Piloto De Fuga escrita por Blue Butterfly


Capítulo 12
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Conversamos no fim, boa leitura meus amores ;)



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Respirei fundo e olhei novamente no espelho, minhas mãos tremendo enquanto meu corpo se enchia de pânico. Eu estava horrível, meu rosto todo desfigurado, não reconhecia nenhuma parte dele, não havia mais a pele delicada e suave, só uma crosta de feridas, sangue e cascas de machucados se curando. O rosto de um monstro.

Saí do banheiro, não agüentava mais aquilo, era angustiante de mais. Quando passei pela porta dei com Edward na porta, me esperando. Estranhei, havia deixado Alice e Seth ali, desde o acidente eles não me deixavam mais sozinha, mas não havia nem sinal deles. Edward também me evitara nos últimos sete dias, eu só o via por acaso, quando nos trombávamos no corredor apertado. Ele havia conversado com Tânia e a menina prometera jamais fazer isso novamente, bem, não que eu não acreditasse, mas, tomando as palavras de Alice para mim, a melhor medida de não acontecer uma tragédia é evitar ao máximo se encontrar com a tragédia. Eu evitava Tânia a todo custo e estava me saindo muito bem.

-Oi – eu disse quando ele não falou nada.

-Oi, tem um minuto? Preciso falar com você.

-Claro – e me encostei na parede esperando.

Edward olhou para os lados, algumas pessoas, das quais eu já conhecia o nome, passavam pelo corredor, entrando e saindo das portas.

-Aqui não, vamos dar uma volta – ele começou a andar, indo até a escada.

Eu o segui, nós caminhamos em silêncio, passamos pelo alçapão invisível e acabamos no casarão em ruínas, Peter estava lá, a arma em punho, sentado tranquilamente enquanto a tarde caía.

-Edward, Bella – ele cumprimentou ao nos ver.

-Oi Peter. Pode descer para comer alguma coisa, eu cuido daqui – ele disse.

-Tudo bem.

Eu percebi que ninguém discutia com Edward, sempre que ele pedia alguma coisa as pessoas faziam sem se queixar, prova mais do que suficiente que ele mandava ali.

Assim que Peter desapareceu pela abertura e ouvimos o baque surdo do alçapão caindo, Edward apontou a cadeira para mim e eu me sentei.

-O que foi? – eu perguntei.

-Me disseram que você, o Seth e a Alice estão pensando em sair por aí para dar fim ao Partido.

-E daí? – eu perguntei, o rosto inexpressivo.

-Acha que vai dar certo só os três contra toda a estrutura do Partido? – ele usou de sarcasmo para perguntar.

-Alguém tem que fazer alguma coisa – eu disse com calma.

-E acha que nós não estamos fazendo nada? Que nós ficamos presos naquele cúbiculo suportando uns aos outros por que nós gostamos? – sua voz ficou mais alta enquanto ele prosseguia – Desculpe se não estamos fazendo do seu jeito, mas nós estamos fazendo alguma coisa e você não vai arriscar tudo…

-Arriscar? – eu fiquei de pé, gritando com ele – Sabe qual é o problema, sabe por que tudo isso está acontecendo e vocês não estão tendo nenhum resultado positivo para o seu lado? Sabe por que vocês são em um número insignificante comparado com quem vocês têm que lutar?

-Não, por que você não me diz o que eu estou fazendo de errado nessa merda? – ele perguntou com fúria, se aproximando de mim.

-Você está subestimando as pessoas do outro lado. Você está subestimando gente como eu, porque é isso que tem do outro lado da barreira. Você nos considera um bando de trouxas, tapados, idiotas, que seguem as ordens de Aro Volturi sem contestar…

-E não é isso? – ele perguntou com desprezo.

-Não, não é isso. Nós não sabemos nada, absolutamente nada, não sai nos noticiários o que está acontecendo, ninguém diz nada para gente. Você acha que não temos coração? Que não nos importamos com os outros?  Edward, ninguém sabe o que está acontecendo, e não vai ser um grupo de pessoas desprezadas, mal vestidas e revolucionárias que vão alertar as pessoas. Todos os dias vocês são chamados de anarquistas nos noticiários, tudo de ruim que acontece é relacionado com vocês, nós temos medo de vocês, desde pequenos trocaram o bicho-papão por anarquistas, crianças vão dormir com medo de que um haja um anarquista debaixo de suas camas, e sonham com soldados matando vocês. A propaganda em massa põe Aro Volturi como um arcanjo celestial enviado para proteger nossa nação, toda a mídia é controlada por ele, não há fortes opositores porque ninguém vê o que há de errado. Ninguém sabe dos campos de trabalho obrigatório, e mesmo que soubesse, o governo arrumaria uma desculpa perfeita para isso, diria que para lá ele só manda gente ruim, prostitutas, lésbicas, homossexuais, mendigos, drogados, estupradores, bandidos, gente que a sociedade despreza a anos, e ainda usaria um slogan do tipo “O governo tornando nossa sociedade melhor”. Apareceria bilhões e bilhões de propagandas e notícias sobre o brilhante projeto do governo, sobre como as pessoas estavam se tornando melhores. Haveria uma leva de pessoas voltando, todas muito bem vestidas, cultas, educadas, aceitáveis pela sociedade. Por que isso é o segredo do Partido, ele defende o que todo mundo acha certo, a família, a religião, os bons costumes, a integridade, não há corrupção no Partido, não há desvio de verba, ninguém pode falar que há problemas na saúde ou na educação, todos os jovens têm trabalho e tem comida na mesa das pessoas todos os dias…

-Isso não é para todo mundo – Edward me interrompeu de novo, furioso.

