love. escrita por Taengoo


Capítulo 31
Chapter 31: I Need You




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♫ You don't realize how much I need you
         Love you all the time and never leave you
     Please come on back to me
   I'm lonely as can be
 I need you ♪

Soltei o mundo, pra segurar a sua mão.

— Magali. Jun13

[...♥...]

Magali não soube dizer por quanto tempo ficou em transe, enquanto olhava com os olhos arregalados para a foto no celular de Mônica. A face inteira da dentuça estava vermelha. Como se ela estivesse fazendo um esforço enorme para não chorar, mas quisesse muito. Magali viu que Mônica estava olhando pra ela de um jeito que nunca olhou antes na vida.

As mãos da comilona agora suavam, e seu coração batia com tanta intensidade que ela pensou que fosse ter uma taquicardia. Mônica continuava com o braço erguido, segurando o celular. Ela esperava uma resposta, embora não sabia exatamente se queria ouvir.

— Mônica... eu... eu posso explicar... – sem perceber, as lágrimas desceram pelo rosto da morena em silêncio.

A dentuça continuou calada, finalmente deixando seu braço escorregar.

— Eu...

Magali buscava desesperadamente uma maneira de começar a sua explicação. Não era pra aquilo estar acontecendo. Não era pra Mônica ter visto aquela foto, nunca! Denise havia prometido que não iria enviar. Porém agora ela não tinha a menor possibilidade de ir tirar satisfações com a ruiva e nem com ninguém.

— Não era pra você ter visto essa foto... – foi o que ela conseguiu dizer.

O estado de Mônica não poderia ter ficado pior. Ela franziu a testa, e apertou os olhos com força.

— E-então... isso não é... uma brincadeira de mal gosto? – sua voz saiu mais fraca do que o normal.

Magali ofegou. Sim, é uma brincadeira, era o que ela mais queria ter dito naquele momento. Mas não podia.

Ela simplesmente balançou a cabeça negativamente e enxugou as lágrimas com as costas da mão.

— NÃO É?! – Mônica gritou, fazendo a morena se assustar.

A expressão vazia da garota tinha se transformado, e agora ela olhava para Magali com uma fúria que Magali nunca tinha visto antes.  

— VOCÊ TÁ ME DIZENDO QUE ESSA FOTO AQUI – ela apertou o celular com tanta força que Magali achou ela fosse fazer ele explodir – É REAL?!

A comilona ofegou ainda mais. Seu peito subia e descia com velocidade, suas mãos tremiam como nunca. Pela primeira vez na vida, Magali sentiu medo de Mônica.

— Si...

— RESPONDE!

— S-sim! – ela respondeu depressa. – Sim... é real... É real! – disse chorando, cobrindo o rosto.

Mônica paralisou. Estava pálida. Não queria acreditar que fosse verdade, pensou por um minuto que talvez fosse um pesadelo. Mas não parecia ser...

Ela largou o celular, e ele caiu no chão. Magali abriu os olhos, já encharcado pelas lágrimas que não paravam de descer.

— Como...? – Mônica perguntou mais pra si, do que para a comilona. Ela olhava para os lados como se estivesse perdida. – Quando...?

— Essa foto não é montagem... – disse ela, fugando. – Foi a Denise quem tirou. No aniversário dele.

Ao ouvir aquilo, Mônica voltou a encarar Magali com mais perplexidade.

— No aniversário... dele?

As coisas estavam saindo totalmente do controle de Magali. A comilona que tinha ensaiado tantas e tantas vezes o que iria falar com Mônica quando chegasse o dia, não ia conseguir seguir o seu roteiro. Mônica estava assustada demais, e ela precisava falar tudo de uma vez só.

