Entre Gelo e Fogo escrita por Fernanda


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Ok, sei que o ultimo capitulo não agradou muita gente. Mas nessa não acontece muita coisa, então quem ainda acompanha não vai ver ninguém morrendo brutalmente.



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Sandiri

 Acordei novamente na cornucópia, Griffor estava ao meu lado, parecia ter escapado apenas com alguns arranhões, mas estávamos sozinhos, o que significava que logo nós iríamos começar a nos apunhalar pelas costas.

 - Fique deitada, pode ter sofrido uma concussão – disse Griffor. E, claro eu não escutei ele e me sentei mesmo assim.

 - Fique calado. Já passou os rostos de quem morreu?

 - Não, mas irá passar a qualquer momento, não acho que você irá gostar do que vai ver.

 Neste momento o hino de Panem começou a tocar, brilhando no céu com os rostos dos mortos daquele dia. Começou com Geridia, o que não me surpreendia, já que ela não estava conosco aqui na cornucópia, mas depois apareceu o rosto de Matt no céu e não pude acreditar. O rosto de menino do 3 que nós havíamos matado antes de começar a perseguir Matt e seus aliados, e Francis, que também havia morrido na batalha.

 Eu nem me importei com os outros que haviam morrido. Matt era diferente. Ele não queria estar aqui, provou isso não querendo se juntar aos carreiristas. Eu não queria admitir, mas no fundo eu gostava dele, e juro que aquela flecha que o acertou nas costas não era para ele. Não queria que o garoto cinzento morresse isso causou um vazio dentro do meu peito, que doeu muito.

 - Quem matou Matt? – perguntei para Griffor, sentindo que se ele tivesse matado Matt eu iria matá-lo ali, na hora, sem nem pensar muito sobre o que estava fazendo.

 - Foi Geridia.

 Xinguei mentalmente, nem me vingar da pessoa que matou meu amigo eu poderia, afinal ela já estava morta.

 Mas lembrei que durante a batalha, Matt estava sozinho, eu pude ver que quando eu acabei matando Francis por causa daquele idiota do August, ele não foi ajudar Matt, e sim aquela pirralha irritante da Alice. Mas Alice estava segura encima daquela árvore, Griffor não podia alcançá-la. Mas em vez de ajudar Matt, que era seu aliado, não. Ele ficou ali, olhando.

 Foi quando eu tentei atacá-lo novamente e acabei desmaiando com um soco. Admito isso não foi muito inteligente da minha parte.

 - O que aconteceu depois que eu desmaiei? – perguntei a Griffor.

 - Não consegui subir na árvore para matar Alice. Depois August ficou me encarando com um olhar que queria dizer que ia me matar, então escutamos o canhão de Geridia. Matt tinha acertado ela no estômago com a lança, mas ela conseguiu ir até ele e furou seu coração com a adaga. Depois eu consegui resgatá-la e sai de lá.

 - Por que você se deu ao trabalho de me trazer junto? Seria mais fácil deixar eles me matarem. Você sabe que eu posso matá-lo a qualquer momento.

 - Sim, mas eu não trabalho bem sozinho. Nunca trabalhei, nem no distrito 1.

 Deixei isso para lá, talvez fosse melhor eu não ter ficado ali, com aqueles que acabaram deixando Matt morrer, senão eu tinha certeza de que iria matá-los.

 - Você era apaixonada pelo Matt, Sandiri? – perguntou Griffor.

 - Não. Ele era apenas um grande amigo. Quando estávamos no 2, e éramos pequenos, sempre íamos a um centro de treinamento, aonde o pai dele trabalhava, ficávamos ali por horas, conversando e treinando para passar o tempo. Ele era o meu único amigo.

 Griffor parecia achar a historia engraçada por algum motivo. Havia divertimento em seus olhos. Ainda bem que naquele momento um paraquedas prateado, trazendo a mensagem diária do meu mentor me impediu de matar ele.

 Peguei a mini câmera e o microfone.

 - Sandiri – disse meu mentor – é bom ver você viva.

 - Oi, então você viu que Matt morreu não é?

 - Eu posso ver tudo. Mas eu acho que isso foi bom. Pelo menos agora você quando voltar a lutar com aquela garota do 12 não vai mais ter distrações que a impeçam de matá-la.

 Não gostei daquilo, ele nem se importou que Matt havia morrido, na verdade, mesmo quando estávamos na Capital, meu mentor nunca falo com Matt direito. Ele sempre dava instruções especificas e nunca mais o dirigia a palavra. Comigo era diferente. Meu mento sempre foi gentil e me explicava às coisas e conversava muito comigo. Sempre achei isso estranho.

