- Então... como você se livrou dela?

 Bruno se inclinou para frente sentado na própria carteira para escutar o amigo que estava sentado na sua frente.

- Não me livrei. – respondeu Tiago - Eu tentei explicar para ela que não podia ir por que tenho que cantar no restaurante, mas pareceu que ela ficou mais feliz com isso, até se ofereceu para cantar junto comigo.

 Bruno tentou segurar um riso, mas foi em vão.

- Isso é ruim, sabe, ela é um saco. – Augusto se inclinou para falar baixo e a professora não os escutar.

 Ele estava sentado ao lado de Tiago, no lugar onde Caio normalmente sentava.

- Eu não a acho tão ruim assim. É um pouco perfeccionista e talvez um pouco confiante demais. – falou Tiago anotando o que a professora copiava no quadro branco.

- Ela é horrível. – falou Augusto com uma careta.

- Não fale assim. – repreendeu Tiago.

- Mas é! – falou Aline que estava sentada do outro lado de Tiago – Pior que ela só essa aula chata. Fala sério, já temos aula à semana inteira para que aula no sábado?

- O lado bom é que pela falta de alunos eles juntaram as salas. – falou Augusto com um sorriso no rosto enquanto olhava para Bruno.

- O lado bom é que ela faltou. – Aline riu olhando para a carteira onde Raisse sentava normalmente.

- E o Caio? – perguntou Bruno bem baixo para que só o moreno escutasse.

- Ele disse que está um pouco melhor da gripe. – ele respondeu no mesmo tom.

- Não é isso. – sussurrou – Ele sabe?

 Tiago suspirou e afirmou com a cabeça.

- Eu contei ontem por telefone. Ele disse que estava tudo bem.

- Você sabe que ele tem uma queda por ela, não sabe? – ele sussurrou mais baixo que antes, mas era possível entender certo tom de reprimenda na frase.

- Sei.

- Então sabe que não ta nada bem.

- Sei.

- Vai ter que dar um jeito nisso.

- EU SEI! – gritou – Desculpa professora!

 A professora Maria, que lecionava Matemática na escola a mais de quinze anos lançou a Tiago um olhar reprovador muito intenso. Ela era uma senhora de uns quarenta e poucos anos, quase cinquenta, com alguns cabelos brancos muito aparentes, gorda e fumante (apelidada carinhosamente pelos alunos de Maria Fumaça) era na maioria das vezes gentil e compreensiva, até repetia a explicação do conteúdo quantas vezes fosse necessário caso algum aluno não entendesse, mas não tolerava de forma alguma bagunça e barulho, principalmente o de conversas. E não abria exceção nem mesmo ao seu aluno preferido, Tiago.

- Já que está com tanta energia hoje o que acha de responder a quinta questão? – perguntou em um tom inquisitório, mas ao mesmo tempo decepcionado que fez o moreno se sentir muito mal. Ela em cima da mesa.

 Tiago levantou lançando um olhar ameaçador para o amigo e pegou um pincel na mesa da professora. Começou a responder a questão.

- Eu não acho que vai sair algo que preste disso. – Augusto se inclinou na direção de Bruno para sussurrar.

- Hum... com licença... Bruno eu posso falar com você?

 Os dois se viraram para ver quem tinha chamado o garoto e Augusto ficou surpreso de ver Thais parada bem atrás de Bruno. As duas mãos juntas sobre o peito em um sinal claro de vergonha e o rosto muito vermelho.

- Claro. – Bruno sorriu para a garota que pareceu se acalmar.

 Disfarçadamente, para que a professora não os notasse, os dois foram para as ultimas cadeiras no fundo da sala.

- O que você acha que deu nesses dois? – Augusto perguntou para Manuella, que estava sentada ao seu lado – Há alguns dias eles nem se falavam.

- Não sei. – respondeu com os olhos vidrados em Bruno e tentando entender a conversa dele com Thais – Mas vou descobrir.

 Enquanto os dois mantinham seus olhos pregados na conversa que rolava no fundo da sala, Daniele se preocupava em entender o problema que Tiago resolvia no quadro.

- O que você tanto pensa? – perguntou para Aline – Você não está nem copiando o exercício.

 A morena estava sentada logo atrás da amiga e isso facilitava a conversa.

- É sobre esse jantar. – respondeu a garota – Eu concordo com o Augusto que isso não vai terminar bem.

- E? Não temos nada com essa história. – repreendeu a morena.

- É claro que temos!

 Aline se exaltou e se virou rapidamente. O movimento repentino da amiga fez Daniele se assustar e deixar o lápis cair.

- Você já pensou se eles começam a namorar? Ela vai ficar mais insuportável e mandona que nunca.

 Daniele tentava recuperar o lápis se sentando de maneira torta na cadeira e inclinando o corpo para frente, tentando alcançar o lápis com os dedos e ao mesmo tempo tentando ignorar os comentários da amiga.

- E se não der certo? – continuou Aline – Já pensou nisso? Ela pode sair do coral e levar as guarda costas junto. Vamos ter três pessoas a menos.

- Precisamos saber como essa história vai terminar! – falou Augusto se metendo na conversa.

- Apoiado! – Aline exclamou com um sorriso no rosto.

 Daniele enfim recuperou o lápis e voltou a se sentar corretamente na cadeira. Ela encarou os dois com seriedade.

- Vocês não estão pensando em...

- Sim estamos. – cortou Aline.

- Eu não vou participar disso de forma alguma. – Daniele voltou a escrever o exercício.

- Terminei. – Tiago tinha terminado de resolver o problema e entregou o pincel para a professora.

- Muito bem. – ela analisou a resolução rapidamente e sorriu – Esta correto. Sente-se. E vocês três... Se não quiserem uma advertência parem de conversar.

 Os três assentiram e começaram a escrever o resultado da questão.

- Você pode até não participar, mas eu sei quem vai querer... – Aline sussurrou para Daniele assim que a professora virou para escrever uma observação no quadro.

-- --

 A aula já tinha acabado há alguns minutos e Augusto descia a grande escadaria da escola que ligava todos os três andares do colégio. O primeiro, onde ficavam as salas alternativas, como a sala do Coral, a diretoria e a secretária e também por onde se acessava o pátio externo, onde se localizavam o refeitório, as duas quadras, a piscina e o Auditório. O Segundo andar era o destinado às salas de aula dos alunos de primeiro ano e a maioria do segundo ano. O último andar era destinado aos alunos do terceiro ano e algumas turmas do segundo ano. A sala de Augusto e dos outros integrantes do coral era nesse andar.

- Eu estava te procurando. – Manuella se colocou no caminho do garoto.

- O que foi? – perguntou confuso.

- Quero que você vá num encontro comigo hoje.

- COMO É?! – ele gritou assustado.

- Calma! Não é nada disso que você está pensando. – a latina se apressou em explicar ao garoto.

- Que frase clichê. – Augusto murmurou assim que se acalmou um pouco.

- Eu quero que venha comigo para espionar o Bruno e a Thais. Eles vão sair num encontro hoje à noite.

- Como sabe disso? – perguntou.

- Eu vi agendado no celular dele. – respondeu dando de ombros – Estava escrito “Jantar com Thais”. – ela fez aspas com os dedos – Só pode ser um encontro. Aquele desgraçado deve estar seduzindo ela.

- Não é o contrario? – perguntou com uma sobrancelha levantada.

- Não. – ela respondeu sem olhar para o garoto.

- Bom... eu já tinha planejado stalkear outro encontro, mas...

- Mas? – perguntou esperançosa.

- Tudo bem. – ele sorriu – Eu vou.

-- --

[TIAGO]

Where is love?
Does it fall from skies above?
Is it underneath the willow tree
That I've been dream of?
Where is she?
Who I close my eyes to see?
Will I ever know the sweet "hello"
That's only meant for me?
Who can say where she may hide?
Must I travel far and wide?
'Til I am bedside the someone who
I can mean something to ...
Where...?
Where is love?

Who can say where...she may hide?
Must I travel...far and wide?
'Til I am beside...the someone who
I can mean...something to...
Where?
Where is love?

 Tiago terminou a música recebendo muitos aplausos, acenou para abanda que estava atrás dele e desceu do palco indo até uma mesa, muito próxima ao palco onde Raisse ainda batia palmas lentamente e sorria para o garoto. Assim que se sentou ela parou as palmas.

- Oliver? – ela perguntou e recebeu uma resposta positiva do moreno – Foi ótimo. Não sabia que gostava de musicais.

- Gosto muito. – ele sorriu,

- Eu também. Qual seu musical preferido?

- Acho que seria... – ele pensou um pouco e depois sorriu de forma brincalhona – Cabaret!

- Sério?! – ela perguntou espantada, seus olhos arregalados.

