Minutos antes da batalha entre Eligor e Naruto

Recostado confortavelmente em uma poltrona, um homem velho, com longas barbas grisalhas e um tapa-olho em seu globo ocular direito, degustava de um dos mais finos vinhos de Fiore enquanto tirava uma pequena folga de seu cargo de mestre da Grimoire Heart. Mesmo ele, um dos maiores magos que já passaram pelo reino, precisava de um descanso, ainda mais quando trabalhava dia e noite exaustivamente em sua busca pela criação do Grande Mundo Mágico.

Mas, quando se ocupa uma posição tão importante quanto a sua, os momentos de descansos sempre terminavam abruptamente, e o dele estava prestes a acabar na forma de uma jovem mulher que acabara de adentrar em seu “santuário”. A garota em questão estava muito bem vestida em um kimono lilás sem mangas, onde uma faixa branca era amarrada em sua cintura. Tinha olhos em cabelos negros, aonde este último chegava até o meio de suas costas, sendo adornado com uma tiara na mesma cor da faixa em sua cintura.

Observando a jovem aproximar-se de si e ajoelhar a sua frente em sinal de respeito, falou.

- Urtear, o que lhe traz aqui? – A mulher reconhecida como Urtear Milkovich, levantou seu olhar para seu mestre e falou.

- Hades-sama, Caprico acabou de entrar em contato comigo. Parece que eles finalmente conseguiram uma boa oportunidade para testar o alvo.

Ao receber aquele pedaço de informação, Hades deu um grande sorriso. Fazia dias que seus dois magos procuravam uma oportunidade aonde o alvo se encontrasse sozinho e longe de qualquer testemunha. E agora, que eles finalmente encontraram, ele poderia ver com seus próprios olhos do que o alvo realmente era capaz.

- Muito bem. Creio que você esteja com o lacrima de comunicação, Urtear?

Hades assistiu Urtear responder em positivo antes de retirar de suas vestes uma pequena esfera transparente, que aparentava ser feita de algum tipo de material cristalizado. Depois de observar a jovem se por de pé, pegou a esfera quando Urtear lhe ofereceu. Com o objeto em mãos, disse algumas palavras para formar um encantamento antes de assistir a esfera sair de sua mão até ficar flutuando a alguns metros a sua frente. Falando mais algumas palavras, não ficou surpreso quando a esfera se iluminou e, logo em seguida, disparou um feixe de luz na parede do outro lado do cômodo, criando uma espécie de projeção, a qual uma criatura meio homem meio bode podia ser visto.

- Mestre Hades. – Cumprimentou o homem, como se pudesse observá-los da mesma forma que eles o viam pela projeção.

- Caprico. – Hades reconheceu seu subordinado. – Urtear me contou que vocês finalmente estão em uma situação favorável para a execução do pequeno teste.

Pelo outro lado da tela, Caprico fez que “sim” com a cabeça antes de falar.

- Exatamente, mestre Hades. No momento estamos em algumas ruínas antigas, próximas à cidadela de Tetsu. – Explicava o homem-bode. – O alvo está prestes a entrar em um confronto com Eligor, o Shinigami da Eisenwald. Mas se o senhor desejar, podemos executar suas ordens agora mesmo.

Hades alisou um pouco sua barba, pensativo com os dizeres de seu subordinado. Ele sabia que o alvo havia se ingressado a Fairy Tail, por isso provavelmente estava naquela região por causa de uma missão. Concluindo que seria um bônus ver uma luta entre ele e Eligor, a qual era um mago classe-A que não devia ser subestimado, ordenou.

- Quanto mais informações conseguirmos, melhor. Levando isso em conta, vocês podem começar transmitindo a luta entre o alvo e Eligor. Se ele vencer, siga com o plano original de testá-lo. – Observando Caprico responder que tinha entendido, acrescentou. – E eu acho que não preciso lembrá-lo, Caprico, que quero todos os detalhes transmitidos via lacrima.

- Entendido, mestre Hades.

Assistindo Caprico se despedir, não demorou e o homem-bode sumiu da projeção, sendo substituído por dois homens que começavam a batalhar. Observando bem o único loiro entre os dois, Hades se perguntou se ele realmente veria algo de diferente naquela manhã.

Se realmente a magia de Uzumaki Naruto tinha algo de especial.

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Tempo Presente

Estreitando os olhos, Naruto passou a avaliar a figura a sua frente.

Tratava-se de um homem alto, na faixa dos 20-25 anos, com um físico forte e definido, mas que não chegava aos níveis de Elfman. Vestia uma camiseta sem mangas preta por cima do que parecia ser um traje laranja, que consistia em uma camisa de manga cumprida e calças, estas que tinham duas faixas horizontais na cor preta no meio de cada perna. Sua barba e seus cabelos eram castanhos, quase amarronzados, sendo esse último ainda mais arrepiado para cima que os cabelos do próprio Naruto. Seus olhos, igualmente castanhos, demonstravam um semblante de seriedade, o que de certa forma contradizia o sorriso quase ansioso que o homem trazia nos lábios.

Naruto não era idiota... Bem, talvez ele fosse um pouco idiota, mas a questão não era essa. O fato era que o Uzumaki percebeu no momento em que pos os olhos naquele sorriso, que o homem confiava em suas habilidades e, como ele mesmo havia dito, estava ansioso para testá-las. Acrescentando isso ao crescente poder mágico que ele emanava, Naruto não podia concluir nada mais de que aquele homem queria uma luta, e certamente esta seria um desafio maior do que a anterior com Eligor.

Suspirando, se perguntou se ele não podia ter uma missão normal pelo menos uma vez na vida, onde malucos que queriam seu sangue não aparecessem. No final, acabou dando de ombros. Ele já estava bem acostumado com coisas daquele tipo, lidar com mais uma não faria muita diferença.

Assim, já preparado para um possível confronto, resolveu adquirir algumas informações antes.

- Eu sequer vou tentar dissuadir você “dessa tentativa de se testar contra mim”, já que sua expressão diz que daria mais trabalho te persuadir a isso do que limpar o chão com sua cara. Por isso, antes de começarmos, poderia ao menos me dizer seu nome e por que eu fui “o escolhido”?

Naruto observou que sua pergunta arrancou um sorriso maior do rosto do homem, assim escutou-o falar.

- Meu nome é Azuma e, quanto ao motivo de você ser o escolhido por mim para testar meu poder, foi por que ouvi o boato de que você possuía uma “forma diferente de magia”. – Naruto estreitou os olhos ao ouvir aquilo, mas deixou o homem continuar. – Sabe como é... Eu queria ver com meus próprios olhos como é essa tal “forma diferente de magia”, e se ela realmente vale tanta atenção assim.

Naruto acabou suspirando.

Aquilo era ótimo! Ele mal chegou a Fiore e a diferença em sua “magia” já havia despertado o interesse de outros. Além disso, o loiro podia apostar todas as suas fichas que aquele cara fora enviado ali por outra pessoa, essa que provavelmente não poderia se revelar, optando por enviar um subordinado para fazer o serviço de campo.

Saltando mais um suspiro, Naruto resolveu que, quanto antes aquilo acabasse, melhor. Arrastando ligeiramente seu pé direito para trás, deixando o esquerdo mais a frente, flexionou levemente o joelho. Também movimentou seus braços, colocando o esquerdo ligeiramente na frente do direito, enquanto as palmas de sua mão ficavam parcialmente viradas para a direção de seu oponente. Estando na sua usual postura de Taijutsu desde que apreendeu o Kawazu Kumite (Estilo de Luta dos Sapos), estreitou os olhos para seu oponente.

- Já que não temos nada mais a discutir, eu espero que você não se importe com minha pressa, mas eu quero acabar com isso o mais rápido possível.

Naruto observou Azuma sorrir mais uma vez a sua frente e, agora, estava claro para o loiro que sua expressão era de ansiedade, como se ele aguardasse aquele momento por mais tempo que ele pudesse esperar. Assistindo seu adversário estender uma mão para frente, o shinobi escutou-o.

- Direto ao ponto, ótimo. Agora se você não se importa, eu vou começar!

Naruto foi pego levemente de surpresa quando seu adversário fez um rápido movimento com a mão estendida, criando varias raízes de árvores que submergiram do solo e rumavam em sua direção. Não deixando de pensar em como a magia daquele homem parecia com o Mokuton do Shodaime, Naruto se esquivou lindamente das raízes, disparando em direção a Azuma.

Enquanto se aproximava em uma velocidade que poucos poderiam igualar, Naruto tinha de ir saltando e desviando das diversas raízes que apareciam a sua frente, que tentavam a todo custo lhe agarrar. Mas todo o percurso valera a pena, pois chegado perto de seu oponente, teve a oportunidade de acertá-lo com um sólido soco no estomago. Naruto só não contava que seu adversário tivesse velocidade de reação o suficiente para amortecer o golpe, colocando seu antebraço direito na frente de seu estomago.

Mesmo sentindo seus ossos estalarem de dor devido à força bruta do soco, Azuma não se intimidou e contra-atacou na mesma hora, desferindo um soco que visava o rosto de Naruto. Quando o loiro desviou ao inclinar a cabeça para o lado, Azuma não foi rápido o bastante para impedir que seu adversário agarrasse seu braço estendido com sua mão direita. Sentindo a força do aperto de Naruto, que certamente não condizia com o físico do loiro, não teve muitas opções a não ser tentar acerta-lo com uma joelhada, antes que o shinobi tivesse oportunidade de revidar. Mas sua tentativa se mostrou ineficaz, pois Naruto levantou sua própria perna e bloqueou perfeitamente o ataque.

Tento seu adversário preso pelo braço, Naruto usou sua mão livre, à esquerda, e disparou um golpe que visava o nariz de Azuma. Ficou surpreso ao constatar que o mago negro era mais adepto do combate corpo-a-corpo do que ele previra quando o mesmo conseguiu desviar e agarrar o seu braço atacante, do mesmo modo que Naruto fez com ele segundos atrás, deixando agora os dois em um impasse. Sim, Azuma era bom, mas Naruto era melhor. Sem sequer pensar duas vezes, o loiro recuou um pouco sua cabeça e a disparou com toda velocidade para frente, atingindo em cheio o rosto de seu adversário com sua testa, que era protegida pelo seu protetor de Konoha.

O resultado certamente não foi bonito, já que Naruto sentiu o estalo característico que um nariz fazia ao quebrar. Agora livre do agarro de seu oponente, o shinobi mostrou que não estava para brincadeiras e disparou um poderoso golpe com a palma da mão aberta no peito de Azuma, arremessando-o vários metros para o alto. Preparado para acabar com aquilo com uma técnica de médio alcance, Naruto teve de desistir de seus planos ao sentir diversas raízes submergirem do solo e enlaçarem seus braços e pernas.

Azuma, que havia recuperado o equilíbrio no ar naquele meio segundo, sorriu e gritou.

- Peguei você! Chain Burst (Explosão em Cadeia)!!! – Enquanto retornava ao chão, o mago assistiu as raízes começarem a explodir a partir do solo até englobarem totalmente Naruto, envolvendo-o em chamas. Quando o resultado da explosão foi mostrado, Azuma esperava de tudo, menos que no lugar ao qual o loiro a pouco estava se encontrasse agora um pedaço de concreto quebrado, algo bastante característico de se ver naquela região de ruínas.

Foi quando seus sentidos, que eram muito bons devido à conexão de sua magia com a terra, lhe alertaram que algo se aproximava a grande velocidade a sua esquerda. Sem sequer olhar na direção, pois sabia que perderia tempo com aquele ato, Azuma cruzou os dois braços na frente de seu corpo, fazendo assim o movimento necessário para que vários galhos de árvores brotassem ao seu redor, se contorcendo até lhe envolverem em um casulo, criando assim uma ótima defesa.

- Rasengan (Esfera Espiral de Chakra)!! – Naruto anunciou seu ataque, colidindo-o com a defesa de seu oponente. Mesmo dando créditos a barreira de árvores que Azuma preparou antes que ele lhe acertasse a bola de chakra, Naruto não desistiria e, acrescentando ainda mais chakra a seu jutsu, continuou a pressionar seu ataque na cúpula de madeira que protegia seu oponente. Com mais chakra, o Rasengan ganhou mais potencia e, na hora de “explodir”, rompeu a defesa de Azuma, acertando o homem com os resquícios de energia da técnica e, assim, o enviando longe.

Mesmo não levando muitos danos do ataque que apenas lhe acertou indiretamente, Azuma ainda estava surpreso pelo tal Rasengan conseguir transpassar as defesas de seu Tree Shield (Escudo de Árvores). Mas esse sentimento teve de durar pouco, pois logo que ele conseguiu se firmar no chão, percebeu que Naruto, com mais três clones ao lado dele, já estavam em cima de si.

- Bleve!! – Exclamou o mago negro, criando pequenas bolas luminosas que, ao colidirem com Naruto e seus clones, explodiram.