— Sim, no aniversário! Na minha casa! Enquanto vocês estavam lá dentro bebendo, eu e o DC ficamos no jardim... Tivemos uma discussão e... ele... a-a gente se beijou... – a boca de Mônica se abriu alguns centímetros. Magali pensou em parar, mas precisava ir até o final. – A Denise viu tudo e tirou uma foto pela janela! M-mas... essa não foi a primeira vez. – ela disse, fechando os olhos. Não conseguia encarar Mônica. – O DC e eu nos beijamos no show! Aquele show... e não quis te contar nada porque eu sabia que no fundo você não iria gostar de saber. O DC ele... era apaixonado por você e não por mim. Me senti mal por ficar com ele... era como se eu tivesse te traindo, mesmo que vocês nunca tivessem tido nada antes – Magali tentava falar o mais depressa possível. – Depois disso vocês começaram a namorar, e foi aí que eu realmente não tive condições de te contar o que aconteceu entre a gente. Eu fugia dele sempre... só que... – ela deu uma pausa, respirou fundo e continuou. – Só que um dia eu não consegui evitar... e nós nos beijamos de novo. E outra vez... e outra vez... eu me sentia um lixo sempre que acontecia isso, Mônica! Mas eu não podia escapar. Toda vez que eu reprimia meus sentimentos, eles pareciam crescer, e ficar mais forte. E tudo ficava pior por saber que vocês estavam juntos... – disse por fim, recuperando o ar. Enxugou novamente as lágrimas e abriu os olhos.

Viu Mônica encarando-a como antes, mas agora ela também estava chorando, e com as duas mãos na frente da boca.

A dentuça sentiu seu chão sumir. Achou por um momento que fosse até desmaiar, por isso precisou sentar, ainda cobrindo a boca.

— Esse tempo todo... esse tempo todo você e o Do Contra... nas minhas costas? – Mônica sussurrou, sem olhar pra ela.

— Me perdoa, Mônica... me perdoa, por favor.... – Magali também sentiu suas pernas fraquejarem, caindo de joelhos no lugar onde estava parada.

— Eu... eu não acredito nisso... – disse, negando com a cabeça e apertando os olhos. – Não pode ser verdade! NÃO PODE! – ela se levantou bruscamente. – Você não pode ter feito isso comigo, Magali! Não comigo! Você é minha melhor amiga, não teria coragem de me trair desse jeito! Fala que é mentira!

A cada frase pronunciada por Mônica, Magali se sentia cada vez pior e chorava mais forte.

Mônica nunca tinha visto a amiga naquele estado. Nunca tinha visto Magali chorar daquele jeito.

— Fala Magali... – disse, com a voz saindo trêmula. – ANDA, FALA!

— EU NÃO POSSO! – berrou a morena. – Eu não posso, Mônica... porque não é mentira... – disse aos soluços.

A dentuça levou as mãos a testa ainda não conseguindo aceitar aquele fato. Sentiu que estivesse em um dos seus piores sonhos e estava louca para acordar dele. Sua amiga havia lhe traído. Não só ela, como Do Contra também. Três traições no mesmo ano, vindo de pessoas que ela considerava tão importantes... ela não sabia se ia conseguir suportar.

— Vai embora.... – ela finalmente disse, após um tempo.

A comilona levantou a cabeça e encarou a amiga que fazia o mesmo. Dessa vez Mônica tinha um olhar tão duro que Magali até pôde sentir caláfrios.

Ela apontou para a porta e esperou que a morena a obedecesse.

— Mônica...

— Sai daqui, Magali.... pega suas coisas e sai... – disse, quando deu as costas a garota.

— Mas... Mônica... eu...

— EU DISSE PRA SAIR DAQUI! – Mônica voltou os passos e olhou para Magali com tanto ódio, que a morena precisou de um tempo pra sacar que aquela ainda era a mesma Mônica de sempre.

Em silêncio, ela finalmente se levantou e pegou sua mochila que estava no canto do sofá. Ainda soluçando, ela limpou as lágrimas do rosto que agora estavam controladas e caminhou até a porta lentamente, sem tirar os olhos da dentuça.

Quando bateu a porta, Mônica se jogou no sofá e recomeçou a chorar profundamente.

Um choro ela nunca havia chorado na vida. 

[...♥...]

~ Praça / 18:24 ~

— E aí Marina... – disse Do Contra quando encontrou a desenhista sentada lendo um livro.

— Ah oi DC – ela sorriu ao vê-lo. – Passeando?

— É... – respondeu ele, suspirando e colocando as mãos no bolso da calça. – Vim esfriar a cabeça um pouco.

— Por que? Brigou com a Magá?

— Não... não exatamente.

Marina fechou o livro e se afastou um pouco para o lado, pra que ele pudesse se sentar também.

