Karakuri Burst Of Lass And Mari escrita por Ao Kiri Day


Capítulo 4
Passo 3: Morte ao Fuhrer




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_Se deu muito bem em sua missão, Mari. –Elesis.

_Obrigada mestra.

_Porém…você já cumpriu seu dever aqui na minha sociedade. Não tem mais o que fazer aqui… -Elesis.

_Está dizendo que eu…

_Você não trabalha mais pra mim. Você já não é mais uma opção, temos agentes bem mais treinados que você…afinal, você foi a primeira e já usamos todos os recursos possíveis seus para aperfeiçoar os novos recrutas. –Elesis.

_Isso não é possível…Elesis-sama, eu fui criada aqui, é só o que sei fazer…

_Você. Não é mais necessária aqui…prefere sair daqui viva ou como um cadáver? –Elesis.

Mantive-me quieta...aquela ruiva caolha nojenta! Ela estava me descartando! Eu não sou um projeto, sou humana…

Mas pensando bem…talvez eu fosse mesmo apenas uma inútil. Não consigo nem matar aquele Lass…

_Vá embora daqui, Mari. –Elesis.

A raiva me consumia de uma forma que nunca senti antes. Eu não aceitava ser apenas uma marionete…eu queria ser a principal marionete.

Eu contive as lágrimas. E pensar que passei todo esse tempo vivendo apenas para obedecer as ordens daquela mulher.

Atravessei a floresta, passando pela grande mata que protegia o esconderijo da mestra. Tinha regras…se eu contasse ou revelasse algo sobre a mestra, ela iria mandar agentes especializados para me matar.

Eu senti-me pela primeira vez com medo. Eu não tinha ninguém, só o meu revólver…eu parei de novo naquela cachoeira.

Meu coração batia devagar e senti o vazio na alma…deprimida eu fiquei. Um choque que talvez não tivesse cura…eu queria morrer. Minhas lágrimas já não eram mais proibidas e isso me doía ainda mais, pois não conseguia pará-las, manter meu orgulho.

Fui descartada…e eu não gosto de ser rejeitada…

Foi quando aquela lâmina congelante me trouxe uma felicidade maior…tão perto da morte…

_O que está fazendo aqui? Você não deveria estar atrás do conselheiro do Senhor Feudal? –Lass.

_Ele já está morto…

Ele me apertou ainda mais a pele. Eu me sentia realizada por dentro…se eu sumisse, eu talvez pudesse recomeçar tudo de novo em outra reencarnação.

Só que ele  viu meu reflexo na água.

_Não foi você que o matou. O que houve? –Lass.

Ele tinha a voz sem expressão, completamente sem deixar transpassar nada.

_Eu fui…despedida. Só isso. Pode me matar, eu não sirvo pra mais nada. –Mari.

Ele tirou a Katana e guardou-a na bainha.

_Você foi jogada fora…que estranho…eu também. –Lass.

Ao ouvir isso, virei meu rosto todo marcado para ele. Ele, com aqueles belos olhos, me encarava e eu me senti ainda mais fraca quando percebi que ele tinha sofrido o mesmo que eu e não sentia dor.

_Sinto inveja de você. –Mari.

_E por quê? –Lass.

Ri, limpando o rosto e deixando minha mão afundar na água límpida. Ele se sentou.

_Eu queria morrer…e você… -Mari.

_Eu quis te ver um pouco. Podíamos ter nos matado antes…e porque não fizemos? –Lass.

Me encolhi…ele devia saber.

_Eu ainda me lembro da nossa amizade. –Mari.

Ele sorriu…estava olhando pra Lua. Hoje ela parecia menos sangrenta…estava brilhante e azul.

_Podíamos nos juntar…e acabar com tudo isso de uma vez. –Lass.

Ele inclinou a cabeça para mim. Eu sentia grande afeto por ele…e minha sede de sangue devia ser efeito da influência de Elesis-sama.

_Vale a pena morrer tentando. –disse a ele.

