love. escrita por Taengoo


Capítulo 30
Chapter 30: Caught In the Storm Pt. 2




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[...♥...]

Magali abria e fechava a boca várias vezes, mas não conseguia encontrar nenhuma explicação adequada. Era como ter sido pega no flagra outra vez.

Cebola continuava parado com as mãos no bolso, esperando uma resposta. Magali não decifrou o olhar do amigo, mas podia sentir que ele não estava nem um pouco contente.

— Eu... – ela engoliu em seco, desligando a tela do celular. – ... como... como você...

— Estava no celular da Denise – ele interrompeu a garota.

— Ela...?

— Não, ela não me mostrou – interrompeu ele novamente. Já esperava as perguntas que ela iria fazer. – O que eu quero saber é o que essa foto estava fazendo lá, e o porquê.

Magali precisou respirar fundo e fechar os olhos. Cebola podia ser tudo, menos idiota. Ele conhecia a comilona desde criança, saberia se ela inventasse uma mentira. Magali sempre precisava de pelo menos um minuto pra poder pensar em uma, já que não era do seu costume fazer isso.

— Vem comigo... – a morena se levantou e Cebola a seguiu.

Eles foram até o quarto de Magali e chegando lá, ela fechou a porta com cuidado.

O careca não conseguiu permanecer com aquele olhar calmo por muito tempo. Ele queria respostas, e queria agora. Assim que a comilona se virou para ele, Cebola olhou indignado para a amiga.

— Magali, o que é isso?! – ele perguntou finalmente demonstrando sua revolta. – O que você e o DC estão fazendo nessa foto?! E de quando foi?! É recente?!

As perguntas que ficaram passeando pela cabeça do garoto começaram a vir a tona.

— Cebola, calma! – Magali se aproximou do garoto e colocou as mãos em seu ombro. – Eu posso explicar...

— Eu espero mesmo que você possa!

Magali respirou fundo e apertou os lábios. As lágrimas já estavam em presas nos olhos.

— Sim... é recente – Magali respondeu, quase sussurrando, depois de um tempo em silêncio. – A Denise flagrou nós dois... e tirou uma foto.

O careca soltou um suspiro e se sentou na cama da morena com as mãos unidas.

— Cebola – ela se ajoelhou em frente ao garoto imediatamente, em um tom desesperado. – Por favor, diz pra mim que você não vai contar nada pra Mônica!

— Peraí... você tá me pedindo pra esquecer o que eu vi? – ele perguntou, franzindo a testa.

— N-não é isso... mas... e-eu já prometi a Denise que eu mesma ia contar! Sabe, ela andou me chantageando dizendo que ia mandar essa foto pra escola inteira, só que eu consegui convencer ela a me deixar falar com a Mônica primeiro...

— A Denise? Te chantageando?

Magali assentiu com a cabeça e recomeçou a falar.

— Ela me flagrou com o DC, na festa dele...

— Na fes...? Peraí! Isso é mais recente do que eu pensava então! 

A comilona se sentiu cada vez mais nervosa.

— Sim, é recente Cebola! É recente! – ela se levantou, andando pra lá e pra cá.

— Eu realmente preciso entender isso Magali! Você e o Do Contra? Como? Por quê?

— Eu não sei, eu não sei! – ela dizia, negando com a cabeça, parecendo ainda mais perturbada. – É o que tô tentando descobrir dês do primeiro dia, Cebola!

— Vocês... vocês estão tendo um caso? Não foi um beijo aleatório? – perguntou ele, abrindo mais os olhos.

Magali balançou a cabeça, com a mão na testa. Não tinha necessidade de mentir.

— Eu e o DC... ficamos... algumas outras vezes.

— Quantas vezes?

— Algumas...

— Quantas, Magali? – ele repetiu irritado.

— Não sei! Várias!

— Várias? – Cebola inclinou o corpo pra frente, com sua cara de espanto. – Vocês ficaram juntos mesmo depois que ele e a Mônica começaram a namorar? Mas... peraí... foi o DC que pediu a Mônica em namoro... por que então ele...?

— Não, não! – ela balançou a cabeça com força. – Nós não estávamos juntos, e não estamos juntos!

— Eu não vejo outra resposta!

