Karakuri Burst Of Lass And Mari escrita por Ao Kiri Day
_Se deu muito bem em sua missão, Mari. –Elesis.
_Obrigada mestra.
_Porém…você já cumpriu seu dever aqui na minha sociedade. Não tem mais o que fazer aqui… -Elesis.
_Está dizendo que eu…
_Você não trabalha mais pra mim. Você já não é mais uma opção, temos agentes bem mais treinados que você…afinal, você foi a primeira e já usamos todos os recursos possíveis seus para aperfeiçoar os novos recrutas. –Elesis.
_Isso não é possível…Elesis-sama, eu fui criada aqui, é só o que sei fazer…
_Você. Não é mais necessária aqui…prefere sair daqui viva ou como um cadáver? –Elesis.
Mantive-me quieta...aquela ruiva caolha nojenta! Ela estava me descartando! Eu não sou um projeto, sou humana…
Mas pensando bem…talvez eu fosse mesmo apenas uma inútil. Não consigo nem matar aquele Lass…
_Vá embora daqui, Mari. –Elesis.
A raiva me consumia de uma forma que nunca senti antes. Eu não aceitava ser apenas uma marionete…eu queria ser a principal marionete.
Eu contive as lágrimas. E pensar que passei todo esse tempo vivendo apenas para obedecer as ordens daquela mulher.
Atravessei a floresta, passando pela grande mata que protegia o esconderijo da mestra. Tinha regras…se eu contasse ou revelasse algo sobre a mestra, ela iria mandar agentes especializados para me matar.
Eu senti-me pela primeira vez com medo. Eu não tinha ninguém, só o meu revólver…eu parei de novo naquela cachoeira.
Meu coração batia devagar e senti o vazio na alma…deprimida eu fiquei. Um choque que talvez não tivesse cura…eu queria morrer. Minhas lágrimas já não eram mais proibidas e isso me doía ainda mais, pois não conseguia pará-las, manter meu orgulho.
Fui descartada…e eu não gosto de ser rejeitada…
Foi quando aquela lâmina congelante me trouxe uma felicidade maior…tão perto da morte…
_O que está fazendo aqui? Você não deveria estar atrás do conselheiro do Senhor Feudal? –Lass.
_Ele já está morto…
Ele me apertou ainda mais a pele. Eu me sentia realizada por dentro…se eu sumisse, eu talvez pudesse recomeçar tudo de novo em outra reencarnação.
Só que ele viu meu reflexo na água.
_Não foi você que o matou. O que houve? –Lass.
Ele tinha a voz sem expressão, completamente sem deixar transpassar nada.
_Eu fui…despedida. Só isso. Pode me matar, eu não sirvo pra mais nada. –Mari.
Ele tirou a Katana e guardou-a na bainha.
_Você foi jogada fora…que estranho…eu também. –Lass.
Ao ouvir isso, virei meu rosto todo marcado para ele. Ele, com aqueles belos olhos, me encarava e eu me senti ainda mais fraca quando percebi que ele tinha sofrido o mesmo que eu e não sentia dor.
_Sinto inveja de você. –Mari.
_E por quê? –Lass.
Ri, limpando o rosto e deixando minha mão afundar na água límpida. Ele se sentou.
_Eu queria morrer…e você… -Mari.
_Eu quis te ver um pouco. Podíamos ter nos matado antes…e porque não fizemos? –Lass.
Me encolhi…ele devia saber.
_Eu ainda me lembro da nossa amizade. –Mari.
Ele sorriu…estava olhando pra Lua. Hoje ela parecia menos sangrenta…estava brilhante e azul.
_Podíamos nos juntar…e acabar com tudo isso de uma vez. –Lass.
Ele inclinou a cabeça para mim. Eu sentia grande afeto por ele…e minha sede de sangue devia ser efeito da influência de Elesis-sama.
_Vale a pena morrer tentando. –disse a ele.
