Shindu Sindorei - as Crianças do Sangue escrita por BRMorgan


Capítulo 33
Capítulo 33




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Na Taverna Crisálida à noite.


 — Mas que...!! – o pai Hrodi praguejava intensamente, revirando os bolsos e subia e descia as escadas de tempos em tempos. A taverna estava vazia para aquele dia, Oxkhar estava enfurnado em uma caneca de vinho quente, já que o frio em Dalaran assomava no final da tarde e se estendia até a madrugada adentro. A fregueza pontual estava no balcão comendo mais um prato de sopa incrementada com legumes exóticos de ratchet, uma colônia de Goblins em Kalimdor.

 — Agora sim as coisas estão funcionando! – disse Sorena descendo as escadas com pantufas em forma de tartarugas marinhas.

 — Achou aquilo que eu pedi pra você procurar? – perguntou o pai suando frio.

 — Não? Mas olha só o Oxkhar! Ele pediu a Immie em casamento!

 — Sorena, não quero falar nisso agora... – resmungou o mais velho tomando um grande gole e pedindo mais para o goblin ajudante.

 — Só porque ela não respondeu de imediato? Claro que não! Faz parte do ritual matrimonial! – e virando para seu pai. – Papai, demorou quantos dias para mamãe querer o senhor em casamento?

 — 3 semanas e 4 dias...

 — Nossa demorou demais...

 — Havia outro rapaz querendo ela.

 — E o que o senhor fez?

 — Deixei ele com as duas pernas quebradas na época.

 — Bravio. Essencialmente passional e violento, mas apóio!

 — O que foi papai? – Oxkhar perguntou para o pai aflito. – Perdeu alguma coisa?

 — O anel de sua mãe... Aquele que dei para ela de noivado... Ele vivia pendurado em meu cordão da Ordem desde que ela se foi e... – Oxkhar virou-se lentamente para Sorena que comia um pedaço de salame defumado.

 — Você planejou isso tudo?! – Oxkhar cuspiu um pouco o vinho no balcão.

 — Ahn... Sim? – o irmão pulou em cima dela, mas ela conseguiu desviar a tempo e vê-lo trombar em cadeiras. – Immie e Ox debaixo de uma árvore... Se b-e-i-j-a-n-d-o! E que beijo! O senhor tinha que ver papai, seu filhão tem futuro... – Hrodi tentava compreender a briga.

 — Você pegou a anel de noivado de sua mãe do meu cordão? – Sorena concordou. – E não me avisou disso e eu fiquei procurando o bendito a tarde toda? – ela concordou novamente. – Você quer ficar ainda mais de castigo? – ela negou veemente. – Explique-se agora!

 — Oxkhar pediu a Immie em casamento e não tinha anel de noivado, aí eu peguei o da mamãe. Ela não se importaria se fosse pro Oxkhar...

 — Como pôde fazer isso?!

 — Vocês NUNCA iam tomar a iniciativa oras! Ficam nesse chove-mas-não-molha pra sempre! E convenhamos irmãozão, você envelhece mais rápido que ela, já estava na hora de tomar coragem...

 — Você não tinha o direito de tomar essa decisão por mim!

 — Eu tinha a obrigação!

 — Deixa eu entender... – Hrodi pousou a mão no ombro do filho mais velho. – Você pegou o anel de sua mãe e deu para Imladris para que ela pensasse que o Oxkhar a pedira em casamento?

 — Não, pai, eu fiz o pedido... O anel era pra que ela pensasse que era do Paladino Krassus... – Hrodi olhou de soslaio para Sorena.

 — Ai alguém aqui iria tomar a iniciativa de fazer ALGUMA COISA para ficar com ela. Usar de estratégia é a melhor coisa que aprendi naquele antro maldito chamado Undercity...

 — O que você andou aprendendo lá fora? Isso foi usar de esperteza, menina levada!

 — M-mas eu não queria que...

 — Que o quê? E o Krassus chegar na sua frente e tomar a Immie de você? E ele iria conseguir com todo o respeito que tenho por você maninho... Na disposição geral da situação: Você é humano, falido, ex-paladino e considerado traidor por muitos. Ele é um renomado paladino, protetor de Dragonblight, tem um Covenant só para ajudá-lo e é queridinho da minha tia Vereesa... Você seria facilmente descartado...

 — Então por que acha que assim desse jeito eu teria mais chances com ela...? – Sorena fez um gesto de sorvete na testa. A fregueza misteriosa balançou a cabeça em desagrado para concordar com a elfa mais jovem.

 — Porque você é humano, Ox!! E é isso que a Immie precisa, alguém mais fracote, bobão, caipira e todo pronto para ajudar como você...

 — Você está me deixando mais deprimido... – virando no balcão e tomando o vinho quente com uma fungada triste. Hrodi fez um gesto de “vai levar palmadas” com a mão e decidiu voltar ao trabalho.

 — Olha, vai fundo nessa que eu te apóio!

 — Ela nem gosta de mim assim...

 — Nem é... A Immie é muito sozinha Ox... Quem criou ela foi uma banshee translúcida com cabelos arrepiados, um orc velhaco e um Abandonado que só atende duas vezes por dia... O coraçãozinho dela é cheio de espaço para alguém que consiga merecer entrar nele. E acho que você já conseguiu isso faz tempo...

