Sai do quarto muito triste, na verdade fiquei lá com ele até acabar o horário de visita, que naquele hospital era meia noite. Sai de lá desapontada, logo ele estaria de volta à escola, mas como contar a irmã dele que talvez ele não se lembrasse dela? E como o melhor amigo dele (embora encrenqueiro) Sasuke ficaria ao saber da amnésia? Essa era a fase mais triste da minha vida. Logo quando encontro o amor, ele toma outro caminho. Quando eu acho a pessoa certa, a vida me prega uma brincadeira, de mau gosto por sinal.

 Sai do Hospital, abalada; muito triste. Estava caminhando entre “pedras e espinhos” como dizia minha avó. Com os olhos cheios de lagrimas, a cabeça pesando, resolvi soltar o coque, deixando assim que meu cabelo ficasse solto, balançando livremente, pela noite que estava deixando as ruas muito escuras. Estaria eu sozinha no mundo? Meus pais se esqueceram de mim, minha irmã mais nova tem rede social e nem se lembra de mandar um email pra saber se eu estou viva.  Agora eu só tenho meu primo de parente por perto e que ainda por cima mora um pouquinho longe da escola e longe demais da minha casa. Realmente, estou precisando de um grande barco pra me segurar antes que a maré me leve para longe daqui. Resolvi pegar atalho por um beco; Assim eu chegaria mais depressa em casa. Como não tinha movimento por Konoha eu resolvi passar por ali. No meio do beco eu ouvi vozes, dois homens em forma de vulto estavam lá e eles riam, acho que estavam bêbados ou drogados. Um deles foi se aproximando, enquanto o outro falava:

- Cara a deixa em paz, ela deve ser só uma garotinha perdida – E ele debochava – Deixa ela com sua ingenuidade, espera um pouco Simon... Veja a garotinha deve ter uns 17 anos. Podemos brincar então.

- Parem com isso – de quem é essa voz?eu me pergunto ainda andando para longe daqueles criminalistas  – não mecham com minha melhor amiga, senão vocês vão se ver com Sakura Haruno seus imprestáveis.

- E o que uma garota de cabelos Róseos pode fazer com a gente? Isso me dá náuseas.  – Ele disse em tom de deboche outra vez, pena que ele não conheça a forca da minha amiga, ainda – Corra pra saia da mamãe, você é só uma garotinha de 13 anos,ainda é ingênua.

Pra que falar isso seu bocó? Com certeza agora você a enfureceu e vai ser o primeiro a experimentar o novo golpe que ela aprendeu com o mestre Taek da escola de Judô. Ainda bem que não sou eu que vou dar – lhes uma boa bofetada, eu faço Kung Fu, seus palermas.

- Por que não repete o que acabou de falar, mas dessa vez em voz alta? – Ela disse se enfurecendo cada vez mais – Não tem coragem, ou você que é a criança ingênua?

Ela se posicionou em estilo de luta, mais não era Judô, será que ela estava fazendo outro cursinho de luta e eu não sabia? Como estava muito escuro, só conseguir escutar vozes de dor naquele beco, e com certeza eram daqueles caras.

- Você esta bem Hinata? – ela disse olhando pra mim com uma cara de assustada, tipo “Você sabia que estaria sujeita a isso Hinata, sua chefa te alertou sobre esse beco” Incrível como eu consigo decifrar todas as falas em um só olhar né?

- Sim estou bem. Vamos para casa Sakura, preciso descansar e falar com você depois e é seriíssimo. – Eu quis me expressar bem, mas a tristeza em meu coração não deixava. Pelo menos conversar com minha irmã Gêmea de “Coração” Me fazia bem, principalmente nos tempos difíceis. Quando tudo parecia acabar a minha volta, ela me fazia rir, quando tudo estava frio e intenso, sem vida ela pegava um lápis e coloria as coisas que eu mais gostava me fazendo ficar brava com ela e depois disso dizer “Eu compro outro”, ela era mais perfeita que minha irmã de sangue. Era ela quem dava espaço para o meu sorriso crescer. Somos amigas desde que nos conhecemos na Pré-escola, quando ela tropeçou em um menino e seu lanche foi pro chão, eu dei o meu pra ela, por que na escolinha não tinha “Repetição”.