- Não. – ele riu com vontade e arrancou um sorriso da garota – É Chicago.

- Chicago? Hum... – ela pareceu pensar um pouco – Eu gosto. Você tem bom gosto.

- E o seu? – ele perguntou acenava para um garçom.

- Les Miserables!

- É muito bom também. – falou ainda tentando chamar um garçom para atende-los.

- Eu sei. Não se preocupe. Eu já pedi. – falou para o garoto que concordou e parou de balançar os braços para algum garçom – Meu sonho é ir fazer sucesso na Broadway algum dia.

- Parece que temos algo em comum. – ele riu.

- Será que é só uma coisa mesmo? – ela sorriu encarando o moreno – Talvez tenhamos várias coisas em comum.

- Quem sabe... – ele ergueu uma sobrancelha, mas não parou de rir.

 Do outro lado do salão duas garotas estavam muito nervosas por estarem muito distantes do casal.

- Ta ouvindo alguma coisa? – perguntou Aline.

- Não! – Isabelle exclamou irritada – Como você acha que eu vou escutar dessa distancia?

 Aline bufou irritada.

- Mas estão parecendo bem próximos né? – Isabelle perguntou hesitante.

- Talvez... talvez eles realmente estejam tendo algum tipo de relacionamento. – respondeu Aline.

- Eu não acho… a Rai nunca me disse que gostava do cantorzinho – falou Isabelle.

- E ela te conta tudo por acaso? – Aline perguntou erguendo uma sobrancelha. Ou tentando.

- O que você está fazendo? – Isabelle perguntou ao ver a garota fazer algumas caretas.

- Tentando levantar minha sobrancelha. – respondeu com uma simplicidade assustadora.

- Com licença. – chamou um garçom de meia idade – Vão pedir algo?

- Anh. – Isabelle olhou para Aline que deu de ombros.

- Água seria bom. – respondeu a garota.

-- --

 Em um outro restaurante, do outro lado da cidade, Bruno e Thais estavam tendo um jantar bem agradável. O restaurante não era grande comparado com o Piatto D'Argento, mas era elegante na mesma medida e a comida era muito boa também. Os dois conversavam alegremente sobre diversos assuntos em uma mesa próxima a entrada e à cinco mesas de distância, Manuella e Augusto assistiam a tudo.

- Eu acho que vou vomitar vendo esses dois. – falou Manuella bebendo um pouco do suco em seu copo.

- Eu também. – falou Augusto estreitando os olhos para o casal.

- Olha pra ele, dando em cima dela na maior cara de pau.

 Os dois não podiam ouvir nenhuma palavra da conversa, mas suas mentes não paravam de imaginar sobre que assuntos românticos aqueles dois poderiam estar conversando.

- Então é isso? Aproximar mais os braços do corpo? – perguntou Bruno com um sorriso no rosto à garota assentiu com a cabeça – É tão simples.

- Com certeza. – riu – As piruetas melhoram muito. – ela tomou um pouco de suco – Ah não esqueça que o braço em hélice ajuda muito também.

- Claro claro. – ele levantou o próprio copo de suco como se fosse fazer um brinde - Você é um bailarina muito boa sabia?

 Ela ficou vermelha de vergonha, mas continuou sorrindo.

- E você, uma ótima companhia. – ela repetiu o movimento do garoto – Sabia disso?

 Ele assentiu com a cabeça e os dois riram com gosto.

- Já chega desses dois! – exclamou Manuella com raiva – Eu não aguento mais.

- Vocês... por acaso tem alguma coisa? – Augusto perguntou.

- Quem? Eu? Não não! – ela negou com a cabeça – Somos só amigos. – e tomou mais um gole do seu suco.

- E por que você veio até aqui para espiar esse encontro? – ele ergueu um sobrancelha desconfiado.

- Eu estou preocupada com ela. O Bruno é um galinha. Um dos piores tipos.

- Sei – Augusto falou com descrença.

- Não gostei desse tom. – ela fuzilou o garoto com os olhos.

- Que tom? – perguntou se fingindo de desentendido.

- De quem não acredita no que eu disse.

- É por que não acredito. – ele falou ríspido – Você ta caidinha por ele.

- Claro que não! Somos amigos há muito tempo, é normal eu ter um pouco de ciúmes dele. – ela respondeu com raiva e só depois, quando se deu conta do que tinha dito, tapou a própria boca.

 Augusto riu.

- E qual a sua desculpa? – ela perguntou irritada.