— Me conta então.

— Só estou meio de saco cheio dessa história. Denise, ameças... eu, a Magali... enfim.

— Ah... – ela sorriu de lado. – A Denise é realmente uma sem noção... mas sobre o caso de vocês dois... bem, você sabe minha opinião.

— Sim, eu sei... – ele disse, suspirando outra vez, olhando pra frente. – Só queria que tudo isso acabasse logo, como diz ela.

— Pode apostar que eu também e... – Marina interrompeu a própria frase quando viu um leve roxo perto do nariz do moreno. – Ei, o que é isso? – ela perguntou tocando no local.

— Ai! – ele exclamou imediatamente se esquivando.

— Onde você arranjou esse roxo?

— N-não foi nada demais... – ele respondeu tentando esconder – foi só...

— DC, se você for realmente inventar uma mentira pra mim, espero que seja uma convincente.

O garoto encarou a desenhista e respirou fundo. Já tinha convivência demais com ela.

— Tudo bem... uma hora ou outra você ia ficar sabendo pelo seu namorado mesmo. Eu e o Cebola brigamos hoje mais cedo no campinho.

— Você e o Cebola? Mas por quê? O que aconteceu?

— Eu não faço ideia...

— Será que foi por ciúmes da Mônica? Mas ele já sabe que vocês dois terminaram...

— É, ele sabe... mas eu não acho que foi por ciúmes. Se não ele já teria me dado esse soco logo no primeiro dia.

— Então, por quê...?

— Marina, eu acho que o Cebola já sabe de mim e a Magali...

A desenhista arqueou uma sobrancelha. Afinal, ela já sabia disso.

— Ele mesmo deixou escapar... tenho quase certeza que é isso.

— Bom... eu não teria quase certeza. Eu teria certeza.

— Que?

— Sim DC, o Cebola já sabe. Ele descobriu pela foto no celular da Denise e foi questionar a Magali – vendo a cara de espanto do moreno ela continuou. – Por sorte ele não contou nada a Mônica. Acho que deixou que a Magali fizesse isso.

— Ah... – ele pareceu mais aliviado, mas ainda sim um pouco surpreso. – Então foi realmente por causa disso que ele ficou tão nervoso comigo...

— Releva DC. O Cebola gosta muito da Mônica, e você sabe. Ele deve ter ficado furioso quando soube que você e a Magali estavam enganando ela.

— Mas a gente não...

— Do Contra – Marina disse calmamente – vamos ser sinceros. Vocês estavam sim enganando a Mônica. Mesmo que não fosse a intenção, mesmo que não fosse por querer... mas estavam. Eu mais do que ninguém avisei a Magali que ela deveria ter te falado antes que gostava de você e tudo mais. Você deveria ter feito o mesmo, e não sair correndo pedir a Mônica em namoro.

— Marina, naquela época eu não sabia que estava começando a gostar da Magali – se defendeu ele.

— Ok, mas e quando soube? Por que não terminou? Continuou com a Mônica, e continuou seguindo a Magali.

Do Contra não tinha resposta. Olhou por um tempo a garota, e depois baixou a cabeça.

— Eu sei que fui um péssimo namorado pra Mônica. E um péssimo amigo pra Magali... eu realmente não entendo porque agi daquele jeito. O problema é que... quando eu vi que estava sentindo outras coisas, coisas que eu nunca senti por ninguém antes pela Magali... eu achei que ela não quisesse nada comigo. Que continuar o namoro com a Mônica pudesse me fazer esquecer dela, mas... não adiantou. Sei lá, foi como se tivesse piorando a situação, algo assim.

O moreno levantou a cabeça para o céu como se estivesse exausto e fechou os olhos.

Marina apenas deu umas batidinhas em seu ombro.

— Eu não tô aqui pra te julgar, DC. Eu sei que o que você sente pela Magali não tem explicação. Aconteceu de repente demais... pra ambos. Mas ainda sim, mentir, enganar, esconder... nunca serão maneiras mais fáceis pra resolver alguma situação complicada.

Ele não disse nada, mas concordou com a cabeça.

Os dois ficaram um bom tempo em silêncio. Marina achou até que ele tivesse pegado no sono, com a cabeça encostada no banco, mas se enganou. Ele só estava pensando.

