Em uma casa no centro de Magnólia, uma linda jovem, praticamente mulher, sentia os primeiros raios solares entrarem pelas fretas das cortinas que cobriam as janelas de seu quarto.

         Vestindo apenas um curto top branco, com o desenho da cabeça de um diabinho vermelho na região entre seus seios, e uma calcinha de algodão branca com lassinho, a garota, que a pouco dormia, se sentia incomodada devido a claridade que chegava em seus olhos.

         Insatisfeita, pegou o travesseiro o qual apoiava a cabeça e colocou-o na frente do rosto.

Agora, com a escuridão novamente para si, ela pensou em voltar a dormir, pois estava tendo um sonho muito bom. Um o qual ela derrotava em uma luta uma garota de cabelos vermelhos como fogo, sendo assim elogiada por um jovem de sua idade, que possuía cabelos loiros e olhos azuis como o oceano.

         Sim, estranhamente aquele era um bom sonho, mesmo ela não conseguindo entender direito que o fato do garoto lhe elogiar, dizendo como ela era forte e bonita, a deixava com um sentimento agradável no peito.

         Mas, como dizem, tudo que é bom uma hora acaba. Por isso, ela foi privada de retornar a aquele paraíso quando escutou uma voz abafada.

         - Mira-nee, acorde! O café está pronto!

         Mira-nee, ou Mirajane, logo reconheceu aquela voz que vinha de trás da porta de seu quarto como sendo a de Lisanna, sua irmã mais nova. Sabendo que deveria se levantar, saltou um suspiro antes de erguer seu corpo e se sentar na cama.

         Para recuperar o humor, esticou bem os braços para cima, alongando seu corpo. Ela sequer notava que ao fazer aquilo, seu pequeno top branco levantava pressionava-se ainda mais contra seus fartos seios, dando uma visão que faria qualquer pervertido babar.

         Dando um sorriso satisfeito ao sentir seus músculos já preparados para o começo do dia, se levantou sem muita pressa de sua cama e, depois de colocar uma pantufa de duas raposas laranja, rumou para o banheiro de seu quarto, sem se importar em fechar a porta atrás de si.

         Depois de não mais quarenta minutos, saiu enrolada em uma toalha, com seus lindos cabelos prateados visivelmente úmidos, o que indicava que ela tinha tomado um banho.

         Abrindo a toalha na frente de um espelho de corpo inteiro, avaliou suas belas formas antes de dar um sorriso convencido e começar a se enxugar. Quando feito, rumou totalmente nua para perto de seu guarda roupa, onde abriu algumas gavetas e portas para retirar o que vestiria naquele dia.

         Hoje Mirajane tinha optado por uma blusinha que ajustava bem em seu corpo, de um azul um pouco mais escuro do que seus olhos, com uma calça jeans escura, que também destacava bem suas curvas. Já seus calçados eram botas pretas de cano alto, algo que ela adorava usar. Também escolheu alguns acessórios para o dia, sendo estes uma pulseira preta cravejada com o que parecia “espinhos” prateados e um colar também prata, onde tinha um pingente na forma de uma caveira.

         Mesmo tendo mudado um pouco seu estilo nos últimos anos, ela ainda guardava vestígios de seu jeito gótico de se vestir. Era algo que ela gostava e não conseguiu abandonar completamente.

         Assim, depois de se vestir e dar um sorriso arrogante ao ver seu visual no espelho, que para ela era o epítome de sex, penteou bem o cabelo e, prendendo-o com uma fita verde em seu típico penteado de rabo de cavalo com franjas caindo palas laterais de seu rosto, resolveu descer para tomar seu café.

         A casa onde ela morava com Elfman e Lisanna era de tamanho médio, confortável para os três. Era composta por um quarto para cada irmão no segundo andar, onde apenas o de Mirajane era uma suíte, e um banheiro. Já no primeiro havia uma sala e uma cozinha de tamanhos quase idênticos, com a cozinha um pouco menor.

         Assim, descendo a escada circular de madeira para o primeiro piso e depois fazendo seu caminho pela sala, Mirajane finalmente se viu na cozinha.

         A primeira coisa que observou foi uma farta mesa de café da manhã, o que era típico de Elfman fazer. Ela e o irmão revezavam os dias para fazer o café e o jantar, já que o almoço eles sempre comiam na Guilda.

         A verdade era que ela adorava cozinhar e tinha muito orgulho de suas habilidades. Mas, apesar daquilo, aquele era um dos segredos que os membros da Fairy Tail não conheciam sobre Mirajane.

E ela nunca pretendia revelar, já que achava que aquilo mancharia sua imagem de maga mais forte da Fairy Tail. Algo que lhe dava ainda mais orgulho do que suas habilidades culinárias, apesar dela admitir a contra gosto que ela dividia o título com Erza.

         Agora, voltando ao mundo real, reparou que apenas Lisanna estava na mesa, o que de fato era estranho, já que Elfman sempre tomava café junto das duas. Pensando em questionar sua irmã mais nova depois, rumou em direção a mesa e sentou-se.

         - Bom dia Mira-nee! – Falou Lisanna, exalando disposição mesmo naquela hora da manhã. Era uma das qualidades de Lisanna, ela sempre estava de bom humor.

         - Bom dia, Lisanna. – Mirajane respondeu sorrindo. Seus irmãos era o que ela tinha de mais precioso, por isso sempre os tratava bem. – Onde está Elfman?

         Enquanto cortava um pedaço de pão, com intuito de passar manteiga depois, Mirajane ouviu.

         - Ele saiu mais cedo, dizendo que iria a uma missão com Gray.

         Mirajane instantaneamente parou o que estava fazendo e levantou o olhar, encarando Lisanna.

         - Ele foi a uma missão com aquele pervertido nudista? Por que ele não me avisou antes?! Nunca que eu iria deixar! – Disse chateada.

         - Ele não lhe avisou justamente por isso. – Responde Lisanna, como se a raiva de Mirajane já fosse algo que ela tivesse imunidade. – Ele sabia que você ia tentar proibi-lo, por isso avisou só para mim, ontem à noite.

         Mirajane estreitou os olhos para sua irmã.

         - E por que você não me disse?

         A garota com ar “punk” observou sua irmã dar uma boa mordida em uma torrada coberta com geléia de morango antes de responder.

         - Mira-nee, Elf-nii já tem dezesseis anos. Você não precisa ficar cuidando dele tão protetoramente. – Lisanna falou despreocupada. – Eu me lembro bem que quando você tinha dezesseis, há um ano atrás, você até saia em missões solo. E Elf-nii sequer está fazendo isso, ele está indo com um companheiro de Guilda.