- Como é? – ele se fez de desentendido e tomou um gole de suco.

- Isso mesmo! Por que você está aqui? – ela levantou uma sobrancelha e sorriu maldosa – Ta caidinho por ele não é?

 Augusto se engasgou com o suco e começou a tossir. Manuella riu.

- Não viaja. – ele falou assim que parou de tossir.

 Ela fingiu que acreditava e assentiu com a cabeça, voltando a encarar o casal. Augusto fez a mesma coisa. Na outra mesa Thais parecia muito envergonhada com algo que Bruno tinha acabado de falar e o garoto ria com vontade enquanto segurava a mão da garota e tentava acalma-la.

[MANUELLA]

I'm embarrassed to confess
I am a jealous girlfriend
I want you to belong to me
But I think they call that jealousy

I never say a word
In case I come off needy
I never say a word
Leave you before you leave me

[MANUELLA e AUGUSTO]

What is taking over me? Jealousy
A bubbling inside of me? It's jealousy
Controlling me, it's coming after me
It's so easy, when you don't belong to me

[MANUELLA]

Is it you or is it me
When you talk about beauty
Makes me feel so ugly
But I think that they call that jealousy

[MANUELLA e AUGUSTO]

I never say a word
In case I come off needy
I never say a word
Leave you before you leave me

What is taking over me? Jealousy
A bubbling inside of me? It's jealousy
Controlling me, it's coming after me
It's so easy, when you don't belong to me

[AUGUSTO]

I think I'm fine, I think I'm tough
Until I go and fall in love
I always try hard to conceal
But the more I hide, the worse I feel

Jealousy
Jealousy

[MANUELLA e AUGUSTO]

What is taking over me? Jealousy
A bubbling inside of me? It's jealousy
Controlling me, it's coming after me
It's so easy, when you don't belong to me

Jealousy, it's jealousy
Jealousy, it's jealousy

-- --

- Tenho que voltar pro palco. – falou Tiago com uma expressão de desanimo, ele se inclinou para frente para segurar a mão de Raisse – Desculpa mesmo.

- Não é transtorno algum. Eu adoro ouvir você cantando. – ela sorriu.

- Essa é pra você então.

 Ele levantou e piscou um olho para ela. Em seguida se dirigia para o palco. Murmurou algumas coisas para a banda e depois virou para Raisse com o microfone em mãos.

[TIAGO]

Stars shining bright above you
Night breezes seem to whisper "I love you"
Birds singin' in the sycamore tree
Dream a little dream of me

Say nighty-night and kiss me
Just hold me tight and tell me you'll miss me
While I'm alone and blue as can be
Dream a little dream of me

Stars fading but I linger on dear
Still craving your kiss
I'm longing to linger till dawn dear
Just saying this

- Com licença! – o mesmo garçom de antes chamou Aline e Isabelle que estavam entretidas com o show – Mas se não pedirem alguma coisa eu vou ter que expulsar as duas!

- Mas nós já não pedimos água? – perguntou Aline não desgrudando os olhos de Tiago.

- A água não conta, por que foi da pia. – respondeu irritado – Se não comprarem algo vão ter que sair.

- Ta bom. – ela falou com pressa – Me trás uma Macarronada então.

 O garçom crispou os lábios, mas nada disse.

- E a senhorita? – perguntou para Isabelle.

- Um Cannelloni, por favor. – ela respondeu com os olhos ainda fixos na apresentação.

 Ele acenou com a cabeça e foi embora.

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me

Stars fading but I linger on dear
Still craving your kiss
I'm longing to linger till dawn dear
Just saying this

Sweet dreams till sunbeams find you
Sweet dreams that leave all worries far behind you
But in your dreams whatever they be
Dream a little dream of me

 Ele terminou a apresentação, sorriu para a banda e recebeu uma chuva de aplausos.

- O que achou? – perguntou para Raisse quando voltou à mesa.

- Lindo! – ela sorriu – Como sempre. – completou.

- Eu acho que vi alguém conhecido naquela direção? – ele virou para o outro lado do salão.

- Bom eu acho que não devíamos nos preocupar não é? – ela falou e o garoto concordou voltando seu olhar para a garota – Vamos só aproveitar o resto da noite.

- Claro. – ele sorriu e tomou um gole de suco – Sabe... o pessoal achou que o jantar ia ser um fracasso...

- Por que eu sou chata? – ela perguntou indiferente.

