Um Fio De Esperança. escrita por Pequena Garota


Capítulo 37
Capitulo 37.


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um capitulo para vocês meus amores. Espero que gostem.
Eu fiquei meio enrolada para escrever esses dias, porque eu decidi escrever uma nova história. E se ela ficar boa eu vou em uma editora *-*
então tive que tirar um tempo para dedicar a essa nova história. Mas agora dei um tempo de novo, porque quero ( e não quero) terminar essa fic logo.
( quando acabar eu não sei o que vou fazer da minha vida kkk)
Então gente, espero que gostem.
Boa leitura,



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A vida não da segundas chances, eu ouvia muito isso quando era mais nova, mas sei que e mentira. A vida dá sim uma, duas, três quatro e quantas chances precisar. Algumas pessoas são tão miseráveis que não percebem e acabam deixando passar por estar ocupado de mais se lamentando. Algumas pessoas tem um ego tão grande que acabam estragando tudo.

Eu sei disso porque tive minhas segundas chances. E tentei ao máximo não desperdiçá-las

Fiquei com meu pai o máximo que consegui aguentar. Aquela ansiedade estava acabando comigo. Tinha até perdido a vontade de comer o bolinho de chuva. Mas não fiz essa desfeita com meu pai. Meu pai tentou puxar assunto, mas já estava desligada.

–-- Pai, você pode me levar pra casa? Pedi.

–- Já? Você não quer ficar mais um pouco?

–- Não, preciso resolver umas coisas. - disse olhando meu celular.

Esperei meu pai lavar a pouca louca da pia e então ele concordou em me levar.

Antes de entrar no carro com meu pai liguei para Dona Ana dizendo que precisava ter uma conversa séria com Rubens e ela, de preferência em outro lugar que não em casa.

Depois que ela concordou em me encontrar, pedi para meu pai me deixar em frente ao prédio onde Ana trabalhava.

–- Obrigada por me dar uma segunda chance Nanda. - disse antes que eu saísse do carro.

Dei apenas um sorriso para ele antes de descer do carro.

Andei em direção ao prédio azul e branco. Dona Ana trabalhava no quinto andar, e isso era tudo que eu sabia. Conhecia Ana a tanto tempo e mesmo assim não sabia nada sobre o emprego dela. A única coisa que sabia era que ela era uma boa empresaria.

Dona Ana estava saindo do elevador quando parei na mesa da recepcionista.

–- Nanda, - ela me chamou. - Pode vir comigo.

Eu a acompanhei até o elevador, ela apertou o número 5 e nos subimos em silêncio. Paramos em dois andares. Uma moca, que parecia ter minha idade, segurava alguns papeis bagunçados, ela parecia aborrecida com alguma coisa. Talvez estivesse estressada com o trabalho.

Nós descemos no quinto andar e andamos por um corredor, passando por salas cheias de gente e salas vazias, andamos até chegar em uma sala com uma porta de vidro com o nome de Ana escrito nela.

Era uma sala muito formal, com livros sobre administração de empresas na pequena prateleira em uma das paredes e um quadro de alguém que eu não conhecia, era um belo quadro, combinava com o tom pastel da sala.

–- Pode se sentar Nanda, o Rubens vai chegar daqui a pouco e então podemos sair para comer, eu ainda não almocei mesmo. - disse se sentando na cadeira atrás de sua mesa.

Ana juntou os papeis de sua mesa e guardou em uma das gavetas. Eu observei tudo em silencio. A plaquinha em sua mesa escrita em letras douradas me chamou a atenção. "ANA M. FONSECA". Era seu nome de casado.

Quando era criança eu ficava trocando meu sobrenome pelo de Claudia, achava mais atraente ter Fonseca no nome do que Santos. Mas Claudia vivia discutindo comigo e dizia que Santos era mais bonito que Moraes. Ela sempre abreviava o primeiro sobrenome, igual na placa de sua mãe.

–- Qual o assunto? perguntou depois de alguns minutos.

–- Acho melhor esperar o Rubens chegar.

Minhas mãos começaram a suar de repente, e aquela sensação de culpa voltou. Eu não devia ter lido o diário de Claudia e sabia que ela me odiaria para o resta da vida pelo que estava prestes a fazer, mas eu só queria o bem dela.

–- É sobre a Claudia? perguntou apoiando os cotovelos na mesa cobrindo o rosto com as mãos. - O que ela está fazendo agora?

Aquela cena me lembrou a primeira vez em que estive sentada com ela para falar sobre Claudia. Ana não trabalhava nessa mesma sala, mas era dessa mesma empresa. Eu me lembro de ter dito a ela que Claudia estava doente e que estava precisando de ajuda. Ana abaixou a cabeça daquela mesma forma e começou a chorar. Rubens não estava presente, estava em uma reunião de negócios. Mas dessa vez queria os dois juntos para poder conversar.