-Eu sei, isso é para as pessoas do outro lado da barreira, isso é para gente como eu. E não vai ser apenas palavras que vão resolver isso, eles nunca vão acreditar em você, por que eles nem sabem quem é você. Para eles, você é o supremo inimigo, você é o errado, o monstro, eles não vão acreditar em você. Eu não acreditei em você, eu tive que ver para acreditar. Se quer mudar alguma coisa, mude de estratégia, use alguém em quem eles acreditem, alguém que tenha um sobrenome conhecido e respeitado em todo o país, alguém a prova de dúvidas…

-E quem seria esse ser esplêndido e formidável que vai resolver todos os problemas do nosso país? – ele gritou com sarcasmo.

-Eu – respondi com frieza – Bella Swan, filha de Charlie e Renné Swan. Eles me ouvirão porque eu sou uma igual. Por que eles me respeitam.

-Não te respeitarão mais do que respeitam a nós quando souberem quem você defende, nem o seu noivo vai te aceitar – ele disse com maldade.

Eu empalideci, dando dois passos para trás.

-Você não conhece o Jacob – eu disse sem me importar com o resto que ele disse.

-Ele é só uma mauricinho, Bella, um cara que nunca teve de dar duro na vida, que nasceu em berço de ouro. Um playboizinho que sempre teve tudo na mão. Ele não vai se arriscar para ficar do seu lado, não vai arriscar a vida perfeita que ele tem por você…

-Eu arrisquei minha vida perfeita por você – eu lembrei furiosa – E eu nem se quer sou sua noiva. Não se esqueça que eu tive a mesma vida que ele, eu sempre tive tudo na mão. E mesmo assim eu estou aqui!

Ele arregalou seus olhos, a compreensão surgindo neles. Eu lhe dei as costas e fui para fora da casa, não suportaria entrar de novo naquele lugar apertado e escuro. E ficar com Edward era intolerável naquele momento.

-Bella, espere – ele me pediu.

-Me deixe em paz Edward – eu gritei e comecei a correr para longe dali.

Ele não me seguiu, eu corri pela rua deserta, as sombras dos prédios me protegendo do sol que aos poucos morria. Quando eu já tinha corrido o bastante, eu caí sentada na frente de uma casa deserta, cobrindo meu rosto. Não chorei, não estava com vontade de chorar. Eu me sentia vazia, cansada, sozinha. Queria muito ter Jacob de volta, queria muito ver seu sorriso educado e suas palavras doces. Mas será que ele me perdoaria? Será que ele entenderia?

Levantei a cabeça e olhei para minha aliança. Tirei-a do dedo para ver a parte de dentro, onde estava escrito: Jacob e Bella, por toda a vida.

-Jacob – eu sussurrei.

A noite caiu, trazendo consigo seus próprios sons, som de cachorros magros e famintos vagando pelas ruas, som de ratos correndo, desesperados pela fome e pelos cães que os caçavam, som de aves agourentas piando ao meu redor, enquanto o vento fazia as casas formarem sinfonias macabras.

Me levantei, marchando com desânimo de volta para meu esconderijo. Na porta, encontrei Seth e Alice conversando.

-Olá – cumprimentei sentando no espaço vago entre os dois.

-Passeio legal? – Alice perguntou.

-Interessante, me deu a chance de pensar uma ou duas coisinhas.

-E isso nos leva a… – Alice falou deixando a frase inacabada.

-A mansão dos Swan – eu disse com simplicidade.

-A mansão de quem? – Alice perguntou fazendo careta.

-Swan. O sobrenome da minha família – eu expliquei sorrindo – O que vocês acham?

-Já quer pôr seu plano em ação? Não é meio precipitado? – Seth perguntou em dúvida.

-Não, não vou pôr o plano em prática, primeiro porque ele ainda não está completamente formado, segundo porque não temos os materiais necessários, por isso nós vamos para minha casa.

-Como assim? – Seth perguntou.

-Pensei que quisesse seu computador de volta – eu brinquei sorrindo – E que a Alice e eu precisássemos de roupas.

-Sim! – Alice exclamou batendo palmas – E um banho quente pos mais de cinco minutos e um colchão macio!

-Está falando sério? Vou poder pegar meu computador de volta?

-Sim, está na hora de preparar nosso armamento. Além disso eu preciso dar um jeito no meu rosto, e aqui não tem nada que a gente possa usar para isso.

-Mas, como vamos passar pela barreira? – Seth perguntou.

-Do mesmo jeito que Edward passava – eu sugeri.

-Eu posso perguntar a ele e pedir o carro emprestado – Alice sugeriu – Bella, arrume as coisas que vamos ter que levar e você Seth a acompanhe, caso a Tânia mude de idéia. Tudo bem?

-Sim – eu disse prontamente.

-E quando a gente sai? – Seth sempre fazia as perguntas necessárias.

-Amanhã de manhã? – eu perguntei.

-Na madrugada seria melhor, não chamaria muita atenção – Alice aconselhou.

-Então a gente se encontra daqui… cinco horas? – Seth falou olhando no discreto relógio que havia em seu pulso.

-Sim. Hora de pôr o plano em ação.

Com aquelas palavras de Alice, nós nos colocamos de pé e fomos para dentro nos preparar.


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Notas finais do capítulo

Bem, aqui está. Espero que tenham gostado,é pequenino mas é de coração. E podem ter certeza: muitas surpresas nos aguardam no próximo post.
Eu queria agradecer a três pessoinhas lindas que tem tornado muito legal e gratificante escrever essa fic: Annie Masen, Belita e Gabs Mellark. Obrigada pelos comentários meninas, toda vez que começo a escrever penso em vcs com todo o carinho do mundo.
Valeu por estarem do meu lado.
Beijokas.