Um Fio De Esperança. escrita por Pequena Garota


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Nesse capitulo, eu tentei mostrar mais o lado da Claudia, do dia a dia dela... bom, embora tenha sido só a manhã dela na verdade... Boa leitura >.



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Minha mãe não achou ruim de eu ter pedido para dormir na casa de Claudia, só ficou um pouco brava por não ter avisado antes.

Tivemos uma pequena batalha no Guitar Hero, acabei ficando em ultimo já que não sou muito de jogar vídeo game.

Lucas fez pipoca para assistirmos uma comedia, ficamos deitadas eu e Claudia juntas no sofá grande e Lucas sozinho no pequeno.

Claudia estava com sono antes do final do filme. Também, tinha tirado a pobrezinha da cama as 5 da manhã.

Também não demorei para dormir depois que vimos o filme, tinha sido um dia cansativo pra mim também.

Graças a Deus não tive nenhum sonho bizarro naquela noite, em vez disso foi apenas mais uma noite sem sonhos.

Quando acordei Claudia não está mais deitada. Me levanto e vou até o banheiro, feliz por já ter deixado coisas minhas lá, como escova de dente e roupa - exatamente para ocasiões como essa.

Dona Ana está na sala assistindo um programa na TV quando passo por ela.

–– Bom dia minha linda, como dormiu? Pergunta ela abrindo um sorriso.

–– Bem, obrigada. – respondo sorrindo também. – Onde está a Claudia? Pergunto tentando parecer casual.

–– Está na cozinha tomando o café.

–– Obrigada. – digo caminhando pelo corredor.

Me encosto no arco da parede da cozinha e paro para observar Claudia, fico intrigada no que ela está fazendo, então continuo em silencio enquanto a vejo despedaçar o pão em pequenos pedaços e jogar dentro do copo de leito.

Segurei o riso, em todos esses anos frequentando sua casa e nunca a tinha visto fazendo isso.

Ela se levantou com o copo intacto e jogou o seu café da manhã pia abaixo, sem saber que estava sendo observada, continuo parada agora um pouco espantada. Na verdade bem espantada.

–– Santo Deus! – diz colocando a mão no peito. – Quase me matou do coração Nanda.

Vou até a geladeira, pego o leite e então encho um copo.

–– Café ou Nescau? Pergunto antes de me virar para o armário e pegar um pão de leite dentro do saco.

–– Nanda...

–– Não vai discutir comigo. Eu vi o que você fez. – passo requeijão no pão e entrego a ela.

Coloco Nescau no leite e também entrego a ela.

–– Muito bem, não vou sair daqui até ter certeza de que você comeu. – digo me sentando na cadeira a sua frente.

Ela revira os olhos e faz careta.

–– O leite está com bolinha... Não bebo leite com bolinhas. – reclama.

Pego a colher e tiro as malditas bolinhas do leite e coloco na pia.

–– Beba, antes que eu tenha que chamar o Lucas. – digo tentando me manter calma.

Faço meu café da manha e a acompanho.

–– Não é tão ruim assim – digo tentando encoraja-la.

Sei que minha reação tinha sido um pouco de mais. Mas não podia deixar que ela ficasse sem comer.

–– Você não faz ideia – ela diz com o olhar baixo.

Pego sua mão e espero que ela olhe para mim.

–– Ei, vai dar tudo certo. – digo.

Ela suspira e então deixa o copo de leite de lado.

––Eu acho que a Emília tem outra pessoa.

Engulo em seco.

Claudia estava fragilizada de mais para ser capaz de lidar com isso.

Naquele instante não sabia se deveria ou não contar para ela o que vi no shopping.

Não contar seria como trai sua confiança.

Mas eu também não queria que ele ficasse ainda pior.

–– Eu sei que você não tem nada a ver com isso, mas... É que dói saber que há um mês ela era só minha, que ela era minha companheira, minha amiga, e agora ela mal olha pra minha cara...

–– Vai ver ela só precisa de um tempo. – esperava que aquelas palavras não tivessem soado tão falsas pra ela quanto soou para mim.

–– Não. Quando uma coisa dessas muda, a gente sente. E eu sinto que nunca mais vai ser igual.

Passo o dedo sobre a borda do copo pensando em algo para falar, mas não consigo pensar em nada. Ela tem razão.

–– Ontem eu fui na casa dela, e ela estava agindo de uma forma muito estranha... Estava distante.

Lucas entrou na cozinha esfregando os olhos. Ele estava com uma carinha de sono tão fofa.

–– Bom dia meninas. – disse pegando uma xícara de café.

–– Bom dia. – disse um tanto embaraçada.

Claudia enxugou as lagrimas que ameaçavam cair e saiu da cozinha.

