Eu e Julie caminhavamos pela rua, ela andava lentamente, enquanto eu caminhava com mais rapídez, já que a noite é uma criança.

- Eu ainda não intendo porque eu decidi vir com você. - Juliana não parava de reclamar.

- Porque você me ama. - Disse eu, em um tom sarcastíco. 

- Nem morta te amaria... - Respondeu ela, em um tom de brincadeira também, mas disfarcei para não mostrar que aquelas palavras, me machucaram mais do que o normal.

- Vai mais devagar. Que saco; - Novamente, a morena reclama.

Resolvi acompanhar os passos de Julie. Andei ao seu lado. Senti que ela segurou a minha mão.

- Pra quê isso ? - Perguntei, olhando para sua mão, que segurava firmemente a minha.

- Ahh, disculpa. - Ela solta sua mão. - Esqueci que cê não gosta. - Ela olha para o chão. - É que eu to com medo.

Segurei sua mão novamente, sinceramente, não queria que ela soltasse nossas mãos.

- Relaxa. - Dei um sorriso torto.

- Já estamos chegando ?

- Já. 

Andamos mais um pouco. 

- É aqui. - Apontei para uma loja de intrumentos.

- Ahh, Daniel! Tá fechada! Andei a toa.... - Julie grita.

Atravessei a loja de discos. '' Ainda bem que tenho esse dom, atravessar, sumir.... '' eu pensava. Abri a janela da loja.

- Vem. - Chamei Juliana que olhava para a rua, com medo.

- Acho que vi alguém ali... - Diz ela, olhando para o nada.

- Ahh, não tem ninguém. - Ela se aproximou da janela da loja, a segurei com força, e a puxei para dentro.

Andamos pela loja, Julie estava encantada com tantos instrumentos musicais... enquanto eu, fitava a morena que estava simplismente perfeita hoje.

- Nossa, olha isso. - Julie me puxou. - Um piano ! 

Me sentei no banco do piano, e comecei a tocar, Julie me olhou surpressa e encantada, pois pensava que eu só tocava guitarra, começei a tocar uma melodia que ela reconhecia... Meu louco Mundo. Dei continuidade, e cantei, enquanto Julie me acompanhou com a música. Enquanto eu tocava e cantava, apenas desejava que essa noite não tivesse fim. 

- Nossa, que demais ! - Diz ela, logo após a música acabar. - Não sabia que você tocava piano - A viva se senta ao meu lado.

- É, tem muitas coisas sobre mim que você não sabe. - A respondi, Julie me olha confusa.

- Que coisas ?

- Esquece... - Olhei para o piano. - Gostei daquela música que você estava compondo. - Fiz um elogio, mas apenas para mudar de assunto.

- O nome da música é invisível. - Diz ela, um pouco desanimada.

- Você... se sente invisível ?

- Aham... - Percebi que Juliana fez força para não chorar. 

- Ei. - Toquei seu rosto. - Você não é invisível tanto quanto eu. - Ela me fitou. Julie estava sem palavras, pois nunca havia me visto tão sensível quanto agora.

Julie novamente segurou minha mão, ela olhava fixamente para o nada. 

- Sinto que tem alguém aqui. - Não dei muita atenção as palavras de Juliana, já que ela sempre tinha essa velha disconfiança.

- Ahh, Julie, de novo. Não fica com medo não. Eu sempre vinha aqui nessa loja... agora, depois de morto. E nunca vi ninguém... 

- Mas, eu tenho certeza que... - Ouvi um barulho, como se fosse uma explosão, dentro da loja. Julie me abraçou com força. - Viu, eu disse. Sabia que tinha mais alguém alem de nós. - Diz ela com o rosto sobre meu peito.

- Calma, calma. - Tentava ao máximo não deixa-lá com medo. - Vem, eu to aqui, não vai acontecer nada. - Levantei do banquinho, e Julie me seguiu, minha curiosidade falava mais alto, e resolvi proucurar o tal barulho. 

- Daniel, vamos pra casa. Eu to com medo. - Julie segurava meu braço com força.

- Eu quero ver de onde esse barulho veio. - Continuei andando.

- Olá, Daniel & Juliana. - Ouvi uma voz. E logo apareceu ele, Demétrius.

Ele se aproximou de Julie, porém, a segurei com força e a coloquei atrás de mim, para protege-lá.

- Demétrius. - Eu disse, o encarando com raiva, só ele mesmo para estragar essa noite.

- Daniel... eu te dei um aviso, mas você insiste em quebrar as regras espectrais... - Ele segura o queixo de Julie com força, talvez, ele não estava se refirindo a regra de falar com os vivos, e sim de se apaixonar por vivos.

- Deixe ela em paz! - Puxei seu braço com força, para ele libertar o rosto de Julie.

- Do que ele está falando ? - Julie sussurra em meu ouvido, mas não a respondi.

- Ahh... pobre Juliana. - Responde Demétrius. - Tão bobinha, não entende que o Daniel está apai-- 

- CALADO ! - O interrompi antes que ele falasse, Julie me olhou, sem entender nada, eu sabia que ela era ingênua e não iria entender.

#Julie:

Estava com medo, e não tinha entendido o que Demétrius mencionou, Eu segurava o braço de Daniel com força, enquanto ele encarava Demétrius. Senti uma lágrima cair sobre meu rosto, ele realmente era assustador.

- Não me mande ficar calado, senhor Daniel. - Responde ele, com ignorancia. 

Demétrius deu um sorriso maligno para o fantasma, ele olhou para mim, e viu o meu estado. '' Vai ficar tudo bem, Julie.'' ouvi Daniel sussurrar no meu ouvido, sua voz me arrepiou, por algum motivo.

- Não vai não. - Demétrius respondeu, e logo depois, senti Daniel fraco, mal se aguentava em pé, quando derrepente, ele cai duro no chão.

Me desesperei, olhei assustada para Daniel que havia desmaiado, me abaixei em sua direção, toquei seu rosto, desesperada. 

- Acorda... Não faz isso comigo Dan. Acorda! - Eu gritava e o sacudia. - O que você fez com ele ???? - Perguntei desesperadamente para Demétrius.

- Eu fiz um favor a ele. - Demétrius some.