Entre Gelo e Fogo escrita por Fernanda


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Esse não ficou tão legal, e a minha criatividade não está funcionando direito, mas espero que gostem mesmo assim!



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August

 A noite estava calma, não havia quase nenhum som a não ser o de nossos passos e alguns animais noturnos. Quando ficou muito escuro ligamos a lanterna, mas tínhamos que tomar cuidado para que não atraísse muito atenção.

 No decorrer da noite, ouvimos alguns passos e som de vozes vindo em nossa direção. Desligamos a lanterna e nos escondemos entre as árvores. Os carreiristas estavam vindo.

 - Que raiva daquela pirralha – eu conseguia ouvir a voz de Griffor. Ele parecia muito irritado com o que havia acontecido noite passada.

 - Nós teremos nossa vingança – Geridia disse.

 - Em breve, assim que eu ver a cara daqueles 3 eu vou matá-los sem nem mesmo pensar sobre isso – disse Sandiri.

 Eles passaram por onde estávamos escondidos sem nem mesmo nos notar. Alguns metros a frente um galho estalou e os carreiristas correram para ver o que era. Depois de alguns minutos ouvi um grito feminino de gelar o sangue, e alguns segundo depois o canhão indicando que a garota havia morrido.

 Os carreiristas estavam voltando para onde estávamos, quando alguém algo caiu encima do garoto do distrito 4, que começou a gritar desesperadamente.

 Era um bando de mosquitos, mas não eram mosquitos comuns, seu veneno original foi trocado geneticamente pelo veneno das Teleguiadas, que eram abelhas modificadas pela Capital. Seu veneno agia na parte que controla o medo em nossos cérebros. Poderia matar em minutos uma pessoa.

 O garoto do 4 caiu no chão com diversas bolas inchadas aonde os mosquitos o haviam picado. Começamos a correr, mas era tarde demais, os mosquitos começaram a voar e picar qualquer um quem encontrassem. Levei uma picada na bochecha e Alice uma no braço, mas o que mais se machucou foi Matt, que ficou para trás tentando conter alguns dos mosquitos.

 Comecei a ter alucinações. O chão parecia gelatina e estava azul, as árvores pareciam de um roxo enjoativo de se olhar, que criavam braços para me fazer tropeçar e cair. Tinham sorrisos irônicos e diabólicos em suas cascas. O céu parecia estranhamente perto, como se tivesse abaixado e começasse a me pressionar para baixo também.

 Cai em no chão e insetos cor de rosa começaram a subir pelos meus braços e entrar em minhas orelhas. Não aguentei e desmaiei.

 Acordei algumas horas depois com algo gelado em minha testa. Abri os olhos e a luz do sol feriu meus olhos, então voltei a fecha-los, sentindo-me aliviado por aquelas coisas horríveis e os insetos serem apenas alucinação, ou eu estaria morto agora. Abri meus olhos novamente e vi Alice ao meu lado. Seu braço estava inchado, mas ela não parecia tão mal quanto eu. Estava colocando neve em minha testa, acho que para abaixar a febre.

 - Fique deitado – disse ela – não está mais tão mal, mas sua febre ainda esta um pouco alta.

 - Eu estou me sentindo melhor agora. E você, como está?

 - Estou bem, a minha picada não foi tão profunda, o veneno quase nem entrou em meu corpo.

 - Bom para você, as alucinações são horríveis. Eu nem sabia que insetos cor de rosa existiam.

 - Isso são os Jogos Vorazes, tudo é possível.

 Ela riu levemente, então levantou e foi ver Matt, que ate então eu nem tinha notado que estava deitado alguns metros de mim.

 Ele estava horrível, bolas vermelhas e com pus cobriam boa parte de seu corpo, e ele não havia recuperado a consciência ainda, parecia preso em algum tipo de pesadelo que eu nem queria imaginar, já que as minhas pequenas alucinações já foram o suficiente para me deixar com trauma de mosquitos para sempre.

 - Como ele está? – eu perguntei.

 - Péssimo. Matt deve ter levado umas cem picadas. O veneno ainda demora alguns dias para deixar o seu corpo. Enquanto isso ele ficara preso em um tipo de pesadelo repetitivo. Acho que os piores medos dele serão repetidos diversas vezes.