— Cebola... – Magali começou, em um sussurro. – Desculpa, mas eu não tenho explicação pra o que aconteceu aqui – ela ergueu o celular – ou o que aconteceu das outras vezes. Mas eu sei que foi errado, e que ninguém merece ter uma amiga como eu. Eu só te peço, agora que você também já sabe, não contar nada pra Mônica antes de mim. Ela precisa ouvir tudo da minha boca.

O garoto ficou calado um tempo, fitando o teto. Ele queria outras respostas. Já tinha confirmado sua suposição. Magali realmente tinha ficado com Do Contra enquanto ele estava com Mônica, mas ainda sim... não era o suficiente. Ele queria entender.

— Você...e o DC... estão se gostando.... é isso?

Magali virou o rosto e olhou surpresa para o amigo. Ela não esperava por aquela pergunta.

— Suponho... que talvez seja isso... – disse com a voz falhando.

— Quando foi a primeira vez que vocês ficaram?

— Nas férias – ela respondeu, se sentando em uma poltrona que havia ali. Cebola estava ainda mais surpreso quando se deu conta do tempo que fazia  – Em um show... eu tinha acabado de encontrar o Quim beijando outra – ela disse calmamente, triste ao se lembrar da cena. – Acabei descontando a raiva nele e bem... aconteceu. Eu não esperava, nem ele. Acho. Mas foi assim. 

— E depois?

— Eu neguei o tempo inteiro, porque de alguma forma eu senti que tinha entrado em uma historia que não era minha. O DC não fazia questão de esconder que era apaixonado pela Mônica, e... mesmo ela dizendo que não, eu sabia que ela sentia alguma coisa por ele, por menor que fosse.

Cebola ao ouvir aquilo, contraiu os lábios e tentou não se abalar. Ele também sabia que Mônica tinha ficado mexida quando soube que Do Contra era a fim dela.

— Só que depois... as coisas foram acontecendo muito rápido. Teve aquele episodio no aniversário da Mônica, quando você ficou com a Denise – ela disse, finalmente olhando pra ele. Cebola apenas abaixou a cabeça ao se lembrar. – Ela estava mal... e o DC ficou do lado dela o tempo todo. Acho que isso acabou despertando alguma coisa nela.

Ela pausou uns segundos, suspirou de novo e continuou.

— Eu não vou mentir pra você, Cebola... eu sabia que aqui dentro estava nascendo uma coisa nova por ele. Mas eu não queria permitir de jeito nenhum, principalmente quando eles começaram a namorar. A Mônica parecia feliz com ele. Só Deus sabe o quanto eu tentei fugir desse sentimento, que só parecia crescer a cada dia. O DC também não facilitava nada pra mim... me perseguiu durante todos esses meses.

O careca ouvia atentamente a confissão da morena, com as mãos ainda unidas.

— Eu não posso culpa-lo... tem coisas que a gente faz que nem percebe na hora que é errado... Auto-controle, foi o que faltou.

— Ainda não explica o fato de vocês terem traído a Mônica.

— Sei que não explica, e nem justifica. Eu já te disse que não consigo encontrar todas as respostas. Se você tem perguntas, pode apostar que eu tenho mais, e elas estão me tirando o sono todos os dias – Magali disse por fim. Arrancou um pouco aquele peso das costas desabafando com mais um amigo. Marina era sua única confidente, mas nem sempre a desenhista entendia a morena. Ultimamente ela recebia mais sermão do que apoio. – Por mais que seja dificil de acreditar, eu amo a Mônica, Cebola... e eu preciso ser a pessoa quem vai dizer a ela sobre o que aconteceu. É a única e ultima maneira que eu tenho de demonstrar quanto a nossa amizade significa pra mim.

Eles não sabem quanto tempo passaram sem se falar. Cebola estava perdido em seus próprios pensamentos, como se estivesse estudando toda a situação. Magali porém, não tirava os olhos dele, com receio que ele pudesse ainda estar a condenando.

— Eu acho que já ouvi o suficiente... melhor ir pra casa – ele disse se colocando de pé. Magali se levantou ao mesmo tempo.

— Tudo bem...

— A gente se vê amanhã na escola... – o careca foi até a porta mas parou quando Magali tocou em seu braço.

— Cebola... sei que não mereço, mas... me perdoa.

— Não sou quem tem que te perdoar, Magali. Nós dois sabemos muito bem disso.