 Fomos andando pelas ruas de Konoha, meu estomago estava doendo muito, de tanta fome que eu estava, também pudera, fiquei mais de 5 horas no hospital, só conversando com meu namorado que estava “Amnesiado” por um carro...

Passamos em uma banquinha de jornal que ficava aberto das 15 horas da tarde até a 1 hora da manhã, vi a manchete:

“Garoto da escola Particular, Education School Konoha foi atropelado por um ônibus... confira mais na pagina Sete”

 Pra que ler algo que eu já sabia? E ainda mais sendo culpa minha, já que eu que fiz com que ele corresse desorientado pelo corredor que ligava a entrada da escola até o portão principal que dava para a entrada de todos os alunos para o salão principal.

 Saímos da banquinha e fomos caminhando até minha casa, chegando lá procurei a chave dentro da minha bolsa e girei a fechadura. A porta se abriu, resultando em uma casa totalmente limpa e vazia. Ótimo, como é bom te ver também “Lar doce lar”.

 Coloquei minha bolsa sobre o sofá velho de couro com imagem de bichinhos de pelúcias e pôster e corri para meu quarto pegar meu pijama, mas antes retirei do varal meu uniforme escolar, já estava seco e bem seco. Sakura se ajeitou na minha cama, pegou aquelas revistas de moda que só eu e ela tínhamos. As roupas e sapatos que nós mesmas fazíamos, porque como a gente tinha sido as melhores alunas da escola em uma época, escolhemos um curso que as duas vinham querendo fazer a muito tempo e acreditem, nós ganhamos dinheiro com isso.

 Eu fui tomar banho. A água quente que caia sobre minha cabeleira resfriava minha mente fervente de preocupação. Deixei algumas lágrimas rolarem, mas por fim já estava refeita, me enxagüei e coloquei meu pijama. Já era quase 3 horas da manha e nós duas ainda estávamos acordadas, assistindo “caça fantasmas”. Foi muito divertido ver a cara da Sakura imitando o jornalista na parte do comercial, era a primeira vez que eu ria depois do acidente. Eu não estava conseguindo dormir e nem ela. Acho que tomei muito café no expediente e no hospital. Deitei – me na poltrona e peguei a Bíblia para ler um pouco, talvez aquela leitura magnífica me fizesse bem e realmente fez. Fui lendo até pegar no sono. Resumindo eu dormi com a bíblia no colo.

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Acordei atrasada, provavelmente o ônibus escolar já havia passado. Acordei Sakura que estava abraçada ao Teddy (Meu ursinho de pelúcia branco de olhinhos vermelhos que segura uma guitarra de cristais). Troquei de roupa, tomei um café bem rápido e nós fomos para a escola, correndo. No caminho havia muitas placas e postes e acredite de dez postes eu dei de cara com sete. Sakura então nem se fale, chegou à escola com o rosto sujo de sangue, de tanta bordoada que ela levou das plaquinhas. Todos já haviam entrado na sala de aula e o professor de biologia já estava fazendo a chamada, que mancada. E olha que essa é a minha matéria preferida. Entramos nos desculpando na sala de aula:

- Não tudo bem fofas, vocês são as alunas prioridade – Realmente, falando a verdade, não que eu tenha preconceito mais o professor é meio, sei lá meio bi, mas adoramo-lo, ele é gente boa – Agora vão se sentar antes que seus colegas comecem a reclamar! Beijinhos.

Sentamos-nos na cadeira esperando as horas passarem. Enfim o intervalo chegou, trouxe umas moedinhas para comprar um lanche para comer (Ava que é pra comer? Pensei que era pra jogar fora). Fui correndo até a cantina, aleluia ela estava vazia, deve ser por isso que acordamos atrasadas. Peguei um pão de forma com frios e um copinho de suco de tangerina, bem forte pra me manter acordada. Comprei o mesmo para Sakura. Sentamos nos banquinhos de madeira que havia ali perto e desfrutamos do nosso sagrado Lanche. Terminamos de comer bem na hora em que o bendito sinal toca. Infeliz esse que inventou essa coisa. Saímos em disparada para a sala, qual não foi nossa surpresa, todos os alunos estavam comendo sua refeição e a diretora na minha frente:

- Vamos Hinata, precisamos conversar – Agora sim me apavorei..

Continua no próximo capitulo.