Nos levantamos. E aí percebi que não vestia mais a farda dos nazistas…vestia uma blusa azul com um colete cinza e um casaco preto, uma calça preta cheia de bolsos e um coturno pesado, e a bainha da Katana pendurada às costas.

E eu continuava vestida do mesmo jeito…eu dificilmente trocava de roupa.

_Desconfortável com algo? –Lass.

_Só estava vendo o quanto você fica bem de azul. –Mari.

Ele sorriu de leve e tirou algo de uma bolsa que carregava. Estendeu um tecido dobrado para mim.

Era um Kimono novo, curto, cor rosa-claro cheio de sakuras, a faixa azul-clara. Era um tecido muito caro.

_N-Não precisava… -Mari.

_Vista. –Lass.

Claro, ele tinha me visto nua claramente, mas ele estava pedindo agora. E isso me deixou constrangida…e tive ímpeto de matá-lo mesmo.

Ele se virou. Suspirei de alívio…pelo menos ele se virou antes de eu dizer alguma besteira.

Me troquei bem rápido, tomando cuidado para não sujar.

_Pronto…ou quase…

Mas ele já tinha virado. Fiquei segurando a faixa, eu precisava amarrar mais forte, era muito diferente do meu outro.

Vi um riso da parte dele.

_Precisa de ajuda não é? –Lass.

Ele me virou de costas e segurou a faixa, amarrando-a corretamente. Quando terminou, ele se afastou uns 3 passos.

_Pronto. –Lass.

_Obrigada. –Mari.

Ele ainda se adiantou e soltou o meu cabelo, mexendo nas mechas, deixando-o alinhado. Essa era uma das vantagens de ter o cabelo bem liso.

_Podemos ir agora? –Lass.

Assenti. Eu até queimei minha antiga roupa, eu queria esquecer tudo em relação com Elesis-sama.

Primeiro fomos à base Nazista…ele iria acertar contas com o Fuhrer. E eu iria ajudá-lo…

Assim que cheguei no portão, servi como distração. Os guardas tiveram atenções voltadas a mim e Lass pôde se infiltrar.

_Vocês poderia me deixar entrar? –Mari.

_Olha, gracinha…nós não podemos, mas quem sabe isso não muda se você retribuir o favor. –um guarda.

Pisquei pra ele. Assim que abriu o portão, ele mandou um colega ficar tomando conta e me levou para alguns quartos usados pelo exército.

No momento que ele fechou a porta e me agarrou, eu lhe dei uma cotovelada no estômago e um soco no nariz.

O desacordei facilmente lhe dando um golpe fortíssimo na nuca.

Peguei suas roupas e vesti por cima do kimono, prendendo o cabelo dentro de uma boina com o símbolo nazista.

Saí de dentro do quarto, indo para o escritório oficial. Lass parecia já ter passado por ali. Fui até os fundos onde havia alguns vigias…me encaminhei até eles.

_Parece que há un intruso no portão 6. Por ordem do general, ele mandou que fossem todos verificar. –disse engrossando a voz.

Eles foram imediatamente. Gente burra essa…

Subi discretamente a parede, me dirigindo por uma escada até chegar no último andar. Olhei sorrateiramente por uma janela aberta.

Lass estava encrencado. Ele foi pego por um tiro do Fuhrer…mas eu tenho a melhor mira de todas.

Apontei e atirei. No ombro dele.

Lass aproveitou e cravou a Katana no peito do homem. Ele caiu de joelhos, cuspindo sangue…Lass puxou sua Katana de volta e veio em minha direção.

_Precisamos correr… -Lass.

Fiquei até magoada por não me agradecer, mas sabia que não era hora. Passamos pelas cercas farpadas dos portões dos fundos, desviando dos tiros e das lanças.

Fui pega de raspão na perna. E Lass precisou me ajudar…Conseguimos escapar nas montanhas, onde encontramos um pequeno matagal e uma caverna.

A caverna não estava sendo usada por animais felizmente…era abandonada. Lass ficou choramingando que o tecido era muito caro e outras coisas, que ele não queria que tivesse estragado.