Ele abriu a porta e saiu, deixando Magali sozinha.

As lágrimas que estavam presas quando eles entraram no quarto, finalmente desabaram em seu rosto. 

[...♥...]

Fazia apenas dez minutos que Marina e Magali tinham chegado ao colégio. A garota não tirava os olhos da porta. Seu nervosismo estava um tanto aparente, mas ela não estava ligando nem um pouco.

— Quer ficar calma Magali? – disse a desenhista, tirando um lápiz que ia ser quase partido em dois, das mãos da comilona. – O Cebola daqui a pouco chega.

— Mas ele tá demorando muito. Não só ele, a Mônica também. E se ele parou no meio do caminho pra falar com ela? – perguntou exasperada.

— Deixa de besteira, o Cebola não ia fazer isso com você! Se até a Denise aceitou que você falasse com a Mônica, ao invés dela, por que com o Cebola seria diferente? Ele é seu amigo...

— Não sei... – Magali tomou o lápis de volta das mãos de Marina e fez menção de partir-lo ao meio novamente. – Ele estava furioso comigo...

— Ele não pode falar nada, afinal de contas, ele também fez a Mônica sofrer quando beijou a Denise na frente dela.

— A Mônica devia ganhar um prêmio pelos ótimos amigos que ela tem – murmurou ela, passando as mãos no rosto.

Marina tentou acalmar a comilona, mas foi em vão. Ela continuou com os olhos grudados na porta.

Quando finalmente viu o careca entrando com Denise ao seu lado, seu coração quase saiu para fora do peito. Sua expressão era calma, mas parecia um pouco distraído da conversa “super interessante” que Denise estava tendo com ele.

Ao ver a morena, Cebola se mexeu meio incômodo ao lado da ruiva, e andou rapidamente para o fundo. Magali acompanhou o careca com o olhar, e sua preocupação pareceu aumentar.

— Tá vendo? Ele mal olhou pra mim! Ai, eu to perdida... – sussurrou apoiando a cabeça nas mãos.

— Ainda não... – Marina apontou pra porta e Magali viu Mônica entrando com um leve sorriso no rosto quando viu as amigas. A dentuça sentou no seu lugar de costume, e começou a conversar normalmente.

Marina trocou olhares com a comilona que suspirou aliviada. Cebola não tinha dito nada.

[...♥...]

No intervalo, as meninas foram para a cantina lanchar, exceto Magali que preferiu esperar pelo careca na porta da sala.

— Cebolinha! – ela o chamou, quando ele passou direto sem notar que ela estava ali.

Ele e Cascão pararam.

— Ah... oi Cas... – disse ela, sorrindo amarelo.

— E aí, Magá – respondeu sorridente.

— Vou roubar o Cê rapidinho, já devolvo – ela tentou usar o tom mais descontraído que podia.

Ao receber um ‘ok’ do sujinho, puxou o garoto pra longe.

Cebola estava sério, mas mesmo assim deixou ser puxado pela morena até onde ela queria que ele fosse.

Quando finalmente pararam em frente a porta de um banheiro masculino ela o soltou.

— Pensou no que eu pedi? – perguntou, nervosa.

— Sobre?

— Você sabe sobre o quê, Cebola! – ela disse, mas o careca apenas cruzou os braços negando com a cabeça. Ela suspirou impaciente. – Sobre esquecer o que você viu ontem. Deixar que eu contar pra Mônica!

— Eu ainda não decidi o que vou fazer...

— Cebola, por favor não...

— Eu disse que não sei Magali! Não me pressiona! – ele saiu andando, deixando Magali ainda mais atordoada. Se isso era realmente possível.

[...♥...]

Cebola não podia deixar de notar os olhares de medo que Magali lhe lançava toda vez que o via. Ele sabia que a morena estava em pânico só de imaginar que outra pessoa além dela fosse contar sobre a foto para Mônica.

Não sabia se conseguia perdoar a garota por ter feito isso com a dentuça. Elas eram amigas inseparáveis. Nunca tinham feito mal a outra... Era difícil de acreditar que Magali pudesse fazer uma coisas daquelas.

Ele estava em dúvida se contava ou não para Mônica. No fundo sentia que ela tinha o direito de saber o mais rápido possível. Ver Magali quieta, sem fazer nada, andando com a dentuça pra lá e pra cá, como se nada tivesse acontecido era demais. 

