Freddie, Carly e Melanie jantavam no apartamento dos Shay depois de uma manhã e uma tarde bastante desconfortáveis; Por quê? Melanie se passava por Sam e se sentia mal por isso, Carly queria que Freddie explicasse logo o mal entendido a ela e esse último teimava que era melhor ela perguntar o que eles faziam no refeitório primeiro.

–E o Gibby? –Perguntou Carly a Freddie.

–Saiu com a Tasha. –E olhando para a loira - Então Sam, já falou com o Brad depois daquele dia? – Perguntou Freddie tentando iniciar a conversa por um modo diferente.

Carly olhou preocupada, mas ficou calada observando a reação da amiga.

Sam havia contado tudo a Melanie e a instruiu muito bem. Elas haviam trocado seus celulares e Brad já havia tentado falar com ela. Ela prontamente respondeu:

–Ele me mandou uma mensagem agora a pouco dizendo que soube que eu estava de volta e queria me ver. Mas incrivelmente nunca o vejo na escola! –Seu tom era calmo como se falasse de um velho amigo.

–Hum... –Freddie continuou. –Ele não... comentou sobre a conversa que tivemos no dia da... Sua viagem?

–Não. Deveria comentar? Mas vamos direto ao ponto, o que ele disse? –Melanie odiava arrodeios.

Carly achou que deveria dar partida.

–Ele ofendeu o Freddie, disse que ele estava interferindo na relação de vocês. Disse pra o Freddie se afastar de você.

Melanie ficou confusa. Não fazia ideia do que dizer. Desejou que ela e Sam fossem telepatas naquele momento. Mas não eram. Então ela apenas lembrou bem do gênio da irmã e das diversas vezes que a viu falar diante de um assunto serio:

–É? E o que eu tenho a ver com isso? –Falou pausadamente e engoliu um minúsculo pedaço de carne em seguida.

Freddie riu sarcasticamente e respondeu:

–Vai continuar saindo com um cara que ofende seus amigos e quer afastar você da gente?

–Ele disse que quer fazer isso? –Rebateu para ganhar mais tempo.

–Sim, acabamos de dizer... –Freddie ainda ria.

Melanie não fazia ideia do que dizer. Achou a atitude de Brad completamente descompensada, mas não sabia o que Sam faria nessa situação, e sentiu que nunca devia ter trocado de lugar com ela. Mordeu os lábios em sinal de impaciência, e percebendo que eles aguardavam uma resposta falou se levantando:

–Eu vou falar com ele, depois conversamos, sim? Agora eu vou escovar meus dentes...

Carly e Freddie se olharam surpresos. Acharam que Sam os defenderia na mesma hora e iria querer saber todos os detalhes dessa tal conversa. Mas não simplesmente tentava se retirar dela.

–Acredita mais nele que em nos? –Perguntou Carly chocada.

–Claro que não. É só que - tentou encontrar inspiração em Sam novamente. – Ah gente ele é muito inseguro, sabe? -“O que estou dizendo nem sei quem é esse cara” Pensou. - Eu vou falar com ele e ele vai se desculpar, ta bem? Agora me deem licença. –E se foi quase correndo em direção ao quarto de Carly.

–Sabe, se aquela história de gêmeas fosse verdade diria que esse ai é a Melanie. –Disse Freddie subitamente, rindo, mas sem achar a menor graça.

–Por que diz isso? –Perguntou Carly pensativa ignorando a descrença de Freddie na irmã de Sam.

–Ela esta sendo educada, simpática, sorridente, mal tocou na comida, não quis saber o que o Brad disse não me chamou por nenhum apelido ofensivo, e esta com um olhar diferente.

–Olhar diferente? –Carly riu debochada. –Isso foi romântico.

–Para. To falando serio, e você caiu nessa história de que ela sumiu só por que...

–Claro que não, mas esperava que ela admitisse que ficou com ciúmes?

–Acha que ela ficou? –Agora ele é quem ria debochado.

–Sei que você não é tão ingênuo... –Ela lhe lançou um sorriso cúmplice. –Mas a Sam nunca colocaria a Melanie no lugar dela, é paranoia sua.

–Ta. Você nunca vai admitir, não é?

–Admitir o que? A Melanie existe e estuda no Instituto de Conhecimentos Aprimorados de Nova York (ICANY). –Afirmou ela com convicção.

–Sei. –Disse ele rindo incrédulo. -Deixa pra la. Vamos começar a seção cinema?

–Assim que a Sam voltar.