— Bom, eu vou pra casa – ele disse de repente.

— Tudo bem, eu também vou. Marquei com o Franja de ir ao cinema... você sabe da Magali?

— Hã... não. A ultima vez que a gente se falou foi na casa dela. Eu tive que ir embora logo depois, pra resolver, ahm... um probleminha.

— E resolveu? – Marina franziu a testa sorrindo, já imaginando o que seria. Magali contou a ela sobre a visita que Do Contra fez a Denise.

— Não – disse ao se levantar. – Enfim, nós estamos levando as coisas mais devagar agora até ela falar com a Mônica. Você sabe... a Magali anda sempre com medo que possam tirar uma foto nossa outra vez.

— Então acabou os encontros no skatepark a noite? – perguntou ela, dando uma risadinha.

— É... por enquanto – ele sorriu, dando uma piscadela e se virou para ir embora. Marina fez o mesmo em seguida. 

[...♥...]

Magali entrou em casa chorando tanto que Dona Lili a seguiu depressa até o quarto, achando que ela tivesse passando mal. A morena se jogou na cama, com sapato e tudo e pediu pra ficar sozinha mas sua mãe disse que não sairia dali até que ela contasse o que estava acontecendo. Magali então se viu obrigada a obedecer, que por algum motivo a fez chorar ainda mais enquanto tentava falar.

Lili percebeu que o assunto era grave. Estava cansada de ver a filha e Mônica brigarem por algum motivo. Já chegaram a brigar por quase tudo na infância, mas nada que durasse mais de dois dias. Eram brigas bobas, brigas de melhores amigas. Só que dessa vez não parecia ser como as brigas comuns. Magali chorava de dar pena. Seu rosto estava tão vermelho e tão inchado, que ela decidiu não ouvir mais o resto da historia, se quisesse que a filha se acalmasse.

— Ela nunca vai me perdoar, mãe... nunca...

— Shii, shii... claro que vai... a Mônica adora você, filha.

— Não, não vai...

— Magali, você precisa dar tempo ao tempo. O que você fez foi realmente errado, mas todos nós cometemos erros. Agora é ter paciência e deixar as coisas se acalmarem.

A comilona não encontrou resposta e voltou a chorar em silêncio.

Após algumas horas, ela conseguiu convencer Magali a tomar um banho quente, e comer o jantar que tinha preparado. Depois disso, as duas voltaram para o quarto e lá ficaram o resto da noite.

Quando Carlito que chegou chegado do trabalho, procurou pela esposa e pela filha no quarto da garota, mas ela acabou expulsando-o de lá, com receio que a morena acordasse, já que tinha finalmente a feito pegar no sono. 

[...♥...]

A briga que aconteceu entre Magali e Mônica também não demorou a se espalhar. Assim como fim do namoro da dentuça, a noticia que elas não eram mais amigas já era o assunto do dia na escola. Tudo graças a uma pessoa apenas. Denise.

A ruiva não tinha mandado a foto para o todo mundo como tinha prometido caso Magali não contasse a verdade logo, mas acabou enviando somente para Mônica. No dia seguinte, ela fez questão de que a novidade se espalhasse, mesmo sem ter visto as duas ainda. Sabia que elas tinham brigado, e isso era o suficiente.

Se se arrependeu? Nem um pouco. Apesar de ter um acordo com Magali, Denise não se importou. Já tinha feito.

Cebola por outro lado ficou furioso com a ruiva. Se ele não tinha o direito de mostrar aquela foto, ela também não tinha. Por esse motivo, mal falou com a garota durante as aulas.

Magali pensou em matar no dia seguinte, mas sua mãe não permitiu. Pensou então mudar o caminho da escola, mas infelizmente muitos dos alunos já tinham lhe visto. Não tinha escapatória, ela teria que ir.

Marina foi sua salvação aquele dia. Não saiu perto da comilona nem por um segundo. Cascão, Aninha e as outras meninas queriam ficar perguntando o motivo da briga, mas Magali sabia que Mônica ou Denise não iam demorar pra contar.