 - Você pelo menos falou com Matt alguma vez desde que entramos aqui? – perguntei.

 - Não, eu nem me interessei muito, ele estava fora de ação por três dias, um inútil mesmo. Eu sabia que ele iria morrer logo. O que me interessa é você. Vá lá e vingue a morte daquele inútil. Mate as pessoas que não o protegeram.

 - Pode deixar isso eu tenho certeza que farei.

 Eu iria matar as pessoas que não protegeram o meu melhor e único amigo. August, Alice e meu mentor estavam nesta lista.

 Alice

 Eu andava pela floresta, tentando evitar as lagrimas que insistiam em voltar para os meus olhos.

 Eu não podia chorar, havia prometido isso para Matt. Seria forte para enfrentar os perigos que a arena tinha para oferecer. August não parecia muito abalado pela morte de Matt. Quem sabe ele estivesse ate feliz?

 - Você não parece triste pela morte de Matt – eu disse a Guto.

 - Não estou. Mas também não estou feliz. Só acho que já era a hora de ele morrer. Afinal, ele estava lutando para proteger todos nós. Principalmente você. A morte dele não foi em vão.

 Ele estava certo, Matt não queria que eu morresse. Mas o que mais me dava medo era que Guto também não ia deixar eu morrer sem morrer em meu lugar.

 Prometi para mim mesma que não iria deixar Guto morrer de jeito nenhum, mesmo que ele se sacrificasse por mim na arena, eu não iria esquecer ele de jeito nenhum.

 Uma nevasca forte começou, Guto e eu tínhamos que procurar um abrigo quente, antes que morrêssemos congelados. Mas não havia abrigos naquela floresta. O frio penetrava entre o meu casaco e me congelava ate os ossos.

 - Não tem nenhum abrigo por aqui – eu gritei para August.

 - Então teremos que sair da floresta para procurar um, a arena é muito grande, não é possível que não haja nenhuma caverna para nos escondermos.

 Fomos em direção a saída da floresta, mas eu tinha medo de que os carreiristas estivessem esperando por nós. Mas não estavam, passamos pela cornucópia o mais rápido possível, vi Sandiri dormindo no meio da neve, com Griffor de vigia, mas ele não estava realmente vigiando, estava mais olhando Sandiri dormir. Tenho certeza de que ela não sabia que ele fazia isso.

 Subimos um dos declives que separavam a cornucópia do resto da arena e então cheguei a um lado da arena que eu não conhecia. Era uma caverna de gelo, com diversas entradas e perto da entrada havia um lago, que agora estava congelado, mas eu acredito que um dia já teve água corrente.

 Entramos na caverna e depois de alguns minutos conseguimos acender uma fogueira, que por milagre não apagou com a umidade da caverna. Eu estava morrendo de frio, então entrei no meu saco de dormir aonde consegui ficar um pouco aquecida. August fez o mesmo, mas os lábios dele estavam azuis e ele estava pálido demais, parecia ate um fantasma.

 - Você este bem? – perguntei para ele.

 - Sim, só não me dou muito bem com o frio, já tive péssimas experiências assim – disse ele.

 - Me conte, talvez nós possamos nos distrair e esquecer que estamos com tanto frio.

 - Bom. Uma noite estava muito frio, eu e minha família estávamos tentando nos manter aquecidos sob o fogo da nossa lareira. Mas minha mãe estava muito doente, então tive que ir para a floresta para tentar achar algumas ervas medicinais, mas começou uma nevasca ainda pior do que essa. Consegui algumas ervas, mas o caminho estava muito escuro, eu não conseguia ver por onde andava. Tropecei em alguma coisa, cai na estrada e não conseguia mais me levantar, eu tinha quebrado minha perna.

 - Isso é terrível.

 - Sim, mas a nevasca piorou, e eu não tinha como voltar para casa, então fiquei ali, sentado na estrada, tentando não morrer de frio. Foi uma das noites mais terríveis da minha vida.

 - Mas agora você não está mais no 12. – eu disse – aqui a nevasca pode parar a qualquer momento. É só os gamemakers quererem.

 - O problema é esse. Mas acho que quando isso ficar chato de assistir, eles irão fazer algo para nos juntar e acabar logo com isso.

 - É, mas você não acha estranho nossos mentores nunca terem falado conosco? Nem o de Matt?

 - Não muito. Na verdade eu nem me lembrava de que eles podiam falar conosco. Logo eles irão nos ajudar. Fique calma e durma um pouco.

