Mais um dia acordando sozinha, me espreguicei ocupando aquela cama de casal que agora acolhia uma solteira.
    Eu e Anthony, brigávamos mais do que cão e gato, tudo bem que era brigas bobas e provocativas e que muitas vezes terminavam na cama, mas as coisas foram mudando, o ciúmes deu uma dominada nas nossas cabeças, o que ficou bem chato. Um tentava provocar o outro de varias formas, como troco de algo que aconteceu.
    Às vezes isso passava dos limites, então terminamos. Ou pelo menos foi o que deu para entender entre os gritos da nossa ultima briga. Fazia semanas que eu não via aquele cafajeste, não tinha noticias dele, mas eu continuava vendo Flea, por conta da Vanessa, eles não acreditam que a gente tenha se separado, não posso fazer nada por isso.
     Me levantei, tomei um banho demorado e desci para tomar café. Em relação a minha pós? Eu concluí, nem acredito. Eu não tinha mais que ir para lá toda manhã, e as oportunidades de empregos eram muitas, mas a que mais me chamava a atenção era aquela em Nova Iorque, e eu estava prestes a aceitar, eu tenho que dar a resposta em breve, e vou aceitar, com isso terei que mudar para NY.
    Eu fui à casa da minha mãe esses dias e falei para ela sobre isso, ela super gostou da ideia, mas Junne não gostou de eu me mudar. Agora, em relação ao Anthony, quase fui apedrejada quando falei que fazia semanas que não nos falávamos.
     Enfim, terminei de tomar meu café. Eu não fazia ideia do que fazer durante o dia, subi para o meu quarto e fiquei mexendo na internet, passei algum tempo lá com direito a distração para ficar olhando pra rua, aquela rua que a única pessoa que passava todo dia era o moço que entrega o leite e o jornal.
     Meu dia não conseguia passar mais devagar. Quando ouvi meu celular tocar fui correndo atender.
- Oi Vanessa
- Oi, Christie o que vai fazer hoje à noite?
- Nada por quê?
- Vamos comigo e o Flea naquela sorveteria perto da praia? – ela sabia que eu odiava ficar segurando vela.
- Ah Vanessa...
- Não vem com essa historia de você ficar de vela, é um encontro entre amigos, por favor?
- ...
- Hein?
- Está bem. Que horas?
- Ás sete me encontra lá.
- Ok, beijos.
- Beijos.
     Pelo menos eu não ficaria em casa sem fazer nada, fiquei impaciente até chegar à noite, então fui dormir. Acordei e fui tomar banho, depois me arrumei. Estava pronta para sair, peguei minha bolsa e fui pro carro.

Em pouco tempo eu já estava lá, mal entrei e um moço se esbarrou em mim, ele se virou e pediu desculpas, eu podia ter ficado nervosa se ele não fosse tão bonito.

    Avistei Flea e Vanessa lá no fundo e já fui em direção a eles.
- Oi gente. – falei me sentando.
- Oi. – disse Vanessa
- E aquele moço ali na porta? – começou Flea. – Tá traindo o Anthony?
- Anthony? Quem é Anthony?
- É aquele cara que você disse que se separou, mas outro dia vimos você com ele na cafeteria, parecendo bem amigáveis.
- Deveria ser outra pessoa. Vocês estão bem? – tentei mudar de assunto.
- Sim, sim – disse Vanessa olhando o menu. – Já vamos pedir?
- Por mim pode ser. – disse Flea.
Eu pedi um Sundae bem grande, estava morrendo de vontade ha dias. Eles também fizeram os pedidos deles que logo chegaram.
Estávamos no meio de uma conversa animada quando Flea tirou o celular do bolso e atendeu.
- Oi cara... Sim, a gente tá sim por quê?...Você o que?... Tá bom, estamos no fundo... Está bem... Até mais.
- Que foi amor? – Vanessa perguntou, já que ele ficou serio logo que desligou o celular.
- Vocês terminaram mesmo? - perguntou me olhando ainda serio, e eu não estava entendo o motivo.
- Sim – hesitei um pouco a responder. – Por quê?
- Ele disse que estava indo na minha casa, mas ai lembrou que eu disse que ia vir pra cá, disse que vai dar uma passadinha aqui com a namorada.
- Essa eu quero ver. – ri, mas ninguém me acompanhou.
Depois que acabamos de comer, continuamos conversando, até que uma voz conhecida nos interrompeu.
- Oi. – Olhei pro lado e Anthony estava parado e acompanhado de uma moça, eles estavam de mãos dadas e eu segurando a vontade de rir.
- Oi cara – Flea cumprimentou Anthony. – Oi.- depois cumprimentou a moça.
- Oi oi – Vanessa disse sem dar muita atenção.
- Oi Carla, tudo bem? – perguntei me dirigindo a moça.
- Está tudo bem Christie, e você?
- Vou bem também – respondi e observei a cara de todos, que era de surpresa, menos a de Anthony que era de espanto.
    Carla, era uma velha colega, atriz, ela fazia pequenas peças, mini series, ou chamadas para trabalhos mais particulares. Eu sabia que ela era casada e tinha um filho lindo, certeza que aquilo era mais uma armação do Anthony, e eu estava prestes a descobrir. Eu sabia que não era a primeira vez que fazia esse tipo de serviço e ela não se importava de conversar normalmente sobre sua vida no meio disso, pois sabia que eu sabia de tudo. Seria fácil descobrir, já que ela não sabe que ele é meu ex.
- E o James, tá tudo bem? – James era o marido dela. – O Frank? – era o filho dela.
- Está tudo bem, o Frank cada dia mais lindo.
Confirmado, era tudo armação, e mesmo que eu não tivesse perguntado nada, a cara do Anthony já entregava tudo.
- Você conhece a namorada dele? – Flea perguntou.
- Você conhece ela? – Anthony perguntou para Carla. – Por que não me avisou?
- Era dela que você estava falando? Como eu ia saber? – os dois discutiam. – Você só me disse que queria fazer ciúmes para sua nam...
- Shh, eu não disse nada.
- Disse sim, disse que tinha uma...
- Então, já que estão todos bem – ele a interrompeu – a gente já vai indo tá, vamos ver se pegamos um cinema. Tchau gente.
- tchau. – respondemos quase juntos e segurando o riso.
Ele saiu do local, e nos três nos matamos de rir, durante longos minutos.
- Você viu a cara que ele fez? Nem para enganar ele faz as coisas direito. – disse Flea. – E você ainda fala que se separaram.
- Não cansam desse jogo? – disse Vanessa
- Que jogo? – ainda estava rindo.
- Olha, mas ele deu uma boa ideia, que tal um cinema? Quem sabe não encontramos ele lá?
- Boa ideia amor. Vamos Christie?
- Não, esse eu vou recusar, tenho que ir pra casa.
- Está bem, mas depois a gente conversa ok?
- Ok.
Nos despedimos e eles foram par ao cinema, mas eu não fui pra minha casa. Dentro do meu carro eu ainda tinha a chave da casa do Anthony, eu não estava acreditando no que ele tinha feito, e o mico que ele tinha pagado, precisava ver a cara dele.