Daniel estava nervoso, me deixando mais nervosa ainda. Bia nos encara assustada, Abaixei a cabeça, não acreditando que ele estava gritando assim comigo.

- Nossa...- Beatriz respira bem fundo - Consigo até sentir o cheiro do clima tenso no ar. - Bia brinca. 

- Não é hora pra piada sua boba. - Responde Daniel. - Quer sair logo daqui ?! 

- Amiga, vou dar uma volta. - Bia dá uma disculpa para nos deixar sozinho. - Qualquer coisa me liga. - Sussurra ela para mim. Vendo como Daniel estava nervosso, ela sabia que iria dar uma discução bem feia.

Ele andava em circulos pelo quarto, impaciente, esperando Beatriz se afastar completamente, ele bate a porta do quarto com força, a fechando, até me assustei.

- Você perdeu o juizo foi ? - Ele começa a falar. - PORQUE ME DEIXOU SOZINHO ?! - Ele me encarava, esperando minha explicação..

- Eu.. sei lá.. 

- Eu sei porque... Me deixou sozinho porque foi atrás daquele... daquele filho da ... - O interrompi.

- Ei, Não estou gostando do seu tom.

- Não me interessa. 

Abaxei a cabeça, Daniel nunca mudaria, sempre seria o mesmo... sempre seria arrogante e grosso, mesmo vivo, ou morto, ele nunca iria mudar.

Ergui a cabeça, eu não tinha forças para discutir com ele, mas eu precisava me defender, olhei pra ele, aqueles cachos molhados, sua pose de durão, sua blusa vermelha molhada grudando em sua pele e mostrando o contorno do seu fisico, aquilo me deixou um pouco sem jeito...

-.. Vamos, diga, porque me deixou sozinho ?

- Disculpa... - Falei fraca, engolindo o próprio choro.

- Não adianta se desculpar, te proucurei igual um louco no cinema... 

'' E desde quando se preocupa comigo?... '' Falei baixinho, Daniel fingiu que não ouviu para não precisar me responder.

- Eu sabia que você ia acabar se magoando Juliana, sabia. - Completa Daniel.

- Mas.. como você... - Ele me interrompe, parece que já sabe o que eu iria perguntar.

- Eu vi o cretino com outra. - Responde ele, rapidamente. - Julie, você é uma boba. 

Meus olhos se encheram de lágrimas, dessa vez, não consegui me segurar, chorei. Coloquei todas as minhas emoções para fora, tudo o que eu estava sentindo naquele momento. Engoli o orgulho, pois foi a primeira vez que chorei na frente de Daniel, sei que ele vai começar a rir de mim, ou então debochar, ou algo assim. Mas eu não liguei. Fechei os olhos, deixando as lágrimas cairem, os abri novamente, minha visão estava embaçada, mas vi Daniel me fitar, imovel. Deveria estar surpresso;

- Ei... - Fechei os olhos de novo, ao ouvir a voz de Daniel, eu tinha certeza de que ele iria dizer mais palavras pesadas, para eu derramar mais lágrimas. - para... Julie, por favor. - Completa ele.

Abaixei a cabeça, ainda em prantos, vi que Daniel estava encomodado com isso. Tentei olhar para ele, mas eu não conseguia, eu sabia que se eu o encarasse, iria chorar ainda mais.

- Para vai... Não chora, Julie. Não chora. 

Encarei Daniel, finalmente. Vi que sua expressão era de preocupação.

- Continua... - Disse com dificuldade. - Continua me chamando de boba... e essas outras coisas... vai. - Voltei a chorar, dessa vez me lembrando de todas as discuções e brigas com Daniel. 

'' Não sei o que fazer nessas horas... '' Reclama ele, em um tom de susurro.

- Julie, para tá?! Eu nem falei tanta coisa assim... - Ele tenta se defender. 

- Ahh não, magina... durante esses três meses, só discutiu comigo tipo... umas quinhentas vezes. - O respondi. não sei como consegui engolir o choro por alguns segundos para o responder. 

- Sei que está chorando por causa do cretino... - Ao ouvir isso, chorei mais ainda, pois por um momento, havia esquecido disso. 

- Vai embora. - Disse, com a voz roca. 

- Quer saber ?! - Fala Daniel, novamente se mostrando nervoso. - Não vou deixar ele te magoar desse jeito, eu vou dar uma lição nesse cretino, uma lição que ele não vai esquecer. - Completa Daniel, enfezado. 

Daniel era tão insensivel que não conseguiria nem secar algumas lágrimas que caiam sobre meu rosto. Ao ver quase saindo do meu quarto, percebi que ele se preocupava comigo. Ou então, adorava uma boa briga. 

- Será que você não pode deixar essa sua pose de machão não ?! - O desafiei. 

Ele se vira para mim, e me fita surpresso. Ele respira fundo, realmente, Daniel não sabia como lidar com isso.

- Quer uma dica ? - Estendi os braços. - Um abraço seria ótimo. Seu insensivel. 

- Mas... eu estou molhado. - Ele responde. 

- Tá bom, tá bom, sai daqui logo, vai, tchau. - Disse eu, friamente. 

Ele respira fundo, ainda me fitando. '' Não me ouviu, sai do meu quarto. '' Disse baixinho, mas alto o suficiente para ele ouvir. Daniel se aproxima, fiquei paralizada, ele envolve minha cintura e me abraça, aquilo me deixou surpressa, o abracei pela nuca. Não me importei que depois do abraço, eu teria que me secar com uma toalha, pois era o que eu precisava, de um abraço confortavel e molhado, neste caso. 

Ficamos abraçados por um tempinho curto, talvez, quinze segundinhos. Conseguia ver a água da chuva pingar de seus cachos para o seu terno. Enquanto estavamos abraçados, me veio vários pensamentos em mente, até que... me afastei um pouco, parando de o abraçar, mais ainda com os braços em sua nuca, e Daniel, por sua vez, me segurando pela cintura, nos encaramos, cara a cara, chegamos um pouco mais perto quando......... nos beijamos. 

Foi apenas um selinho, de cinco segundos, afinal, nem eu e nem ele esperavamos isso. Foi impulso, ou desejo. Percebi que se passaram sete segundos, e nossos lábios ainda estavam juntos. Me afastei. 

- Disculpa. - Nós dois falamos ao mesmo tempo. Ainda nos encarando. Um perdido no olhar do outro.