 Eu entrei no meu saco de dormir e entrei em um sono sem sonhos, muito agradecida por isso. Quando acordei, August acendeu a tocha que havia em sua mochila e foi dormir. Eu fiquei ali, tremendo de frio mesmo com o calor da tocha, e com fome, mas quando saímos de nosso acampamento, não pegamos nada para comer.

 A tempestade não parava a três dias e eu e August estávamos morrendo de fome, nossos mentores não haviam falado conosco desde que entramos na arena. August tentava de todo o jeito me acalmar, já que eu nunca consegui ficar no mesmo lugar, parada sem sair. Dava-me uma agonia muito grande. Mas no terceiro dia da nevasca eu não estava aguentando mais, sai da caverna num ato desesperado e gritei para o céu:

 - Mandem algo, mostrem que se importam.

 Nada aconteceu. Mas eu estava decidida a ficar ali, esperando o quanto fosse necessário para que meus pais finalmente lembrassem de mim e viessem me ajudar.

 Com a tempestade caindo, o céu ficava escuro o tempo todo, então não tinha como saber quando tempo eu fiquei ali, parada na neve, mas acho que foram algumas horas, pois August saiu da caverna e me mandou voltar para dentro, mas ele tinha um olhar preocupado em seu rosto.

 - Eles me esqueceram, não é? – perguntei.

 - Não, eu tenho certeza de que eles queriam falar com você todos os dias, mas eu sei que eles sabem que você pode se defender, eles devem estar ocupados tentando fazer com que os Games acabem novamente.

 Um pequeno paraquedas prateado caiu do céu ao nosso lado, pendurado em uma cesta. Dentro dela havia um pouco da comida da Capital. Arroz com uma diversidade de molhos, um caldo que eu não reconheci algumas frutas e um bolo, para tomar havia um pouco de café e chocolate quente. Mas ainda havia uma pequena tela e dois fones de ouvido com microfones. Colocamos os fones no ouvido e a tela acendeu, mostrando a imagem de Haymitch.

 - Olá queridinhos – disse ele, alegremente.

 - Onde você estava? – quase gritei para ele.

 - Olha aqui, querida. Está todo mundo ocupado por aqui. Johnso está em uma crise de loucura, sua mãe e seu pai estão tentando o fazer desistir dos Games, mas não é fácil. Então pare de reclamar, pois o mundo não gira ao seu redor – disse ele, deixando a sua postura alegre por uma totalmente irritada e chata.

 Agora quase tudo fazia sentido, principalmente a preocupação dos meus pais antes dos Games, e agora a ausência de ajuda.

 - Tudo bem Haymitch – disse August, mas em seu olhar havia algo que eu não conseguia entender, cumplicidade talvez? – Apenas não nos deixe morrer de fome, já que a tempestade não nos deixa caçar.

 - Como estão os outros tributos? – eu perguntei.

 - Griffor e Sandiri estão em barracas térmicas e recebendo comida e água regularmente. Já Vistric está na floresta, mas o frio e a nevasca não parece não estar tendo grandes dificuldades, a nevasca e o frio não o incomodam.

 - Maravilha! – exclamei – nada melhor do que saber que os nossos inimigos estão bem.

 - Nossa que mau humor queridinha – disse Haymitch ironicamente – vou deixar você se acalmar, talvez eu entre em contato de novo se eu tiver tempo.

 - Não! Espere – eu gritei.

 Mas era tarde demais, ele já havia desligado. August pegou o meu microfone e jogou longe, junto com o microfone dele e a tela. Alguns segundos depois tudo explodiu.

 - Como você sabia? – perguntei a ele.

 - Katniss me disse para fazer isso antes de entrarmos aqui – respondeu ele, mas pude ver que era mentira. Resolvi não falar nada sobre isso.

 - Vamos comer, estou morrendo de fome.

 Entramos na caverna e comemos uma parte da comida, que por sinal estava esplêndida. August não falou muita coisa, eu também resolvi me focar apenas em meus pensamentos. Depois eu comecei a ficar com sono, mas quando eu estava quase dormindo, um barulho começou perto da extremidade da caverna. Olhei para trás e vi que tudo estava desmoronando. Apenas deu tempo de pegar as mochilas e o que sobrara da comida e sair correndo dali antes que tudo desabasse sobre nós.

 Os gamemakers estavam começando a agir


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Notas finais do capítulo

Ok, me digam o que acharam. Não foi muito emocionante, mas foi esclarecedor. Vejo vocês no próximo capitulo ;** beijos para todos!