         - Tsk. Como se aquele pervertido inútil da turma da Erza fosse fazer alguma diferença ou não. – Voltando seu olhar para a mesa, apertou a faca que segurava com força e disse, um pouco receosa. – Você sabe muito bem o que aconteceu alguns dias atrás... Como sabe que Elfman não vai fazer algo parecido dessa vez? Eu me preocupo com vocês, Lisanna...

         Levantando olhar novamente, viu sua irmã olha-la ternamente, com um pequenino sorriso nos lábios.

         - Eu e Elf-nii sabemos muito bem disso, Mira-nee. Mas, enquanto você cresce, nós crescemos também. Ficamos mais fortes e aprendemos a nos cuidar. – Mesmo entendendo aquelas palavras, Mirajane pensou em interromper sua irmã, mas Lisanna foi mais rápida e continuou. – Quanto ao fato de Elf-nii perder o controle novamente, eu tenho certeza que isso nunca mais vai acontecer.

         Mirajane levantou uma sobrancelha ao ouvir aquilo. Desse modo, perguntou a sua irmã.

         - Como pode ter tanta certeza assim, Lisanna? Ele pode acabar achando que tem experiência suficiente e cometer o mesmo erro, tentando pegar o poder de uma fera mais forte que ele possa controlar.

         - Mira-nee. Você se esqueceu da conversa que ouvimos dele com Naruto-niisan? – Perguntou a mais nova. – Esqueceu-se de como ele ficou arrependido por ter nos machucado? De que ele não só pediu desculpas para nós, como para toda a Guilda?

         A garota de longos cabelos prateados logo começou a recordar aqueles fatos. E ela pode ver o ponto de Lisanna. Elfman continuaria a tentar se tornar um homem verdadeiramente forte, mas nunca mais faria algo imprudente que colocaria a saúde de seus companheiros em risco novamente.

         Isso em grande parte por causa das palavras de Naruto, que o incentivaram a enfrentar os problemas de cabeça erguida e lutar para se tornar mais forte, para que coisas como aquela nunca mais acontecessem.

         Com um pequeno sorriso surgindo no canto de seus lábios, falou.

         - Acho que você está certa... – Olhando nos olhos de Lisanna, acrescentou. – Às vezes penso que você deveria ser a irmã mais velha, Lisanna.

         A garota apenas deu um sorriso doce e abanou a mão em negação.

         - Não tinha como eu ser a irmã mais velha, Mira-nee. Eu não conseguiria ter forças o suficiente para cuidar de você e Elf-nii quando as coisas ficassem difíceis. – Falou a garota Ela parou um pouco, como se lembrasse de um passado doloroso, mas logo voltou a falar, com um pequeno sorriso nos lábios. – Eu apenas tenho o meu modo de contribuir com a família, assim como Elf-nii tem o dele ao fazer esse delicioso café da manhã e você tem o seu, ao sempre agir protetoramente conosco.

         Ao ouvir sua irmã mais nova, Mirajane deu um lindo sorriso, um sorriso que apenas seus dois irmãos conheciam. E isso rendeu um comentário por parte de Lisanna.

         - He... Eu acho que se Naruto-niisan visse esse seu sorriso ele não pensaria duas vezes em te chamar para sair, Mira-nee. – Provocou a menina, com um sorrisinho sapeca.

         Já a expressão linda de Mirajane caiu quando a garota ouviu aquilo.

         - O que quer dizer com isso, Lisanna? Está insinuando que eu quero um encontro com aquele imbecil? – Perguntou com uma sobrancelha levantada e uma expressão emburrada. – E também, me responda da onde veio essa idéia de chamar aquele loiro de “Naruto-niisan”?

         Lisanna, voltando a dar uma mordida na sua torrada com geléia, disso ainda com o sorrisinho bobo no rosto.

         - A idéia de chamá-lo de “Naruto-niisan” é que talvez, daqui alguns anos, ele será um membro da família. – Antes que Mirajane começasse a protestar, Lisanna acrescentou. – Não precisa tentar me enganar, Mira-nee. Eu já percebi que você tem uma queda por ele.

         Insatisfeita com a insistência de Lisanna, Mirajane falou.

         - Não sei de onde tirou essa idéia absurda, Lisanna. Eu, com uma queda por aquele imbecil? Nem em sonho!

         Observou Lisanna dar um sorriso debochado, um que ela sabia parecer muito com seus próprios, e percebeu que nada de bom viria daquilo.

         - Ehhh...? Mas se não me engano, hoje pela manhã você estava sonhando com ele, Mira-nee. Eu ouvi você falando seu nome quando abri a porta do quarto para te chamar, já que você não respondia.

         Os olhos de Mirajane se arregalaram e ela abriu a boca, ficando parecida com um peixe. Logo milhões de pensamentos começaram a invadir sua mente, lembrando-se que realmente sonhara com o loiro. Ela apenas não esperava ter falado o nome dele.

         Tentando recuperar um pouco do orgulho que lhe restava, disse.

         - Não... Não é bem assim como você está pensando...! Eu estava apenas sonhando que estávamos na Guilda e...

         Mirajane parou ao ver um sorriso animado no rosto de sua irmã. Logo ela percebeu que caíra em um blefe, e um dos mais óbvios, diga-se de passagem.

         - Então você realmente sonhou com ele?! Mira-nee, você está realmente interessada nele, eu tenho certeza!!

Enquanto via sua irmã exclamar feliz, o rosto de Mirajane ia esquentando cada vez mais. Algo que ela sabia não combinar nem um pouco com seu “estilo”.

         - Mas então, que tipo de sonho foi?! – Ouviu Lisanna perguntar. Mirajane, ao ver sua irmã colocar a mão na boca enquanto suas bochechas ficavam avermelhadas, soube com antecedência o que ela diria a seguir. – Não me diga que foi um sonho eró...!

         - Lisanna, mais uma palavra e eu vou te fazer limpar o banheiro por um mês! – Disse perigosamente.

Ela raramente falava daquele modo com seus irmãos, mas dessa vez Lisanna não lhe deu escolha. Insinuar que ela estava tendo sonhos eróticos com Naruto? Da onde ela tirou aqueles pensamentos? Só de pensar em algo como aquilo já a deixava irritada e, estranhamente, ainda mais corada que o normal.

- Muouh!! Você não sabe brincar, Mira-nee... – Resmungou Lisanna, fazendo beicinho. Mas logo deu um sorriso sapeca novamente. – Espero que Naruto-niisan mude um pouco esse seu jeito, já que ele é bem brincalhão...

- Vai dar pra parar ou não? – Perguntou chateada a mais velha. Vendo sua irmã fazer um sinal com as mãos dizendo que não diria mais nada, acrescentou. – Eu não sei o que da na sua cabeça para ficar com essas maluquices, Lisanna. Eu e Naruto? Não me faça rir.