No final, decidiu ir até a casa de Mônica assim que o sinal bateu.

Esperou todos os alunos irem pra casa, e deu uma desculpa a Cascão de que tinha esquecido seu celular no ginásio, mandando o sujinho ir na frente. Quando todos tinham ido embora, ele saiu do colégio em direção a casa da garota.

A cara de surpresa que Mônica fez ao atender não podia ser diferente da que ele tinha imaginado.

— Cebolinha? O que você tá fazendo aqui?

— Eu... eu vim... eu vim...

Naquele momento, o careca teve uma lembrança...

[..]

— Você...e o DC... estão se gostando.... é isso?

Magali virou o rosto e olhou surpresa para o amigo. Ela não esperava por aquela pergunta.

— Suponho... que talvez seja isso... – disse com a voz falhando.

* * *

— Por mais que seja difícil de acreditar, eu amo a Mônica, Cebola... e eu preciso ser a pessoa quem vai dizer a ela sobre o que aconteceu. É a única e ultima maneira que eu tenho de demonstrar quanto a nossa amizade significa pra mim.

[..]

— Ei! – Mônica estalou os dedos na frente do garoto, que se assustou. – Vai falar o que veio fazer aqui ou não?

Cebola olhou para Mônica, depois para o chão, depois para Mônica novamente.

Não. Ele não tinha aquele direito.

— Eu... pensei que tivesse deixado meu livro de biologia na sua casa...mas acho que me enganei.

— Cebolinha, faz meses que você não entra aqui em casa, como seu livro poderia estar aqui?

— É por isso mesmo. Lembrei que me não podia estar... bom desculpa o incomodo, até mais – ele disse se afastando depressa.

Mônica ficou sem entender absolutamente nada.

Ela o observou ir embora, mas sem perceber abriu um sorriso, achando que podia ser apenas uma das suas tentativas de querer se aproximar dela de novo. No fundo se sentiu um pouco contente.

— Quem era? – Magali perguntou quando a dentuça voltou pra cozinha.

— O Cebolinha.

A comilona quase engasgou com o suco que estava tomando.

— O-o Cebola? E... e o que ele queria?

— Não sei. Ficou parado que nem um idiota me olhando... depois inventou uma desculpa mais idiota ainda e foi embora.

— Ah... – a morena suspirou, e limpou a boca com o guarda-napo.

— Aposto que usou isso pra vim me ver... – ela disse ao se sentar. – andei notando os olhares dele pra mim na escola. Acha que só porque terminei o namoro que vamos voltar a ser como antes. Mas eu ainda não esqueci o que ele fez comigo. 

— Deixa disso Mônica... já faz tempo... não tá na hora de perdoar? – Magali perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

— Que?! O que ele fez comigo não tem perdão, Magali! – disse ela, batendo com força na mesa, assustando a comilona. – Nunca vou perdoar pela humilhação que ele me fez passar... – dizendo isso, a garota encerrou o assunto, passando para outro.

Magali suspirou de novo, engolindo seu suco, totalmente sem esperanças que Mônica um dia fosse lhe perdoar também.

[...♥...]

Cebola sentiu que fez a coisa certa em não contar nada para Mônica. Não queria se meter mais do que já tinha feito. A historia era entre as duas e Do Contra. Ele não tinha mais tanta intimidade assim com a dentuça.

Admitiu pra si mesmo que talvez tivesse sentido vontade de contar, na intenção de provar pra ela que aquele namoro não tinha passado de uma mentira. Se ele não era certo pra Mônica, tampouco era Do Contra. Os dois tinham pisado feio na bola. E a raiva que a dentuça sentia dele, quem sabe diminuísse.

Aquela historia só sumiu da sua cabeça quando saiu pra jogar bola com Cascão e os outros garotos no campinho. Do Contra também estava lá, mas ele tentou ignora-lo o máximo que pôde como tinha feito na escola. Estava com raiva do moreno. Uma raiva que nunca tinha sentido antes, nem mesmo quando ele se declarou pra Mônica na frente de todo mundo.

Porém a imagem de Mônica chorando e sofrendo quando descobrisse toda a verdade, foi ficando cada vez mais nitida. Ele não estava conseguindo nem jogar direito. Sorte que Cascão era do seu time, e por isso não deixaram de fazer gols.