A morena achou que Do Contra também fosse ser solidário com ela quando soube que Mônica já sabia de tudo, mas pra sua surpresa ele não disse nada. O garoto seguiu sua rotina normalmente, se sentando no fundo da sala com Titi e indo ao refeitório no intervalo, sem falar nenhuma vez com a comilona. Nem antes das aulas, durante ou depois. Do Contra estava simplesmente evitando Magali.

Aquilo se repetiu no dia seguinte, e no dia seguinte.

Ela não estava entendendo nada, afinal ela achou ele fosse ser o primeiro a perguntar como tinha sido a conversa com a dentuça. Mas parecia que ele... não estava ligando.

Sua fúria já estava no limite quando no terceiro dia, Do Contra foi pra casa sem falar com ela de novo. Marina também estava confusa, pois pela conversa que teve com o moreno na praça, ele parecia normal e ansioso para que tudo acabasse logo. Agora que tinha acabado, por que ele estava fugindo da comilona?

Magali não aguentou, e foi atrás do garoto.

Nem tocou a campainha, bateu com força na porta da casa dele até que abrissem.

— Eita, calma! – disse Nimbus quando abriu.

Magali não esperou ser convidada, e entrou imediatamente.

— Cadê o seu irmão?!

— Er... T-tá lá em cima... mas...

Sem esperar pelo resto da frase, a morena subiu rapidamente as escadas, e cega de ódio entrou no quarto de Do Contra, que tocava uma música bem baixinha no fundo. Ele estava em pé em frente ao computador, tirando a camisa da escola.

— Magali? – ele olhou surpreso para a comilona quando ela fechou a porta.

— Qual é a sua, DC?!

— Qual é a minha? – ele uniu as sobracelhas e riu. – Como assim?

— Não faça essa cara de sonso! – exclamou ela, largando sua mochila no chão. – Tem três dias que você tá me evitando!

Ele pareceu finalmente entender o motivo da invasão que a garota fez no seu quarto e seu sorriso sumiu. Ele jogou a camisa em algum canto e cruzou os braços, meio sério.

— Por que é que você tá fazendo isso justo agora? Você soube que a Denise mandou a droga daquela foto pra Mônica, não soube? – Magali esperou que ele respondesse, e ele confirmou com a cabeça. – Então?! Por que começou a fingir de uma hora pra outra que eu não existo mais? Desistiu, é isso? Agora que já infernizou a minha vida o bastante, e me fez perder a minha melhor amiga, você simplesmente cansou de mim? – ela dizia tudo muito rápido. Seu coração batia depressa, e ela mal conseguia pensar no que estava dizendo, tamanha era sua raiva. Do Contra continuava olhando sério para ela – Acabou as ameaças da Denise, DC! Ela não tem mais nada contra a gente, ela já acabou com a ultima esperança que eu tive de me redimir com a Mônica! Agora, eu não acredito que depois de tudo que você me fez passar, vai ter a coragem de...

Magali não terminou sua frase. Sua boca agora tinha sido ocupada pela dele, que a beijou violentamente. Ela não teve tempo suficiente pra pensar em mais nada, pois no momento em que Do Contra a beijou, sua raiva pareceu sumir. Ela continuava ofegante, continuava com o coração acelerado – agora mais ainda –, mas ao mesmo tempo se sentiu leve.

Magali retribuiu aquele beijo como pôde. Ela precisava daquilo.

A falta de ar impediu que eles pudessem continuar, portanto Do Contra se afastou do seu rosto para encara-la.

— Achei que você não fosse calar a boca... – ele sorriu.

Ela tentou fazer o mesmo, mas não conseguiu. De alguma forma ainda se sentia magoada com ele.

— Desculpa... desculpa ter me afastado de você – disse ele, colando a sua testa na dela.

— Por que então...? – sussurrou ela.

Do Contra ficou naquela mesma posição por um tempo, depois se afastou por completo dela, indo até a mesa do seu computador, se encostando ali.

— Eu achei melhor assim... – disse, suspirando. – Depois daquele dia em que estive na sua casa, eu finalmente cai na real. Abri os olhos, entende? Você ali, sofrendo... sabendo que sua amizade com a Mônica ia acabar em algum momento. Eu percebi Magali, que esse tempo todo, eu nunca fiz bem pra você. Nem pra você nem pra Mônica – Do Contra dizia tudo com os olhos fixados no chão. – Até tentei resolver as coisas, achando que fosse ser possível, indo falar com a Denise. Mas enfim, você viu que não ajudou em nada – disse ele, dando de ombros. – Agora que a Mônica já descobriu e rompeu com você, achei que a ultima coisa que você precisasse fosse de mim. O cara que praticamente começou isso tudo.