- Eu não te acho chata. – ele falou rapidamente.

- Mas os “outros” acham não é?

 Ele fez uma careta e concordou.

- Eu não me importo. Eles dizem chata... eu digo determinada. – ela tomou um gole do próprio suco – Eu tenho que ser assim se quiser seguir meu sonho.

- Broadway né? – ele perguntou numa tentativa desesperada de mudar o assunto.

 Ela sorriu e assentiu.

- Eu também pretendo fazer alguma faculdade em Nova York. – continuou.

- Você sonha alto. – ele falou com um sorriso – Eu acho isso bom. – completou quando recebeu um olhar inquisitório da garota.

- E você? O que quer da vida?

- Nada nesse nível. – respondeu – Eu nunca pensei em ir pro exterior, mas pretendo fazer faculdade de música e seguir na carreira.

- Devia pensar mais alto. – ela falou displicente – Eu sempre digo que um sonho tem que seguir o nível do talento. E o seu... – ela apontou para o garoto – É enorme.

- Não é verdade, eu sou bom apenas. – ele sorriu envergonhado com o comentário.

- Não é. – ela falou firmemente – Você é maravilhoso.

 Ele negou com a cabeça, mas não deixou de sorrir.

- Mas não deve ser difícil conseguir o que quer não é? Seu pai tem dinheiro, pode te mandar pra lá.

- Se ele acreditasse em mim. – ela suspirou e olhou para as próprias pernas – Ele só quer saber do idiota do meu irmão e aquele futebol ridículo. Era a minha mãe que me incentivava antes da separação, agora quase nunca nos vemos.

- Ah. Desculpe. – ele segurou sua mão e a fez sorrir fracamente.

- Esqueça isso. Parece que você vai ter que subir no palco novamente. – ela falou ao perceber que a banda se reorganizava no palco.

- Desculpe por isso novamente. – ele falou um pouco constrangido.

- Eu já disse que não é problema algum.

- É, mas... eu deveria passar mais tempo com você não é? Você me convidou e tudo mais.

 Ela sorriu e se levantou puxando o garoto pela mão e indo na direção do palco.

- Isso pode ser facilmente resolvido.

 Ela subiu junto de Tiago no pequeno palco e pegou dois microfones, murmurou algumas coisas para a banda e depois entregou o outro microfone para Tiago.

- Pronto?

 Ele assentiu e pegou o microfone. A banda começou a tocar e o moreno sorriu ao perceber que conhecia a música.

[TIAGO]

I know it's late,I know you're weary
I know your plans don't include me

[RAISSE]

Still here we are, both of us lonely
Longing for shelter from all that we see

[TIAGO]

Why should we worry, no one will care girl

[RAISSE]

Look at the stars so far away
We've got tonight
Who needs tomorrow?
We've got tonight babe
Why don't you stay?

Deep in my soul, I've been so lonely
All of my hopes, fading away
I've longed for love, like everyone else does
I know I'll keep searching, even after today

[TIAGO]

So that there it is girl
We've got it all now

[RAISSE]

And here we are babe
What do you say?

[TIAGO e RAISSE]

We've got tonight
Who needs tomorrow?
We've got tonight babe
Why don't you stay?

[TIAGO]

I know it's late and I know you're weary
I know your plans don't include me

[RAISSE]

Still here we are!

[TIAGO e RAISSE]

Both of us lonely
Both of us lonely

[RAISSE]

We've got tonight
Who needs tomorrow?

[TIAGO]

Let's make it last

[RAISSE]

Let's find a way

[TIAGO]

Turn out the light

[RAISSE]

Come take my hand now

[TIAGO e RAISSE]

We've got tonight babe
Why don't you stay?
We've got tonight babe, why don't we stay?

 Eles terminaram a música de mãos dadas e sendo fortemente ovacionados não só pelos fregueses, mas como pelos garçons também.

-- --

- Foi uma noite muito agradável. – falou Tiago à mesa.

- Foi mesmo. – Raisse riu.

- Podíamos repetir qualquer dia desses.

- Está me chamando para um encontro? – ela perguntou com uma sobrancelha erguida, mas um sorriso maroto no rosto.

- Sim. Podemos ir a um restaurante mais em conta sabe, ou podemos fazer outra coisa talvez. – ele falou – O que acha? Sem cantorias.

- Mas foi a melhor parte da noite. – ela riu.

- Concordo.

 Os dois riram, mas pararam assim que escutaram uma gritaria do outro lado do salão.