Depois de dizer aquilo e passar a ignorar Lisanna, que lhe encarava sorrindo, Mirajane finalmente retornou a tomar seu café.

Ignorando ao máximo um sentimento no fundo de seu peito que dizia que talvez, apenas talvez, sua irmã não estava tão errada assim e que um encontro com o loiro poderia vir a ser interessante.

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Escutando o apito do trem, Naruto preparou-se para descer em seu destino.

Atualmente ele se encontrava no vilarejo de Tetsu, um lugar movimentado pela extração de ferro das montanhas que cercavam a região. Aparentemente as minas não eram muito produtivas, diferente de algumas em outras regiões do reino de Fiori, mas, mesmo assim, servia ao propósito de dar recursos à população.

         Mas, por mais pacato que o lugar parecia, a verdade não era bem assim. Nos últimos meses varias pessoas haviam desaparecido na região onde ficavam algumas ruínas antigas, que ficavam entre as minas e a cidade. Os rumores que circulavam entre os aldeões eram que espíritos malignos, do povo que antes habitava as ruínas há milhares de anos atrás, estavam se vingando, pois a degradação da natureza necessária para a extração do mineral de ferro estava os incomodando.

         E, devido a todo esse alarde por trás do desaparecimento das pessoas, uma missão para desvendar o mistério e achar as pessoas sumidas foi solicitada para a Fairy Tail.

Não é difícil concluir o porquê de ser Naruto quem aceitara a missão.

         O pagamento era bom, parecia uma missão interessante e, acima de tudo, de certa forma dava esperanças para o loiro achar mais alguma coisa sobre o passado, devido às ruínas que cercavam a cidade. Fora realmente uma sorte ele achar uma missão desse tipo logo de cara.

         Assim, descendo do trem, Naruto percorreu o caminho pela estação pouco movimentada e logo se viu em uma das ruas de pedra do vilarejo. Lembrando-se das orientações que vinham com o pedido da missão, o loiro pediu indicações sobre a onde se localizava a prefeitura da cidade, local onde ele se encontraria com o cliente, que no caso era o próprio prefeito.

         Ele não gastou muito tempo pedindo informações, já que os aldeões eram pessoas simples e educadas, que estavam dispostos a indicar com riqueza de detalhes o caminho para a prefeitura.

         Desse modo, depois de seguir as instruções dadas por um velho senhor, Naruto atravessou uma pequena ponte de madeira, percorreu uma rua um pouco esburacada e passou por uma praça bem cuidada, chegando finalmente à sede da prefeitura.

         Como indicara seu informante, o prédio da prefeitura era bastante intrigante. Era uma construção de apenas um andar, com muitas janelas de madeira e uma pintura da cor vermelha. Destacava-se o fato de que as colunas de sustentação da pequena casa eram todas compostas por grossas barras de ferro, pintadas na cor laranja.

Naruto, mesmo com seu amor pela excêntrica cor, se perguntava se era uma boa idéia ter uma casa pintada daquele jeito. Acabou dando de ombros. Arquitetura nunca foi seu forte, quem era ele para julgar?

Com seus pensamentos em xeque, fez seu caminho em direção a prefeitura. Depois de passar pelas grandes portas de madeira que permaneciam abertas, Naruto entrou na sala de recepção do lugar e deu de cara com uma jovem mulher.

Ela estava sentada atrás de uma grande mesa, indicando que provavelmente era a secretaria. Aparentava estar na faixa dos vinte a vinte cinco anos. Tinha olhos esverdeados e cabelos negros amarrados comportadamente em um único coque atrás da cabeça, o que lhe dava um ar de seriedade. Vestia uma blusa preta de botões, este que delineava bem seu corpo. Sua saia também era preta e chegava até o meio de suas coxas, mostrando um par de meias igualmente escuras que chegavam quase na altura da saia. Calçava sapatos de salto alto.

Depois de dar uma boa olhada nas sensuais pernas cruzadas da mulher pelo espaço vazia da mesa, Naruto balançou a cabeça e rumou na direção da secretaria, resmungando mentalmente algo como “maldito Ero-sennin, me passou sua perversão”.

Próximo o suficiente para uma abordagem, Naruto cumprimentou a mulher com um sorriso.

- Boa tarde. – Tendo a atenção da morena para si, continuou. – Eu estou aqui para me encontrar com o prefeito a respeito da missão que ele solicitou para a Fairy Tail.

A mulher pareceu um pouco surpresa ao ouvir aquilo. Mas, depois, ela aparentemente voltou a si e, estranhamente, passou a avaliar Naruto de cima a baixo.

Depois de ver a secretaria lamber os lábios, algo que quebrou totalmente o ar de “profissional comportada” que ela tinha há poucos minutos atrás, Naruto a ouvir falar.

- Então quer dizer que você é um mago... – O loiro assentiu um pouco incerto, incomodado com o olhar predatório que a morena lhe dava. Ele jurou que o sorriso dela era parecido com os dados por Jiraya quando o mesmo estava prestes a entrar em algum bordel. – Poderia me dizer o seu nome, senhor mago?

         Ainda um pouco intimidado, Naruto engoliu em seco e disse.

         - M-Meu nome é Naruto Uzumaki, mago da Fairy Tail. – Apresentou-se, mas mentalmente estava se repreendendo por gaguejar. O que ele era, algum garoto virgem por acaso? Jiraya certamente estaria decepcionado com ele.

         Bem, mas ele não podia fazer nada. Apesar de já ter alguma experiência, esta não era grande o suficiente para agüentar aquele olhar concentrado que a secretaria lhe dava. Ele estava se sentindo como um pedaço de carne preste a ser devorado por um predador faminto.

Era assustador.

         Recuperando um pouco a compostura, viu a mulher se levantar de sua cadeira e fazer o caminho ao redor da mesa, parando alguns centímetros ao seu lado. Engolindo em seco mais uma vez com o sorriso que ela lhe deu, escutou.

         - Por favor, me siga. – Atendendo ao pedido da morena, Naruto começou a segui-la com o corpo rígido, como se fosse uma espécie de robô.

Enquanto faziam um caminho sabe-se lá para onde, Naruto notou que a mulher andava com um rebolado um pouco forçado, mas que não impediu o loiro de “despertar”. Apesar de estar um pouco intimidado, não pode deixar de reparar no corpo esguio e com curvas bem colocadas. Novamente o pensamento de que a mulher era atraente passou pela sua cabeça.

         Ainda perdido em sua imaginação, Naruto de repente se viu de volta ao mundo real ao perceber que a secretaria chamava seu nome. Ficou extremamente envergonhado ao reparar o sorriso que a mulher lhe dava, que mostrava claramente que ela estava consciente que Naruto a avaliava.

