Um Fio De Esperança. escrita por Pequena Garota


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Eu realmente quis parar de escrever essa fic. Não sei se falei, mas essa fic é baseada em uma história real. E infelizmente, o bebe veio a falecer. Eu pensei muito antes de escrever cada palavra, Pensei muito em parar por aqui, pra mim é difícil continuar escrevendo, mas me pediram para continuar, e assim dar um final feliz a essa história. Mas não garanto nada se não parar na metade...
Enquanto isso, Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/208676/chapter/3

Minha mente estava muito perturbada com tudo aquilo.

Minha irmã veio a falecer na manha do dia seguinte. Minha mãe esteve no hospital o tempo todo desde que ficou sabendo do acidente, mas não entrou em meu quarto uma vez se quer. Ela com certeza deveria estar me odiando agora. Afinal de contas era por minha causa que ela estava dentro daquele taxi.

  Me mexi inquieta na cama. Me virei para o lado oposto de onde ficava a cama de Sarah, aquele vazio estava me deixando deprimida.

  O enterro seria na manha seguinte. Meus pais cuidaram de todos os preparativos para o enterro. Escolheram a roupa – a qual eu achei que foi a escolha errada. Minha irmã odiava vestidos de bolinhas, e não gostava de ficar com o cabelo escorrido, ela teria preferido fazer algumas tranças, só para deixar seu rosto mais angelical... Enfim, meus pais não me deixaram opinar em nada. Absolutamente nada.

  Eu já havia me conformado com fato de estar grávida. Não que eu estivesse me sentindo muito a vontade com isso, nem que estivesse feliz.

  Se dependesse de meus pais seria uma cerimônia feita somente para a família. Mas não achei justo com os amigos de Sarah. E tenho certeza de que Sarah ia querer uma ultima despedida de todos.

  Até mesmo Claudia estava lá. Estava acompanhada da mãe, ela parecia melhor, tinha engordado, isso era bom. Pelo menos uma coisa boa nessa confusão toda.

  –– Como você está? Claudia veio falar comigo antes de irmos para o cemitério.

  –– Estou bem. - menti.

  –– Você não parece nada bem. E a perna? perguntou observando a muleta que me apoiava.

  –– Vou tirar os pontos logo. - disse sem emoção na voz.

  Ela sorriu para mim, e me abraçou carinhosamente.

  –– Se quiser conversar, eu vou estar bem aqui. - disse.

  Dei um vago sorriso para ela. Claudia sempre um anjo de pessoa. Sempre disposta a ajudar o próximo.

  –– Obrigada. Você foi a única pessoa até agora que não me acusou pela morte da minha irmã.

  –– Pelo amor de Deus Nanda, foi um acidente. Não tinha como você saber. A culpa não foi sua.

  Não voltei para minha casa depois do enterro. Minha cabeça estava uma confusão total. Era como se nada mais fizesse sentido.

Peguei meu celular e disquei o numero de Gustavo. Ele precisava saber, afinal de contas eu não tinha feito tudo sozinha.

  Chamou quatro vezes antes de ele atender.

  –– Alô? Disse uma voz sonolenta do outro lado.

  –– Gustavo? Perguntei já arrependida de ter ligado.

  –– Sim, é ele. Quem fala?

  Alguma coisa se mexeu inquieta em meu estomago. Como ele não sabia quem era? Talvez fosse por ele ter acabado de acordar.

  –– Sou eu. Fernanda. - meu nome saiu estranho de minha boca.

  –– O que você quer? Perguntou agora de mal humor.

  Desejei nunca ter apertado a droga do botão verde. Estava na cara que ele não iria voltar, e não dava a mínima para mim.

  –– Eu só queria conversar com você. Tenho uma coisa seria para te contar.

  ouvi um murmúrio baixo do outro lado da linha.

  –– Não é ninguém. - disse para alguém. - Olha eu não tenho mais nada para conversar com você. - Disse agora para mim.