Quando ele terminou de falar, ergueu os olhos para ela e viu que a morena o encarava como se ele fosse algum tipo de maluco.

— DC... você bebeu? – perguntou ela. Sua raiva parecia ter retornado depois daquela explicação. 

— Hã? – ele franziu a testa, confuso.

— Eu peguntei se você bebeu – repetiu.

— Ahm... não.

— Se esse foi o motivo pelo qual você me evitou esses dias, então você é um idiota. Um grande idiota.

— Mas... – ele não sabia o que dizer. Achou que Magali fosse entender completamente suas razões.

— Depois que você começou a namorar com a Mônica, eu fugi de você como o diabo foge da cruz, e sabe por quê? – ela não esperou que ele respondesse e continuou. – Porque eu já sabia. Eu sabia que eu estava me apaixonando por você. – Do Contra gelou ao ouvir aquilo. – Eu neguei com todas as minhas forças, mas era inútil. Era inútil, porque toda vez que a gente se beijava era como se meu mundo parasse ali. Todas as vezes foram assim. – a voz da morena começou a falhar, e ela sabia que ia acabar chorando se continuasse, mas precisava. – Era insuportável, mas uma parte de mim queria, e queria muito. Tinha vontade de correr, mas ao mesmo tempo tinha vontade de continuar no mesmo lugar...

As lágrimas correram pelo rosto de Magali como ela tinha imaginado. 

Do Contra continuou imóvel, olhando pra ela como se nunca a tivesse visto na vida. 

— Tem sido um inferno na minha cabeça desde então! – ela caminhou apressadamente até o garoto, para poder olhar em seus olhos e apontou para o seu peito. – E se você se sente culpado pelo que aconteceu, meus parabéns pois você está coberto de razão! É por sua causa sim! Mas se hoje a gente está onde está... – ela pausou e baixou o tom da voz – é porque eu realmente não consigo ficar longe de você... então, eu espero... que você nunca mais me deixe sozinha de novo como fez agora... 

Magali limpou as lágrimas rapidamente, sem tirar os olhos dele. Ele fazia o mesmo, mas agora... sorria.

— Não vou te deixar sozinha... – disse, acariciando sua bochecha.

Do Contra estava demasiado surpreso com as coisas que ela disse. Achou que tivesse fazendo o certo se afastando, mas parecia que tinha feito outra besteira. Ele concordava 100% com tudo. Sabia que era o culpado. Sabia que tinha feito um estrago na vida dela, mas ainda sim... ela queria ficar com ele.

— Desculpa... – ele disse, finalmente abraçando-a.

Durante aquele abraço, Do Contra sentiu que não queria soltar Magali nunca mais.

Ela não era a unica que precisava dele.

[...♥...]

Passa-se uma semana.

As coisas no colégio Limoeiro voltaram ao normal, embora de vez em quando surgisse algum cochicho aqui e ali, sobre o rompimento entre Magali e Mônica. A dentuça mal olhava para a morena quando cruzava com ela em algum momento no corredor. Até os professores passaram a estranhar quando viam que as duas não faziam mais dupla como sempre.

Mônica parecia mais deprimida do que nunca, porém tentava não demonstrar quando chegava na escola. Uma das coisas que aprendeu a ser foi orgulhosa, e de maneira nenhuma queria que a vissem triste e infeliz pelos cantos. Estava sempre com as meninas no intervalo, e seu lugar mudou para perto de Aninha e Dorinha na sala.

Magali por outro lado não tinha a menor vergonha de mostrar que estava mal. Vez ou outra quis agir por impulso e ir falar com a dentuça, mas Marina a proibia, dizendo que só tornariam as coisas piores.

Ela e Do Contra decidiram que não iam tornar o que tinham, público. Acharam cedo demais, e não queriam que ninguém soubesse ainda. Embora Denise tenha mandado a foto para Mônica, Cebola a obrigou apagar do seu celular, e ele fez o mesmo.