Apesar de ter perdido seus clones no ataque, Naruto surgiu do meio da explosão com apenas algumas queimaduras pelo corpo. Como não perdeu nem um pouco de seu ímpeto, desferiu um poderoso soco na cara de seu inimigo, arremessando-o longe. Enquanto via seu adversário quicar no chão algumas vezes até parar ao bater em uma grande árvore, Naruto fez os selos necessários e, estufando o peito, disparou.

- Fuuton: Atsugai (Estilo Vento: Dano por Pressão)!! – Uma grande massa de pressão de vento na forma de um tornado arredondado foi criado por Naruto à medida que ele soprava o ar para fora de seus pulmões. Logo após terminar, o poderoso ninjutsu abrangeu toda a área aonde Azuma a pouco havia colidido com a árvore, arrancando a vegetação nativa e arrebentando ainda mais as ruínas que ali ficavam.

Enquanto esperava a poeira abaixar, Naruto foi pego de surpresa quando um gigantesco tronco de árvore no forma de um punho surgiu logo a sua frente e, tentando lhe bater. Pulando facilmente cinco metros de altura, o shinobi desviou por pouco do golpe, ao qual passou triscando seus pés. Mas, quando pousou no grande tronco, seus sentidos dispararam mais uma vez, agora, porém, não conseguiu se desvencilhar a tempo de um par de braços, que brotaram do tranco, lhe agarrar. Sacando uma kunai, estava prestes a usá-la para cortar os braços que lhe seguravam, quando escutou.

- Tower Burst (Coluna de Explosão)!!! – Uma explosão gigantesca envolveu todo o corpo de Naruto na forma de uma grande torre de fogo, que facilmente atingia vinte metros de altura.

Terminado seu ataque, Azuma simplesmente brotou a partir do grande tronco de árvore. Podia-se notar que ele estava completamente desgastado, pois, além de ofegar intensamente, suas roupas estavam parcialmente destruídas, enquanto muitos hematomas podiam ser vistos pelo seu corpo. A verdade era que, mesmo depois de se fundir com a árvore a qual colidiu pouco antes de seu oponente disparar aquele poderoso ataque de vento, Azuma ainda foi parcialmente atingido pelo golpe.

Mas, apesar de todos os danos em seu corpo, e sua quase falta de magia, Azuma sorria. Sorria por que tinha derrotado seu oponente, que agora não passava de uma carcaça cremada a seus pés. Bem, isso era o que ele pensava até seus olhos pegaram o vislumbre do cadáver de seu inimigo se mover em grande velocidade. Quando se deu conta, um grande corte transversal apareceu em seu peito.

Enquanto a ferida rojava sangue, Azuma tombou para trás.

Com a grande ferida em seu peito, o mago negro já não agüentava mais se por de pé. E foi nessas condições que ele viu o cadáver de Naruto aparecer na sua visão, para logo depois ser envolvido em uma nuvem de fumaça, mostrando o verdadeiro estado do loiro. Suas roupas estavam em frangalhos, mas apenas algumas pequenas queimaduras podiam ser vistas por seu corpo, muito diferentes da pele cremada de segundos atrás.

Embolsando a kunai a qual ele usara para acabar com seu oponente, Naruto escutou.

- C-Como...? – Observando que o homem estava nas ultimas antes de apagar, não viu por que não responder.

- Magia de transformação. – Ao proferir aquelas palavras, observou Azuma arregalar os olhos, antes de um estranho sorriso formar-se em seu rosto.

- Magnífico... – Elogiou o homem, antes de apagar.

Naruto sabia que ele não tinha morrido, apenas desmaiado. Ele fez o corte com sua arma embebida em chakra vento de um modo a evitar que a vida de seu oponente fosse tirada. Se naquele mundo matar era um dos maiores pecados, não seria ele que começaria a pecar.

Olhando para suas roupas desgastadas, acabou suspirando. Ele realmente poderia ter evitado grande parte da explosão usando um Kawarime (Substituição) na última hora, mas ele queria testar uma teoria.

Ela consistia em saber se, ao evolver seu próprio chakra ao redor de seu corpo, funcionaria da mesma maneira que os magos faziam instintivamente com sua magia, ato que os protegia de ataques mágicos mais poderosos, evitando na grande maioria das vezes à morte. Como Naruto já havia descoberto que esse tal “campo de força mágico” conseguia reduzir os danos de seu ninjutsu, o loiro teorizou que o inverso também era verdade, que, se ele envolvesse chakra ao redor de seu corpo, reduziria os danos da magia. E realmente funcionou.

