Um Fio De Esperança. escrita por Pequena Garota


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, serio, não pretendia demorar tanto assim :S
espero que gostem >.
Boa leitura.



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“Nanda estou preocupada, por favor atenda o celular”

Eu li a mensagem antes de subir no ônibus. Claudia merecia saber, pelo menos

da existência dessa criança.

  Enfiei o aparelho no bolso da blusa no mesmo instante em que tocou. Paguei o cobrador e rodei a catraca.

 Só olhei o identificador de chamadas depois de estar sentada.

  Era Claudia.

 Dei um longo suspiro, não ira ajudar em nada se ela soubesse, ela tinha voltado para casa, estava começando a se alimentar, e eu não iria ser a culpada por fazer ela piorar.

  Apertei o botão verde do aparelho.

  –– Meu Santo Deus. Que me matar do coração?

  –– Oi, como você está? Perguntei.

  –– Eu estou morrendo de preocupação. Estou te ligando desde ontem, porque não atendeu?

  –– Desculpa, eu estava cansada e dormi cedo.

  –– Acordou agora? Perguntou um pouco mais aliviada.

  –– Mais ou menos... Faz uma hora, eu acho.

  –– Caiu da cama foi?

  Eu dei um risinho baixo 

  –– Não, é eu tenho uma consulta com um medico. – disse fazendo uma careta ao pensar que a pessoa que ia tirar a criança de dentro de mim era considerada um medico.

 –– Pensei que você só ia tirar os pontos no final do mês... e eu pense que ia com você disse parecendo triste.

 –– Não amor, não são os pontos. É outro medico...

 –– Outro medico? Você está bem?

 –– Calma Claudia, não é nada de mais.

 –– Então me fala o que é. – pediu fazendo sua voz de criança manhosa.

 –– Pare de se preocupar, não é nada de mais... Você já comeu – perguntei tentando mudar de assunto.

  –– Minha mãe está fazendo mingau para mim. – ela gemeu.

  –– Não faz assim, você tem que se alimentar direito para ficar boa logo...

 –– Eu sei, seu sei – ela me interrompeu. – Por que está indo ao medico? Insistiu.

 Por que ela tinha que insistir no assunto? Claudia as vezes sabia me tirar do serio, por mais que a culpa não fosse dela. Ela sabia meus pontos fracos, sabia que se continuasse insistindo eu acabaria falando o que iria fazer naquele maldito consultório.

 –– Estou gravida – sussurrei.

  Ouvi sua respiração entrecortada do outro lado da linha.

  –– O-o que? Espera, acho que não ouvi direito. – ela esperou que eu repetisse. – Você está falando serio?

Deixei que ela falasse, estava esperando pela parte que ela me chamaria de irresponsável, de burra e tudo mais. Afinal de contas para que existem preservativos e pílulas? Fui sim uma total idiota. E agora eu estava prestes a tirar a vida de uma criança que não tinha nada a ver com a minha irresponsabilidade... Não, ela não podia nascer, ela só iria sofrer... o pai era um canalha desgraçado que não acreditava em mim, e eu... Bom, eu não tinha condições de cuidar de uma criança, não tinha condições nem para cuidar de mim, quem dirá de um bebe.

  –– Eu vou ser tia. – Claudia gritou maravilhada do outro lado da linha. – Vou ser tia. -  ela deu uma gargalhada contagiante.

 Aquilo me fez sorrir, quanto tempo eu já não via Claudia sorrir? E ela estava rindo, rindo de felicidade.

  –– Espera. – ela parou abruptamente. – Está tudo bem com o bebe? Perguntou preocupada. – Tem alguma coisa de errada, você está se sentindo mal? Que hospital você vai? Ela não fez pausa entre uma pergunta e outra, saiu atropelando todas as palavras. E aquele vestígio de felicidade já havia sumido, e no lugar só havia desespero. – Nanda responde. – gritou.

  –– Calma, está tudo bem. Tanto comigo quanto... com o bebe. – minha voz quase sumiu.

  –– Fernanda, pelo amor de Deus, não me diz que você está pensando em... – ela ficou muda.

  –– Claudia? Chamei assustada.

  Ouvi um barulho do outro lado da linha.

  –– Claudia, você está ai? Chamei, minha voz já beirava a histeria.

  –– Oh meu Deus! – disse por fim. Ela estava ofegante. – Pelo amor de Deus, não faz isso Nanda... – ela fungou.