 - E não há nada que possamos fazer?

 - Não. Mesmo se pudéssemos fazer algo, aqui seria difícil com essa neve cobrindo toda a vegetação não da nem pra saber qual erva é qual. Podemos matar ele se não tivermos cuidado.

 - Então teremos que esperar ele acordar e mantê-lo vivo enquanto isso.

 - Pelo menos eu espero que os carreiristas também tenham levado muitas picadas e fiquem fora de ação pelo menos por alguns dias.

 O dia já estava amanhecendo, então mandei Alice dormir, já que ela havia passado a noite cuidando de mim e Matt. Sai do saco de dormir onde eu estava e ela dormiu.

 Eu não sabia o que fazer ali ate que Alice acordasse. Teria que ficar no acampamento, pois se me distanciasse alguém poderia matar os dois. Então peguei os fios e as barras de ferro ferro que eu tinha pegado na cornucópia de meu cinto e comecei a bolar uma armadilha mortal. Mas enquanto eu pensava me lembrei de algo.

 As regras dos Games haviam mudado. Os mentores poderiam falar com os tributos uma vez por dia, mas eu não sabia como eles fariam isso. Distanciei-me de onde meus aliados dormiam e entrei um pouco na mata.

 - Me ajudem – gritei para o céu – Peeta, Katniss, Haymitch. Falem comigo.

 Então vi um paraquedas vermelho sangue descer e parar em minha mão. Eu o abri e dentro havia uma pequena tela e um microfone. Coloquei o microfone em meu ouvido e apertei o botão ON na tela. Meus mentores apareceram. Mas havia algo estranho com Katniss e Peeta. O único que parecia igual era Haymitch.

 - Como vai, August? – perguntou Peeta.

 - Vou bem, estamos conseguindo sobreviver por enquanto, mas ontem fomos atacados por mosquitos modificados, e no lugar de seu próprio veneno havia sido colocado veneno de Teleguiadas.

 Vi os olhos de Peeta se endurecerem um pouco e vi o esforço que ele fez para se manter falando comigo. Lembrei-me das historias que contavam que durante a guerra ele foi capturado pela Capital e torturado com aquele veneno. O fizeram esquecer que amava Katniss e o fizeram pensar que ela era um monstro que queria matar a todos. Devia ser difícil para ele falar sobre isso.

 - Todos estão bem? – perguntou Katniss.

 - Eu e Alice estamos bem, mas Matt esta mal. Ele foi picado por uma centena daqueles mosquitos e deve ficar desacordado por alguns dias.

 - Mantenham ele protegido.  – disse Haymitch, que por milagre não estava bêbado.

 - Mas aconteceu algo com vocês? – eu perguntei – Parecem meio abatidos.

 Houve uma troca de olhares entre os três, decidindo se me contavam o que tinha acontecido ou não.

 - Matamos a pessoa que estava por trás da volta dos Games – disse Katniss.

 - Vocês mataram o presidente Johnso? – perguntei, chocado.

 - Não era Johnso, ele era apenas um fantoche nas mãos de outra pessoa.

 - Mas enquanto executávamos o plano para matá-la aconteceu um imprevisto.

 Senti um frio na espinha. Alguém havia morrido. Eu não devia me importar, minha família havia ficado no distrito 12, ninguém da Capital se importava comigo. Mas com Katniss, Peeta e Haymitch era diferente, eu os via quase sempre no distrito e quando viemos para cá eles foram incríveis comigo. Eu não queria que nenhum deles morresse.

 - O que houve?

 - Bom. Katniss foi capturada, e lhe injetaram um veneno que ira matá-la aos poucos. Ela só tem 9 meses de vida – disse Peeta, com a voz torturada.

 Eu me imaginei em seu lugar. Mabel morrendo, minha filha podendo morrer também. Eu não sei como estaria tão controlado. Eu teria me trancado em algum lugar e chorado muito.

 - Eu sinto muito – eu disse – mas se vocês mataram quem estava por trás de tudo, por que os Games continuam?