Pensando bem, era bastante arriscado, pois se não funcionasse, ele estaria bastante queimado agora. Mas Naruto ainda tinha um plano de backup caso sua teoria falhasse, por isso não se preocupou muito ao executá-la.

Olhando agora, talvez a parte que reduzisse os danos dos golpes mágicos fosse à parte espiritual da energia do corpo, pois era a única coisa que magia compartilhava com chakra. Mas não era hora para pensar naquelas coisas, pois ele ainda tinha que amarrar Azuma, Eligor e o resto da trupe de magos negros para enviá-los aos Rune Knights, que saberiam o que fazer com eles.

Assim, aproximando-se de Azuma, preparou-se para pega-lo, mas parou ao notar algo. Era uma marca preta semelhante a um coração que aparecia em seu peito, por um buraco a qual a roupas desgastadas do homem não cobria. E Naruto fez uma careta ao identificar a tal marca como sendo a da Grimoire Heart. Era como ele havia pensado anteriormente, Azuma estava ali a serviço de outra pessoa, provavelmente o mestre da Dark Guild.

Não podendo deixar de pensar que tipos de problemas ele teria daqui para frente agora que atraiu a atenção da tal Guilda, Naruto resolveu se apressar e pegar logo aquele infeliz. Mas, quando tocou em sua roupa, seus sentidos gritaram para ele dar um salto para trás. Ele realmente tentou, mas estranhamente sentiu seu corpo mais fraco do que o normal, assim não conseguiu se movimentar rápido o bastante, e por isso pagou o preço ao levar um potente chute na cara, jogando-o alguns metros dali.

Recompondo-se com grande velocidade, o shinobi arregalou seus olhos quando percebeu que quem o havia chutado era uma mistura de homem e bode. Ele usava óculos escuros e um terno negro, como se fosse alguma espécie de agente secreto daqueles filmes de volta as Nações Elementais.

Limpando o sangue que escorria de seus lábios, Naruto não pode deixar de notar que a sensação estranha de fraqueza que a pouco lhe atingira havia passado. Pondo-se totalmente de pé novamente, o loiro observou o bode pegar Azuma e coloca-lo em seus ombros. Naruto realmente achou que o novo inimigo dispararia para longe dele, tentando fugir com o que claramente era seu companheiro. Por isso se surpreendeu quando a criatura se virou para si e falou.

- Uzumaki Naruto, como sua magia se mostrou mais uma vez única, meu mestre me mandou dizer que lhe oferece a oportunidade de se unir a Grimoire Heart. – O loiro realmente olhou em descrença com aquele desenvolvimento, mas continuou escutando sem dizer nada. – Não preciso lhe dizer que, se você recusar, será considerado um inimigo de meu mestre e de sua Guilda.

Absorvendo as palavras, Naruto ainda estava pasmo. Assim mostrou sua indignação.

- Primeiro seu mestre manda esse cara para me matar, agora ele pede para que eu me junte a sua guilda? Que tipo de idiota ele é? – O homem claramente se contorceu um pouco ao escutar Naruto zombar de seu mestre, mas deixou aqueles pensamentos de lado para responder.

- Azuma foi apenas um teste, para ver se você realmente tinha algo de diferente. Agora responda minha pergunta, gostaria de se juntar a Grimoire Heart ou não?

Chateado com tudo aquilo que ele teve de passar naquela missão estúpida, que anteriormente era apenas uma investigação, Naruto não exitou ao falar.

- Mande seu mestre retirar a vara que ele tem no meio do cu, pra depois a gente conversar. Essa é minha resposta, seu bode estúpido. – Sorrindo ao ver o homem-bode franzir o rosto de raiva, Naruto se deu conta de algo. – Espere! Você realmente não vai poder dizer isso a ele, já que eu vou me certificar em acabar com você aqui mesmo, para entregar vocês dois aos Rune Knights. Sabe como é... Não é nada pessoal, é apenas o fato de que vocês, das Dark Guilds, não são muito populares em Fiore.

Observando a linguagem corporal do homem lhe dizer que ele estava tenso com a possibilidade de um confronto, Naruto não pensou duas vezes e atacou, querendo aproveitar-se de seu momento de incerteza. Mas, para sua decepção, o homem-bode recuperou-se em uma fração de segundo mais rápido do qual Naruto imaginava e, mexendo sua mão direita, criou uma espécie de escritura no ar.

