Jack

Eu não era apenas um enfermeiro. Eu era um monstro. Um predador imbatível. O melhor assassino. Ou costumava ser. Mas as coisas mudaram. Os anos foram passando, e eu me tornei velho, esquecido. Meu nome já não era mais uma lenda. As pessoas não se assustavam mais com minha presença. Fui me tornando solitário ao longo dos séculos, e precisava de companhia além da morte.

Minhas primeiras tentativas de transformar alguém não funcionaram. As jovem damas eram irresistíveis, e muito frágeis. Seus sangues doces e deliciosos não me deixavam completar a transição, e eu as matava. Elas eram ainda mais lindas depois de mortas. Totalmente pálidas, corpos banhados em sangue manhando sua pureza. Uma cena linda, angelical. Eu era obcecado por garotas. Jovem e lindas, seus sangues me dando vida. Eu não conseguiria resistir a uma delas e não matá-la, a partir do momento em que sentia o cheiro de seu desespero.

Eu precisava mudar meu foco. Escolhi um rapaz, que tinha sua vida já destruida por jogos, bebidas, apostas... Eu o salvei. Ele se tornou imortal, e poderoso. O melhor companheiro, quase um filho, se não aparentássemos ter quase a mesma idade. Seu nome era James.Eu o eduquei, ensinei todos os meus truques. Ele até mesmo tinha um dom. Ele conseguia rastrear as pessoas. Ele era um rapaz bom, até que se envolveu demais.

Ele caçava as pessoas por prazer. Era um jogo sangrento, rios de sangue, literalmente, eram derramados. Ele ficou muito bom nisso, em desligar seus sentimentos. Se tornou um psicopata. E eu percebi que eu era o culpado. Eu era exatamente assim antes, e eu o tornei desse jeito. Eu criei um monstro. Tentei conversar, consertá-lo, mas ele não queria ouvir, e me ameaçou. Ele era mais forte que eu, e prometeu me matar se eu continuasse a me intrometer. Ele poderia me rastrear até o fim do mundo para cumprir sua promessa.

Então eu o deixei, e me instalei num sanatório. Era um lugar isolado e perfeito. Eu poderia me misturar, e me redimir. Tudo ocorria bem, até que uma garota de olhos azuis, cabelo negro e pele tão branca como a lua entrou na minha vida. Mary Alice Brandon. Eu me apaixonei por ela, tenho que adimitir. Ela era a personificação dos meus sonhos. E minha vida começou a fazer sentido. Eu voltei a viver, e agora buscava uma maneira de me tornar digno dela. Mas eu não podia arriscar...