–- O Rubens vai demorar? perguntei me remexendo inquieta na cadeira.

–- Não sei. - ela se endireitou e então olhou para o relógio. - Me dá um minuto Nanda?

Eu assenti.

–- Me esqueci completamente. - ela se levantou e pegou uma pasta em cima da mesa. - Volto em um minuto ou dois.

–- Tudo bem. - disse.

–- Vou pedir para a Amanda trazer algo para você beber está bem?

Eu assenti mais uma vez.

Dona Ana deixou a sala e eu fiquei ali encarando o nada por alguns minutos até meu celular apitar.

Era uma mensagem de Claudia perguntando se ainda estava na casa da minha mãe.

Mandei a resposta falando que ficaria lá até minha mãe chegar.

A tal de Amanda bateu na porta e entrou com uma jarra de agua e um copo na sala.

–- Obrigada. - disse.

ela apenas sorriu e deixou a sala.

Claudia mandou mais uma mensagem dizendo que ficaria na casa da amiga dela e pediu para que eu avisasse quando estivesse indo para a casa, assim ela chegaria quando eu já estivesse lá. Respondi que tudo bem.

Fiquei ali sentada por uns 20 minutos esperando até Dona Ana voltar.

–- Desculpa querida. Era uma cliente antiga, não podia deixa-la esperando. - ela colocou as coisas em cima da mesa. - O Rubens já está lá em baixo. Vamos?

Nós fizemos o caminho de volta e nos encontramos com Rubens no estacionamento.

O silencio foi esmagador para mim. Dentro do carro era normal aquele silencio quando estava com Rubens, mas para mim estava sendo sufocante. Estar na mesma situação de meses atrás não era nada agradável. Ter que conversar com os pais de Claudia sobre o mesmo assunto não era nada legal, e quanto mais eu me calava mais vontade de gritar eu ficava.

–- Para onde nós vamos? Perguntei.

–- Vamos para um restaurante onde eu costumo comer. - a voz rouca de Rubens soou mais rouca que o normal.

–- Não acham que seria melhor em um lugar mais aberto? perguntei.

–- Por que? Ana se virou para mim.

–- Não sei, acho que um restaurante não seria um lugar adequado para termos uma conversa.

Rubens me olhou pelo espelho.

–- Tem uma lanchonete aqui perto, tudo bem por você Ana? perguntou.

Ela fez que sim.

Rubens estacionou o carro enquanto eu e Ana escolhíamos uma mesa ao lado de fora. Uma garçonete veio nos atender assim que Rubens se juntou a nós.

Rubens e Ana pediram um lanche e suco natural e eu pedi apenas um suco de maracujá natural. Esperei que eles terminassem de comer para tirar o caderno de dentro da bolsa.

–- O que é isso? Rubens perguntou.

–- Isso é da Claudia?

Eu fiz que sim e então abri em uma pagina.

–- Sim, mas eu não estou pedindo para vocês lerem. Eu só quero mostrar para vocês como ela vem enganando todos nós.

Comecei a ler uma pagina onde Claudia dizia ter voltado a vomitar. Ela usou palavras como vadia e porca no meio do texto. Pulei para uma parte de outro texto onde dizia: "você não precisa de comida, você é forte. Mas se tiver uma recaída sua amiga Mia vai estar sempre com você."

Rubens me interrompeu

–- Desculpa Nanda mas eu não quero ficar aqui ouvindo isso. Eu não aguento. - ele começou a se levantar.

–- Rubens. - Ana segurou seu braço impedindo que ele se levantasse. - Por favor.

–- Ana eu não quero ficar aqui ouvindo o quanto minha filha se odeia, não quero ficar ouvindo como ela se destrói. Eu estou esgotado de tudo isso. Não aguento mais..

–- Rubens ela é nossa filha, e ela precisa de nós. - Ana segurou sua mão olhando em seus olhos.

Rubens pegou o diário de minha mão e virou algumas paginas e então começou a ler em voz alta.

–- Eu não suporto olhar para toda essa banha em meu corpo, quando me olho nos espelho sinto vontade de cortar até meu ultimo pedaço de pele. - Ele virou mais algumas páginas. - Se minha mãe me fizer comer mais um pedaço de bolo eu surto, só ela não vê o quanto estou gorda. Meus pais não entendem. Ninguém entende. - ele virou mais algumas paginas e depois de um segundo jogou o caderno em cima da mesa.

O desenho do corpo de uma garota com uma fita amarela em volta dos ossos do quadril estava estampado na folha com uma palavra escrito em vermelho.

Ana virou o desenho para ela sem dizer uma palavras. Só percebi que estava chorando quando uma lagrima pingou em minha mão.

–- Nanda me desculpe, mas eu não posso ajudar quem não quer ajuda. - Rubens disse - Fala para mim onde ela vê perfeição nisso? ele apontou para o caderno.