         - Eu vou entrar e anunciar a sua chegada para o prefeito, por favor, espere aqui. – Ao ouvir aquilo, o loiro finalmente percebeu que estava de frente a uma porta de madeira dupla. Concluiu que ali era a sala do prefeito.

         Concordando com um aceno, Naruto viu a secretaria bater uma vez na porta e depois abri-la calmamente. Assim que ela entrou, fechou a portar atrás de si. O loiro teve que esperar alguns instantes até que a porta novamente se abriu e a secretaria saiu. Ela lhe deu um sorriso e falou.

         - Você pode entrar agora, o prefeito está te esperando. – Anunciou a jovem mulher.

Naruto balançou a cabeça em afirmativo e preparou-se para entrar, mas, antes, acabou sendo parado quando a secretaria colocou uma mão em seu ombro. E não foi só isso, a mulher se inclinou levemente para frente e sussurrou em seu ouvido.

        

         - Da próxima vez, se você quiser olhar um pouco mais, saiba que eu saio as seis do trabalho. – Naruto sentiu um leve arrepio na nuca enquanto escutava. – Quando terminar a missão, de uma passada aqui. Tenho certeza que você não vai se arrepender.

         Antes que Naruto dissesse alguma coisa, ele sentiu uma de suas nádegas ser fortemente apertada. O loiro saltou alguns pés para frente e olhou um pouco assustado com a ousadia da mulher. Depois de ver um sorriso que faria Jiraya orgulhoso no rosto da secretária, acenou incerto para tudo aquilo e entrou rapidamente no escritório do prefeito.

         Já dentro, ouviu a mulher fechar a porta atrás de si. Acabou saltando um suspiro aliviado. Ele havia se encontrado com mulheres que se interessaram por ele antes, mas uma tão depravada quanto aquela era algo novo. Ele se perguntou se deveria aceitar o convite...

         Balançando a cabeça, empurrou aqueles pensamentos para o fundo de sua mente. Ele deveria ser mais profissional! Estava em uma missão no final das contas! Depois que concluísse, poderia pensar em coisas como aquela.

         Finalmente se situando, avistou a mesa do prefeito a alguns metros de si. Ficou um pouco envergonhado ao perceber que o homem, que aparentava estar entre a faixa dos trinta aos quarenta, estava o observando todo aquele tempo.

         Encabulado, aproximou-se um pouco mais e se apresentou.

         - Eu sou o mago da Fairy Tail que tomou o pedido da missão. Meu nome é Naruto Uzumaki.

         Depois de se apresentar, Naruto percebeu o quão curioso era a aparência do prefeito. Ele tinha olhos verdes e cabelos loiros um pouco mais claros que o dele em um estranho topete, e forma de lancha. Vestia um terno todo branco com uma gravata listrada em preto e laranja.

Sim, certamente curioso. Não que o visual de Naruto fosse dos mais comuns...

- Prazer em conhecê-lo Naruto-san. Meu nome é Luteolous Orange, como não é difícil de adivinhar, sou o prefeito de Tetsu. – Disse o homem. – Fico contente que não demorou muito para um mago aceitar o pedido...

         Naruto acenou educadamente.

         - O prazer é meu, Luteolous-san. – Falou Naruto, pronunciando com certa dificuldade o nome do homem. – Antes de eu partir, eu gostaria de algumas informações, para ter uma idéia mais ampla do que está acontecendo. Poderia me dizer quando os desaparecimentos começaram e se alguma coisa suspeita ocorreu no mesmo período?

         Ao ouvir o pedido do loiro mais jovem, o prefeito colocou a mão direita no queixo e começou a pensar por alguns instantes, claramente tentando se lembrar de alguma coisa que poderia ser significante para a resolução do mistério.

         - Bem... Os desaparecimentos começaram há uma semana atrás... Que eu saiba a maioria foi dos trabalhadores das minas... Um pouco antes disso, se não me engano, os mineiros estavam reclamando que a névoa que sempre envolve a área estava mais densa que o normal, o que estava dificultando as operações de escoamento do minério para um galpão próximo a ferrovia. – Disse o homem. – Esse foi um dos fatos para os rumores começarem, já que a névoa aumentou logo quando as pessoas começaram a desaparecer. Por isso muitos aldeões começaram a desconfiar que eram espíritos malignos.

         Naruto estreitou um pouco os olhos ao ouvir aquilo. Querendo saber mais, perguntou.

         - No pedido diz que as pessoas aparentemente estão desaparecendo próximas às ruínas... Por acaso elas estão próximas à estrada que leva das minas até a ferrovia?

         O prefeito balançou a cabeça em afirmativo ao dizer.

         - Sim, sim. A estrada usada para o escoamento do minério é uma que foi inteiramente reformada por nós e que passa diretamente entre as ruínas. Era uma estrada da antiga cidade que uma vez existiu ali.

         Naruto acenou em positivo e adquiriu um ar pensativo. Ele não tinha habilidades analíticas tão boas quanto Shikamaru, mas já estava visualizando uma pequena conclusão no meio de todo aquele mistério. Bem, como eram apenas opiniões sem fatos concretos, ele resolveu guarda-las para si por enquanto. Era melhor ele investigar diretamente para ter certeza se sua conclusão sobre os “espíritos malignos” era verdadeira ou não.

         - Certo, eu acho que vou começar agora mesmo a investigar. – Disse Naruto ao prefeito. Dando um pequeno aceno para o homem, preparou-se para sair, mas acabou parando no meio do caminho ao escutar.

         - Espere, espere... Antes de ir, deixe-me lhe dar um valioso conselho. – Disse o homem, fazendo o loiro levantar uma sobrancelha em interrogação.

         - É algo que você se lembrou sobre a missão? – Perguntou curioso.

         O homem balançou a cabeça em negativo.

        

         - Não, não tem nada a ver com a missão. – Disse Orange. Naruto estranhou aquilo, mas resolveu escutar o que o homem tinha a lhe dizer. – Creio que antes de você entrar aqui na minha sala, você teve uma pequena interação com a minha secretaria, certo?

         O rosto de Naruto adquiriu alguns tons de vermelho. Ele se perguntava se o homem iria repreendê-lo de alguma forma. Não que ele tivesse alguma culpa, é claro. Quem praticamente lhe comeu com os olhos e ofereceu descaradamente uma noite de “diversão” não foi ele, mas sim a secretária.  

         - Não se preocupe, eu não vou lhe repreender ou nada do tipo. – Disse o homem, aparentemente percebendo os sentimentos inquietos de Naruto. – Na verdade, como eu falei, quero apenas lhe dar um conselho sobre Daisy.

         - Conselho? – Perguntou Naruto, um pouco mais tranqüilo. Além disso, concluiu mentalmente que o nome da secretária pervertida era Daisy.