- Abra! Herói de Rubengard! San Jao Shin! – Ouvindo essas palavras, Naruto observou um grande homem aparecer simplesmente do nada a sua frente, por meio das estranhas escrituras que o bode havia desenhado.

Abruptamente, Naruto teve de parar sua investida para não ser cortado ao meio pela grande Naginata nas mãos de seu novo oponente. Desviando, formou rapidamente um Rasengan em sua mão e atacou o guerreiro convocado com uma velocidade que ele não podia acompanhar.

- Eu não estou com tempo para você! – Exclamou o loiro, conectando o jutsu no estomago do homem e derrotando-o na mesma hora. Quando seu adversário desapareceu em pleno ar, Naruto vasculhou a área a procura do homem-bode. Ficou extremamente frustrado ao vê-lo já a centenas de metros de si, como um pequeno ponto no céu. Aparentemente o homem-bode havia convocado um equipamento que lhe permitia voar a grandes velocidades. – Droga! Ele pode voar, não é justo-ttebayo!

Sério, era frustrante. Depois de toda aquela luta, os idiotas vão e fogem com os rabos entre as pernas com o auxilio de mochila foguete estúpida. Será que eles não tinham ao menos um pouco de orgulho?

Tsc. Quem ele estava enganando... Como Jiraya havia lhe dito uma vez, é sempre melhor escapar para lutar outra vez, do que morrer e não lutar nunca mais. Sim, ele entendia o porquê de seus adversários terem corrido, já que ele era incrível e tudo mais, mas ainda era frustrante que eles fugissem de suas mãos com tanto estilo!

Sim, ele estava mais irritado pelo fato deles terem um equipamento “da hora” que lhes permitia voar do que por terem escapado.

Controlando sua respiração, finalmente conseguiu se acalmar. Agora, pondo suas prioridades, percebeu que a situação não era tão ruim assim, já que ele estava prestes a acabar sua primeira missão oficial para a Fairy Tail. Um de seus clones provavelmente já havia encontrado os mineiros e os acompanhado em segurança para a cidade, agora ele só precisava prender os membros da Eisenwald. Sim, não era tão ruim assim.

Bem... Isso foi o que ele pensou até descobrir que Eligor e os outros patetas não podiam ser encontrados em lugar nenhum.

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– Droga! Ele pode voar, não é justo-ttebayo!

Sinceramente, Urtear teve de se controlar para não rir quando escutou o loiro gritar frustrado enquanto observava Caprico fugir da região carregando Azuma nos ombros. Enquanto via a transmissão finalmente ser fechada, indicando que o encantamento de monitoração colocado por Caprico havia se desfeito, a maga do tempo não pode deixar de pensar em como aquele mago era estranho. Uma hora ele agia todo sério, como um poderoso mago geralmente se comportaria, depois ele agia como uma criança emburrada. Era realmente intrigante e... Divertido.

E, claro, não era só aquilo que lhe chamou a atenção.

Além do fato de Naruto mostrar-se extremamente habilidoso em sua luta contra Azuma, derrotando sem muitas dificuldades aquele que era o segundo na escala de poder entre os ascendentes do purgatório, Urtear mais uma vez confirmou como a magia usada por aquele homem era intrigante. Ela realmente não tinha a habilidade de dizer “o que” era diferente da magia comum, mas sabia que a diferença estava lá.

Acabou lambendo os lábios em desejo.

Sim, Uzumaki Naruto era um mistério. Mistério a qual Urtear estava disposta a desvendar e, se a expressão de seu mestre indicasse qualquer coisa, certamente ele compartilhava pensamentos parecidos com os dela.

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Normalmente, quando um mago completava uma missão, ele logo ia ao encontro de seu empregador para dar à boa noticia e receber seu pagamento. Bem, mas esse não era o caso de Naruto, que no momento se encontrava de frente a uma grande construção de pedra, castigada pelo tempo e o abandono.

Logo se recordou do motivo por estar ali.

Cerca de uma hora atrás

Andando por uma trilha entre aquelas ruínas antigas, Naruto perseguia pistas para achar o local onde Eligor e seus comparsas haviam prendido os mineiros capturados. O que de fato não era uma tarefa fácil. Para todo lado que se virasse, o jovem loiro avistava as mesmas paredes sujas, pilares quebrados e pedaços de concreto aterrados sobre um chão forrado de pedras encardidas, onde gramíneas cresciam livremente entre as frestas trincadas, acentuando apenas como o lugar estava abandonado a anos.