 — Você a ouviu dizendo...?

 — Ela é uma bobona racionalista! Fechada no mundinho dentro do cubículo cheio de livros e pergaminhos. Ela precisa de você para dar sentido a qualquer coisa que ela faça, acredite...

 — Ela já falou isso pra você...?

 — Não, mas ela já resmungou muito por sentir sua falta quando estávamos em apuros em luta...

 — Isso que eu sou... Só um paladino burro que serve pra tomar porrada...

 — Meu jovem, há uma diferença enorme entre ser e o conquistar. – disse a misteriosa fregueza colocando a colher de lado e cutucando ele na bochecha. - E você conquistou o lugar de paladino que toma porrada no conceito dela. – Sorena concordou animadamente.

 — Isso não tá ajudando... – resmungou Oxkhar bebendo mais um gole.

 — Ox, presta atenção? Você mostrou a ela que tem vida lá fora de Undercity. Trata de tomar uma providência rápida sobre se quer manter o seu posto de único paladino que toma porrada na vida dela.

 

Mais tarde na mesma noite.

 

                Kali estava sentada na mesa de fundo verificando as flechas novas que comprara. Sorena as cobrira com uma emulsão transparente que entrava em combustão em atrito com o ar.

 — Flechas flamejantes! Eba! – a mais nova sentou ao lado da arqueira e comia um pão com banana. Mudara de roupa e agora estava com uma capa vermelha simples com um capuz exagerado.

 — Quem você pensa que é? Chapeuzinho Vermelho? – Sorena não mordeu o pão e mandou língua para ela.

 — Última invenção da Immie. Só que saiu errado. Ela perdeu a vontade de terminar a costura porque Oxkhar a chamou para ver os fogos lá na Praça. Ohohohoho, meu plano deu certo!!

 — Você planejou isso tudo?

 — Nharram... – mastigando bem.

 — Você é maléfica...

 — Nharram...

 — Você é pérfida e cruel...

 — Tá, aí você já exagerou... - dando um pedaço de pão para ela, Kali aceitou.

 — O que haveria aqui dentro além da banana?

 — Veneno bem potente. Você vai morrer assim que morder o primeiro pedaço... – as duas sorriram uma para outra.

 — E como foi?

 — A Immie ficou no modo: “Oh-meus-sapatos-vermelhinhos!! Ele-me-ama-ele-me-ama!!” e depois ficou muda. O Ox está ansioso e não parou de roer as unhas.

 — O amor é tão doentio...

 — Isso foi espirituoso! Aonde arranja essas frases?

 — Tenho um lado filosófico que você jamais irá conhecer realmente...

 — Ainda bem... estou te falando... – mastigando outro pedaço grande. – Eles serão felizes para sempre e tudo mais... – falando de boca cheia. – E terão filhos tão chatos quanto eles...

 — Você sempre tem certeza de tudo, não?

 — Nharram... – comendo mais do pão. – Pena eu não ter usado o cartão. Iria ser dramático!

 — Qual cartão? – Sorena tirou um cartão perfumado do bolso de sua calça nova negociada por frasquinhos de poção explosiva para um goblin no Mercado Negro nos esgotos de Dalaran. Ela abriu o cartão e Kali fungou o ar para sentir o aroma de rosas que o cartão tinha. - “Querida Immie... Meu coração foi arrebatado por tua beleza e doçura eterna... Minha vida é tão vazia desde que você se foi e percebo agora o quanto és importante para mim. Aceite esse presente singelo e as rosas como prova de meu amor verdadeiro, pois é esse amor que me mantém vivo e totalmente clamando por ti. Assinado: Krassus. Ps: Não mate o mensageiro.” – Kali a olhou com decepção. - Ela iria desconfiar na hora que foi você quem escreveu...

 — Como você sabe?!

 — “Não mate o mensageiro”?! Isso é tão... você...

 — Como assim?!

 — Você faz as trapalhadas e espera sair impune. “Não mate o mensageiro” denuncia de cara o quanto você quer tirar o corpo fora da situação...

 — A culpa não é minha se os dois são burros demais para perceberem que se amam!

 — Aí de novo você se denunciou...

 — Aonde?!

 — “A culpa não é minha...”

 — Mas o quê?!

 — Nem que se o amor estivesse vestido de pintinhas douradas e com uma melancia na cabeça, você perceberia. Então sofre do mesmo mal que tentou extirpar dos dois...

 — O quê?!

 — O plano original era deixar o Ox com ciúmes e se declarar logo?

 — Era sim... Mas whoooa, o que você estava falando antes de eu não perceber o amor na minha frente?

 — Então o Ox se declararia, a Immie ficaria em dúvida sobre quem escolher e teríamos uma quase tragédia, já que o previsível nessas situações é de um duelo envolvendo os paladinos para disputar o amor da clériga... Foi um plano brilhante...

 — Claro que a Immie iria escolher o Ox! Ele é bem melhor que aquele almofadinha sardinha! E duelo entre paladinos? Isso é tão... fora de moda! Quem seria o idiota de querer fazer isso?

 — Oxkhar de Goldshire!! – gritou alguém lá fora da Taverna a noite já alta. – Eu o desafio em um duelo!!


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