Nos levantamos. E aí percebi que não vestia mais a farda dos nazistas…vestia uma blusa azul com um colete cinza e um casaco preto, uma calça preta cheia de bolsos e um coturno pesado, e a bainha da Katana pendurada às costas.
E eu continuava vestida do mesmo jeito…eu dificilmente trocava de roupa.
_Desconfortável com algo? –Lass.
_Só estava vendo o quanto você fica bem de azul. –Mari.
Ele sorriu de leve e tirou algo de uma bolsa que carregava. Estendeu um tecido dobrado para mim.
Era um Kimono novo, curto, cor rosa-claro cheio de sakuras, a faixa azul-clara. Era um tecido muito caro.
_N-Não precisava… -Mari.
_Vista. –Lass.
Claro, ele tinha me visto nua claramente, mas ele estava pedindo agora. E isso me deixou constrangida…e tive ímpeto de matá-lo mesmo.
Ele se virou. Suspirei de alívio…pelo menos ele se virou antes de eu dizer alguma besteira.
Me troquei bem rápido, tomando cuidado para não sujar.
_Pronto…ou quase…
Mas ele já tinha virado. Fiquei segurando a faixa, eu precisava amarrar mais forte, era muito diferente do meu outro.
Vi um riso da parte dele.
_Precisa de ajuda não é? –Lass.
Ele me virou de costas e segurou a faixa, amarrando-a corretamente. Quando terminou, ele se afastou uns 3 passos.
_Pronto. –Lass.
_Obrigada. –Mari.
Ele ainda se adiantou e soltou o meu cabelo, mexendo nas mechas, deixando-o alinhado. Essa era uma das vantagens de ter o cabelo bem liso.
_Podemos ir agora? –Lass.
Assenti. Eu até queimei minha antiga roupa, eu queria esquecer tudo em relação com Elesis-sama.
Primeiro fomos à base Nazista…ele iria acertar contas com o Fuhrer. E eu iria ajudá-lo…
Assim que cheguei no portão, servi como distração. Os guardas tiveram atenções voltadas a mim e Lass pôde se infiltrar.
_Vocês poderia me deixar entrar? –Mari.
_Olha, gracinha…nós não podemos, mas quem sabe isso não muda se você retribuir o favor. –um guarda.
Pisquei pra ele. Assim que abriu o portão, ele mandou um colega ficar tomando conta e me levou para alguns quartos usados pelo exército.
No momento que ele fechou a porta e me agarrou, eu lhe dei uma cotovelada no estômago e um soco no nariz.
O desacordei facilmente lhe dando um golpe fortíssimo na nuca.
Peguei suas roupas e vesti por cima do kimono, prendendo o cabelo dentro de uma boina com o símbolo nazista.
Saí de dentro do quarto, indo para o escritório oficial. Lass parecia já ter passado por ali. Fui até os fundos onde havia alguns vigias…me encaminhei até eles.
_Parece que há un intruso no portão 6. Por ordem do general, ele mandou que fossem todos verificar. –disse engrossando a voz.
Eles foram imediatamente. Gente burra essa…
Subi discretamente a parede, me dirigindo por uma escada até chegar no último andar. Olhei sorrateiramente por uma janela aberta.
Lass estava encrencado. Ele foi pego por um tiro do Fuhrer…mas eu tenho a melhor mira de todas.
Apontei e atirei. No ombro dele.
Lass aproveitou e cravou a Katana no peito do homem. Ele caiu de joelhos, cuspindo sangue…Lass puxou sua Katana de volta e veio em minha direção.
_Precisamos correr… -Lass.
Fiquei até magoada por não me agradecer, mas sabia que não era hora. Passamos pelas cercas farpadas dos portões dos fundos, desviando dos tiros e das lanças.
Fui pega de raspão na perna. E Lass precisou me ajudar…Conseguimos escapar nas montanhas, onde encontramos um pequeno matagal e uma caverna.
A caverna não estava sendo usada por animais felizmente…era abandonada. Lass ficou choramingando que o tecido era muito caro e outras coisas, que ele não queria que tivesse estragado.
