Deslizei minha mão de sua nuca, o soltando, me afastei, enquanto ainda nos encaravamos assustados, ambos estavam sem palavras, sem reação para o que acabara de acontecer... Admito que foi um beijo bem intenso, mesmo sendo apenas um selinho... mas, foi algo profundo, de outro mundo, algo diferente.

Respirei fundo, tentando esquecer os ultimos trinta segundos da minha vida, Daniel ainda continuava com a sua pose de durão, me encarando, com o peito estufado, e um ar de orgulhoso.

– Julie... eu... - Daniel começa a falar, estranhei seu tom de voz, pois ele parecia estar bem calmo. Ele respira fundo. - Preciso dizer que..

– Vá embora. - Minha resposta o deixou sem reação.

– Mas, Julie..

– Sai do meu quarto, eu preciso me secar... estou molhada, vá embora. - Disse ríspida, nesse momento, eu precisava de um tempo só para mim, um tempo para pensar, e eu não estava afim de ouvir Daniel reclamar sobre o que acabara de acontecer.

Ele respira fundo e hesita com a cabeça, ele finalmente sai do meu quarto. Me sentei na cama, ainda perplexa.

– ... Pelo visto, a coisa foi feia! - Diz Beatriz, já entrando no quarto. - O Daniel estava chateado quando desceu as escadas... - Completa ela;

– Bia, já está tarde... é melhor cê ir pra casa.

– Aconteceu alguma coisa ? - Pergunta ela, pois me mostrei um pouco triste.

– Só estou cansada. - Menti. - Preciso dormir. E me secar... - Completei.

– Peraí, como foi que você se molhou ? - Começaram suas perguntinhas basicas, Bia me jogou um olhar de '' Sei que está escondendo alguma coisa... ''

– Amanhã te explico. - Disse indo até o banheiro do meu quarto. - Boa noite amiga.

– Boa noite Juh, até amanhã;

– Até.

Tomei um banho, olhei para o relógio, e vi que já eram mais de onze horas da noite, me joguei na cama, e cai em um sono profundo, já que o dia foi longo, e a noite também, eu estava exausta.

#Daniel:

Já era de dia, finalmente, estava morrendo de cansaço, já que passei a noite inteira pensando na Julie, acabei nem dormindo. Quando me levantei, Martim e Félix ficaram visíveis e falaram que hoje era dia de ensaio. Fui até a cozinha, esperei o pai da Julie ir trabalhar para assaltar a geladeira, tomei um copo cheio de café puro, eu precisava manter as energias.

'' Beijei a Julie... não... ela me beijou... '' Pensava enquanto tomava o café... '' Nós nos beijamos. '' Conclui.

Eu estava confuso, será que esse beijou significou alguma coisa para ela ?

– oi. - Ela apareceu na cozinha, e abriu a geladeira. Julie parecia sonolenta.

– Bom dia. - Tentei ser educado, sei que ela estava magoada com o cretino, e iria descontar essa magoa em mim, se tornando fria.

Ela pega um copo de suco, e uma fatia de pão, simplismente me ignorando.

– Tchau. - Responde ela, saindo da cozinha. Resolvi não discutir, já que sabia que Juliana estava triste.

Passei pela sala, onde Juliana estava, e fui para rua, talvez para espairecer. Já que hoje seria um loooongo dia. Estava andando calmamente, pensativo. Quando encontro Beatriz do outro lado da rua, abaixei a cabeça, não queria que ela me visse, mas foi em vão, Beatriz atravessou a rua, e foi em minha direção, continuei andando, dessa vez, mais rápido, não estava com paciencia para parar e conversar.

– Ei, ei. Calma apressadinho. - Ela me puxa, me fazendo parar.

– O que foi hein... - Perguntei impaciente.

– O que você fez com a minha amiga ?

Bufei.

– Porque não pergunta isso para o Nicolas... - Voltei a andar.

– Espera! - Ela novamente me puxa. - Daniel... eu conheço a Julie, ela está triste, e te conheço também, sei que vocês dois discutiram...

– É... parece que você me conhece muito pouco, nós não discutimos...

– Então o que houve ?

– Pergunta a ela... - Continuei andando, deixando Bia parada na rua. Resolvi ir em sua direção. - Diga para Julie, ir até a edicula.

– Por que? - Odeio essa mania da Bia querer saber sempre o porque das coisas...

– Porque eu quero falar com ela, é uma coisa importante. - Fiz uma pausa.- Diga pra ela que teremos ensaio. Inventa qualquer disculpa para ela ir até lá.... - Disse para ela, a hora em que Juliana deveria ir até lá. Beatriz aceitou me fazer esse favor, ainda bem.

#Julie:

Bia tinha chegado aqui em casa, acabei contando o que aconteceu, ela ficou toda boba, rindo a toa. Ela sempre me dizia que eu e Daniel tinhamos um apego, mesmo nos odiando.

– Ele gosta de você, Juh.

– Não fala besteira... ele... não gosta, foi só um impulso do momento, só isso.

– Huum.. você que pensa. - Ela deu um sorriso torto.

– Amiga, acha mesmo que o Daniel gosta de mim? O DANIEL?!

Ela ficou um pouco pensativa, e não me respondeu.

– Ele disse que mais tarde teria ensaio. - Responde Beatriz, mudando de assunto.

– Huum.. - Olhei para o relógio. Era um pouco cedo para ter ensaio. - Sério ?

– É... Acho que é agora; - Responde Bia, um pouco nervosa, até estranhei. - É melhor você descer. - Completa ela, encarando o relógio.

– .. Tá bom né... - Desci as escadas.

Fui até a edicula, a porta estava aberta, ouvi a voz de Daniel lá dentro, como se estivesse falando sozinho. Estranhei, mas resolvi ouvir o que ele falava, me lembro que quando ele era fantasma sempre estava ouvindo minhas conversas, agora era minha vez.

Resolvi dar uma espiadinha na edicula. Sim, ele estava falando sozinho, como se estivesse treinando um bom jeito de falar, ou algo assim. Na hora me deu vontade de rir, pois ele parecia estar um pouco nervoso.

– Julie... eu... - Daniel falava, estranhei ao ouvir meu nome no meio. - eu... - por algum motivo, ele não completava a frase.

'' Vai, fala logo! '' Susurrei impaciente, Ele olhou para os lados, parece que ele ouviu a minha voz, dei um jeitnho de me esconder rapidamente.

– Estranho... - Ele reclama. - Jurava que ouvi alguém... - Ele olha em volta, disconfiado. - Martim, Félix ? Seus dois inúteis, vocês não estão por aqui invisiveis não né ? - Ele respirou fundo e ficou mais calmo ao ver que ninguém o respondeu.

Daniel foi em direção aos dardos, talvez para se distrair. Eu continuava o observando, escondida.

– Porque não consigo parar de pensar em você, Julie. - Ele joga um dardo com força. - Porque me apaixonei logo por você. Porquê ?

'' E você nem disconfia de que eu estou ouvindo tudo...'' Pensei.