Mas bem, ele tinha uma missão para concluir, por isso não desistiria tão facilmente assim. Além disso, mesmo Naruto não tendo habilidades excepcionais de rastreio, ele tinha o conhecimento básico ensinado na academia ninja, ao qual Jiraya havia enfiado em sua cabeça durante sua viajem de treinamento. E, é claro, se tudo aquilo não funcionasse, o loiro sempre podia recorrer ao modo sennin.

Aparentemente, ele não precisaria chegar a tanto, já que acabara de visualizar uma pista interessante. No chão, numa região barrosa, onde provavelmente a água acumulava quando chovia, Naruto avistou algumas pegadas. Sabendo agora qual direção seguir, o jovem shinobi dirigiu-se para onde os pés apontavam. Não demorou e adentrou em um caminho estreito, onde duas paredes de pedras formavam uma espécie de corredor.

Naruto teve que segurar levemente o nariz, pois o cheiro de mofo no apertado corredor era realmente forte. A passagem se mostrou maior do que o esperado, fazendo Naruto percorrer alguns bons metros até finalmente chegar a uma área livre, onde ele não podia ver nada a sua frente devido à neblina ser ainda mais forte ali. Aspirando um pouco de ar puro, o Uzumaki resolveu dar um jeito naquela falta de visão.

- Fuuton: Daitopa (Estilo Vento: Grande Avanço).

Batendo as mãos juntas, Naruto criou um intenso vendaval de vento. O vento soprou para longe toda a neblina ali, deixando finalmente a visão clara para o jovem shinobi. E, a primeira coisa que reparou, foi que ele estava de frente para uma escadaria de pedras, que levava a uma grande construção a cerca de vinte metros dali.

Era um prédio basicamente feito por grossas colunas de concreto bem arredondadas, que ocupavam o lugar da onde estariam as paredes, segurando com eficiência um teto no formato de um cilindro triangular deitado. A base do cilindro, que se mostrava exatamente na direção de Naruto, parecia que há muito teve algo escrito, mas que hoje se perdera no tempo, passando agora apenas de algumas letras desconexas gravadas nas pedras.

Mesmo não podendo avistar o que tinha dentro da conservada ruína, devido à diferença de luminosidade, Naruto teve um pressentimento de que era ali o local que ele estava procurando. Assim, subindo a escadaria de pedras, não demorou e ele finalmente adentrou no prédio. Logo de cara notou que realmente estava no lugar certo.

Acorrentados a uma grande coluna central, cerca de quinze homens se mantinham ali. Alguns estavam sentados no chão, encostadas na grande coluna, aparentemente repousando. Outros estavam espalhados pelo saguão do prédio, deitados no chão e até mesmo conversando, mostrando como grandes eram as correntes que lhes prendiam a coluna.

Mas um fato era comum a todos eles, sua aparência suja e debilitada, a qual levava a conclusão que eles já estavam ali há bastante tempo. E aquilo irritava ainda mais Naruto, que imaginava como algum ser humano era capaz de fazer algo daquele nível com um semelhante. Estava claro para o loiro que, apesar do mundo estar muito mais pacifico do que no seu próprio tempo, ainda havia pessoas que pouco se importavam com o próximo. Que fariam de tudo por coisas como dinheiro.

Balançando a cabeça, Naruto resolveu que não era hora de pensar em coisas como aquilo, mas sim ajudar os pobres coitados que foram metidos no meio da ambição de Eligor.

Caminhando a passos largos em direção a coluna, Naruto observou que a maioria dos homens recuou ao notar sua presença, claramente ligando-o com o bando de picaretas que os havia aprisionado. Não se preocupando com dar explicações no momento, o jovem shinobi se aproximou do pilar e, sacando uma kunai, embebeu-a em chakra Fuuton, para logo depois começar a cortar as correntes que prendiam os mineiros a grande coluna.

Não demorou muito e a tarefa foi concluída. Virando-se para os homens, que ainda tinham as correntes presas aos pulsos, mas agora estavam livres da coluna, Naruto falou.

- Todos vocês, fiquem tranqüilos. Eu sou um mago da Fairy Tail e vim aqui a mando do prefeito de Tetsu, com intuito de libertar todos vocês.