  –– Você está chorando? Perguntei amargamente arrependida. O mundo pareceu pesar em minhas costas, me senti horrível.

  –– Se você me ama, se você tem nem que seja um pinguinho de consideração por mim, você não vai tirar essa criança. – disse aos prantos.

  Um nó se formou em minha garganta. Olhei para fora, para o nada para não chorar. Que criatura horrível eu era. Estava prestes a tirar a vida de um inocente, e  estava fazendo minha melhor amiga chorar.

  –– Claudia. – minha voz saiu estrangulada.

  –– Por favor, não faz isso. Estou te implorando, pelo amor de Deus , não faz isso. – continuou chorando do outro lado da linha.

 Eu dei o sinal no ônibus para descer, e esperei que ele parasse para eu me levantar.

 Claudia não parava de implorar do outro lado da linha, ela não deixava falar.

  –– Claudia  por favor, me escuta. – disse depois de colocar os fones no ouvido. Ela ficou em silencio. – Eu não estou mais no ônibus. Você tem razão, essa criança não tem culpa de nada, e eu não vou tirar a vida dela...

 Fui interrompida por um grito do outro lado da linha. Quase fui ao chão quando me desequilibrei e uma das muletas escorregou. Fui obrigada a colocar minha perna ruim no chão. A fisgada me deixou atordoada. Só não gritei porque estava no meio da rua, e porque não queria deixar Claudia preocupada do outro lado da linha.

  –– Ei, por que não vem me fazer companhia? Perguntou.

  Recuperei o folego antes de responder.

  –– Tudo bem, mas acho que vou demorar para chegar na sua casa. Estou do outro lado da cidade.

  –– Por mim tudo bem, por tanto que você venha já está bom. – disse.

Dei um risinho baixo.

  Claudia deu um suspiro resignado.

  –– O que foi meu anjo? Perguntei atravessando a rua, tinha que pegar o ônibus de volta.

  –– A Emília não atende mais as minhas ligações. Faz dias que eu não a vejo e quando fui falar com ela no MSN ontem ela parecia distante. – disse dando outro suspiro.

  Emília era o caso escondido de Claudia. Mas eu já sabia que Emília não era boa pessoa, para ela a única coisa que importava era a aparência. Conheceu Claudia nas aulas de vôlei, eu não tinha nada contra a amizade das duas, nem mesmo quando começaram a namorar, mas meu santo não bateu com o de Emília. Minhas cisma piorou quando percebia que Claudia estava emagrecendo muito, ela bebia um tônico estranho que Emília trazia sempre para ela. Claudia chegou a parar de falar comigo por um tempo quando Emília disse que eu estava prejudicando-a. Eu quis socar a cara dessa garota.

 Foi por causa dessa desgraçada que Claudia foi parar no hospital. Eu mataria aquela desgraçada com minhas próprias mãos se a visse perto de Claudia de novo.

  –– Eu sinto muito por isso, mas eu disse que ela não era quem você achou que era. Ela não vale nada.

  Me contorci de raiva por dentro, aquela desgraçada estava perfeitamente bem, e minha melhor amiga tinha sido internada por causa dela. Ela fazia isso com as amiguinhas dela, joguinhos e dietas ridículas. Mas ela trapaceava, comia escondido enquanto as outras seguiam tudo a risca

  Ela já havia levado uns belos tapas de mim quando encontrei Claudia desmaiada no banheiro com ela.

    –– Eu sei que você não gosta dela, mas ela é minha amiga ainda. Eu sei que terminamos, mas ela foi me ver no hospital, acho que se ela não se importasse ela não iria me ver.

Fiz sinal para o ônibus parar e só continuei depois de estar sentada e pagar o cobrador.

  –– Se ela se importasse não teria feito isso com você...

  –– Nanda, ela não me fez nada. Ela só estava tentando me ajudar...

  –– Você quase morreu, se lembra? Perguntei.

  –– Só um minuto. – disse. – Eu tenho que desligar, minha mãe está ameaçando jogar meu celular pela janela se não for comer o que a nutricionista passou. – ela gemeu mais uma vez.

 –– Tudo bem, te vejo mais tarde. – disse antes de desligar.

  Encostei a cabeça no banco e fechei os olhos, seria uma viagem longa.


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Notas finais do capítulo

Juro que posto outro essa semana ainda para compensar a demora desse >.
espero que tenham gostados.