–Eu não acredito. -Falava Sam do outro lado da linha. O Brad e o Freddie estavam discutindo? E era sobre mim? Eu vou matar o Brad ele queria que eu me afastasse...

Melanie estava sentada na cama de Carly, enquanto falava com Sam.

–Sabe que eu acho que o Brad ta certo? – Rebatia Melanie. -É por causa do Freddie que você não consegue seguir adiante. Olha pra sua vida, olha o que ele esta fazendo com você...

Silencio dou outro lado da linha.

–Ta, mas daí a me afastar do Freddie? Somos amigos a tipo... 5 anos?

–Sam, escuta isso tem que acabar, precisa voltar e resolver tudo, e você estava enganada Freddie e Carly não tem nada um com o outro. –Ela falava o mais baixo que podia.

–Estão fingindo tonta, é pra não me magoar, aliás vai saber a quanto tempo estão nessa... –Seu tom era muito triste.

–Se gosta tanto dele, por que não luta por ele?

–Lutaria se tivesse que tira-lo de qualquer uma menos da Carly...

–Sam? – Freddie entrava com uma expressão de surpresa. “Ela não tinha vindo escovar os dentes?”

Melanie se virou e viu Freddie se aproximando. Sam ouviu sua voz do outro lado da linha e estremeceu.

–O que esta fazendo ai?

–Eu... Estava... O que você quer? –Ela guardou o telefone no bolso sem desligar. Não conseguia esconder o nervosismo.

–Vamos descer a Carly vai colocar um filme. –Disse ele atento a todos os seus movimentos e observando o constrangimento no qual ela ficou.

–Ta já vou. Pode ir indo na frente. –Disse a loira fazendo um sinal de “vai andando” com a mão.

–Não. –Ele foi se aproximando. - Vamos descer juntos Por que ta tão estranha? Aconteceu alguma coisa?

–Não. Vem vamos descer. –Ela ia saindo quando ele a segurou pelo braço e fez ela se voltar para ele.

Ficou encarando seus olhos e constatou que o azul parecia mais escuro. Soltou seu braço um pouco aborrecido ao notar a frieza em seu olhar.

–Por que saiu correndo quando viu a Carly e eu no refeitório?

–Já disse... A caso não acha que fiquei com ciúmes, não é? –Ela voltava a dar aquele sorriso simpático que Freddie julgava superficial e irritante.

Sempre que Sam mentia ela desviava discretamente olhar. Era coisa muito rápida tinha que prestar muita atenção, e isso ele fazia a anos. Mas desta vez seu olhar permaneceu firme.

–Está melhorando Puckett. –Disse ele sorrindo.

–Do que esta falando?

–Vamos descer. –Ele a deixou passar na frente quando chegaram na porta. Freddie notou ela olhando furtivamente o celular.

Sam desligou. Estava confusa e pensativa. Mas acima de tudo morria de saudade da sua vida, e principalmente de Freddie.

Enquanto assistiam o filme, eles riam, comentavam, jogavam pipoca um no outro, mas Melanie permanecia ligeiramente distante. A verdade é que ela estava muito desconfortável. Era um filme de suspense, desses no qual um personagem misterioso mata quase o elenco todo deixando vivo só os protagonistas e olhe la.

–Eu acho que o padre é o assassino. – Palpitou Melanie

–Eu também. - Concordou Carly.

–Eu acho que é o mordomo. –Disse Freddie.

–Não, óbvio demais - Contrariou Melanie

–Por isso... Quer apostar?

–Não, que bobagem, você tem sua opinião eu tenho a minha, não precisamos concordar só respeitar.

Carly olhava assustada, Freddie decepcionado. Melanie se lembrou do que Sam havia dito sobre apostas e tentou corrigir rapidamente:

–Mas aposto vinte pratas que é o padre.

Freddie ainda estava desnorteado mas confrontou:

–Dinheiro? Já foi mais criativa Sam...

–Então o que? –Melanie estava ficando aborrecida com aquela criancice.

–Ué, você é quem sempre inventa as “penas”.

Melanie o fitou sorrindo. Sempre achara que ele era um pobre coitado que sofria com as maldades da irmã, mas no fundo parecia que ele realmente gostava e muito de tudo aquilo. Mas não conseguiu pensar em nada e voltou a olhar a Tv sorrindo:

–Vinte pratas.

–Ta bom... –Ele ficou um pouco desapontado.

Carly ria por dentro. Novo jogo entre eles? Sim. Mais uma vez ela de fora? Grande novidade...

No fim do filme o mordomo era o assassino e Melanie xingou Sam em pensamentos ao ter que desembolsar 20 pratas sem mais nem menos. . Que outros tipos de idiotices e infantilidades ela e Freddie praticavam juntos?

Freddie estava feliz e desapontado ao mesmo tempo. Era a primeira vez que ganhava de Sam contra a sua vontade. Sempre que Sam percebia que podia perder em uma aposta(isso raramente acontecia) ela sugeria uma penalidade que a favorecesse, como no dia em que estavam jogando bolinhos na porta e o dono do bolinho que caísse primeiro bebia água de picles. Levou um tempo para ele descobrir que ela amava água de picles.

Havia algo de errado e ele decidiu que descobriria o que era.

Lembrou que ela estava em uma ligação suspeita quando a surpreendeu no quarto de Carly e resolveu dar inicio as suas investigações partindo daí. Ainda eram 20:00, Sam provavelmente iria para casa as dez, era tempo suficiente para colocar seu plano em ação. Esperou a loira ir ao banheiro e pediu ajuda a Carly:

–Isso é invasão de privacidade... –Contestava Carly.

–Não. Olha, a família da Sam é barra pesada, ela pode ta com algum problema e não quer nos contar.

–Não há nada de errado com a Sam por que acha isso? Por causa do brilho diferente no olhar dela?

–Sim! O azul esta mais escuro, não reparou?

Carly gargalhou

–Definitivamente não

–To falando serio. Olha, se atender um cara, um namorado, não vou xeretar, mas e se for do reformatório? Ou alguém chantageando ela? Somos seus melhores amigos a mãe dela é meio doida, ela pode estar precisando de nós... –Ele tinha uma expressão seria.

Carly suspirou. Tanto ela quanto Freddie não acreditavam nessa historia de problemas sérios, mas Freddie queria saber se havia um cara (Brad) na jogada e Carly sabia que Freddie e Sam nunca iriam levar a história deles pelo lado mais fácil, então...

–Você ta louco... –Ela suspirou. - O que vai fazer com o chip dela?

Ele riu e deu um soco no ar comemorando e começou a explicar:

Pensei em grampear, mas achei sacanagem. Então vou por no meu celular e pedir pra uma colega da minha mãe que mora no sexto andar ligar dizendo que ela achou e ligou para a última chamada, daí tento saber quem é essa pessoa e de onde ela conhece a Sam.

–Bom... – Carly refletiu. -Não parece perverso. Mas tenho certeza de que esta perdendo seu tempo... Se for um cara o que vai fazer?

–Nada, mas pelo menos podemos fazer ela se abrir conosco e voltar ao que era. –Falou ele rindo.

–Voltar pra onde? Olha ela ta normal já parou pra pensar que os olhos dela podem estar escuros por que é noite?

–Engraçadinha. Apenas a distraia até eu voltar... Se ela pegar no celular, não deixe, tome e volte a distraí-la, ok?

–Ok! Não demora!

Tum... Tum...

–Alô, Mel? Pode falar agora?

Freddie estremeceu. Sam? Que brincadeira era aquela?

Sara, uma enfermeira de 30 anos, amiga da mãe de Freddie, achou a ideia bizarra, mas concordou em ajudar.

–Ah, me desculpe, é que achei esse celular na escada e como essa era a última chamada... Sabe quem é o dono desse celular?

Sam teve ódio de Melanie. Como pode perder o aparelho? Lembrou da confusão com Freddie. “Onde será que eles estavam?” De qualquer modo, ela era Sam em Seattle, então assim deveria ser identificada.

–Esse celular é de Sam Puckett, onde o encontrou?

–Na escada do Bushwell Plaza.

–Claro, você pode encontra-la na casa de Carly Shay, sua amiga, ou então ligar para a mesma pelo numero que esta ai na agenda. –Ela tentou disfarçar a voz por precaução.

–Qual seu nome querida?

Sam pensou. Que mal havia em dizer que era irmã dela?

–Sou Melanie, irmã dela.

Freddie sentiu um nó na garganta, pensou em pegar o celular e perguntar que brincadeira era aquela, mas fez sinal para Sara encerrar a ligação.

–Obrigada, vou entrar em contato.

–Obrigada a senhora, tenha uma boa noite. –Disse Sam em tom mal humorado que Freddie bem conhecia.

–Então Freddie, quais suas conclusões? –Perguntou Sarah. –Aliviado por não ser um garoto?

Ele estava estático olhando pro nada, quando lembrou que precisava voltar com o chip e disse antes de sair correndo:

Obrigada Sarah, até mais.

Continua...