- Como assim não tem dinheiro para pagar? – perguntou o garçom para as duas meninas, ele já estava n limite da paciência.

- Desculpe, mas foi você que insistiu para pedirmos algo. – respondeu Aline inocentemente.

- Eu pedi para que comprassem algo. – o rosto do garçom ficou vermelho e ele apertou o bloco de papel que tinha nas mãos – Eu vou chamar o gerente.

 Ele se voltou com raiva de costas para as meninas e começou a andar.

- Espera. – chamou Isabelle em vão.

 Embora todo o restaurante parecesse ignorar a cena, Tiago e Raisse estavam bem atentos a confusão.

- Aquelas não são...?

- São sim. – respondeu Raisse.

 Ela olhou em volta como se procurasse algo.

- Com licença. – ela chamou o garçom que há poucos segundos tinha arrumado confusão com as garotas. Ele agora rumava para dentro da cozinha procurando o gerente do restaurante.

- Posso perguntar quanto aquelas garotas gastaram, por favor? – ela perguntou assim que o garçom se aproximou.

- Por que quer saber? – perguntou irritado.

- Quero pagar a conta delas. – ela respondeu sem se alterar.

 Ele olhou para Tiago e pareceu o reconhecer então olhou novamente para Raisse com uma expressão de duvida.

- Você... achei que ele...

- Algum problema? – ela perguntou com certa irritação.

- Não. Aqui esta! – ele a entregou um papelzinho.

- Certo. – ela observou o papel rapidamente e retirou a quantia da bolsa, entregando para o garçom - Aqui. Agora não precisa mais criar confusão não é?

 O garçom contou rapidamente o dinheiro e acenou com a cabeça. Raisse sorriu.

- Mas eu gostaria que colocasse um pouco de medo nelas, por favor. – continuou.

 O garçom concordou e voltou à mesa das garotas com um sorriso maldoso. Raisse voltou sua atenção para Tiago que a encarava sério.

- O que? Eu paguei a conta não paguei? – ela perguntou um pouco nervosa – E de qualquer forma eu sei o que elas estão fazendo aqui. Bisbilhotando.

- Eu não estava te repreendendo. – ele sorriu – Eu acho a mesma coisa. – ela o encarou confusa – Só estava pensando que... você na verdade é muito gentil.

 Ela sorriu. Ele se levantou e estendeu a mão para ela.

- Vamos?

 Ela assentiu e segurou sua mão também se pondo de pé. Saíram do restaurante e silêncio e assim que chegaram à calçada Tiago se virou para a garota.

- Eu vou te levar em casa. É perto?

- Sim. – ela respondeu com um sorriso – Da para ir andando. E... ainda são vinte e duas horas, podemos assistir um filme lá em casa se quiser. Meu pai está viajando e o Roni deve estar em uma festa, provavelmente.

 Ele sorriu e assentiu.

- Eu adoraria.

 O Moreno se aproximou e passou a mão sobre o rosto da garota num carinho. Ela o encarou. Ele se aproximou e então se beijaram. Separaram-se assim que o oxigênio se fez necessário, Raisse sorriu e começou a andar puxando o moreno pela mão.

 Do outro lado da calçada um garoto, com uma sacola na mão e muito agasalhado, assistia a cena completamente desolado. Ele começou a andar na direção contraria do casal. Puxou o celular do bolso, escolheu uma música e colocou o fone no ouvido. Logo a música tomou conta de seus pensamentos e ele começou a cantar enquanto andava.

[CAIO]

I was dreaming of the past,
And my heart was beating fast,
I began to lose control,
I began to lose control,
I didn't mean to hurt you,
I'm sorry that I made you cry,
I didn't want to hurt you,
I'm just a jealous guy.

I was feeling insecure,
You might not love me anymore,
I was shivering inside,
I was shivering inside,
I didn't mean to hurt you,
I'm sorry that I made you cry,
I didn't want to hurt you,
I'm just a jealous guy.

I didn't mean to hurt you,
I'm sorry that I made you cry,
I didn't want to hurt you,
I'm just a jealous guy.

I was tryin' to catch your eye,
Thought that you was tryin' to hide,
I was swallowing my pain,
I was swallowing my pain,I didn't mean to hurt you,
I'm sorry that I made you cry,
I didn't want to hurt you,
I'm just a jealous guy.

I'm just a jealous guy,
I'm just a jealous guy,
I'm just a jealous guy.