Ana começou a folhear o diário. Queria tirar de sua mão, mas já tinha ido longe de mais e não adiantaria nada.

–- Você sabia dessas coisas Nanda?

–- Não. Só estava desconfiada que ela não estava comendo, mas não sabia que ela tinha voltado a vomitar e a se cortar...

–- Ela está se cortando? Rubens elevou seu tom de voz.

Fiz que sim mordendo a ponta da língua. Tinha esquecido que eles não sabiam disso.

Idiota!

–- O que mais ela está fazendo? Rubens pegou o diário mais uma vez.

–- Eu não sei, não li tudo. - disse. - Rubens, acho melhor você não ler o diário dela. Isso é uma coisa particular dela. É anti-ético.

–- Fernanda ela é minha filha e está colocando a vida em risco. Ética não existe nesse caso. Eu não estaria lendo se ela fosse normal.

A palavra normal soou de uma forma tão estranha saindo de sua boca. Como se Claudia fosse louca.

–- A Claudia é normal. - disse com os dentes cerrados.

–- Eu não quis dizer isso Nanda. - ele me encarou quando notou o tom de minha voz. - O que eu quis dizer foi que se ela não estivesse colocando a vida dela em risco assim, nunca passaria pela minha cabeça ler uma pagina se quer do diário dela.

Eu baixei minha cabeça sobre a mesa, estava mortalmente arrependida de ter feito aquilo, mas não tinha como voltar atrás. Estava começando a pensar na reação de Claudia quando seus pais resolvessem ter "aquela conversa" com ela novamente. A conversa que envolveria choros e gritos, tanto de um lado quanto do outro.

E eu era apenas uma telespectadora. Na verdade uma traidora. Não importa se minha intenção foi a melhor. Eu a entreguei e sabia que era exatamente isso que ela pensaria de mim. Era assim que ela me veria daqui para frente.

–- Eu quero ser magra e não consigo. Isso me deixa tão mal. Quero poder ver meus ossos, mas sei que dizer isso é perigoso. - a voz de Rubens estava vacilante agora, quase como se ele estivesse chorando. Mas eu não olhei para ver.

–- Para com isso Rubens, você já leu o suficiente. - disse Dona Ana.

Ergui a cabeça deixando cair algumas lagrimas sobre a mesa, sem me preocupar em esconder que estava chorando. Odiava chorar em publico, mas não estava mais ligando para isso. Só queria poder desfazer aquilo. Voltar no momento em que achei a porcaria do diário e ter deixado ele ali mesmo.

Ana tentou pegar o diário da mão de Rubens, mas ele apenas deu as costas para ela e continuou foleando. Ele parou em uma pagina e começou a ler. Seus olhos marejaram e algumas lagrimas começaram a cair, foi só então que ele fechou o diário se virou para Ana e lhe abraçou.

Foi a primeira vez que vi um homem chorar daquela forma. Seus ombros subiam e desciam, seu corpo todo tremia e seu choro era algo desesperado.

–- Meu Deus, calma amor. - Ana começou a dizer toda chorosa. - Vai ficar tudo bem, nós vamos passar por isso mais uma vez e vamos superar.

–- Rubens, me desculpa. - eu não conseguia pensar em outra coisa para dizer a não ser isso, afinal se não tivesse lhe mostrado aquilo, ele não estaria chorando daquela forma.

–- Não meu bem, a culpa não é sua. - Dona Ana tentou me reconfortar.

–- Claudia disse que a culpa é nossa. - Rubens soluçou. - ela escreveu "tento culpar meus pais pelo que me aconteceu" - ele esticou a mão para pegar o caderno da mesa, mas eu peguei primeiro.

–- Não, agora chega. Eu só queria mostrar para vocês que ela não está bem, e que está mentindo outra vez. Ela está enganando todos nós. Parou de ir ao psicólogo por opção própria, os pesos que a Ana vem anotando no caderno não bate com os que têm aqui. São todos menores. Ela tem feito exercícios de madrugada, tomado laxantes e vomitado. A única coisa que eu queria é que algo fosse feito, nunca quis ver nenhum de vocês dois nesse estado. - eu olhei para o rosto todo vermelho de Rubens e para dona Ana que acariciava as costas do marido. - Eu sei que se nós três sentarmos e conversarmos com Claudia...

–- Não vai ter conversa Nanda. - Rubens me interrompeu.

Ele se levantou da cadeira tirando a carteira do bolso.

–- Vou interna-la.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado meus lindos. Talvez o próximo demore um pouco, estou passando a tarde toda estudando e ai de noite vou para o cursinho e ai só tenho a madrugada para escrever. E de fds eu trabalho, estou mega sem tempo para escrever :(
mas juro que vou tentar postar logo.
Até o próximo capitulo, espero que tenham gostado



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