  "É só uma vadia qualquer" ouvi ele dizer.

  meu coração pareceu estar sendo esmagado. Como ele tinha coragem de falar daquele jeito comigo?

  –– Gustavo, eu estou grávida. - cuspi as palavras antes mesmo de pensar.

  Ele ficou mudo por um instante.

  –– E o que é que eu tenho a ver com isso? perguntou agora com total frieza na voz.

  –– O filho é seu. - disse num sussurro.

  –– Olha, não sou obrigado a ficar ouvindo suas baboseiras. 

  –– Gustavo...

  –– Boa sorte para achar outro otário que caia no seu golpe. - ele desligou.

   Paralisei exatamente onde estava. Não podia acreditar que ele achava que eu estava mentindo. Como ele podia ser tão frio, ao ponto de me chamar de vadia?

  Depois de me recuperar do torpor momentâneo, continuei andando pelas ruas de São Paulo, sem rumo, e sem vontade nenhuma de voltar para casa.

  Comprei um lanche para comer em uma lanchonete de esquina, mas meu estomago estava agitado de mais para conseguir digerir alguma coisa.

  Fui dar uma volta pelo Parque do Carmo, para ver se conseguia clarear as ideias. O dia não estava muito quente, mas mesmo assim resolvi me deitar de baixo da sombra de uma arvore. Depois de alguns minutos ali vendo as poucas crianças brincarem nos escorregas e nos balanços me lembrei que poderia ter levado o livro que Claudia havia me dado para. Mas minha cabeça estava tão cheia que, ler um livro, seria a ultima coisa que eu iria pensar.

  Meu celular tocou. Olhei no identificador de chamadas. Era minha mãe. Apertei o botão vermelho para ignorar a chamada. Não estava com cabeça para falar com ninguém.

E afinal de contas ler até que não era má idéia.

  Fechei os olhos e deixei que a brisa fresca me libertasse de toda aquela energia ruim. Sarah estava em um lugar melhor, e era isso que importava para mim.

Que descanse em paz!

Deixei minha mente viajar pelo vazio do silencio. Pelo ar puro. Deixei minha cabeça vagar pelas dunas de areia do deserto. Bem longe dali. Ela vagou tão profundamente que acabei adormecendo ali na grama mesmo.

  Acordei com algumas crianças que passaram correndo e gritando ao meu lado.

  Olhei a hora, já eram quase 17 horas, era melhor eu voltar pra casa.

***

  Minha mãe estava trancada no quarto em prantos, meu pai estava na sala assistindo ao jornal. E eu fui direto para o banheiro tomar um banho.

  Aquele dia parecia que nunca mais iria acabar.

    Depois de trocar de roupa, liguei o computador do meu quarto.

 Esperei que aquele museu ligasse por completo – aquilo não podia ser chamado de computador.

  Aquela idéia já estava vagando minha cabeça fazia algumas horas, e talvez fosse uma saída para o meu problema.

  Abri a janela do Google.

  Digitei as palavras, e apertei o Enter.

É claro que eu sabia que aquilo era ilegal, mas eu estava pretendendo ter uma vida, e se meu pai descobrisse sobre a minha gravidez eu seria uma pessoa morta.

Cliquei n no link que dizia ser uma clinica de aborto.

  Fiz o meu cadastro e depois separei meus documentos necessários.

   Não seria difícil, afinal de contas eu estava de quanto tempo? Não era uma criança formada, então não seria crime.

 Peguei o telefone e liguei para o numero indicado na pagina da internet.

–– Clinica especializada, boa noite. – disse a atendente do outro lado da linha.

  –– Alo, boa noite. – eu estava nervosa? Mas qual era o motivo? – Eu gostaria de

marcar um horário amanha.

  Passei meus dados para ela. Marquei um horário, na manha seguinte. Não queria

prolongar ainda mais isso tudo.

  Peguei o livro que Claudia havia me dado, era uma boa hora para fugir da realidade.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado...