Dois dias depois a briga com Freddie, Sam apareceu no apartamento de Carly no dia do ensaio duas horas mais cedo. Carly estava vendo TV na sala e assim que ela entrou perguntou:

–Mais calma?

–Sim! Por que não estaria?

–Por que a dois dias você mal fala com o Freddie, não podemos ficar assim, temos uma amizade de anos e um web show pra tocar, não é?

–Você esta enganada –Ela sentou no sofá –Ele é quem não fala comigo.

–Ok, então vamos chamá-lo e resolver isso.

–Espera depois você faz isso queria falar com você agora.

–Tudo bem. O que foi desta vez?

–Eu sai com o Brad...

–Bom. Mas você ta gostando?

–To. Ele é divertido, inteligente, não implica com meu jeito...

–Então esta gostando dele?

–Não! –E deitando no colo de Carly. –Não consigo! Terminei no nosso primeiro encontro quando ele me beijou e agora...

Mas neste momento Freddie entrou. Vinha animado com uns cabos na mão, quando viu Sam, fechou a cara.

–Oi garotas! –Tentou parecer normal. –Carly, eu posso subir e instalar esses cabos?

–Pode. –Carly quis fazer alguma coisa pra tentar fazê-los conversar –Por que não vai com ele Sam? Ele pode precisar de ajuda pra... Instalar os cabos...

–Não preciso não. –Cortou Freddie e foi subindo. –Já volto.

Sam não respondeu nada. Apenas ficou olhando pra ele calada até ele desaparecer. Mas Freddie mal a olhava. Quando ele saiu, ela olhou pra Carly, e as duas ficaram em silencio. Até que Carly perguntou:

–Sobe e vai falar com ele...

Ela hesitou um pouco, mas sabia que precisava ainda que pala amizade deles, e foi.

Quando chegou ao estúdio ele estava agachado instalando os cabos atrás da câmera, olhou pra ela quando entrou, mas logo desviou o olhar para a câmera. Sam chegou perto e perguntou:

–Quer ajuda?

–Não.

–Ok. Freddie, eu queria que esquecesse o que eu disse naquele dia, eu tava nervosa, mas não vai acontecer de novo, tudo bem?

Freddie não esperava por aquilo, ficou sem ter o que dizer, mas já que ela começou, ele respondeu:

–Foi a terceira vez que você surtou comigo a troco de nada.

–A troco de nada. –Murmurou. –Ok, me desculpe não vai acontecer de novo, ta legal?

Sam não estava nem um pouco preocupado em ter gritado com ele, se sentia mal por ter saído com Brad. Freddie também não estava chateado pela briga deles, mas sim por ter visto ela e Brad juntos.

–Tudo bem. Mas e quanto ao trabalho da escola? A professora disse que temos que desenvolver juntos um projeto de escola sustentável. Nem pense que vou fazer tudo sozinho.

–Eu sei. Olha, já comecei fazendo um projeto de sala de aula ventilada apenas por janelas é só colocá-las em pontos estratégicos de circulação de ar...

Ficaram sentados em puffs por quase uma hora falando do projeto da escola. Sam estava anormalmente atenciosa com o trabalho, e Freddie preocupado em manter o foco do assunto nisso, até que o celular de Sam tocou, e ela desligou.

–Não vai atender?

–Não, não é nada importante. – E pôs o celular no chão - Então continuamos amanhã, não ta quase na hora do Icarly?

–Na verdade ainda falta meia hora. A Carly já devia esta aqui.

–Vou la chamar ela.

Ela ia saindo quando ele tomou coragem e perguntou hesitante antes dela abrir a porta:

–Gosta mesmo dele?

–Não. –Ela respondeu se virando para encara-lo. Parecia despreucupada.

–Então por que esta saindo como ele? –Ele ficou aliviado, mas disfarçou colocando uma máscara de “amigo preocupado”.

–Você não sabe? –Ela disse irônica e se virando pra ele por completo.

