Entre Gelo e Fogo escrita por Fernanda


Capítulo 23
Capítulo 23




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Alice

 Casa.

 Quando o trem entrou na estação do distrito 12 eu não acreditava que realmente havia voltado. Ver a minha casa e as pessoas que moravam ali era simplesmente perfeito.

 Assim que sai do trem Theo veio correndo para me abraçar.

 - Senti saudades – disse ele.

 - Eu também.

 Logo em seguida Ian apareceu e se jogou em meus braços rindo como um louco. Seus olhos verdes brilhavam.

 Logo depois veio Tyler, mas ele não parecia com ele mesmo. Estava feliz, mas havia seriedade em seus olhos que eu não pude reconhecer.

 - Bom ver você de novo – disse ele me dando um abraço que me tirou o ar.

 - Senti muito a sua falta – eu disse com a cabeça enterrada em seu peito.

 Minha mãe se aproximou de mim e segurou meu ombro e se abaixou e olhou em meus olhos.

 - Você ganhou os Jogos, todos do distrito estão felizes por você, mas lembre de que uma pessoa que morava aqui morreu, e pessoas ainda estão sofrendo por isso.

 Segui a direção de seus olhos e vi uma garota de cabelos vermelhos perto de uma pequena aglomeração de gente que se ajoelhava ao lado de uma caixa de madeira.

 Eu não tinha visto, mas o caixão de Guto tinha chegado e ali estava sua família e Mabel chorando ainda mais por ele. Perto de Mabel havia uma menininha pequena com os cabelos castanhos e os olhos da cor dos de August, mas agora manchados de vermelho. Devia ser Julliet, a menina que a minha mãe ajudou a salvar a vida.

  Na hora um sentimento ruim me preencheu. Como eu pude esquecer-me da família de August? Andei até onde a pequena família se encontrava e olhei para a mãe dele que pelo que pude perceber não queria se afastar do caixão do filho.

 - Sra. Hastor – eu disse tocando levemente o seu braço.

 Ela me olhou e por alguns segundo pareceu não me reconhecer, mas depois seus olhos ganharam foco e ela pareceu perceber que eu era.

 - Alice – disse ela – você deixou meu filho morrer. Você deixou que ele fosse embora, deixou que ele fosse torturado por aquela louca.

 Isso me surpreendeu, não esperava esta reação, mas ela se conteve depois de alguns segundos.

 - Desculpe – a Sra. Hastor disse baixinho.

 - Tudo bem, eu vim aqui dar os meus pêsames e dizer que August era uma pessoa incrível.

 - Obrigado.

 Disse isso e fui me distanciando, mas Mabel foi ao meu encontro e segurou o meu braço.

 - Posso falar com você um minuto?

 - Claro Mabel! Fale o que quiser.

 - Eu vi todas as homenagens que Guto fez para mim. Eu só queria agradecer a você por ser uma boa amiga para ele naquele lugar.

 - Ele realmente te amava – eu disse olhando para as lágrimas que caiam por sua face – não iria querer ver você triste.

 - Obrigada, mas isso não torna as coisas mais fáceis já que Guto nunca mais vai voltar.

 - Mabel, eu não entendo muito disso, mas eu tenho certeza absoluta de que você vai conhecer uma pessoa especial que vai fazer toda a diferença na sua vida. Talvez demore, mas eu sei que as coisas não serão sombrias para sempre.

 - Obrigada Alice. Talvez enquanto isso não acontece, nós podemos ser amigas?

 - Mas é claro!

 Mabel me deu um abraço e depois foi se juntar com a família de August que ainda sofria.

 Voltei para junto da minha família. E fomos levados para a praça principal do distrito 12 para que o povo pudesse ver que o distrito tivera mais um vencedor.

 Muitas pessoas estavam em volta do palco e me aplaudiram quando eu subi. Eu não me sentia feliz, mas me sentia bem por estar em casa novamente.

 Depois que a cerimônia na praça principal acabou, eu e Tyler fomos dar uma volta pelo distrito.

 - Você foi incrível na arena – disse-me Tyler.

 - Não fui não. Matt e Guto fizeram mais do que eu. Eles me mantiveram viva, e a única coisa que eu fiz foi fugir e me esconder.

 - Mas aquele plano para matar aquela ultima garota não foi obra de Matt e nem do Guto. Isso foi sua criação.

 - Mas não deu certo. Ela se soltou, eu estaria morta se ela não tivesse se matado, e também foi ajuda do Matt, porque se ele não existisse, ela não teria motivo para se matar e teria acabado comigo.

 - Você devia parar de se menosprezar. Você está viva, passou por muitas coisas e ainda está aqui. É mais forte do que qualquer pessoa que eu conheço.

 - Obrigada, isso significa muito para mim, mesmo sabendo que não sou uma pessoa tão forte assim.

 Ele me abraçou e então fomos até a campina dos meus sonhos. Eu tive medo de encontrar o velho ali, mas não havia nada lá. Tudo estava calmo e sereno.

 Tyler e eu sentamos embaixo de uma arvore e ficamos ali vendo o por do sol que se estendia sobre a minha casa.

 Quando escureceu eu fui para casa, ficar um tempo com o meu irmão, já que a saudade dele me consumia cada vez mais. Quando cheguei lá, escutamos um anuncio que dizia que devíamos ligas as TVs que havia um anuncio importante do presidente Johnso. 

 - Queridos moradores de Panem. Eu queria informar que eu pensei melhor e resolvi que os Jogos Vorazes eram uma ideia ruim. Todas estas mortes me fizeram pensar que não precisamos dos Jogos para mostrar que a Capital manda em todos. Convivemos 30 anos sem as revoltas e isso fez bem a todos. Os Jogos Vorazes estão oficialmente abolidos.

 A tela da TV ficou preta e todos na minha casa começamos a comemorar. Foi à única edição dos Jogos, Theo não teria que enfrentar isso no futuro.

 Mas a nossa alegria durou pouco. Meus pais se olharam com um pesar nos olhos e vi uma leve confirmação de alguma coisa passando entre eles. Isso me assustou, mas acho que finalmente vou descobrir o que eles estavam me escondendo àquela noite no centro de treinamento.

 Minha mãe olhou para todos e disse simplesmente:

 - Precisamos conversar.


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