— Qual foi careca? Tá no mundo da lua? – perguntou o sujinho quando eles deram uma pausa. – Quase que você faz gol contra.

— Foi mal Cascão, foi mal... tô meio distraído hoje.

— Distraído você sempre foi, mas hoje tá demais. O que tá pegando cara? Tá assim desde ontem... não foi boa a sua visita na casa da Denise? – o sujinho riu, mas pela cara séria do amigo, parou no mesmo instante.

— Não... tô preocupado com umas paradas ai, nada demais... relaxa.

— Se não quer me contar, tudo bem... mas vê se presta atenção no segundo tempo, fazendo o favor. – disse ele, em seguida ergueu o tom da voz – Porque parece que eu tô trabalhando sozinho aqui!

Alguns garotos lançaram olhares ofendidos para o sujinho, outros apenas riram.

— Bora – Cascão bateu nas costas do careca para ele se levantar.

Naquele mesmo segundo, Do Contra que estava bebendo água ao seu lado, acabou derramando um pouco em seu pé. Cebola se levantou irado e empurrou o moreno.

— Tá maluco cara?!

Do Contra e Cascão olharam assustados para Cebola.

— Calma, foi sem querer... – disse o moreno rindo sem graça.

— Calma o cacete! Não me viu aqui sentado?!

— Ei, relaxa ai careca... – disse Cascão colocando as mãos no ombro do amigo que se esquivou brutalmente.

—  Me solta Cascão, me solta!

— É sério mesmo que você vai procurar briga comigo por causa de uma besteira dessas?

— Eu devia ter procurado briga com você há muito tempo, seu infeliz!

Dizendo isso, Cebola apertou o punho e acertou exatamente no meio do nariz de Do Contra. O moreno cambaleou um pouco para o lado e olhou para o careca com a mão no lugar acertado.

Os outros garotos apareceram rapidamente no local, querendo saber o que estava acontecendo. Cascão tentou segurar Cebola de novo, mas ele parecia estar com mais força do que o normal.

— Você me paga...

Do Contra tirou a mão do nariz que estava sagrando e com muita agilidade, acertou em cheio o rosto do Cebola, que caiu no chão. Sem dúvidas o moreno tinha mais braço que o careca, portanto era mais forte. Fora as brigas que ele já tinha entrado antes de namorar com Mônica.

Titi segurou Do Contra por trás. Cascão e Xaveco fizeram o mesmo com Cebola quando ele se levantou.

— Você não presta DC! – disse ele e cuspiu sangue no chão. – Eu sinceramente não consigo entender o que a Mônica viu em você!

— Ah então é isso?! – Do Contra riu. – Ciúmes da Mônica comigo a essa altura Cebola? Achei que você já tivesse superado isso!

— Eu já superei há muito tempo seu babaca! – ele gritou.

— Não é o que parece – o moreno disse se soltando de Titi, e limpando seu nariz com as costas da mão. – Só que a gente não precisa brigar por isso! Eu e a Mônica terminamos. Já acabou...

— Acabou por sorte! – Cebola berrou.  

— Acabou porque acabou!

— Ou porque você é um covarde! Coitada da Magali, nem ela você merece!

Do Contra arregalou os olhos imediatamente para Cebola. Todos, principalmente Cascão tentaram entender aquela ultima frase.

O careca se arrependeu no mesmo momento, porque abaixou o olhar e limpou o suor da testa, para disfarçar.

— Quer dizer... coitada da Magali, da Mônica ou de qualquer outra garota que você tentar alguma coisa...

O moreno continuou olhando assustado para o careca, que desviou o olhar e foi se sentar onde estava.

Nenhum dos garotos falou durante um bom tempo. O clima ficou estranho. Cascão por sorte não levou a sério o que o amigo tinha dito, portanto não foi pedir explicações a ele.

O jogo foi encerrado devido aos ferimentos de ambos os colegas. Cebola foi pra casa acompanhado do sujinho, e Do Contra foi com Titi e Jeremias. 

[...♥...]

— Por que mesmo vocês brigaram? – perguntou Denise, enquanto cuidava do machucado de Cebola no quarto dele.

— Já disse que foi besteira.