         - Sim. Daisy é uma excelente pessoa e ótima funcionara, mas... Digamos que ela é bastante “atirada”. – Disse o homem. – Bem... Se fosse apenas isso eu realmente não me meteria no assunto. Vocês são jovens e podem fazer o que quiserem de suas vidas. O problema está no fato de que Daisy tem alguns fetiches bastante “únicos”.

         Naruto olhou interrogativo para o prefeito.

         - O que quer dizer com “fetiches únicos”? – Perguntou, imaginando que tipos de fantasias pervertidas a mulher tinha que ele deveria ser avisado.

         - Eu não entrarei em detalhes, mas... Acredite em mim quando digo que alisar sua bunda é a menor coisa que ela vai fazer nessa região. – Naruto arregalou os olhos ao ouvir aquilo, lembrando-se que a mulher deu uma boa pegada na suas nádegas. – Até hoje me lembro da dor que sentia ao sentar depois de ter uma “experiência” com ela.

         Naruto estremeceu ligeiramente ao ouvir aquilo, tomando consciência do tipo de fetiche que Daisy tinha. Se era verdade ou não, ele que não estava disposto a descobrir. A última coisa que ele queria era perder sua “castidade” na parte traseira.

         - Bem... Obrigado... – Naruto agradeceu um pouco sem jeito. Ele podia ver nos olhos do prefeito que foi uma noite traumatizante para ele.

         - Não há de que... Eu apenas não quero que mais alguém tenha a mesma experiência que eu passei... – Disse o homem. – Mas é claro, se você tiver esse tipo de fetiche também, não sou eu quem vai te julgar...

         - Não, não! – Falou rapidamente Naruto, abanando as mãos em negação. – Eu não tenho esse tipo de gosto “exótico”.

         Depois da pequena conversa, um estranho silêncio se formou entre os dois. Assim, um pouco encabulado, Naruto disse.

         - Bem... Eu já vou indo... Tenho que investigar sobre os desaparecimentos e tudo mais... – Assim Naruto deu um aceno para o prefeito, que foi retribuído, e deixou a sala.

         Sozinho, Luteolous Orange inconscientemente segurou suas nádegas, lembrando-se daquela noite fatídica, onde ele sentiu seu corpo ser tocado em lugares que ele sequer tinha conhecimento que existiam.

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O caminho do pequeno vilarejo até as ruínas durou cerca de trinta minutos. Agora Naruto já se via encoberto por uma pequena camada de névoa. Não era nada denso, pois ele conseguia enxergar por cerca de dez metros a sua frente com relativa facilidade, mas mesmo assim, essa névoa era algo que poderia contribuir para o “aparecimento de fantasmas”.

         Naruto tinha consciência de que com baixa visibilidade, as pessoas tendem a fantasiar, ainda mais quando já existiam rumores de espíritos por causa das ruínas. Mas o loiro já havia passado da idade de acreditar em coisas como aquelas e muito menos temê-las.

         Inferno!! Ele lutou contra um maníaco imortal que queria dominar o mundo e uma criatura gigantesca com poder de destruição inimaginável, fantasmas para ele era algo até banal.

         Bem... Mas voltando ao ponto, Naruto concluirá anteriormente que alguém humano estava por trás dos desaparecimentos e, provavelmente, por trás da criação da névoa, o qual o responsável usava para encobrir seus movimentos e facilitar a captura de pessoas pouco preparadas.

Os motivos para alguém querer fazer algo como aquilo ele sequer tinha idéia de quais eram, mas como aceitara a missão, estava disposto a descobrir.

         Mas na verdade, não havia muito para ele fazer. Tudo que ele tinha a sua disposição para encontrar os culpados era apenas vasculhar as ruínas enquanto andava pela névoa. É claro que sempre mantendo a cautela, pois podia acabar “desaparecendo” como os outros.

         Dito isso, começou a vasculhar o local. A primeira coisa que fez foi olhar para o chão. Como ali era uma mistura de terra úmida e gramínea, Naruto podia facilmente identificar pistas. E ele realmente o fez. Pouco tempo depois, notou marcas recentes de calçados na terra batida.

         Era obvio para ele que alguém andou por ali há pouco tempo. O que era suspeito, por que segundo informações que ele recolhera na cidade antes de vir para cá, nenhum morador se atrevia a passar por aqui mais. Também era inviável que fosse algum forasteiro perdido, pois aquela estrada dava apenas até as minas, o que não faria sentido o porquê uma pessoa iria até tal lugar, desviando completamente de seu caminho.

         Dando de ombros, resolveu continuar em busca dos mineiros perdidos.

         Foi quando escutou um pequeno barulho e, de repente, teve de saltar para o lado, se esquivando por pouco de uma facada. Virando-se na direção de seu agressor, Naruto pode ver um homem gorducho segurando um punhal, arma que a pouco ele tentou lhe perfurar. O curioso era que seu inimigo estava parcialmente transpassado dentro da terra, com a parte inferior de seu corpo fora de vista.

         Que tipo de magia é essa? Parece o ninjutsu de Tobi... Pensava Naruto, analisando seu adversário. Logo ouviu o homem dizer.

         - Você é bom... Deve ser realmente um mago, como Eligor falou.

         - Qual o seu nome? E quem é Eligor? São vocês que estão por trás dos desaparecimentos? – Questionou Naruto, sem tirar os olhos do gorducho. O homem riu.

         - Eu sou Karakka. – Respondeu o homem, ainda parcialmente “enterrado” no solo. – Quanto a Eligor... Se você não conhece o nome dele, com certeza é apenas um mago novato. É uma pena que sua vida terá de acabar aqui...

         Naruto não se intimidou nem um pouco, e insistiu.

         - Você não me respondeu. São vocês que estão por trás dos desaparecimentos? – Perguntou o loiro. Karakka novamente sorriu.

         - Não é óbvio? Tudo isso é um plano muito bem articulado por Eligor. Depois de terminarmos, vamos ganhar uma fortuna vendendo as “pessoas desaparecidas” como escravos no reino vizinho! – Naruto observou o gorducho apontar o punhal para ele e exclamar. – Agora apenas morra!!

         Na frente dos olhos do Uzumaki, o homem simplesmente entrou de baixo da terra. Mas observando bem, o loiro viu que não havia nenhum traço de que a terra havia sido remexida depois do gorducho “afundar”, o que só confirmava as suspeitas de Naruto quanto às habilidades do homem. De alguma forma, elas eram parecidas com a de Tobi.

         Com seu adversário fora de vista, Naruto disse.

         - Entendo... Então são realmente vocês por trás dos desaparecimentos. Além disso, esse tal de Eligor é o chefe por trás do plano...

Fechando os olhos, Naruto esperou por alguns segundos. Foi quando sentiu algo surgir atrás de si. Com uma velocidade de reação impressionante, o loiro segurou firme o pulso de seu adversário, impedindo novamente que ele tentasse lhe apunhalar.

- O-O que...?! – Karakka perguntou-se, surpreso com a velocidade e eficiência com a qual Naruto parou seu ataque furtivo.

         O Uzumaki, sorrindo, apertou um pouco mais o pulso de seu inimigo, fazendo-o grunhir de dor enquanto saltava o punhal. Observando o olhar aterrorizado no rosto do homem, Naruto falou.

         - É uma pena para você, mas eu já enfrentei alguém com o seu tipo de habilidade. Como ainda posso lhe segurar, creio que a sua magia é inferior a dele, o que apenas facilita para mim. – Olhando predatoriamente para seu oponente assustado e indefeso, Naruto terminou – Agora que eu sei sobre o que realmente está acontecendo aqui... Não posso deixar vocês irem, posso?

         Karakka apenas olhou com o horror a expressão assustadora que o loiro a sua frente lhe dava, que indicava nada além de dor para ele.

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- Karakka está demorando... Será que o tal mago é mais poderoso do que imaginávamos, Eligor? – Perguntou um homem de longos cabelos pretos, que eram amarrados em um rabo de cavalo espetado para cima, fazendo com que sua cabeça parecesse um abacaxi.

         Eligor, um homem magro, de cabelos prateados e aura assustadora, apoiou uma grande foice em seus ombros, enquanto zombava de seu companheiro inquieto.

         - Não seja tão medroso, Kage. Mesmo que ele seja forte o suficiente para dar conta de Karakka, quando ele aparecer por aqui, eu acabarei com ele facilmente. – Falou o “Shinigami”, apelido ao qual ele ganhou recentemente, desde que sua guilda passou a aceitar missões de assassinato.

         Ele tinha que admitir, o nome não soava mal.

Eligor podia ter começado a aceitar missões proibidas pelo conselho por causa da perda de credibilidade de sua guilda, ocasionada pela morte do antigo mestre da Eisenwalds, mas ele admitia que aqueles trabalhos sujos não eram tão ruins. O pagamento era alto, e ele gostava de sentir o terror no rosto de suas vitimas quando ele as assassinava.

         Agora, apesar daquela missão não ser banhada de sangue como Eligor gostava, ainda era de vital importância para o Shinigami. Ele mal esperava para por as mãos no dinheiro que todos aqueles mineiros capturados iam render, sendo vendidos como escravos para o mercado negro.

         - Oh! Parece que Karakka chegou. – Ouvindo Kageyama falar, Eligor voltou sua atenção para onde o homem olhava. E realmente percebeu a presença de Karakka.

         O gorducho estava com vários arranhões nas roupas e uma expressão desgastada, mas parecia inteiro.

         - Desculpem o atraso, pessoal, mas aquele cara era mais durão do que eu imaginei. – Falou Karakka.

         - Para ele te deixar nesse estado, realmente não devia ser um mago ordinário. De que guilda ele era? – Perguntou Kageyama, aproximando-se do gorducho para ajudá-lo.

         O homem, aceitando a ajuda, apoiou-se em Kage e respondeu.

         - O nome dele era Naruto alguma coisa... Era um mago da Fairy Tail.

         Ao ouvir aquilo, Eligor estreitou os olhos para Karakka. Como se não quisesse nada, falou.

         - “Fairy Tail”, você diz... Aquela é uma guilda perigosa. Os membros são realmente muito fortes.

         Kageyama deu um olhar interrogativo para Eligor, mas esse passou despercebido por Karakka. E, assim, o gorducho concordou com um aceno de cabeça com as palavras de seu líder.

         - Sim, sim. Eles são uma guilda incrível, mas ainda não são páreos para nós...!

         Antes mesmo de terminar de falar, Karakka deve de dar um salto para o lado, desviando de uma lamina de vento disparada por Eligor. Kageyama, ao ver aquilo, ficou surpreso.

         - Por que você está atacando Karakka, Eligor?! – Questionou o mago.

         Eligor prontamente respondeu, apontando sua foice para o gorducho.

         - Esse cara não é Karakka. Nenhum membro da Eisenwalds chama as “moscas” por seu verdadeiro nome. – Falou o Shinigami, referindo-se ao fato de todos em sua guilda chamarem a Fairy Tail e seus membros de moscas. – E muito menos alguém da Eisenwalds chamaria as moscas de uma “guilda incrível”. Esse cara é um impostor!

         Kageyama ficou surpreso com aquilo, mas sabia que as palavras de Eligor faziam sentido. Todos nas Eisenwalds eram ressentidos com as Guildas famosas de Fiore.

         Virando-se para o falso Karakka com intuito de atacá-lo por tentar faze-los de bobo, Kage percebeu que o gorducho já estava em cima dele. Sem sequer ter chance de usar sua magia, foi atingido por uma esfera azulada e giratória que o falso gorducho segurava na mão direita. A esfera moeu um pouco em sua barriga antes de explodir, enviando Kage contra uma parede das ruínas ali.

Ele não se levantaria por um bom tempo.

         - Bem... Eu esperava que meu disfarce durasse até eu acabar com todos vocês, mas parece que não deu certo. – Disse “Karakka”. Logo seu corpo foi envolvido por uma nuvem de fumaça e, quando ela se dissipou, revelou um homem loiro, com uma bandana cobrindo o olho direito e usando roupas laranja.

         Eligor, vendo a verdadeira face de seu inimigo, ainda estava intrigado com ele. A velocidade com a qual o mago a sua frente atacou Kageyama não era das mais comuns, sem contar a potência da magia usada por ele. Eligor sabia que o loiro a sua frente não era qualquer um.

         - Quem é você? – O Shinigami questionou.

         - Meu nome é Naruto Uzumaki, mago da Fairy Tail. – Respondeu o loiro. – E, se não estou enganado, você deve ser Eligor, a mente por trás dos desaparecimentos dos mineiros.

         Eligor deu um grande sorriso e, apesar de saber que seu adversário não era alguém a se tomar com animo leve, zombou.

         - Então você realmente é uma “mosca”. E ainda uma que eu nunca ouvi falar. Sabe com quem está lidando, garoto?

         Naruto sorriu ao responder a provocação.

         - Estou lidando com algum mago idiota que era fraco demais para fazer missões aprovadas pelo conselho e que apelou para o trafico de escravos. – O sorriso de Naruto se alargou quando ele viu a expressão enfurecida de Eligor.

         - Sua mosca patética! Eu vou te ensinar a não mexer com o Shinigami da Eisenwalds!! – Assim, fazendo alguns movimentos com as mãos e criando um selo mágico a sua frente, disparou seu ataque. – Storm Bringer (Criador de Tempestade)!!!

