Not Insane escrita por AnneLice


Capítulo 10
Capítulo 10




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Eu falei de minha visão ao Jack. Era a visão mais poderosa que eu já tinha tido, pois eu consegui entrar em um lugar que eu nunca tinha estado antes, com pessoas que eu não sabia quem eram. Mas eu não podia negar o que eles tinham dito. Vampiros existem e, pior ainda, eles querem construir um exército para escravizar os humanos. Péssimo.

Mas Jack não parecia tão chocado com isso quanto eu esperava. Ele ficou focado em uma coisa:

–Tenho que tirar você daqui. -Disse ele.

–O que? E me levar pra onde? Jack, temos problemas maiores aqui que minha localização.

–Você não entende. Esse vampiro está atrás de você. Você não pode ficar aqui. Droga, ele te seguiria até o inferno para te encontrar. Temos que agir logo Mary. Empacote suas coisas, vamos fugir. -ele parecia estar falando sério.

–Agora? Você está doido? Eu não posso simplesmente fugir de um sanatório. Aqui eu estou mais protegida do que eu estaria se eu estivesse na cidade. Aqui ninguém me vê, é um lugar isolado...

–Exatamente. Um vampiro poderia entrar aqui a hora que quisesse. Temos que despistá-lo. Ele sabe onde estamos, um exemplo disso são seus pais. Este lugar é um banquete para ele. Partiremos de manhã. Vou tomar algumas providências. E fique viva.

–Mas... Jack, o que você está fazendo!? -Ele tinha se dirigido ao meu pequeno guarda roupa, e estava abrindo as gavetas. Segundos depois, despejou tudo no chão.

–Vampiros são atraídos pelo cheiro. Então vamos espalhar seu cheiro por aí. É uma pequena ideia, e eu acho que assim conseguimos despistá-lo por algumas horas, até chegarmos a um lugar seguro.

–E você planeja levar todas as minhas roupas? Como é que eu fico nessa situação? Eu estava levemente chocada. Não me parecia um bom plano eu sair pela cidade vestida com as camisolas que eu usava aqui no sanatório; mas isso parecia uma excelente ideia comparada com a ideia de eu saindo nua.

–Conseguiremos novas roupas. Eu te levarei a casa de uma amiga amanhã ao nascer do sol. Já tenho tudo planejado.

–Não é um bom plano. Jack, volta aqui. Temos que decidir o que fazer pra salvar o mundo... Jack!

Mas ele já tinha fechado a porta. E assim só me restou dormir e esperar.






Jack


Também não me parecera um bom plano no começo, mas aos poucos foi se encaixando perfeitamente. James era atraído pelo cheiro. E o que teria mais o cheiro de Alice do que suas próprias roupas? Eu espalhei cada peça de roupa em todos os pontos cardeais. James não conseguiria identificar qual cheiro guiava para a Alice real. Essa um plano bem simples e eficiente. Enquanto ele ficaria perdido perseguindo um sutiã, nós já estaríamos fora desse sanatório. Esse plano de espalhar as roupas levou menos de uma hora para por em prática. Vampiros são rápidos.

Agora a nossa futura localização foi um problema. Onde poderíamos ficar? Depois de minha conversa com James isso era tudo o que eu tinha em mente. Levar Alice para o lugar mais longe que eu conseguisse. E então eu tinha ido à cidade tomar algumas providências. Eu me deparei com o esconderijo perfeito nos subúrbios da cidade, numa humilde residência de uma mulher ruiva, com seus vinte e cinco anos, solteira e pobre. Ela tinha uma vida miserável e infeliz, ou pelo menos foi o que eu tentei me convencer enquanto eu usava meus poderes sobre ela.

Meu dom era apagar todas as memórias de uma pessoa, ao ponto de ela esquecer seu próprio nome. Não restaria nenhuma memória na mente dela. Sua vida, sua história, tudo era retirado, até mesmo sua identidade. Esse ser se tornava um boneco, um saco vazio; cheio de nada. Eu tinha jurado pra mim mesmo, cem anos atrás, que eu nunca mais o usaria. Mas eu não encontrei outro jeito. A segurança de Alice era prioridade no momento.

A mulher de quem eu roubei a vida costumava se chamar Victoria Manson. Ela tinha sido expulsa de casa por ter ficado grávida de um militar, cinco anos atrás. Ela fugiu com ele para o estado do Mississipi, mas ele a largou no momento em que ela sofreu um aborto espontâneo. E ela passou a viver na mais completa miséria desde então, sendo explorada de todas as maneiras possíveis em troca de esmolas.

Ela me contou essa história momentos antes de eu apagar sua memória. Ela não sabia quem eu era, mas sabia que eu tinha o dom de apagar o passado. Ela não tentou fugir, ou gritar. Apenas ficou pacífica enquanto eu lentamente sugava sua alma.

Momentos depois, eu expliquei ao meu fantoche o que ela necessitava fazer.






Alice


Quando Jack chegou ao meu quarto, eu estava pronta para partir. Já havia limpado tudo, não deixando vestígios de que algum dia eu já estivera ali.

–Já está tudo pronto? -perguntei a ele.

–Conforme o planejado. Vamos para uma casinha no interior. E eu já espalhei seu cheiro em todas as quatro direções. Ele nunca vai adivinhar qual direção é a certa. Então vamos?

–Sim capitão. E como nós vamos? Andando?

–Não, isso é uma surpresinha. -Ele falou rindo, me conduzindo para a saída. Chegando lá, havia um carro novo, preto brilhante e luxuoso.

–Como você conseguiu isso?-Você não se importaria com um pequeno roubo de carro agora, não é mesmo? Momento de necessidade.

E assim nós saímos sem ser vistos, num carro de última geração do ano 1920.

Jack dirigiu por duas horas, até que paramos em frente a uma casa bem humilde. Uma moça ruiva e linda veio nos atender. Seu cabelo me lembrava o fogo, e seus olhos eram verdes cor de esmeralda.

–Olá, você deve ser a Mary? Meu nome é Victoria. Vamos, entre.

Enquanto ela nos guiava para dentro da casinha com uma expressão bem enevoada, eu gesticulei meus lábios para Jack, perguntando: "Quem é essa?" Mas ele apenas gesticulou para eu seguir em frente.


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