Mônica não tinha contado a ninguém sobre o envolvimento da sua amiga e o seu ex-namorado. Não por achar que Magali não merecia ser julgada, mas porque não queria ser novamente a vitima da historia. Estava cansada desse titulo, e resolveu dizer que brigaram por outro motivo.

Cascão estava sendo bastante solidário com Magali, mesmo sem saber o motivo da briga que as duas amigas tiveram, ficou do lado da comilona. Ele não estava mais dando sinais que ainda estava a fim dela, e Magali acabou ficando mais aliviada. Queria preservar muito a sua amizade com o sujinho, já que infelizmente parecia ser a única que tinha lhe restado, já que Cebola tampouco trocava mais do que duas palavras com a morena.

Durante aquele domingo de muita chuva, não restou muita coisa para Magali fazer, então decidiu estudar quando seu celular vibrou.

Ela sorriu ao ver quem ligava, e atendeu.

— Oi.

— Deixa eu adivinhar... chuva com frio... humm, com certeza está fazendo uma das coisas que você adora... estudando biologia. Acertei?

— Em cheio – respondeu ela, rindo.

— Quem precisa de filme e brigadeiro debaixo do edredom quando se pode ler sobre o reino das plantas.

— Palhaço – disse, rindo mais um pouco.

— Sei que deve ser um programa delicioso, mas não quer dar um pulo aqui em casa agora? Eu tô super sozinho, sabe?

— Hmm, não vai dar DC... – respondeu, foleando os livros. – eu preciso terminar esse capítulo, e além do mais está chovendo a beça. Não vou me molhar inteira só pra ir até ai.

— Tem certeza? Minha oferta é irrecusável, e nunca se sabe quando você vai ter outra oportunidade dessas— brincou ele.

— Aposto que você daria um jeito nisso.

— Tem razão...— ele riu do outro lado da linha. Magali adorava ouvir ele rindo.

— Vamos deixar pra outro dia... eu ainda não me sinto confortável indo na sua casa... não depois de... bem, você sabe.

— Eu sei, relaxa. Mas minha mãe te adora. O Nimbus, enfim, sempre soube da gente. Não precisa sentir vergonha.

— Não é só isso, DC. Eu tenho medo de... sei lá, a Mônica me ver entrando na sua casa. Ou pior, a Denise. Ela provavelmente tiraria outra foto e sabe lá Deus o que ela faria agora.

— Postaria no facebook.

— Exatamente.

— De repente me sinto mais famoso por causa dela... todo mundo querendo saber da minha vida...

— É... eu... – Magali não conseguiu terminar a frase, pois de repente ouviu seu celular vibrar outra vez. Olhou para tela, depois colocou de volta no ouvido. – DC, depois a gente se fala, tem outra ligação aqui.

— Ok, até mais tarde. Vê se pensa na minha proposta...

— Vou pensar – ela riu e desligou para atender a outra ligação.

Nem foi preciso falar “alô” pois a outra pessoa respondeu imediatamente.

— Magali?! – a voz era familiar e parecia desesperada.

— Sim? Quem é?

— Sou eu, a Lurdes!

— Ah, oi Dona Lurdes. Aconteceu alguma coisa?

— Sim, aconteceu! O Cascão!

Magali levantou as sobrancelhas e se sentou na cama rapidamente.

— O que tem o Cascão? Ele tá bem?

— N-não! E-ele sofreu um acidente! — O coração da comilona começou a bater mais rápido e suas mãos gelaram.— Nós viemos assim que recebemos a ligação... O médico disse que ele não sofreu nenhuma lesão grave, mas ele está ardendo em febre, Magali... e está delirando pois não para de chamar pelo seu nome! Por isso te liguei, tudo bem se você vier?

— Sim, é claro que eu vou! Me passa o endereço!

Magali já estava em pé, calçando os tênis com o celular apoiado no ombro esquerdo. Ela estava tão nervosa que acabou deixando cair várias coisas pelo chão, tentando procurar a chave da porta.

Esquecendo-se de dar qualquer satisfações aos pais, Magali voou para fora de casa, sem guarda-chuva e correu o máximo que podia.

Seu amigo, sofrera um acidente. Não podia ser verdade.


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