Entre Gelo e Fogo escrita por Fernanda


Capítulo 19
Capítulo 19




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 Sandiri

 Eu realmente estava muito irritada com Griffor. Como ele podia ter me parado quando eu estava quase chegando perto de matar aquele maldito do Guto.

 - Como assim não é hora? – eu gritava para Griffor – será que você não podia simplesmente me deixar matar aquele assassino e acabar logo com isso?

 - Não, sabe por quê? Porque se você matasse August, Alice viria atrás de você, e você não ia ter chances de ganhar os Jogos.

 - Como se isso fizesse alguma diferença para você, nós estamos todos aqui para ganhar. Tenho certeza de que você ficaria feliz se eu morresse.

 - Isso não é verdade, eu não ia ficar feliz.

 - Sei, por que não iria? Você ia ficar rico, ter tudo o que quisesse o que mais você poderia querer?

 - Não sei, mas não quero que você morra.

 Ele não disse mais nada, apenas ficou me olhando com aquele olhar que queria me dizer alguma coisa. Mas ele era tão idiota e parecia tão incapaz de pensar qualquer coisa que eu não podia imaginar ele gostando de mim.

 Então imagens de Griffor me abraçando em beijando, fazendo caricias em minha pelo invadiram minha cabeça e eu fiquei tonta com aquilo. Eu não conseguia mais raciocinar, tudo que eu queria era que tudo isso acabasse e eu pudesse finalmente voltar para a minha casa.

 Tomei uma decisão que não sei se seria a melhor, mas pelo menos ia diminuir as imagens que se passavam em minha cabeça.

 - Griffor, eu não quero mais ser sua aliada. Vá embora daqui.

 - C... Como assim?

 - Eu não sei se você vai me apunhalar pelas costas ou me deixar livre para fazer qualquer coisa. Não posso ficar aqui com você me atrasando.

 - Tudo bem então – disse ele, com uma evidente dor em sua voz – mas quando eu morrer, e você não conseguir cumprir a sua vingança ridícula, você ainda vai se arrepender disso.

 - Sai daqui, por que você não me deixa em paz? – gritei para ele.

 - Eu vou embora – gritou ele, pegando sua mochila e suas armas – só não esqueça que mesmo você sendo essa pessoa desprezível, que liga apenas para si mesma, eu ainda amo você.

 Fiquei em choque, nunca havia pensado isso dele, mas os sinais estavam ali o tempo todo. Todos os favores que ele me fez, me dizendo para não matar Guto, me ajudando, me tirando da clareira onde Matt tinha morrido. Eu não queria pensar nisso. E ele foi embora sem nem olhar para trás.

 Fiquei ali, parada na neve sem saber o que fazer agora. Mas de repente o paraquedas prateado desceu do céu com a câmera para eu falar com o meu mentor.

 Mal pude ligar a câmera e ele já gritou ao meu ouvido:

 - Por que você rompeu sua aliança com aquele idiota do 1?
  - Ele estava me enchendo o saco e eu não aguentava mais. Ele vai ter que morrer de qualquer jeito não é mesmo?

 - Vai, mas você podia ter pelo menos alguma ajuda em sua vingança contra August.

 Nesse momento o céu escureceu mais ainda e o hino de Panem começou a tocar. Eu esperava muito, todos os dias que o rosto de Alice aparecesse no céu, mas ultimamente ninguém havia aparecido. Hoje nenhum rosto apareceu. Então, pelas minhas contas sobravam eu, Griffor, o garoto do 7, Alice e August.

 Eu tinha que dar um jeito de matar o Guto logo, mas como?

 Resolvi dar uma volta para esfriar a minha cabeça e ver se conseguia pensar em algo, já que a nevasca havia parado por enquanto.

 Decidi não ir para o lado da floresta, já que eu tinha que pensar no que eu ia fazer, e se eu encontrasse com August com certeza eu iria perder o controle e acabar o atacando.

 Fui para o outro lado da cornucópia e acabei encontrando uma caverna, mas ela havia desmoronado. Estava escuro demais para continuar, então resolvi passar a noite por ali mesmo.

 Passei a noite acordada, não podia me dar ao luxo do dormir, sem ninguém vigiando alguém podia facilmente me matar, mas não tinha ninguém por ali.

 De manhã eu estava meio mal pela noite mal dormida e pela falta de comida, já que o meu mentor não havia me mandado nada no dia anterior. Comecei a voltar para a cornucópia, na esperança de encontrar algo para comer ou talvez procurar Griffor. Mas a voz de um gamemaker ecoou por toda a arena.

 - Bem sobreviventes vocês lutaram bravamente, mas todos sabem que apenas um pode ganhar. Então, para deixar as coisas um pouco mais divertidas, resolvemos que os mentores não terão mais nenhum tipo de contato e as dádivas com que vocês estão acostumados serão cortadas. Boa sorte a pelo menos um de vocês.

 Eu não podia acreditar como assim os mentores não podiam mais nos ajudar aqui dentro? Eles vêm aqui para isso. Mas eu não podia me dar ao luxo de ficar esperando mais tempo por algo que não iria acontecer, então resolvi ir caçar.

 Cheguei à floresta e tentei achar algo que não estivesse hibernando nesse inverno eterno, no final consegui dois pássaros e um esquilo que estava perdido por ali.

 Acendi uma fogueira pequena, já que a neve quase não a deixava acender e também porque podia chamar a atenção de algum outro tributo que estivesse passando por ali. Comi um pouco e guardei o resto da comida em minha mochila, peguei o meu arco e comecei a limpar as flechas, que estavam cheias de sangue seco. De repente a floresta começou a emitir uns barulhos estranhos, que não pareciam naturais ali dentro. De repente escuto o meu nome sendo chamado, e parecia a voz de Griffor. Faço uma contagem rápida dos meus suprimentos e saio correndo em direção à voz dele.

 Encontro Griffor preso em uma jaula de metal, que parecia forte e impossível de escapar, mas que também podia ter sido feita manualmente por uma pessoa que tivesse encontrado o kit de ferramentas e fios que estava na cornucópia. Encima da gaiola, havia uma lança pendurada, e com qualquer movimento em falso que Griffor fizesse, ela iria cair encima dele e não havia para onde fugir.

 - Suba na árvore e tire aquela lança dali – disse ele.

 - Quem disse que eu vou te ajudar? – perguntei a ele.

 - Você não vai? – disse ele irônico, mas eu podia ver o pânico crescendo em seus olhos.

 Subi na árvore e comecei a soltar a lança, mas os nós que estavam ali eram muito complicados para que eu conseguisse fazer isso rápido. Acho que depois de meia hora eu tinha conseguido desfazer a maioria dos nós, restava apenas um, mas se esse se soltasse de forma errada iria matar Griffor. Tentei desfazer o nó, mas ele era pequeno e forte, então usei minhas unhas, que já estavam compridas do tempo em que passei aqui.

 Consegui desfazer o nó, mas acho que ali havia alguma pegadinha, já que assim que desfiz o nó a lança caiu bem no coração de Griffor, que a essa altura já estava sentado na gaiola. Eu nem tive a chance de tentar segurá-la.

 Escutei Griffor agonizar por alguns segundos e finalmente o seu canhão estourou. O meu ultimo aliado foi morto. Agora eu estava sozinha.

 Tentei me lembrar do dia do banho de sangue, quem havia pegado o kit de metais, mas a batalha aquele dia estava tão intensa que eu só tinha alguns flashbacks do que havia acontecido com os que não morreram ali. Não sei quanto tempo se passou, mas eu acabei caindo no sono, e sonhei com aquele dia. No sonho eu estava no meio do banho de sangue, mas eu podia ver claramente quem estava fazendo o que e ainda sim me defender dos ataques que vinham. Foi quando vi a pessoa pegando o kit e saindo de lá com um kit e uma de minhas flechas alojada em seu ombro. Acordei com mais sede de vingança ainda, afinal o garoto do meu sonho era August.


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Notas finais do capítulo

Nem vou mais pedir, tenho quase certeza de que ninguém mais ta gostando :/