Mas tudo o que houve foi a minha perna com um rasgão imenso, meu ombro atingido por uma bala, e a calça nojenta da farda nazista toda rasgada.
Tirei aquela roupa, jogando-a em um canto. Lass acendeu uma fogueira, e foi buscar água.
Estava escurecendo e o céu já não tinha mais Lua. Ele entrou e sentou-se do meu lado…
Pegou uns pedaços de pano limpos que tinha guardado de sua antiga roupa, e pegou meu braço, lavando meus ferimentos.
_Fiz uns testes de sobrevivência. Já vi coisas bem piores. –Lass.
_Que motivador. Esse arrombo na minha perna vai demorar pra curar. –Mari.
Ele até apertou com mais força o curativo na perna, me fazendo segurar com muito esforço um gemido arrasador.
_Obrigado pela ajuda. Vou retribuir o favor quando formos atrás da Elesis. –Lass.
_O que sabe sobre ela? –perguntei.
_Que ela teve o olho perdido, assim como você, por uma pessoa chamada Sieghart. –Lass.
_Foi pelo general então? Sempre quis saber. –Mari.
_É…e você? –Lass.
_Por ela mesma…fui cegada por ela. Ela me deu um presentinho graças à minha intromissão em seus assuntos pessoais. Faz muito tempo…ela estava junto com um homem de cabelo arroxeado. Ele era muito imponente, mas não lembro do rosto. AI! Vai com calma!–Mari.
_Desculpe-me. Pode acreditar, o General Sieghart e a Comunista Elesis tinham um caso… mas adivinha: o Fuhrer conseguiu que alguns soldados descobrissem algo. E quando soube de algumas “evidências”, capturou ela e o seu general querido. Ele obrigou-o a provar sua inocência e ele a cegou de um olho. –Lass.
_Depois ela jurou vingança e se refugiou em um esconderijo com outros guerreiros opositores, e criou uma arma de destruição. E para jogar à altura, o Fuhrer escolheu alguém talentoso e o treinou para combater as armas do comunismo. –Mari.
Ele assentiu com a cabeça. Tudo era guerra para aqueles homens, e nós dois sobramos, nós lutamos no lugar deles…só que isso iria acabar logo, logo.
Lass terminou os curativos. Ficou olhando para mim como se quisesse dizer algo e acho que eu deveria dizer algo mesmo…
Mas nosso silêncio foi desperto por um trovão. Uma chuva fina começava a cobrir o extenso vale aos nossos olhos.
_Está com frio? –Lass.
Tive ímpeto de dizer não, mas um vento gélido me pegou pelas costas me fazendo encolher totalmente. Ele se levantou e me pegou no colo, me deixando um pouco sem-jeito…as mãos deles chegavam a ser atrevidas, mas não deixavam de me reconfortar.
Sentamo-nos em um canto que não batia tanto vento, ele protegendo-me corpo com o dele. Minha cabeça encostada em seu peito. Ele até abriu seu casaco e me abrigou com um lado, espalhando seu calor pra mim.
Senti carinho, isso foi algo que não tínhamos desde os 6 anos de idade…ele me acariciava, passando as mãos por meu ombro sob seu casaco, e com a outra acariciava minhas coxas.
Dois tipos de carinho diferentes, mas os dois me aqueciam. Era realmente para me aquecer do que para me provocar…mas confesso…era excitante.
Acabei envolvendo a cintura dele, acariciando-o também. Ficamos juntos desse jeito por muito tempo, sem conseguir dormir.
_M-Mari… -Lass me chamando aos sussurros.
_F-Fale… -respondi.
O frio que fazia estava congelando minhas pernas e meus pés. Lass notou isso…me fez sentar entre suas pernas, e abraçá-lo bem forte.
Eu, se não fosse a incrível sensação do corpo se congelando, poderia jurar que ele estava extremamente tarado, me acariciando do jeito que estava.
Depois de umas horas senti o calor aumentar bastante, e as dores dos machucados incomodavam menos. Eu me entreguei ao sono.
Continua
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