         Vendo um turbilhão horizontal de vento vindo em sua direção, Naruto sorriu descaradamente. Fazendo uma seqüência de selos rápida, estufou seu pulmão e “soprou” uma lâmina de vento, inclinada na diagonal.

         - Fuuton: Shinkuuha (Estilo Vento: Lamina de Vácuo)!!! – Logo a lâmina de vento colidiu com o turbilhão e, para o espanto de Eligor, passou a cortá-lo facilmente. Isso obrigou o mago da Eisenwalds a ter de dar um pulo para o lado, senão seria atingido pela lâmina de vácuo.

          

         Mas, nesse pequeno intervalo de distração, Naruto já estava em cima dele, lhe acertando um poderoso soco no estômago, que fez com que Eligor grunhisse de dor, cuspindo sangue pela boca. Não satisfeito, Naruto recuou um passo para trás e, logo em seguida, deu um chute giratório na cabeça de seu oponente, arremessando-o longe. O mago de vento voou até colidir com força na mesma parede da ruína a qual Kageyama se encontrava desacordado.

         Mesmo com muita dor no corpo, Eligor se levantou furioso. Sem ligar ao menos para limpar o sangue que agora escorria de seus lábios, exclamou.

         - Sua mosca desgraçada!!! Eu vou te matar!!! – Cruzando os braços na frente de seu peito, Eligor reuniu bastante de seu poder mágico e rugiu. – Storm Mail (Armadura de Tempestade)!!!

         Naruto observou, surpreso, uma forte corrente de vento começar a envolver todo o corpo de Eligor, ajustando-se cada vez mais as suas formas até envolvê-lo como seu fosse uma armadura feita de vento. O loiro pode ver o vislumbre de um sorriso por trás de toda a corrente de vento que cobria o rosto de seu adversário.

         - Morra!!! – Gritou Eligor, fazendo movimentos com as mãos enquanto lançava diversas laminas de vento na direção de Naruto.

         Sabendo que ser atingido por aquilo não seria nada bom, Naruto tratou de usar sua agilidade para desviar dos golpes, saltando de um lado para o outro. Passando por um grande pilar de pedra, viu de perto uma das laminas de vento causar um grande estrago no pedaço de construção, apenas aumentando seu ponto de como aquele golpe era perigoso.

         - Essas laminas são do mesmo nível do Shinkuuha. Não posso me descuidar. – Pensou o loiro, desviando-se de mais uma saraivada das laminas mortais. Sacando uma kunai, infundiu chakra vento na mesma e arremessou-a em direção a Eligor. Não ficou surpreso ao ver a laminha, que normalmente seria capaz de cortar quase qualquer coisa, parar ao bater na armadura de seu inimigo. – É como eu pensei, a armadura de vento dele e o chakra Fuuton na minha kunai acabam se anulando. É realmente uma magia de alto nível.

         Só que, apesar de tudo aquilo, Naruto sorriu. Ele acabara de ter uma idéia do que fazer para transpassar a armadura de seu oponente e conseguir a vitória.

Mas, é claro, Eligor não esperaria até ele fazer seu movimento...

         - Pare de se mover, você já está me irritando!!! Apenas morra logo!!!! – Fazendo vários movimentos com a mão, o Shinigami conjurou sua magia mais poderosa, com intuito de acabar com aquilo de uma vez por todas. – Emera Param (Esmeralda Veloz)!!!

         - Uou! – Exclamou Naruto ao ver o gigantesco turbilhão de vento, composto por milhares de laminas afiadíssimas, vir com tudo em sua direção. Concentrando chakra nas pernas, Naruto saltou com tudo para o alto, saindo facilmente uns dez metros do chão, fazendo com que o grande ataque de seu inimigo passasse por baixo dele. Não querendo perder aquela oportunidade, criou um clone da sombra ainda no ar. O clone segurou-lhe pelo braço e, em seguida, arremessou-o com tudo na direção de Eligor.

         O Shinigami, apesar de surpreso com o decorrer dos eventos, sorriu ao ver a tentativa fútil de Naruto.

         - Idiota! Você pode ter desviado do Emera Param, mas agora é um alvo fácil no ar!!! – Mas, quando pensou em movimentar seus braços e disparar algumas laminas de vento no loiro indefeso, ficou surpreso ao ouvir o som de algo queimando ao seu lado. Olhando para baixo, notou que a kunai que seu oponente lhe jogara anteriormente tinha um pedaço de papel retangular envolto na alça, e era essa mesma que pegava fogo.

         Quando se deu conta, a o papel explodiu.

         É claro que Naruto sabia que a força da explosão não seria suficiente para passar a armadura de vento de seu inimigo, mas ele sabia que era forte o bastante para criar uma pequena nuvem de poeira ao redor de Eligor, impedindo que o mesmo lhe atacasse por alguns segundos, enquanto sua visão estava encoberta. E esses segundos eram tudo que Naruto precisava.

         Caindo a toda velocidade em direção a Eligor, estendeu sua mão e, em segundos, criou uma espera azul com pequenas laminas brancas nas bordas. Próximo a colidir com seu oponente, estendeu a mão que carregava seu jutsu e gritou.

         - Fuuton: Rasengan (Estilo Vento: Esfera Espiral de Chakra)!!!

         O golpe atingiu em cheio a armadura de vento de Eligor. Logo o chakra vento no rasengan se anulou momentaneamente com a armadura, criando uma pequena falha na mesma. Mas o Fuuton: Rasengan não era só feito de vento, por isso a esfera de chakra, ainda ativa, adentrou a pequena abertura formada antes que a mesma se fechasse, acertando o peito do mago de vento.

         O Shinigami grunhiu de dor ao sentir a área atingida começar a ser levemente triturada pelo golpe. Mas essa não era a maior força do rasengan, mas sim o que vinha a seguir daquilo. A esfera de chakra explodiu, fazendo Eligor desmaiar na hora devido ao dano interno que era característico do ninjutsu causar.

         Naruto observou seu adversário ser arrastado por alguns metros no chão até parar, imóvel e abatido. Sabendo que havia acabado, enxugou um pouco de suor da sua testa e olhou ao redor.

         - Uhn... Agora eu só preciso amarrar esses idiotas e sair para procurar os mineiros capturados... – Falou para si mesmo. Para não perder tempo, criou três clones das sombras e mandou-os procurar pelos cativos, enquanto ele mesmo iria amarrar Eligor e sua trupe, para entregá-los mais tarde para os Rune Knights.

         Logo que seus clones desapareceram pelas ruínas, Naruto rumou em direção a Kageyama, com intuito de colocá-lo ao lado de Eligor para depois de amarra-los. Não pode deixar de reparar em como o mago negro parecia com Shikamaru. Acabou se perguntando se ele era algum descentente do clã Nara ou algo assim.