–Se soubesse por que eu estaria perguntando?

–Perguntei primeiro -Retrucou ela.

Ele ficou confuso, riu e perguntou:

–Não sei. Pode me dizer, Sam? –Ele tentou ser irônico, mas não era bom nisso como ela.

–Por que não pensa e diz? Não é o nerd daqui? –Ela agora o olhava como se o desafiasse para um jogo.

–Existe cálculo pra isso? –Ele rebateu.

Não, mas existe experiência própria. –Ela disse isso confiante que daria um nó em sua cabeça. E ficou feliz ao ver em seu semblante que havia obtido êxito.

Ele ficou confuso e tentou entender, mas como não conseguiu, resolveu seguir o jogo. Essa era pra ele a vantagem de conversar com Sam, ela transformava qualquer conversa séria em um jogo de palavras, o que ele achava divertido. O problema é que em se tratando de jogos ele sempre perdia para ela. “Mas não dessa vez” Ele pensou.

–Ta vendo esse notebook? –Ele disse rindo e apontou para o lap top em seguida.

–Sim, o que tem ele? –Ela tentou parecer entediada.

–Como faço pra saber qual a configuração dele?

–Hum... Lendo na embalagem ou no manual... –Ela agora havia ficado curiosa.

–Mas e se eu não tiver mais a embalagem?

–Você pode descobrir nele mesmo clicando em “Propriedades de Meu computador”, isso é ridiculamente fácil.

–Isso. Perguntando a ele! –Disse ele triunfante.

Ela gargalhou e olhou pra ele perguntando:

–Esta me comparando a um notebook?

–É, os dois são complicados e divertidos. Mas você ganha dele. Nos dois atributos. –Ele se arrependeu no mesmo instante de ter dito aquilo. Acabara de admitir que achava Sam mais divertida que o seu computador?

Ela riu e andou em direção a um puff onde sentou baixando a cabeça para disfarçar que havia ficado corada. Ele a seguiu e sentou em outro puff ao seu lado.

–Então, vai me dizer? –Ele perguntou tentando bancar o bom amigo olhando sério pra ela.

–O que? –Ela perguntou enquanto brincava com o cabelo.

Ele revirou os olhos em sinal de impaciência.

–Por que esta saindo com o Brad...

–Pra que quer saber?

–Responda na ordem Sam.

Ela pensou rápido e perguntou sorrindo ironicamente:

–Ta vendo esse notebook, Freddie?

–Ah, não...

Essa também era a desvantagem de conversar com Sam.

Apesar da exaustão ele continuou, agora atento afim de captar algo que fizesse sentido.

–O que tem o notebook, Sam? –Seu tom foi de fingida curiosidade.

–Como você sabe que se cair no chão ele quebrará?

–Por que veio escrito a embalagem “Cuidado, Frágil”.

–Ta, mas não temos mais a embalagem.

Ele riu. Ela também sorria, mas de forma irônica e desafiadora. Freddie não sabia como ela havia conseguido transformar uma pergunta nisso.

–Ok sei por que já vi outros quebrarem caindo no chão, mas e daí?

–Isso. Experiência. –Ela disse olhando para ele vitoriosa ao ver que ele não entendera nada e como consequência iria entregar os pontos pedindo para ela explicar.

Ele não entendia de forma alguma. Mas não queria que ela vencesse embora nunca houvesse ganhado dela em nada. Frente ao silencio dele,ela disse vitoriosa:

–As vezes acho que você perde tempo com seus livros, Benson...

–Esta enganada. Até por que não há livro no mundo que explique sua loucura.

Esta querendo apanhar, Freddie? –Ela disse mas não parecia brava, ao contrario sorria de forma insinuante.

–Olha que eu reajo... –Respondeu ele a altura.

Ela arregalou os olhos ainda sorrindo e disse:

–Ah, é? –E lhe deu um soco não muito forte no braço

–Ok, você pediu.