–– O que ela tem? Perguntou sentando.

Eu dei de ombros. Não queria falar sobre aquilo com ele.

–– Eu vou ver se ela precisa de mim. – me levantei.

Claudia estava deitada na cama, encolhida como uma bola.

–– Eu quero ficar sozinha. – disse baixinho.

–– Não, você precisa de um abraço. – sento ao seu lado e a puxo para meus braços. – Olha, vai ficar tudo bem, está bem?

–– Não aguento isso Nanda, não dá mais...

–– Ei, fica calma...

Ela se levantou e ficou de frente para o espelho.

–– Olha só pra mim Nanda, estou horrível. Tão... gorda. – disse cheia de repugnância. – É por isso que Emília não me quer mais, quem ia querer uma pessoa tão... porca.

Ela estava fora de si.

–– Por favor, me deixa terminar. – pediu quando estiquei meu braço para toca-la.

–– Ei, dá pra ficar calma, você não é nada disso...

–– Você não sabe o que é olhar pra comida e não ver nada além de calorias. – seu rosto estava vermelho. – Não conseguir comer uma fatia de bolo de chocolate sem pensar o quanto de exercícios teria que fazer pra queimar aquilo. – sua voz aumentou gradualmente. – Não posso nem me olhar no espelho sem me sentir horrível.

Engoli em seco tentando conter o desespero ao vê-la daquele jeito.

–– Olha pra mim Nanda – gritou ficando de frente para mim. – Olha realmente pra mim.

Olhei seu corpo esquelético, mas não consegui dizer nada enquanto ela gritava histericamente o quanto estava gorda. Ela avançou na direção ao espelho e o tirou da parede.

–– Tudo bem, tudo bem, chega. – eu tirei o espelho de sua mão antes que ela o quebrasse.

Ela caiu de joelho com a mão no rosto chorando convulsivamente.

Eu me abaixei e tirei suas mãos de seu rosto.

–– Claudia, olha pra mim. – pedi. – Você não está gorda. Isso vai passar, é apenas uma fase ruim, e eu vou te ajudar a superar, entendeu? Via ficar tudo bem.

Ela me abraçou apertado enquanto chorava.

Me senti tão impotente, não sabia muito bem como ajuda-la, como tirar aquela ideia estupida de sua cabeça.

–– Não me deixa, por favor. – pediu.

–– Não vou. Prometo.

Enxuguei suas lagrimas e esperei que ela se acalmasse. Lucas apareceu na porta. Eu fiz um sinal para que eles nos deixasse sozinhas, e então ele fechou a porta.

Ficamos sentadas no chão por uns longos minutos.

–– Está se sentindo melhor? Perguntei.

Ela fez que sim dando um meio sorriso.

Respirei fundo aliviada. Vê-la tendo um ataque daqueles tinha sido assustados.

–– Acho que não fui muito sincera com você – disse depois de colocar o espelho no lugar.

Ela me encarou.

–– Emília ligou para a minha casa ontem. – disse me arrependendo assim que as palavras saíram.

–– O que ela queria?

–– Queria conversar... Ela estava diferente.

–– Diferente como?

–– Olha, não quero que você...

–– Fala logo, o que ela queria?

–– Falar comigo, mas não foi isso que me surpreendeu.

Ela esperou que eu continuasse.

–– Ela está com outra pessoa Claudia.

Ela sentou na cama, parecendo desmoronar.

–– Como ela era? Sua voz não era mais alta que um sussurro.

–– Ele – disse, ela me encarou. – Era um garoto. – disse.

Ela ergueu a cabeça e respirou fundo.

–– Obrigada – disse sorrindo um pouco. – Você me deixar sozinha? Pediu.

Fiz que sim, e deixei o quarto.

Não queria deixa-la sozinha, mas ela precisava de um tempo só pra ela, pra absorver aquilo.

–– Como ela está? Perguntou Lucas assim que me viu entrar na sala. – Minha tia estava quase entrando no quarto, é difícil pra ela ver a única filha nesse estado.

Eu concordei. Era difícil pra qualquer um ver uma pessoa que você ama assim.

–– Contem pra ela que a Emília está namorando. – disse.

Ele arregalou os olhos.

–– E como ela está?

–– Precisa de um tempo sozinha. – digo olhando para o relógio. – Eu tenho que ir para casa.

–– Não pode ficar mais um pouco? Pergunta.

–– Na verdade não, estou fora de casa desde ontem de tarde.

Conversei um pouco com Dona Ana, pedi para que ela desse um tempo para Claudia esfriar a cabeça, e então voltei para o tédio da minha casa.


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Notas finais do capítulo

Santa mãe de Deus O.OEspero que tenham gostado >.