Mas tudo o que houve foi a minha perna com um rasgão imenso, meu ombro atingido por uma bala, e a calça nojenta da farda nazista toda rasgada.

Tirei aquela roupa, jogando-a em um canto. Lass acendeu uma fogueira, e foi buscar água.

Estava escurecendo e o céu já não tinha mais Lua. Ele entrou e sentou-se do meu lado…

Pegou uns pedaços de pano limpos que tinha guardado de sua antiga roupa, e pegou meu braço, lavando meus ferimentos.

_Fiz uns testes de sobrevivência. Já vi coisas bem piores. –Lass.

_Que motivador. Esse arrombo na minha perna vai demorar pra curar. –Mari.

Ele até apertou com mais força o curativo na perna, me fazendo segurar com muito esforço um gemido arrasador.

_Obrigado pela ajuda. Vou retribuir o favor quando formos atrás da Elesis. –Lass.

_O que sabe sobre ela? –perguntei.

_Que ela teve o olho perdido, assim como você, por uma pessoa chamada Sieghart. –Lass.

_Foi pelo general então? Sempre quis saber. –Mari.

_É…e você? –Lass.

_Por ela mesma…fui cegada por ela. Ela me deu um presentinho graças à minha intromissão em seus assuntos pessoais. Faz muito tempo…ela estava junto com um homem de cabelo arroxeado. Ele era muito imponente, mas não lembro do rosto. AI! Vai com calma!–Mari.

_Desculpe-me. Pode acreditar, o General Sieghart e a Comunista Elesis tinham um caso… mas adivinha: o Fuhrer conseguiu que alguns soldados descobrissem algo. E quando soube de algumas “evidências”, capturou ela e o seu general querido. Ele obrigou-o a provar sua inocência e ele a cegou de um olho. –Lass.

_Depois ela jurou vingança e se refugiou em um esconderijo com outros guerreiros opositores, e criou uma arma de destruição. E para jogar à altura, o Fuhrer escolheu alguém talentoso e o treinou para combater as armas do comunismo. –Mari.

Ele assentiu com a cabeça. Tudo era guerra para aqueles homens, e nós dois sobramos, nós lutamos no lugar deles…só que isso iria acabar logo, logo.

Lass terminou os curativos. Ficou olhando para mim como se quisesse dizer algo e acho que eu deveria dizer algo mesmo…

Mas nosso silêncio foi desperto por um trovão. Uma chuva fina começava a cobrir o extenso vale aos nossos olhos.

_Está com frio? –Lass.

Tive ímpeto de dizer não, mas um vento gélido me pegou pelas costas me fazendo encolher totalmente. Ele se levantou e me pegou no colo, me deixando um pouco sem-jeito…as mãos deles chegavam a ser atrevidas, mas não deixavam de me reconfortar.

Sentamo-nos em um canto que não batia tanto vento, ele protegendo-me corpo com o dele. Minha cabeça encostada em seu peito. Ele até abriu seu casaco e me abrigou com um lado, espalhando seu calor pra mim.

Senti carinho, isso foi algo que não tínhamos desde os 6 anos de idade…ele me acariciava, passando as mãos por meu ombro sob seu casaco, e com a outra acariciava minhas coxas.

Dois tipos de carinho diferentes, mas os dois me aqueciam. Era realmente para me aquecer do que para me provocar…mas confesso…era excitante.

Acabei envolvendo a cintura dele, acariciando-o também. Ficamos juntos desse jeito por muito tempo, sem conseguir dormir.

_M-Mari… -Lass me chamando aos sussurros.

_F-Fale… -respondi.

O frio que fazia estava congelando minhas pernas e meus pés. Lass notou isso…me fez sentar entre suas pernas, e abraçá-lo bem forte.

Eu, se não fosse a incrível sensação do corpo se congelando, poderia jurar que ele estava extremamente tarado, me acariciando do jeito que estava.

Depois de umas horas senti o calor aumentar bastante, e as dores dos machucados incomodavam menos. Eu me entreguei ao sono.

Continua


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