora do meu quarto, um jorro de desculpas saindo de sua boca. Eu podia jurar que, agora, ele estava da cor de seu cabelo. Eu me troquei com pressa, pondo uma blusa fina e de mangas, muito parecida com a que Alice usara, só que cinza, uma calça jeans preta e justa. Abri a porta do quarto, Edward estava encolhido num canto, de costas para o quarto.

-Pode entrar – eu disse rindo.

-Bella, me desculpe… – ele começou. Estava, como eu previra, muito vermelho e desconcertado.

-Tudo bem – eu disse calando-o – Eu devia ter trancado a porta antes. Mas pode entrar, o banheiro está desocupado. Algumas roupas do meu pai estão lá, elas ficaram meio largas em Seth, mas acho que caberão em você…

-Não precisa Bella, são as roupas do seu pai…

-Ele não pode mais usá-las – eu disse encerrando o assunto – Tem uma toalha limpa lá, pode usá-la.

-Obrigado Bella.

Ele foi para o banheiro e eu fui pentear meu cabelo. Ao terminar, desci para comer alguma coisa. Alice estava esparramada numa das cadeiras da cozinha, os cantos da boca sujos de geléia vermelha. Seth mordia com apetite um pão com queijo, um copo de leite muito cheio perto dele.

-Excesso de lactose Seth – eu adverti.

-Você é realmente filha de um médico – Seth reclamou.

-Só cuidando da sua saúde – eu brinquei bagunçando seu cabelo.

-Por que não pega no pé da Alice? Ela praticamente acabou com um vidro de geléia sozinha.

-Meu querido, as mulheres sempre estão certas – Alice disse mostrando a língua para ele.

Eu peguei um pãozinho quente e o mordi, minha mão livre preparando um copo de leite com chocolate.

-E aí, o que acharam da casa dos Swan? – eu perguntei sentando perto de Seth, de frente para Alice.

-Muito bonita, você não estava brincando quando disse que tinha tudo – Seth comentou.

-Eu amei, ficaria aqui por um bom tempo – Alice respondeu olhando ao redor e suspirando.

-Hei, seu carro está aqui? – Seth perguntou, os olhos brilhando de ansiedade.

Eu ri, aquele entusiasmo eu conhecia, eu tinha o mesmo quando o assunto era o meu carro. Estava acostumada ao conforto, nunca me gabei disso, mas quando se tratava do meu brinquedo preferido…

-Sim está na garagem, mais tarde a gente pode ir dar uma olhada nele.

-Mais tarde? Pretende ficar quanto tempo aqui? – Edward perguntou entrando na cozinha.

Eu estava certa, Edward tinha a estatura do meu pai e um tipo físico parecido, as roupas lhe caíram bem, a camisa um pouco grudada no seu peito largo e forte. Os cabelos estavam quietos, a cor vermelha  escurecida pela água, um cheiro forte de shampoo e pele.

-Um dia – eu respondi – A gente pode descansar um pouco antes de correr atrás do que precisamos. Primeiro nós vamos na casa do Seth buscar seu computador – eu falei olhando o menino ao meu lado – Lice, vai querer parar em algum lugar?

-Seria bom se eu pudesse ir para casa de um amigo meu, Dino. Digamos que ele tem alguns brinquedinhos bem úteis para nossa empreitada.

-Que tipo de amigos você tem? – Seth provocou, fingindo estremecer.

-O tipo que acabaria com você em menos de um segundo moleque.

Nós rimos da brincadeira.

-Edward, quer passar em algum lugar? – eu perguntei.

-Num supermercado, preciso de alimento para o esconderijo e já que a gente vai fazer um tour pela cidade… – e sorriu para mim.

-Acha que vai caber tudo no seu carro? – Seth perguntou olhando para Edward.

-Hei, quem disse que a gente vai no carro do Edward? – eu perguntei fingindo ultraje.

-Então você pensa que vamos em quê? – Edward perguntou.

-No meu carro – respondi.

-Ele não é meio chamativo? – Alice disse em dúvida.

-Pelo contrário, eu sou Bella Swan, nós estamos num bairro super nobre, ninguém vai achar estranho nos andarmos numa Ferrari e vai ser bem mais fácil para mim conseguir as coisas com o meu carro do que no carro do Edward.

Eles concordaram após verem meu ponto de vista.

-E você Bella, vai parar em algum outro lugar? – Seth perguntou.

-Sim, mas faz parte do trajeto então não vou demorar.

-Muito bem, então primeiro nós vamos ao supermercado – decidiu Alice – Depois vamos a casa do Seth e por último passamos na casa do meu amigo. Com o alimento já no carro vai ser mais fácil esconder o que eu conseguir com o Dino.

-Acha que a gente consegue? – Seth perguntou para Edward.

-É uma missão suicida – Edward falou com calma – E provavelmente vai dar errado, mas só há um jeito de descobrir.

Concordamos e eu bocejei. Alice se espreguiçou e mesmo sem palavras cada um de nós fez o mesmo: buscou na casa enorme um lugar confortável e macio para dormir.


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Notas finais do capítulo

E aí,o que acharam?
Bjinhus.



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