 - Porque Johnso não pode parar os Games na metade. Seria injusto. Eles irão acabar novamente depois que esta edição tiver um vencedor.

 - Ótimo.

 - Bom, o nosso tempo está acabando. Sejam fortes ai. E por favor não conte para Alice o que nós te contamos aqui, ela não precisa se preocupar com o que esta acontecendo aqui fora e esquecer que precisa ficar viva. Proteja-a. – Peeta me disse.

 - E quando desligarmos largue a tela e o microfone e se afaste, isso ira explodir – disse Haymitch.

 - E não iremos mais entrar em contato com vocês tão cedo. Terão que se virar sozinhos por algum tempo. – disse Katniss.

 A tela se apagou, então fiz o que Haymitch recomendou. Tirei e microfone do meu ouvido e joguei tudo longe, alguns segundos depois uma pequena explosão aconteceu. Nas regras havia sedo dito que as conversas com os mentores não seriam expostas então tudo o que haviam me dito continuava em segredo.

 Voltei para onde Alice e Matt dormiam, e eles ainda estavam do mesmo jeito que eu os deixei, mas haviam pegadas na neve, que não estavam ali antes. As pegadas eram muito grandes para ser de Alice e muito pequenas para serem de Matt. Alguém havia estado em nosso acampamento.

 Olhei nossos suprimentos. Tudo estava ali. Olhei as pegadas novamente. Não havia nada de errado com elas, então não eram bestantes, mas como elas haviam aparecido ali eu não entendi.

 Mas deixei passar, afinal eu tinha que montar a armadilha que eu havia projetado mais cedo. Alice acordou e ficou no acampamento cuidando de Matt enquanto eu ia colocar a armadilha na floresta.

 Ao longe ouvi um canhão anunciando a morte de alguém. Fiquei pensando quem poderia ser, e esperava que fosse um dos carreiristas, mas acho que não tinha tanta sorte. Enfim, naquele momento eu tinha coisas mais importantes para pensar.

 A água de nossas garrafas estava acabando, então tínhamos que encontrar mais, rápido. Ou então derreter a neve e purifica-la, o que seria mais fácil. Nossa comida também estava se esgotando, e não havia muitos animais na floresta, mas enquanto eu colocava a armadilha eu consegui pegar um esquilo, que deveria estar hibernando e alguns pássaros que voavam por ali.

 Voltei para o acampamento e vi que Alice lutava contra a garota do distrito 10. Eu soube no treinamento que o seu pai havia ganhado os Games há anos atrás, mas ele nasceu no distrito 2. Com a guerra ele acabou se mudando para o 10, e vive lá desde então, mas a tradição de treinar seus filhos para os Games parece nunca ter mudado. A garota era uma matadora. E Alice não ia sobreviver muito contra ela. Ate seu nome já dizia que ela era cruel. Fatery.

  Alice já tinha um corte no braço e outro na perna. Fatery tinha olhos de louca, quase como uma psicopata. Cheguei e peguei minha faca, o que não seria muito útil, mas mesmo assim eu conseguiria proteger Alice e Matt.

 - Ora, muito legal da sua parte ficar atacando crianças indefesas – eu gritei para ela.

 Alice me olhou com uma cara que dizia “quem é criança aqui?”, mas não falou nada. Fatery me olhou, e veio correndo em minha direção com um machado, pronta para cortar minha cabeça fora, mas Alice chegou por trás com sua espada e fez um corte profundo na barriga dela.

 Fatery caiu no chão com sangue jorrando de seu corte, mas não se deu por vencida, levantou meio cambaleante e foi para cima de Alice, fincando a faca no ombro da garota, que gritou de agonia. Não podia ver aquela cena, a garotinha que eu jurei proteger, sendo torturada por uma pessoa totalmente louca. Fui à direção de Fatery e joguei minha faca bem em seu peito. Ela soltou Alice e caiu no chão fazendo um barulho estranho e ofegando, procurando pelo ar que não chegava aos seus pulmões. Alguns segundos depois ouvimos o canhão que anunciava a sua morte.

 Agora restavam apenas nove.


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Notas finais do capítulo

Alguém me diz o que achou??? Podem reclamar da demora também, eu sei que está demorando!