Dada aquela informação, um murmúrio começou entre os ex-prisioneiros. Murmúrios estes que variavam entre agradecimento, desconfiança e até mesmo temor. E foi um homem pertencente a esse ultimo grupo que deu um passo à frente e falou, mostrando suas inseguranças.

- Você diz ser um mago da Fairy Tail e que veio nos libertar... Mas e quanto a Eligor e seus capangas? Se tentarmos sair daqui, acabaremos sendo capturados por eles novamente! – Ao escutar a preocupação do mineiro, Naruto tratou de sorrir.

- Vocês não precisam se preocupar com Eligor. Antes de chegar aqui, eu o derrotei. – Disse o loiro, em tom tranqüilizador. Aquilo pareceu surpreender muitos dos mineiros, que não acreditavam que alguém tão jovem quanto Naruto havia derrotado Eligor, o Shinigami.

Mas novamente o homem que perguntara anteriormente elevou sua voz por cima dos sussurros entre seus companheiros e falou, em tom esperançoso.

- Então... Então nós realmente estamos livres? – Naruto alargou o sorriso e fez que sim com a cabeça. O loiro notou que aquele pequeno gesto pareceu tirar todo o peso que o mineiro carregava nas costas, assim, escutou-o. – Estamos livres... Estamos livres!!!!

O grito do homem pareceu acender algo dentre de todos ali, fazendo com que até os mais desconfiados e temerosos finalmente acreditassem que realmente estavam livres das garras da Eisenwald. Naruto assistiu com um sentimento de missão cumprida todos os mineiros comemorarem a sua recém liberdade.

E foi, no meio de toda aquela comemoração, que o shinobi finalmente notou algo curioso sobre aquele prédio histórico. Sorrindo, Naruto não teve duvidas que seu original gostaria de dar uma olhada no que havia ali mais tarde. Mas, por enquanto, ele não poderia simplesmente dissipar e transferir a informação, já que ele ainda tinha de acompanhar todas aquelas pessoas de volta para casa.

Tempo presente

Sim, como seu clone havia pensado, Naruto ficou extremamente satisfeito ao receber aquela memória. E agora lá estava ele, adentrando a ruína a qual os mineiros estavam presos algum tempo atrás. Avaliando por um momento as correntes quebradas ligadas a coluna central do prédio, Naruto balançou a cabeça e rumou para “a coisa” interessante que seu bushin havia avistado. E não demorou a encontrá-la.

Era uma pintura imensa, gravada em toda a parede de pedra ao fundo do templo. Nela havia o desenho, estranhamente conservado, de uma mulher com longos cabelos ruivos e olhos igualmente escarlates. Ela trajava um quimono vermelho e se portava de forma bastante aristocrática, em meio a um grande campo verdejante, o qual exalava fertilidade.

Era realmente intrigante aquela pintura, ainda mais por os olhos da bela mulher parecerem familiar, mesmo que ele não pudesse dizer de aonde vinha aquele sentimento.

Observando um pouco mais, em busca de informações que poderiam saciar sua curiosidade, Naruto notou que ao canto inferior direito, parecia haver algo inscrito na pintura. Aproximando-se, o loiro pode ler as seguintes palavras:

“Homenagem de Van Bastiaan à Deusa da Fertilidade e do Sucesso, Inari-sama”.

Inari... Naruto não se lembrava de haver uma Deusa com esse nome em sua própria linha do tempo. A verdade era que naquele tempo, havia poucos cultos a entidades divinas. Um bom exemplo disso era o próprio povo de Konoha, a qual acreditava apenas na vontade de seus antepassados, sendo o único ser tido como divino o Rikudou Sennin. Por causa disso, Naruto não podia afirmar com certeza que aquele era um culto que surgiu depois de sua “morte” ou não.

Mas, apesar daquela incerteza, o loiro tinha o estranho sentimento de que havia alguma ligação da Deusa Inari com os acontecimentos do passado que cessaram o uso de chakra e transformaram o mundo no que ele era hoje.

Assim, resoluto, resolveu que buscaria mais informações sobre aquela bela entidade. Mas antes, é claro, ele devia se encontrar com o prefeito de Tetsu para dar o relatório da missão e finalmente pegar seu pagamento.

Ele só esperava que aquela secretaria pervertida não estivesse por lá...

Imagem da Deusa Inari