Mas, antes de chegar a uma conclusão, seus sentidos pegaram algo se movendo a alguns metros a sua direita. Antes mesmo de se virar para ver se era uma nova ameaça, escutou uma voz grave.

         - Parece que finalmente poderei me testar contra você, Uzumaki Naruto.

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Omake: O sonho de Mirajane

Sentada em uma das inúmeras mesas da Fairy Tail, uma garota de cabelos prateados e olhos azuis bebia tranquilamente um pouco de cerveja, ao mesmo tempo que tinha os pés massageados por um garoto loiro e de olhos azuis, estes um pouco mais escuros que os seus próprios.

         - Mira-sama, é uma honra poder tocar seus pés dessa forma... – Disse o garoto loiro, exibindo toda sua felicidade em poder dar aquela massagem a sua “mestra”.

         - Apenas massageie, Naruto. Você está perdendo a concentração. – Advertiu Mirajane, apesar de estar sorrindo devido às sensações gostosas que estava sentindo nos pés.

         “Naruto” assentiu com a cabeça e passou a se concentrar apenas na massagem que dava a Mirajane, querendo dar o máximo de prazer possível a sua mestra.

         Foi quando um estrondo pode ser ouvido. Logo a atenção de todos se dirigiu para a fonte de barulho, onde podiam ver agora que a porta da Guilda havia sido arrebentada e, por ela, adentrava uma mulher musculosa e corpo-lento de cabelos vermelhos. Aos seus flancos estavam dois garotos com aparências singulares. O da direita, que tinha cabelos rosados, ficava apenas dizendo “Aye” e, pela expressão em sua cara, parecia ser incapaz de pensar. Já o da esquerda era moreno e tão ou mais esquisito que o outro. Ele estava de cueca e ficava verificando todo seu entorno com a língua para fora e os olhos maliciosos, em uma expressão totalmente pervertida.

         Assim, o trio adentrou a guilda, livrando-se de todos os outros membros que estavam em seus caminhos. Quando se aproximaram da mesa onde Naruto e Mirajane estavam, a giganta ruiva falou.

         - Mirajane... Hoje eu irei te derrotar e mostrar quem é a mulher mais forte da Fairy Tail!!! – Exclamou a brutamontes ruiva.

         Mirajane, ao ouvir aquilo, suspirou. Fazendo um sinal para Naruto parar sua massagem, a jovem mulher se levantou e encarou sua arqui-rival.

         - Você está me desafiando mais uma vez, Erza? Será que não cansa de apanhar? – Perguntou debochada a menina, escutando os murmúrios de aprovação do resto da Guilda.

         - Não zombe de mim!! Só por que você me derrotou duas mil trezentos e quatro vezes não significa que não irei ganhar dessa vez!! Eu sou a mulher mais forte da Fairy Tail! – Disse “Erza”, cuspindo um monte de saliva no chão no meio de seu pequeno discurso. Aquilo certamente combinava com a falta de classe de “Erza”, pensou Mirajane.

         Saltando mais um suspiro, Mirajane encarou a monstrenga a sua frente.

         - Se você insiste tanto, acho que vou ter que lhe ensinar uma lição. – Mirajane falou em tom de deboche, ganhando aplausos do restante da Guilda.

         - Vamos ver se você fica com essa cara depois de eu acabar com você!! – Exclamou “Erza”. – Natsu, Gray, acabem com ela!!

         Logo os dois “capangas” correram em direção a Mirajane. Natsu com mesma cara de idiota, mas com chamas nas mãos e Gray ainda com o olhar pervertido, mas empunhando uma espada de gelo. Ambos pareciam não ligar com a revolta dos outros membros da Guilda, que exclamavam que dois contra um não era justo.

         Mas Mirajane não se preocupava com isso, por que ela sabia que era muito melhor que aqueles paspalhos. Assim, com apenas um movimento muito rápido para qualquer um poder ver, Mirajane derrotou Natsu e Gray, deixando-os inconscientes no chão.

         - Parece que seus capangas continuam inúteis como sempre, Erza. – Disse Mirajane, sendo aplaudida pela Guilda. – Mas é isso que eu esperava de pessoas que fazem parte do seu grupo.

         Ao ouvir aquilo, a Erza gorila se enfureceu completamente, parecendo até mesmo estar saltando chamas pela boca.

         - Você vai pagar por isso, Mirajane! Requip: Tenrin no Yoroi* (Armadura do Céu)!! - Logo o corpo de “Erza” foi envolto em uma brilhante luz dourada. Quando a mesma dissipou, revelou “Erza” em uma de suas armaduras mais famosas. O engraçado era que a armadura parecia extremamente apertada para o volumoso corpo de “Erza”.

         Mirajane, vendo aquilo, deu um sorriso zombeteiro. Assim, disse.

         - Você precisa de um regime urgente, Erza. Essa armadura parece nem lhe caber mais. – Satisfeita por ouvir alguns risinhos dos membros da Guilda e por observar a expressão furiosa de “Erza”, Mirajane resolveu acabar logo com aquilo. – Take Over: Satan Soul!!

         Assim Mirajane transformou-se com ajuda de sua magia de Take Over em sua forma meio demônio, assumindo sua transformação predileta. Depois de ouvir os murmúrios de admiração do resto da Guilda, Mirajane falou.

         - Vou acabar com você em um único movimento.

         - Isso é o que vamos ver!! – Rugiu Erza, furiosa. Assim correu em direção a Mirajane, com intenção de cortá-la ao meio com as duas espadas que empunhava.

         Mirajane, ao ver aquilo, fez o mesmo.

Logo ambas passaram uma pela outra, criando uma espécie de flash que impossibilitou os outros membros da Guilda verem o que realmente tinha acontecido. Depois de um tempo em que ambas permaneceram paradas um de costas para outra, “Erza” não resistiu e desabou no chão.

- Bem... Isso foi fácil demais... – Disse Mirajane, enquanto ouvia os aplausos dos outros membros da Guilda, saudando sua vitória e entoando que ela era a mulher mais forte da Fairy Tail.

- Isso foi incrível Mira-sama!! – Mirajane ouviu Naruto dizer ao seu lado. Sua cara exalava admiração. – É realmente muito divertido estar com você!!

As bochechas de Mirajane ficaram levemente coradas com aquilo. Logo, sem ela ao menos perceber, ela se viu com o corpo colado ao de Naruto, onde agora seus rosto se aproximavam levemente.

- Naruto... – Falou, percebendo que se aproximava cada vez mais dos lábios do loiro. Mas, estranhamente, ela não conseguia parar e empurra-lo para longe. Assim, fechou os olhos, esperando o momento final.

Antes que ele chegasse, escutou.

- Mira-nee, acorde! O café está pronto!!

Assim Mirajane acordou.