Ele se ficou de joelhos em sua frente, se inclinou e começou a lhe fazer cócegas.

–Não pra isso não vale, para!! –Ela gritava as gargalhadas mas quem visse a cena não sentiria a mínima convicção em suas súplicas.

Estavam nessa de tapas e cócegas por quase cinco minutos, do puff já haviam passado para o chão, quando Carly entrou pela porta e vendo a cena sorriu e perguntou confusa:

–Atrapalho? –Perguntou Carly ciente que sim.

Eles se afastaram sorrindo. Nenhum dos dois parecia constrangido. Freddie se levantou e dirigiu-se ao seu notebook enquanto dizia ainda rindo muito:

–Não. Estávamos só conversando civilizadamente.

–O Freddie é um idiota. Amiga ele me atacou com cócegas. -Ela falava com dificuldade pois ainda ria como uma louca.

–Não ela começou.

–Ok... -Disse Carly confusa, mas feliz por eles terem feito as pazes. - O Gibby mandou uma mensagem dizendo que não ia poder vir, então vamos ensaiar?

Após o ensaio, os três assistiam Tv e bebiam chá gelado quando Sam falou levantando:

–Ai galera ta ficando tarde, eu to me mandando.

–Thau, Sam –Respondeu Carly

–Thau. Louca. –Freddie disse sem tirar os olhos da Tv ainda com a conversa deles na cabeça.

–Thau “pseudonerd” -Ela rebateu sorrindo e saiu batendo a porta.

–“Pseudonerd’? –Perguntou Carly rindo.

–Pseudo significa falso...

–Eu entendi essa parte....

Ele bebeu um gole de chá e perguntou fingindo que mudava de assunto:

–Carly... O que significa... –Ele não sabia bem como perguntar mas tentou - Eu te perguntar o motivo de você estar saindo com alguém que você não gosta e você me dizer que eu deveria saber por experiência própria?

Ela mal prestara atenção na pergunta e respondeu pausadamente olhando pra TV como se lembrasse uma fácil receita de comida:

–Significa que você também já saiu com alguém que não gostava e por isso sabe o motivo, não? –Logo após dizer isso, Carly ficou pensativa e olhou pra ele meio arrependida de ter dito logo de cara. – Por que?

–Por nada... –Ele ainda não entendia. Na verdade, estava mais confuso ainda. Ele queria perguntar mais a ela, talvez ela o ajudasse mas não queria "fofocar" com Carly sobre sua conversa com Sam, e também por que sentia que devia resolver isso apenas com Sam.

–Freddie por que esta me perguntando isso? -Insistiu Carly

–Por nada. Também já vou indo amanhã tenho que chegar cedo no colégio pra terminar o trabalho. Não acredito que a Sam vai chegar na hora, então...

–Tudo bem... Boa noite. -Disse ela em tom preucupado -Mas amanhã conversamos.

–Boa noite.

Ele entrou no seu quarto, ligou o computador e ficou olhando fotos de Sam. Nunca tinha reparado quão azul eram os olhos dela e como sua aparência contrastava com sua personalidade. Aparentava ser uma menina frágil e meiga, mas na verdade... Ele lembrou que nunca a viu chorando de fato (a não ser quando quase caiu do adaime) e por um momento pensou que não deveria ser fácil ser forte o tempo todo. Ele chegou a conclusão de que não iria deixar ela sair com alguém de quem não gostava, pois ela poderia se machucar, ignorando o fato de não conseguir parar de olhar sua foto e desejar estar com ela, tanto que sentia um aperto no coração e uma necessidade descontrolada de vê-la longe de Brad que ele afirmou para si mesmo ser só uma preocupação de amigo.

Sam chegou em casa, tomou banho vestiu seu pijama e deitou. “O Freddie é um idiota” Pensou. Ela não havia se dado conta de que ele era sempre a pessoa que vinha em seus pensamentos quando ia dormir.

Continua...