— Aposto que foi por causa daquela azeda da Mônica! Desde que eles começaram a namorar eu sinto que você sempre teve uma vontade de puxar briga com ele na saída. Da mesma forma que foi com o Toni! Você quase foi expulso, lembra? – perguntou a ruiva, pressionando com força o algodão da boca do careca.

— Ai Denise! – exclamou, nervoso. – Sim e daí que eu tenha puxado briga com ele? Isso não é da sua conta!

— Não é da minha conta?! – ela parou o que estava fazendo para olhar irritada pra ele. – Então pra que me chamou pra cuidar desse seu ferimento idiota?! – disse e jogou o algodão com força no chão.

— Porque você gosta de cuidar de mim – disse ele sorrindo colocando as mãos atrás da cabeça.

— Gosto. Gosto sim. Mas esse trabalho é pra uma namorada. E eu Cebola, não sou sua namorada, certo?

— Certo – ele disse, simplesmente.

— E então? – Denise cruzou os braços, esperando uma continuação.

— E então o que?

— Quer ou não que eu continue o que eu estava fazendo?

— Peraí... você tá dizendo que só vai continuar a cuidar do meu ferimento, se for minha namorada, é isso? – ele tentou não rir.

— É exatamente isso.

— Ótimo. Deixa que eu faço isso sozinho, então... – ele pegou o algodão no chão e se levantou.

Denise abriu a boca chocada. Ele realmente não queria tê-la como namorada?

— Cebola! Volta aqui!

Ele parou no meio do caminho e voltou.

— Mudou de ideia?

— Me diz... – ela fechou os olhos e respirou fundo. – Me diz o que aquela dentuça da Mônica tem que eu não tenho!

— Humm... – ele colocou a mão no queixo, fingindo pensar. – Bom, pra começar ela faz uma massagem deliciosa, que você até hoje não aprendeu a fazer.

— Cebola... eu to falando sério... – a ruiva disse entre os dentes.

— Mas é sério.

— Você não me vê nem um pouco como uma namorada? Nós vamos ter que ficar nessa pra sempre? Você nunca vai me assumir?

Cebola deu um longo suspiro, abriu um sorriso e disse.

— Não.

O queixo de Denise caiu.

— Você tá falando sério? – perguntou ela, sua voz começando a falhar.

— Denise – ele foi até ela e a fez se sentar na cama. – Eu gosto de você. Sério. Se não gostasse, não passaríamos nem do terceiro dia. – Denise afirmou com a cabeça rapidamente. – Só que namoro pra dar certo, é preciso que tenha sentimento envolvido.

— Mas tem sentim...

— E que seja reciproco – ele interrompeu a ruiva e ela finalmente entendeu o que quis dizer.

Denise gostava dele de verdade. Ele não.

— Agora por favor, esquece esse negocio de namoro. Não vai rolar, não importa quantas vezes você tente. Se tá bom do jeito que tá, pra que estragar? – ele disse e sorriu. – Agora deixa eu cuidar disso aqui logo antes que fique pior – disse, se referindo ao seu machucado na boca.

Cebola saiu do quarto, e Denise ficou ali, parada. Ainda refletindo o que o garoto tinha lhe dito.

Ela jamais seria namorada dele.

— Tudo bem Cebola... mas se eu não posso ficar feliz.... a sua amada também não vai – disse ela, tirando o celular do seu bolso. Procurou o que queria e abriu um sorriso diabólico.

Apertou o botão de enviar e soltou uma gargalhada tenebrosa.

— Que comece o show.

[...♥...]

— Corre Mônica, sua cena favorita é agora! – gritou Magali da sala, comendo pipoca.

As amigas tinham colocado um filme de romance para assistir, após terminarem a lição de física. Mônica preparou uma pipoca para as duas, e ficaram ali na sala a tarde inteira.

— Mônica? – Magali percebeu que ida da dentuça ao banheiro estava demorando mais do que o normal. Quando pensou em se levantar pra ver o que tinha acontecido, viu Mônica voltando pra sala.

Magali pausou o filme com o controle, assim que viu a expressão da amiga. Seus olhos estavam em um vermelho intenso.

— Mônica... o que...?

Em um movimento rápido, Mônica ergueu o celular na frente da comilona.

O coração da morena quase parou.

Era aquela foto. De novo.

No celular de Mônica.


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